“The Chronology of Water”: Kristen Stewart Surpreende Cannes e Prepara-se Para Estrear em Portugal em Janeiro

Depois da forte recepção em Cannes, a primeira longa de Stewart passou pelo LEFFEST e aproxima-se agora da estreia nacional — prevista para 22 de Janeiro de 2026.

Kristen Stewart já tinha mostrado, em curtas-metragens e experiências anteriores, que a realização era um território que queria explorar. Mas foi com “The Chronology of Water”, apresentado este ano em Cannes, que a actriz se afirmou definitivamente como cineasta. A estreia recebeu uma ovação de seis minutos e meio, ganhou estatuto de obra arrojada e rapidamente se tornou um dos títulos mais comentados da secção Un Certain Regard.

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Baseado no memoir de Lidia Yuknavitch, o filme é uma viagem confessional, fragmentada e emocionalmente intensa. Stewart adapta o texto com a mesma energia interior que marcou várias das suas interpretações, mas agora colocada ao serviço de uma linguagem visual própria: filmado em 16mm, cru, táctil, inquieto, cheio de nervo e vontade de experimentar.

Imogen Poots no papel mais exigente da carreira

A protagonista é interpretada por Imogen Poots, que encarna Lidia desde a adolescência marcada por um pai abusivo até ao mergulho literal e metafórico numa vida feita de amores falhados, vícios, perdas e reinvenções.

A personagem encontra na natação de competição um escape, mas o corpo cede, o sonho colapsa e o filme segue a protagonista numa procura urgente por voz, identidade e perdão.

O elenco inclui ainda Thora BirchJim BelushiEarl CaveTom SturridgeCharlie Carrick e Kim Gordon — nomes que ajudam a compor um retrato íntimo, por vezes abrasivo, sempre profundamente humano.

Uma passagem discreta mas significativa pelo LEFFEST

Após o impacto em Cannes, The Chronology of Water foi exibido em Portugal durante o LEFFEST 2025, onde integrou a programação oficial — uma apresentação que reforçou o interesse do público cinéfilo e chamou a atenção pela ousadia formal do filme.

Foi uma das sessões mais comentadas do festival, sobretudo pela forma como Stewart descreveu o projecto:

“Não é sobre o que aconteceu a Yuknavitch. É sobre aquilo que acontece a todas nós — porque é violento ser mulher.”

Um filme que bate de frente — não com grandiloquência, mas com verdade.

Estreia nacional a aproximar-se

Com a exibição no festival já concluída, a expectativa vira-se agora para a estreia comercial.

Segundo a informação disponibilizada pela distribuidora Medeia Filmes, The Chronology of Water tem estreia prevista em Portugal a 22 de Janeiro de 2026.

Não é uma data oficial-final, mas é a indicação mais consistente até ao momento — e a mais plausível no alinhamento de lançamentos independentes do início do ano.

Um novo capítulo para Kristen Stewart

Se esta é, como muitos críticos disseram, a “primeira grande obra” de Stewart enquanto realizadora, então 2026 poderá marcá-la como uma das vozes autorais mais interessantes da nova geração.

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The Chronology of Water é cinema confessional, por vezes selvagem, mas sempre emocionalmente íntegro. Um filme que não se limita a adaptar uma vida; tenta, com todos os riscos envolvidos, compreender o que significa sobreviver.

E agora, finalmente, aproxima-se do público português.

“Avatar: Fire and Ash” — James Cameron Revela Porque Mudou o Narrador do Novo Capítulo da Saga

Lo’ak assume o centro da história no terceiro filme, e Cameron explica a escolha enquanto o elenco partilha reacções e pistas sobre o que está para vir em Pandora.

Com estreia marcada para 19 de Dezembro de 2025Avatar: Fire and Ash prepara-se para voltar a dominar conversas, bilheteiras e discussões cinéfilas — afinal, estamos a falar de uma das poucas sagas modernas capazes de ultrapassar, por duas vezes, a marca dos 2 mil milhões de dólares. O mundo quer regressar a Pandora. E James Cameron sabe exactamente como puxar esse tapete debaixo dos nossos pés.

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Numa conversa com a Fandango, Cameron e o elenco — Sam Worthington, Zoe Saldaña, Sigourney Weaver, Stephen Lang, Oona Chaplin, Jack Champion, Trinity Jo-Li Bliss e Bailey Bass — revelaram novos detalhes sobre a terceira parte da história. E a revelação mais significativa veio do próprio realizador: o narrador mudou.

Lo’ak, o filho que herda a história

Os dois primeiros filmes foram narrados por Jake Sully, cuja transição de humano para Na’vi e posterior integração no clã Omaticaya deram forma às bases dramáticas da saga. Mas em Fire and Ash, a voz muda para Lo’ak, interpretado por Britain Dalton.

Porquê essa mudança?

Cameron explicou que a história da família Sully entrou numa nova fase — e que, para a acompanhar, era preciso uma nova perspectiva. Lo’ak, que no segundo filme já começara a destacar-se como uma figura complexa, emotiva e rebelde, é agora o ponto de vista que nos liga ao conflito crescente em Pandora. Segundo Cameron, a narrativa precisava de um olhar mais jovem, mais turbulento e mais intimamente ligado à nova geração de Na’vi.

Não se trata apenas de mudar o narrador, mas de mudar o coração emocional do filme.

O elenco confirma: este é o capítulo mais emotivo até agora

Durante a entrevista, vários actores admitiram ter ficado impressionados — e até surpreendidos — quando viram pela primeira vez imagens de Fire and Ash em montagem.

Zoe Saldaña descreveu a evolução de Neytiri como “dolorosa e poderosa”, enquanto Sam Worthington reforçou que Jake vive agora num conflito interno muito mais intenso, dividido entre proteger a família e assumir o papel de líder num mundo que volta a aproximar-se da guerra.

Sigourney Weaver, Oona Chaplin e Stephen Lang também revelaram que os seus personagens têm trajectos inesperados neste capítulo, com particular destaque para Chaplin — cuja personagem promete ser uma das peças mais enigmáticas e decisivas desta fase intermédia da saga.

Novas tribos, novos conflitos e um planeta cada vez mais vivo

Sem entrar em spoilers, o elenco confirmou que Fire and Ash introduz novos Na’vi, novas regiões de Pandora e uma expansão cultural significativa. Cameron, fiel à tradição, parece ter subido a parada visual: há novas criaturas, ecossistemas mais extremos e cenários que, segundo Dalton, “parecem impossíveis até serem vistos no ecrã”.

A presença de Lo’ak como narrador aponta para um foco maior na geração que, em última análise, herdará Pandora — e que será inevitavelmente moldada pelas guerras, alianças e perdas deixadas pelos pais.

Um passo natural rumo ao futuro da saga

A mudança de narrador também indica que Cameron está a preparar terreno para os capítulos seguintes. A saga Avatar foi sempre pensada como uma história em expansão, e Lo’ak posiciona-se como a personagem capaz de garantir continuidade emocional entre filmes, mantendo o público ligado ao que vem depois de Fire and Ash.

James Cameron já provou que pensa estas narrativas como se fossem organismos vivos — crescem, adaptam-se e empurram o espectador para lugares onde ele ainda não sabe que quer ir. Com Lo’ak no comando da história, Avatar volta a mudar de pele.

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Conclusão: o próximo grande marco de Pandora está a aproximar-se

Com a promessa de novos conflitos, tensões familiares mais profundas e uma mudança radical no ponto de vista, Avatar: Fire and Ash prepara-se para ser um dos momentos cinematográficos mais importantes de 2025.

Cameron não está apenas a continuar a saga — está a reposicioná-la para uma nova era.

E, como sempre, ninguém faz isto como ele.

Ele Voltou – e Está Ainda Mais Impossível: “Sisu: Road to Revenge” Leva a Vingança Até ao Limite

O veterano Aatami troca nazis por soviéticos num sequel finlandês curto, brutal e surpreendentemente inventivo que está a conquistar a crítica lá fora.

Quando Sisu rebentou em 2022, muita gente assumiu que se tratava de um daqueles fenómenos únicos: um filme de acção finlandês, seco como vodka e directo ao assunto, em que um velho prospector calava um pelotão de nazis com mais facas, minas e pura teimosia do que diálogo. Parecia difícil repetir a fórmula sem diluir o impacto. Lá fora, porém, quem já viu “Sisu: Road to Revenge” garante que a sequela não só aguenta a pressão como acelera ainda mais.

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Desta vez, o inimigo mudou de farda. A Segunda Guerra ficou para trás e o indestrutível Aatami, interpretado de novo por Jorma Tommila, regressa a uma Finlândia ocupada pelo Exército Vermelho. Do lado de lá surge um vilão com nome e presença à altura: Igor Draganov, um “açougueiro” do Exército Vermelho interpretado por Stephen Lang, veterano de James Cameron. O confronto está montado quase sem palavras, num país ainda marcado pela guerra, onde o passado não fica enterrado – apenas armado até aos dentes.

O que a crítica internacional sublinha é a forma como o realizador Jalmari Helander volta a apostar numa narrativa simples, quase minimalista, sem gorduras. Não há subtramas supérfluas, nem discursos inflamados: em poucas cenas percebemos o essencial – Aatami, agora com uma tragédia familiar a assombrá-lo, desmonta literalmente a sua casa de madeira, viga a viga; Draganov é libertado da prisão; pouco depois, cruzam caminhos nas estradas secundárias da Finlândia ocupada. A partir daí, é só seguir em frente, com Helander a fazer aquilo que sabe melhor: encadear set pieces de acção com lógica cristalina e uma imaginação sanguinária muito pouco interessada em meios-termos.

Lá fora elogiam precisamente esse regresso ao “old-school stunt work” – o tipo de acção física, sentida, em que se percebe o peso de cada queda e de cada explosão. Os críticos falam em montagem “limpa”, sem excessos de CGI, e em “baddie-splattering” criativo, com direito a momentos de pura insanidade visual, como Aatami a usar uma das vigas da casa como arma improvável para derrubar um jacto. Esse pedaço de madeira, aliás, ganha quase estatuto de personagem: começa como símbolo de ruína, transforma-se em instrumento de sobrevivência e acaba como promessa de novo começo.

Tudo isto é enquadrado por uma Finlândia filmada como um campo de batalha de banda desenhada: florestas e lagos em tons dourados, luz de fim de tarde a banhar corpos cobertos de lama e sangue, e um certo prazer infantil em transformar o cenário natural num enorme recreio de guerra. Lá fora há quem compare o entusiasmo de Helander ao de uma criança a brincar aos soldados no meio do mato – com a diferença de que aqui cada explosão é coreografada ao milímetro e cada plano parece pensado para arrancar aplausos em sala.

Claro que “Sisu: Road to Revenge” não tenta ser realista. A violência é estilizada, o sofrimento é quase mítico e Aatami continua a ser mais lenda do que homem. Mas essa simplicidade, dizem os críticos, funciona quase como resposta directa aos blockbusters sobrecarregados de subtexto e efeitos digitais. Em vez de universos partilhados e linhas temporais paralelas, Helander oferece uma ideia muito clara: um homem, um inimigo, um país ferido e uma série de confrontos cada vez mais inventivos. Nada mais, nada menos.

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Lido de fora, o consenso é curioso: quem se apaixonou pelo primeiro Sisu encontra aqui “mais do mesmo – no melhor sentido”. Para quem andava à procura de um filme de acção curto, seco, brutal, mas com personalidade visual e ironia à superfície, Sisu: Road to Revenge parece cumprir tudo o que promete. Helander, tal como o seu protagonista, descarta o supérfluo, agarra-se ao essencial – e carrega no acelerador.

Pierce Brosnan, 72 anos, e um novo papel improvável: interpretar Pierce Brosnan

 Lá fora, o antigo 007 é celebrado por brincar com a própria imagem, abrir a porta a um possível regresso ao universo Bond e abraçar, sem filtros, a idade e a carreira.

Durante anos, Hollywood tratou Pierce Brosnan como uma espécie de conceito: o charme em forma humana. Remington Steele, Thomas Crown, James Bond — tudo variações do mesmo arquétipo: o homem impecavelmente vestido, perigosamente sedutor, com um sorriso que resolvia metade dos problemas antes sequer de sacar da arma. Agora, aos 72 anos, o actor irlandês está a viver uma espécie de segunda juventude profissional. E, se acreditarmos no que se escreve lá fora, fá-lo justamente ao desfazer esse mito que ele próprio ajudou a construir.

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Numa longa entrevista recente, Brosnan passa metade do tempo a tentar despachar o jornalista da sua casa em Malibu, com um humor meio rabugento, meio encantador. Garante que não tem grande coisa para dizer, que já contou a sua história vezes demais. Mas, entre um café servido em chávena de porcelana, uma bicicleta à beira da praia e telefonemas para a mulher, acaba por revelar um actor num momento muito particular: consciente da sua própria “marca”, disposto a brincar com ela e, ao mesmo tempo, decidido a continuar a trabalhar até onde o corpo e a cabeça aguentarem.

Lá fora sublinham precisamente isso: Brosnan sabe que, para várias gerações, continua a ser “o” 007 — mesmo mais de vinte anos depois de Die Another Day. Mas em vez de fugir dessa sombra, aprendeu a usá-la. Em thrillers recentes como Black Bag, assume figuras de autoridade ligadas aos serviços secretos, quase como se estivesse a fazer um meta-cameo prolongado. O público entra descansado, confiante no ex-agente ao serviço de Sua Majestade — e o filme diverte-se a virar a mesa, revelando um personagem bem mais sombrio do que o antigo Bond.

Ao mesmo tempo, Brosnan tem procurado papéis que subvertam a imagem do “homem perfeito de fato italiano”. Em The Thursday Murder Club, adaptação do fenómeno literário de Richard Osman, interpreta Ron, um reformado rabugento, vaidoso e ligeiramente ridículo. Lá fora contam uma cena deliciosa: a entrada de Ron numa esquadra de polícia, envergando um fato azul aos quadrados dois números abaixo. O momento só funciona porque o espectador sabe que Pierce Brosnan nunca fica mal de fato — e, de repente, fica. É comédia construída em cima de décadas de glamour.

Essa consciência da própria iconografia acompanha-o mesmo quando não está a representar. Brosnan passa grande parte do tempo a pintar e está a preparar um documentário sobre si próprio, realizado por Thom Zimny, com o filho Dylan a servir de arquivista. Não se trata de um exercício de vaidade fácil, garantem os perfis estrangeiros, mas de uma tentativa de organizar memórias, de perceber como é que aquele jovem irlandês que chegou a Los Angeles nos anos 80 a vibrar com a ideia de conhecer John Huston se transformou neste veterano que prefere “saltar do autocarro” em vez de “saltar de aviões”.

E Bond? A pergunta, claro, nunca morre. Nas entrevistas internacionais mais recentes, Brosnan volta a ser confrontado com o eterno “voltaria?”. A resposta é diplomática, mas reveladora. Voltar como 007, não. “Esse é o trabalho de outro homem”, diz. Contudo, admite que poderia “entretê-lo” a ideia de regressar ao universo, talvez como agente reformado chamado de novo ao serviço, numa era em que a Amazon parece interessada em expandir a marca Bond para lá da fórmula tradicional. Não é uma campanha pública, é quase um encolher de ombros: se acontecer, aconteceu; se não, segue a vida.

Entretanto, a vida segue mesmo. Além de The Thursday Murder Club, Brosnan está envolvido em MobLand e em Giant, onde interpreta o treinador de boxe Brendan Ingle, um homem vaidoso, teatral, carente de reconhecimento. Um tipo de personagem que lhe permite explorar fragilidade, ressentimento e ego ferido — muito para lá do charme automático que o perseguiu durante décadas. Lá fora fala-se desta fase como uma espécie de “renascença tardia”, um actor a descobrir novas cores depois de anos a ser pintado sempre com a mesma paleta.

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Curiosamente, quanto mais foge do molde do galã, mais Hollywood parece gostar dele. Em vez de correr atrás de sagas de super-heróis ou de cirurgias milagrosas, prefere envelhecer em cena. Diz que quer continuar a trabalhar até aos 80, mas sem tentar convencer ninguém de que ainda tem 40. “Sou da idade que sou, e abraço isso”, resume. A prioridade já não é salvar o mundo com um Aston Martin, mas encontrar personagens que lhe permitam “brincar com o símbolo” que construiu.

Os textos estrangeiros captam bem essa dualidade: Pierce Brosnan continua a ser, inevitavelmente, uma estrela de cinema — o tipo de pessoa que, ao passar de bicicleta, transforma o dia de qualquer desconhecido que o reconheça. Mas é também um actor que, finalmente, parece divertir-se a ser desmontado, ridicularizado, contradito em cena. Um homem que sabe que foi Bond, mas que não quer ser apenas isso.

Se o futuro reserva ou não um regresso ao universo 007, ninguém sabe. O que se percebe, lendo o que se escreve lá fora, é que Pierce Brosnan entrou naquela fase rara em que a idade, a experiência e a auto-ironia se juntam. E, para um actor, isso pode ser a licença mais perigosa — e mais interessante — de todas.

“Wicked: For Good” Divide Críticos Lá Fora — Ariana Grande Entre o Alvo das Críticas e o Centro dos Elogios

As primeiras opiniões internacionais ao segundo filme de Jon M. Chu não podiam ser mais contraditórias — e a performance de Ariana Grande está no centro do furacão.

As críticas internacionais a “Wicked: For Good”, a segunda parte da adaptação de Jon M. Chu, chegaram — e o consenso é tudo menos consensual. Enquanto alguns críticos descrevem Ariana Grande como “monótona” e “dramaticamente pouco interessante”, outros afirmam exactamente o contrário, chamando-lhe “radiante”, “profunda” e até “a verdadeira dona deste segundo capítulo”. Entre aplausos, caretas e teorias, Hollywood está completamente dividida.

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A crítica britânica não perdoa — e Ariana Grande leva o embate frontal

Robbie Collin, crítico-chefe do The Telegraph, publicou uma das análises mais duras. Para ele, Grande é um problema estrutural no filme:

“Ariana tem quatro oitavas de alcance vocal e cerca de 1,6 emoções.”

O crítico descreve a actriz como deslocada, lenta nas cenas e “dramaticamente desinteressante”. Nem mesmo as novas canções de Stephen Schwartz o convenceram. Collin lamenta a ausência de um número verdadeiramente épico, afirmando que o filme o deixou “a implorar” por algo com a energia de Popular ou Defying Gravity.

E não fica por aqui. Collin lembra que também criticou o primeiro filme — o mesmo que se tornou o maior sucesso de bilheteira da história entre adaptações de musicais da Broadway. Ou seja: o público adorou, ele nem por isso.

Jake Coyle, da Associated Press, segue a mesma linha: para ele, For Good continua a parecer mais um mega-espectáculo industrial do que um filme vivo. Há talento, diz, sobretudo na força emocional de Cynthia Erivo, mas o resultado permanece “exaustivo” — e o encanto nem sempre vence a sensação de overload visual.

Do outro lado do Atlântico, surgem elogios rasgados — e Ariana transforma-se na estrela da vez

Em contraste total, a crítica norte-americana elogiou profundamente aquilo que a britânica rejeitou. A análise entusiástica publicada por The Hollywood Reporter afirma que Ariana Grande “ganha o filme”:

“Uma Glinda luminosa… Ariana enche cada momento de introspecção e vulnerabilidade.”

Neste olhar, o filme funciona como um espelho perfeito do primeiro: o Capítulo 1 era de Elphaba (Cynthia Erivo), o Capítulo 2 pertence a Glinda. A dupla forma o coração emocional da narrativa — e Grande, dizem, surpreende com profundidade dramática, controle emocional e um retrato mais maturo da personagem.

Cynthia Erivo, por sua vez, continua a ser unanimidade absoluta. A crítica praticamente concorda em coro: é monumental. Voz, presença, intensidade — tudo no máximo.

O argumento é apontado como sólido por uns… e mecânico por outros

O guião divide-se entre elogios à evolução emocional das personagens e críticas à sensação de que tudo é demasiado “orquestrado”, no sentido teatral do termo. O uso de Dorothy como presença sugerida — mas nunca mostrada — foi muito elogiado, tal como a introdução das figuras clássicas do universo de Oz (Leão, Homem de Lata, Espantalho) de forma subtil e inteligente.

Mas há quem ache que o filme quer abraçar demasiado — desde alegorias políticas a fan service — e acaba por deixar algumas subtramas apressadas, como a transformação de Nessarose.

E a música? Também divide opiniões. Naturalmente.

As novas canções de Schwartz — “No Place Like Home” e “The Girl in the Bubble” — foram criticadas por serem “menos memoráveis” do que os temas lendários do primeiro acto.

Mas lá vem novamente a contradição: enquanto Collin as classificou como “lamentações repetitivas”, o Hollywood Reporter defende que Ariana Grande transforma “The Girl in the Bubble” num momento emocional poderosíssimo.

Conclusão possível? Talvez o filme esteja a funcionar exactamente como devia.

Quando uma obra divide críticas desta forma — metade a elogiar profundamente, metade a detestar com igual intensidade — normalmente isso significa uma coisa: vai ser um fenómeno cultural.

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E, verdade seja dita, Wicked nunca foi sobre unanimidade.

Foi sempre sobre emoção.

Sobre intensidade.

Sobre vozes que fazem tremer as paredes.

E, pelo que dizem lá fora, Wicked: For Good tem tudo isso — para o bem e para o “meu Deus, porquê?”.

“Blade Runner”: A Distopia que Quase Se Afundou no Caos — e Acabou por Redefinir o Cinema

O confronto entre visão artística, turbulência nos bastidores e genialidade improvisada que transformou um fracasso incompreendido numa obra-prima absoluta.

Quando Philip K. Dick entrou no set de Blade Runner, em 1981, não encontrou apenas uma adaptação do seu romance. Encontrou o futuro. O autor, tantas vezes desconfiado de Hollywood, viu ali algo raro: uma distopia que não traía a sua imaginação — a materializava. Ao observar Harrison Ford como Rick Deckard, Dick reconheceu imediatamente o homem que escrevera: “Ele foi mais Deckard do que eu imaginava.” Aquele cenário de chuva ácida, néons filtrados por poluição eterna e angústia urbana condensava na perfeição a paranoia existencial que sempre habitara a sua obra. O escritor, céptico por natureza, acreditou na ilusão.

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Mas essa visão não nasceu sem sangue, suor e muita tensão. O realizador Ridley Scott, ainda marcado por Alien, enfrentou um set que beirava o insuportável — física e emocionalmente. O ambiente, saturado de fumo, iluminação agressiva e dias exaustivos de rodagem noturna, era quase uma extensão do próprio filme. E Scott, obsessivo na procura do detalhe perfeito, exigia tanto do elenco quanto exigia de si próprio.

A relação com Ford azedou rapidamente: discussões, silêncios profundos e uma fricção que hoje é tão parte da história de Blade Runner quanto a chuva incessante da Los Angeles futurista. A ironia? A exaustão genuína do actor tornou-se combustível perfeito para a apatia fatigada de Deckard.

Enquanto Scott travava guerras emocionais, dois artistas redefiniam a paisagem visual da ficção científica. Syd Mead, inicialmente contratado apenas para desenhar veículos, acabou por dar forma ao mundo inteiro. As ruas labirínticas, os edifícios monumentais, os anúncios luminescentes: tudo surgiu da sua obsessão pelo futuro possível — não pelo fantástico, mas pelo plausível.

Já Jordan Cronenweth, director de fotografia, pintava com sombras e luzes como se antecipasse o noir do século XXI. Fê-lo enquanto lutava contra o avanço da doença de Parkinson, que meses mais tarde o levaria a uma cadeira de rodas. As imagens que criou — tristes, belas, devastadoras — são hoje inseparáveis da identidade do filme. Cada plano parece suspenso no tempo, como se também ele questionasse a fronteira entre o humano e o artificial.

E no centro de toda esta tempestade, Rutger Hauer. Contratado sem sequer conhecer Scott, surgiu no primeiro encontro com um suéter de raposa estampada e óculos de sol verde. O realizador quase perdeu a cor. Mas Hauer estava ali para redefinir Batty, não para o personificar de forma literal.

O momento decisivo veio no lendário monólogo final. Incomodado com o texto original, demasiado pesado, reescreveu-o na véspera da filmagem. Da sua caneta nasceu:

“All those moments will be lost in time, like tears in rain.”

Um dos adeuses mais belos da história do cinema, selado pela pomba que ele próprio sugeriu libertar.

Quando Blade Runner estreou, perdeu a corrida pública para E.T. e o estúdio, nervoso com a recepção morna, interveio de forma desastrada. Impôs uma narração explicativa de Ford e um final “feliz” composto por imagens rejeitadas de O Iluminado. O filme, fragmentado e mal compreendido, parecia destinado a desaparecer.

Mas tal como os replicantes ansiavam por “mais vida”, também Blade Runner recusou morrer. Uma cópia perdida revelou ao mundo o filme que Scott tinha realmente feito. Nascia então o Director’s Cut — e, décadas depois, o Final Cut. A obra renasceu, tornou-se culto, depois cânone, e hoje é citada como a pedra angular da ficção científica moderna.

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No fim, aquele set caótico, carregado de fumo, rancores, improvisos e génio acidental produziu algo maior do que a soma das suas partes — um universo onde cada plano respira humanidade, mesmo quando os seus habitantes questionam o que isso significa.

Blade Runner sobreviveu, transformou-se e ensinou-nos algo precioso:

até as distopias mais sombrias podem iluminar o cinema.

“A Ideia de Ti”: Anne Hathaway Vive um Amor Fora da Caixa no Novo Destaque do TVCine Top

Uma comédia romântica moderna sobre recomeços, coragem e um romance que ninguém viu chegar.

Há encontros que surgem na pior altura possível — e acabam por mudar tudo. Em “A Ideia de Ti”, filme que chega ao TVCine Top a 21 de novembro, às 21h30, Anne Hathaway interpreta Solène Marchand, uma mulher de 40 e poucos anos que descobre exactamente isso: que o amor pode ser inconveniente, improvável e absolutamente transformador.

Solène é galerista, divorciada e mãe dedicada. Nada na sua vida aponta para uma revolução emocional. Mas quando o ex-marido cancela em cima da hora uma viagem com a filha adolescente, ela vê-se obrigada a acompanhá-la — juntamente com um grupo de amigos cheios de energia — ao festival de música Coachella. Uma mãe exausta num mar de glitter, crop tops e histeria juvenil. O que poderia correr mal? Ou melhor… o que poderia correr tão surpreendentemente bem?

É nesse cenário improvável que Solène cruza caminho com Hayes Campbell, vocalista da boy band sensação August Moon e 16 anos mais novo. O encontro é casual, quase acidental, mas rapidamente dá lugar a uma ligação intensa. Entre olhares cúmplices, conversas inesperadas e uma química que ninguém parece conseguir ignorar, nasce um romance que cedo se torna demasiado mediático para ser vivido em paz.

E é aqui que o filme brilha: na tensão entre paixão e exposição. Solène tenta proteger a sua vida privada, a filha e a sua própria identidade, enquanto é engolida pelo escrutínio público, pelos julgamentos alheios e pela pressão de namorar um ídolo global. A narrativa equilibra humor, emoção e uma reflexão muito pertinente sobre o que significa amar quando o mundo está a ver — e a comentar.

Realizado por Michael Showalter (Amor de Improviso), o filme adapta o livro homónimo de Robinne Lee, que conquistou leitores por retratar o amor adulto com um olhar moderno e descomplexado. Aqui, Anne Hathaway e Nicholas Galitzine formam um par irresistível, cuja química tem sido amplamente elogiada e que carrega o filme com naturalidade e charme.

“A Ideia de Ti” não é apenas uma comédia romântica; é um conto sobre recomeços, sobre enfrentar preconceitos e sobre aceitar que o amor, quando aparece, raramente segue regras. Solène é uma protagonista que luta para recuperar versões esquecidas de si mesma, enquanto Hayes tenta equilibrar fama e vida pessoal num mundo que nunca dorme.

No fim, fica a pergunta que alimenta todo o filme: podem duas pessoas vindas de universos tão diferentes — e sob o olhar de milhões — viver um amor sem concessões?

A resposta chega na noite de sexta-feira, 21 de novembro, às 21h30, no TVCine Top e no TVCine+. Pipocas recomendadas. Preconceitos, não.