Tarantino Confessa: Precisou de Três Vezes para Perceber um Filme de Christopher Nolan

O fascínio de Tarantino por Dunkirk

Quentin Tarantino pode ter uma das filmografias mais icónicas do cinema moderno, mas até ele admitiu que não foi fácil absorver a grandiosidade de Dunkirk, de Christopher Nolan. O realizador revelou, no podcast Rewatchables do site The Ringer, que só à terceira visualização conseguiu realmente compreender o filme e ultrapassar o que descreve como o “espectáculo avassalador” da obra.

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Na primeira vez, Tarantino sentiu-se esmagado pela dimensão técnica da produção: “Fiquei atordoado, mas não sabia bem pelo quê”, confessou. À medida que voltou a ver o filme, conseguiu perceber melhor as camadas emocionais escondidas por trás da experiência visual. Foi então que Dunkirk saltou para o segundo lugar na lista dos seus filmes favoritos de sempre.

O espelho em Pulp Fiction

A ironia, claro, é que algo semelhante aconteceu com o próprio Tarantino quando lançou Pulp Fiction, em 1994. O público da altura precisou de mais do que uma sessão para decifrar a narrativa fragmentada e não linear, que entrelaça histórias de mafiosos, pugilistas, overdoses acidentais e um misterioso porta-documentos. Tal como em Dunkirk, o puzzle narrativo só ganha verdadeira forma à medida que se revê a obra.

Nolan, o mestre da segunda (e terceira) visualização

E se Dunkirk exige paciência, Nolan não foge à regra noutras criações. Desde Memento, com a sua estrutura contada ao contrário, até The Prestige e Inception, o cineasta britânico construiu uma reputação como arquitecto de enigmas cinematográficos. Em Tenet, levou essa complexidade ao extremo, com a manipulação do tempo a deixar muitos espectadores perdidos à primeira tentativa.

Até mesmo Oppenheimer, o seu biopic mais recente e premiado, opta por linhas temporais não convencionais, reafirmando a sua predilecção por estruturas narrativas desafiantes.

Dois autores, duas linguagens

No fundo, tanto Tarantino como Nolan partilham uma característica: os seus filmes não se esgotam numa única sessão. Ambos confiam na inteligência e persistência do público, obrigando-o a regressar, rever e reinterpretar. O que começa como confusão transforma-se, na segunda ou terceira experiência, em fascínio e compreensão.

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Talvez por isso Tarantino tenha reconhecido em Nolan um “mago” com quem partilha essa mesma filosofia — de que o cinema, mais do que uma história, é um labirinto para explorar.

House of Guinness: A Nova Série da Netflix Que Junta Intrigas Familiares, Segredos e o “Swagger” de Peaky Blinders

Steven Knight volta a apostar em dinastias problemáticas

Depois de transformar um gangue de rua de Birmingham num fenómeno cultural com Peaky Blinders, o argumentista Steven Knight regressa agora com uma nova aposta: House of Guinness, que estreia esta quinta-feira na Netflix. A série mergulha nos bastidores da família Guinness, símbolo maior da indústria cervejeira irlandesa, no momento em que a morte de Sir Benjamin Guinness deixa os quatro filhos a disputar o controlo da famosa cervejaria — cada um deles com segredos obscuros que prometem incendiar a narrativa.

Knight reconhece que a história real da família foi o ponto de partida ideal: “Foi imediato perceber que isto era um drama incrível, cheio de personagens fascinantes e acontecimentos que se cruzam com a História.

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Entre a realidade e a ficção

Embora assente em factos históricos, House of Guinness não pretende ser um documentário: a fronteira entre verdade e imaginação é deliberadamente difusa. Como explica Knight, muitas vezes “os eventos verdadeiros são tão inacreditáveis que parecem inventados”.

Um exemplo é a criação da figura fictícia de Sean Rafferty, capataz da cervejaria interpretado por James Norton (Happy Valley). O ator, que descreve a experiência como irresistível desde a leitura dos primeiros guiões, confessa que o peso de representar ao lado de um elenco maioritariamente irlandês tornou a tarefa ainda mais desafiante, especialmente no domínio do sotaque.

Um elenco de luxo com sangue irlandês

A série conta ainda com Danielle Galligan no papel de Lady Olivia, uma aristocrata que se casa com um Guinness e que, apesar de ser a mulher mais rica da Grã-Bretanha e da Irlanda da época, é retratada como alguém em busca de algo que a fortuna não podia comprar. Galligan destaca que “foi muito especial contar uma história irlandesa numa escala global, uma experiência única na vida”.

Também fazem parte do elenco Niamh McCormack, ligada ao movimento rebelde Fenian Brotherhood, e Jack Gleeson— inesquecível como Joffrey em Game of Thrones. Ambos sublinham o orgulho em participar numa produção que coloca a Irlanda no centro das atenções, mesmo reconhecendo a pressão de corresponder às expectativas do público local.

Comparações inevitáveis

Com o seu tom sombrio, intrigas de poder e personagens intensas, House of Guinness já está a ser comparada a séries como SuccessionThe Crown e, claro, Peaky Blinders. Steven Knight, no entanto, mantém-se tranquilo: “Estou confiante de que esta série é algo único, com a sua própria identidade.

Ainda assim, reconhece sem rodeios que existem paralelismos com a sua criação mais famosa. O próprio está a ultimar o filme Peaky Blinders: The Immortal Man, que trará de volta Cillian Murphy como Tommy Shelby, e admite que a energia, o humor e a “atitude” acabaram por contaminar ambas as histórias.

O futuro de Knight: de Guinness a James Bond

Além de House of Guinness e do regresso dos Shelby, Steven Knight está também envolvido no argumento do novo filme de James Bond, que será realizado por Denis Villeneuve e produzido pela Amazon MGM. Questionado sobre o projeto, limita-se a sorrir e a dizer que não pode revelar detalhes, mas reconhece que o sucesso das suas séries lhe deu uma maior liberdade criativa.

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Com House of Guinness, Knight espera agora brindar o público com mais uma saga familiar marcada por poder, ambição e, claro, muito drama.

Emma Watson Quebra o Silêncio: Por Que Abandonou Hollywood Durante Sete Anos

“Destruidor de almas”: a pressão para além das câmaras

Emma Watson, hoje com 35 anos, explicou finalmente por que razão decidiu afastar-se da representação depois de “Adoráveis Mulheres” (2019), de Greta Gerwig. Em entrevista à revista Hollywood Authentic, a atriz britânica não escondeu que a exigência da vida promocional em Hollywood a deixou esgotada.

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“Vou ser honesta e direta: não sinto falta de vender coisas. Achei isso bastante desmoralizante, embora sinta falta da arte de representar”, confessou.

Para Watson, não era apenas a pressão de estar diante das câmaras que a desgastava, mas sim todo o circo mediático em torno das estreias, conferências de imprensa e campanhas publicitárias que, segundo a própria, lhe retiravam tempo e energia para aquilo que realmente queria fazer: atuar.

Reconstrução longe dos holofotes

Durante esta pausa, que já se estende por sete anos, Emma dedicou-se a estudos de pós-graduação e a projetos pessoais. A atriz afirmou que reencontrou o equilíbrio e o bem-estar, priorizando a vida familiar e os amigos:

“Estou talvez mais feliz e saudável do que nunca.”

Essa decisão marcou um corte claro com a rotina de intensa exposição pública que começou ainda na adolescência, quando se tornou mundialmente conhecida como Hermione Granger, em Harry Potter.

Entre ícones e novos rumos

Embora continue a ser lembrada sobretudo pelo universo mágico de Hogwarts, Watson construiu uma carreira sólida: desde “Noé” (2014), de Darren Aronofsky, a “A Bela e o Monstro” (2017), até ao sucesso crítico de Adoráveis Mulheres.

Após esse último papel, as suas raras aparições foram no especial dos 20 anos de Harry Potter (2022) e na série Pickled, também em 2022. Já em 2023, admitiu ao Financial Times que não estava “muito feliz” com a profissão e que se sentia “enjaulada”.

E o futuro?

Se o hiato foi uma escolha para preservar a sua saúde mental e reencontrar sentido na vida pessoal, fica agora a dúvida: Emma Watson estará pronta para regressar às telas? A atriz não fecha portas, mas deixa claro que, caso volte, será em termos diferentes — sem repetir os mesmos erros que a afastaram de Hollywood.

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“O Luke Não Teria Desaparecido”: John Boyega Reescreve Mentalmente a Trilogia Star Wars

Uma visão alternativa para a galáxia muito, muito distante

John Boyega, o ator que deu vida a Finn na trilogia de sequelas de Star Wars (2015–2019), voltou a falar sem rodeios sobre o rumo da saga. Durante o Florida Supercon 2025, o britânico partilhou como teria conduzido a narrativa se estivesse no lugar dos argumentistas e produtores.

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A sua visão? Uma trilogia “completamente diferente”, onde Luke Skywalker e Han Solo não morreriam e as novas personagens não receberiam tanto poder de bandeja. Uma posição que ecoa muitas das críticas que parte do fandom levantou contra os filmes realizados por J. J. Abrams e Rian Johnson.

O legado que ficou por cumprir

Boyega foi claro: “Não nos vamos livrar do Han Solo, do Luke Skywalker, de todas estas pessoas. A primeira coisa que vamos fazer é cumprir a sua história, cumprir o seu legado. Vamos criar um bom momento de passagem de testemunho.”

No entanto, a própria realidade já teria colocado obstáculos a este plano, uma vez que Harrison Ford só aceitou regressar a Han Solo com a condição de a personagem morrer em O Despertar da Força.

Menos superpoderes, mais luta

Outro ponto que incomoda Boyega é a forma como Rey (Daisy Ridley) e outros novos heróis dominaram rapidamente a Força e técnicas de combate. Para o ator, essa abordagem tornou a narrativa pouco credível:

“As nossas novas personagens não seriam tão poderosas nestes filmes. Elas não vão simplesmente pegar em coisas e saber o que fazer com elas. Não. Tens de lutar como todas as outras personagens nesta franquia.”

Uma crítica clara ao que muitos fãs consideraram uma ascensão demasiado acelerada de Rey.

A inspiração na Velha República e nos videojogos

Mostrando o lado de fã apaixonado, Boyega afirmou que teria ido beber inspiração às histórias da Velha República, uma das eras mais amadas do universo expandido, e até a The Force Unleashed, popular franquia de videojogos.

Tentaria expandir o universo Star Wars tanto quanto possível, respeitando a tradição. Se estamos a expandir a tradição, temos de o fazer dentro dos limites que a mantêm verdadeira”, reforçou.

A polémica maior: o destino de Luke

A crítica mais dura de Boyega foi direcionada a Os Últimos Jedi e à despedida de Luke Skywalker. Para ele, a icónica personagem nunca deveria ter acabado isolada numa ilha, projetando-se à distância:

O Luke Skywalker não desapareceria numa rocha. Nem pensar. Estar ali e ele é, tipo, um projetor? Eu quereria dar a essas personagens muito mais.”

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O futuro da saga

Enquanto os fãs debatem as palavras de Boyega, o universo Star Wars segue em frente. O próximo capítulo será “The Mandalorian and Grogu”, com estreia marcada para 22 de maio de 2026. O filme contará com a presença de Sigourney Weaver no papel de Zeb, prometendo mais uma peça no intrincado puzzle da galáxia.

On Falling: Um Retrato Cru da Precariedade Moderna Chega ao TVCine

A estreia em exclusivo na televisão portuguesa

No dia 28 de setembro, às 21h15, o canal TVCine Top (e em simultâneo o TVCine+) estreia On Falling, da realizadora luso-britânica Laura Carreira. O filme, aclamado pela crítica internacional, oferece um olhar intimista e poético sobre a vida de trabalhadores presos a um sistema impiedoso, marcado pela alienação e pela invisibilidade.

Aurora: a vida entre algoritmos e solidão

A protagonista é Aurora, interpretada com intensidade e contenção por Joana Santos, uma imigrante portuguesa na Escócia que trabalha como picker num gigantesco armazém de e-commerce. Ali, a rotina é ditada por algoritmos e metas quase impossíveis de atingir.

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Entre corredores metálicos e um apartamento partilhado, Aurora enfrenta a solidão e a frieza de um quotidiano mecânico, onde cada gesto é monitorizado e cada pausa parece um luxo proibido. O filme mostra como a dignidade humana se esbate num sistema que trata os trabalhadores como peças descartáveis, sem espaço para sonhos ou identidade.

Minimalismo que conquista

On Falling distingue-se pela sua abordagem minimalista e pela estética marcada pela frieza dos espaços industriais, o que reforça o peso emocional da narrativa. A escolha da realizadora de trabalhar com silêncios, pausas e gestos mínimos transforma a experiência em algo visceral e próximo.

A interpretação de Joana Santos tem sido amplamente elogiada: contida mas intensa, capaz de transmitir a vulnerabilidade de uma vida invisível.

Reconhecimento internacional

A obra de Laura Carreira foi premiada em grandes festivais de cinema, conquistando o Prémio de Melhor Realização em Londres e em San Sebastián. Distinções que sublinham a relevância e qualidade deste retrato da precariedade moderna.

Onde ver

A não perder: domingo, 28 de setembro, às 21h15, em exclusivo no TVCine Top e TVCine+. Uma oportunidade para mergulhar numa história silenciosa, mas profundamente humana, sobre o desejo universal de fuga.

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O Novo James Bond Está a Chegar: Homem, Britânico e “Rosto Desconhecido”

O adeus à era Craig e um futuro em aberto

Depois de mais de 60 anos sob a tutela da família Broccoli, a saga James Bond entrou oficialmente numa nova fase: agora controlada pela Amazon MGM, a produção do 26.º filme já está em marcha, com estreia prevista para 2028. A despedida de Daniel Craig em 007 – Sem Tempo para Morrer deixou a fasquia alta, mas as informações que começam a circular apontam para um regresso às origens do personagem criado por Ian Fleming.

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Uma equipa de luxo por trás das câmaras

A 25 de junho, foi confirmada a escolha de Denis Villeneuve, realizador de Dune, para comandar o novo capítulo da saga. O argumento ficará nas mãos de Steven Knight, criador de Peaky Blinders, conhecido por personagens sombrias e violentas. Os produtores escolhidos pela Amazon foram Amy Pascal e David Heyman, nomes de peso que dão credibilidade ao projeto.

Enquanto Villeneuve termina Dune: Parte Três (estreia em 2026), Bond terá de esperar. Só depois disso começará a seleção do próximo ator que vai dar vida ao espião mais famoso do mundo.

O perfil do novo 007

Segundo fontes citadas pela Deadline, a decisão é clara: o novo Bond será homem, britânico e relativamente desconhecido. Esqueçam nomes como Timothée Chalamet, Jacob Elordi ou até Henry Cavill. A produção procura alguém nos seus 20 e poucos ou 30 anos, um “novo rosto” que se encaixe na descrição original de Fleming: um “instrumento contundente”, letal e aparentemente aborrecido, mas capaz de agir com frieza implacável.

Há abertura para que o ator escolhido não seja caucasiano, mas a prioridade é encontrar alguém que transmita, no imediato, a sensação de que “poderia matar com as próprias mãos num instante”.

O que esperar da nova história

Steven Knight está a regressar aos livros de Fleming para recuperar o espírito do Bond original. Fontes próximas sugerem que o filme poderá explorar a vida do protagonista como Comandante da Marinha Real, antes de ser recrutado pelo MI6. Contudo, nada está fechado: o argumento ainda está a ser escrito e a narrativa pode mudar de rumo.

O certo é que Bond 26 será um recomeço absoluto. Nada ficará ligado ao último filme, nem ao “antigo regime” da família Broccoli. É uma oportunidade para revitalizar a saga e conquistar uma nova geração de fãs.

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Estreia marcada para 2028

As filmagens deverão arrancar em 2027, com a estreia mundial prevista para novembro de 2028, mantendo a tradição de lançamentos nesta altura do ano. Até lá, a especulação continuará intensa: quem será o próximo James Bond?

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Uma série que revive fantasmas do passado

A estreia da série “O Arquiteto”, transmitida pela TVI e pela Prime Video, voltou a lançar luz sobre um dos episódios mais mediáticos e polémicos da sociedade portuguesa: o escândalo sexual que envolveu o arquiteto Tomás Taveira no final dos anos 80. A produção, que oficialmente não é biográfica, tem como protagonista o fictício Tomé Serpa, mas as semelhanças com a vida real de Taveira são tantas que a ligação é inevitável.

O enredo foca-se num arquiteto em ascensão que grava em segredo os encontros íntimos com mulheres, sem o conhecimento destas — uma história que remete diretamente para as famosas cassetes que circularam em 1989 e que viriam a abalar não só a carreira, mas também a vida pessoal do arquiteto.

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As cassetes que chocaram o país

Em 1989, a imprensa foi surpreendida por um visitante inesperado: um homem que se apresentou nas redações dos jornais a vender cassetes de vídeo com gravações explícitas do arquiteto em encontros íntimos com mulheres da alta sociedade e até com alunas no seu escritório nas Amoreiras.

A revista Semana Ilustrada baptizou o escândalo como “As Loucuras Sexuais de Tomás Taveira”, um título que ficaria marcado na memória coletiva. Mais tarde, a revista espanhola Interviú tentou lucrar com a curiosidade em torno do caso, lançando 20 mil exemplares destinados ao mercado português — grande parte acabou apreendida pela polícia.

A única mulher envolvida a 100%: Amarílis Taveira

Se muitas mulheres viram os seus nomes associados ao caso, a única que se viu verdadeiramente envolvida de forma integral foi Amarílis Taveira, então esposa do arquiteto. Figura conhecida do jet set português, habituada a aparecer em revistas sociais, Amarílis viu-se arrastada para o centro da polémica.

Com rumores, boatos e especulações a mancharem a sua imagem, foi praticamente “forçada” a desaparecer da vida pública. Mais tarde, já divorciada, regressou aos eventos sociais, mas sob o nome de Amarílis Cristina, numa tentativa de refazer a sua vida longe do peso do escândalo.

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O eco de uma história que nunca morreu

Passadas mais de três décadas, o caso continua a suscitar curiosidade e a ser tema de debate, agora reavivado pela ficção televisiva. Para uns, “O Arquiteto” é apenas uma série de época; para outros, é a reabertura de um capítulo que marcou para sempre a vida pública portuguesa e, sobretudo, a de uma mulher que acabou por ser colateral de uma das maiores polémicas mediáticas nacionais.

Emma Watson Quebra o Silêncio Sobre J.K. Rowling: “O Que Mais Me Entristece é Que Nunca Foi Possível Conversar”

Se a magia de Harry Potter parecia eterna, a realidade fora do ecrã mostrou-se bem mais complicada. Desde que J.K. Rowling começou a disparar comentários polémicos sobre a comunidade trans, o mundo dos feiticeiros ficou dividido em dois feitiços opostos: os actores que permaneceram ao lado da autora e os que se afastaram em defesa dos direitos humanos.

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Emma Watson, que deu vida à brilhante Hermione Granger, esteve sempre no grupo dos que não hesitaram em apoiar pessoas trans. A sua frase simples mas poderosa — “As pessoas trans são quem dizem ser e merecem viver sem serem constantemente questionadas” — colocou-a, inevitavelmente, no lado oposto de Rowling. A resposta da escritora não foi propriamente calorosa: Rowling deixou claro em várias ocasiões que dificilmente perdoaria os jovens protagonistas da saga, chegando a insinuar que a presença deles nos filmes “estraga” a experiência de os rever.

Agora, Watson decidiu falar abertamente sobre esta rutura. Numa participação no podcast On Purpose With Jay Shetty, a actriz, afastada do cinema desde Mulherzinhas (2019), confessou a sua maior tristeza: nunca ter havido espaço para uma conversa franca com Rowling.

“Acho profundamente triste que nunca tenha sido possível conversar. Não acredito que, por apoiar as pessoas trans e defender as minhas convicções, isso signifique que não guardo com carinho as memórias e a relação que tive com a Jo. Para mim não é uma coisa ou outra. Gostava que as pessoas que não concordam comigo ainda pudessem gostar de mim, e eu também quero continuar a gostar delas. O que mais me entristece é não termos tido sequer a oportunidade de falar.”

É um desabafo que humaniza Watson: a actriz deixa claro que não pretende apagar a importância de Rowling na sua vida, mas não abdica dos seus princípios.

Enquanto isso, Rowling segue o seu próprio caminho: continua a investir parte da sua fortuna em iniciativas jurídicas contra os direitos trans no Reino Unido, ao mesmo tempo que apoia activamente a nova série de Harry Potter que está a ser desenvolvida pela HBO.

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No meio disto tudo, a magia parece ter-se transformado numa espécie de duelo permanente entre valores, memórias e feridas abertas. Para os fãs, a grande questão é se algum dia será possível lançar o feitiço da reconciliação — ou se esta será uma história sem final feliz.

Fonte: Variety

Ripley: A Heroína Que Reinventou o Cinema de Acção e Mudou Hollywood Para Sempre

Nos anos 70, o cinema americano estava pronto para uma revolução. O Código Hays já tinha caído, a segunda vaga do feminismo agitava a sociedade e as audiências estavam preparadas para ver mulheres muito para além do papel de “donzela em perigo”. Foi nesse caldo cultural que surgiu, em 1979, uma personagem improvável mas destinada à imortalidade: Ellen Ripley, interpretada por Sigourney Weaver em Alien – O 8.º Passageiro.

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Curiosamente, Ripley nem estava escrita para ser uma mulher. O argumento de Dan O’Bannon e Ronald Shusett descrevia personagens neutras em termos de género. Mas quando Ridley Scott escolheu Weaver para o papel principal, o cinema ganhou a sua primeira grande heroína de ficção científica: profissional, pragmática, sem paciência para hierarquias inúteis — e, acima de tudo, sobrevivente.

Em Alien, Ripley é apresentada como mais uma entre a tripulação do Nostromo. Só a pouco e pouco percebemos que é ela quem vai carregar o filme às costas. Ao contrário das “scream queens” típicas do terror da altura, Ripley mantém a calma, organiza planos e insiste em protocolos de segurança que os colegas ignoram — com consequências fatais. O contraste com Lambert (Veronica Cartwright), em constante histeria, não podia ser mais claro: Ripley era a antítese da vítima.

O salto definitivo veio em 1986, com Aliens – O Reencontro Final. James Cameron não quis apenas repetir a fórmula: transformou Ripley numa verdadeira estrela de acção, mas sem lhe roubar a humanidade. Agora, para além de enfrentar os Xenomorfos, ela protege a pequena Newt e assume-se como mãe substituta. O clímax é um duelo de mães — Ripley contra a Rainha Alien — que resultou numa das frases mais icónicas do género: “Get away from her, you bitch!” Foi suficiente para garantir a Weaver uma inédita nomeação ao Óscar de Melhor Actriz num filme de ficção científica.

Ripley foi especial porque não dependia de músculos hipertrofiados como Rambo, nem de charme galáctico como Leia. Era uma profissional competente que tomava decisões sob pressão e não pedia desculpa por liderar. Esse retrato de liderança feminina, em plena era de figuras como Shirley Chisholm a lutar pela presidência dos EUA, era tão radical quanto necessário.

Nos anos seguintes, Weaver voltou em Alien³ (1992) e Alien: Ressurreição (1997), mas o impacto já não foi o mesmo. A cultura tinha mudado: as heroínas de acção já não eram novidade e o próprio franchise parecia perdido em debates filosóficos sobre androides e genética. Mesmo assim, cada nova tentativa — de Prometheus a Alien: Covenant — continuou a procurar, de forma quase obsessiva, recriar a fórmula Ripley com outras protagonistas femininas.

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Hoje, o legado de Ripley sente-se em cada mulher que empunha uma arma no grande ecrã, de Sarah Connor a Furiosa, de Katniss Everdeen a Rey. Ela mostrou que uma heroína não precisa de superpoderes, apenas de inteligência, coragem e nervos de aço. E, para sempre, ficará a imagem de Sigourney Weaver, suada, determinada e absolutamente imbatível, a provar que o cinema de acção também podia — e devia — ser liderado por mulheres.

South Park  Arrasa Presidente da FCC… com Fezes de Gato à Mistura

Quem achava que South Park estava a perder a chama, pode arrumar já as varinhas mágicas da dúvida: Trey Parker e Matt Stone continuam tão (ou mais) caóticos do que sempre. A prova? O mais recente episódio da 27.ª temporada, “Conflict Of Interest”, transformou o presidente da FCC, Brendan Carr, em saco de pancada oficial. E não foi só no sentido figurado: o homem acabou no hospital, em tracção, depois de levar tareia, cair de escadas, ser envenenado… e ainda contrair um vírus através de fezes de gato. Classe pura.

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Carr, que tem passado as últimas semanas a tentar impor disciplina às cadeias televisivas para que não falem mal do “chefe”, tornou-se alvo preferencial da série. É quase como se tivesse enviado uma carta formal a dizer: “Caros Parker e Stone, por favor ridicularizem-me na televisão.” Pedido aceite.

O episódio elevou o disparate a níveis olímpicos, com direito a enredos de Trump a tentar livrar-se do seu filho não-nascido (que, detalhe essencial, estava alojado no rabo de Satanás). Entre quedas, insultos e excrementos felinos, Carr foi o pião da festa, terminando imóvel numa cama de hospital com o aviso de que podia perder a liberdade de expressão se a infecção cerebral avançasse. Satírico? Nem tanto. Escandalosamente South Park? Com certeza.

Mas o episódio não se ficou por aí. Entre uma gargalhada e outra, ainda houve espaço para uma crítica séria: a dependência crescente das apostas online nos EUA. E, claro, uma incursão nada subtil pelo conflito Israel-Gaza, com a mãe de Kyle a viajar até Israel para confrontar Benjamin Netanyahu de frente:

“Quem pensa que é, a matar milhares e a arrasar bairros inteiros, embrulhando-se no judaísmo como se fosse um escudo contra críticas?”

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Ou seja, pausa ou não, South Park continua a atirar para todos os lados. De políticos americanos a líderes mundiais, ninguém sai incólume. Brendan Carr que o diga — provavelmente ainda a tentar tirar o cheiro a gato do fato.

Fonte: AV Club