Filme em Destaque: Quando Chega o Outono, de François Ozon — Agora no Filmin

François Ozon, mestre do cinema francês contemporâneo, apresenta Quando Chega o Outono (Quand vient l’automne, 2024), um drama sensível e cheio de suspense que chega agora ao catálogo da Filmin.

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Sinopse Sucinta

Não recomendado a menores de 14 anos, este filme situa-se numa vila pitoresca da Borgonha. A história segue Michelle (Hélène Vincent), uma aposentada que vive em total harmonia com a vizinha de longa data, Marie-Claude (Josiane Balasko)  . A paz é abalada quando Michelle acidentalmente serve cogumelos venenosos à filha Valérie (Ludivine Sagnier), que adoece e proíbe a mãe de ver o neto Lucas  .

Enquanto Michelle tenta lidar com a culpa e a dor, Marie‑Claude enfrenta seus próprios fantasmas: o filho Vincent (Pierre Lottin) acaba de sair da prisão. O reencontro entre eles traz à tona segredos familiares, desequilíbrios e emoções contidas, transformando a narrativa num retrato tenso e profundamente humano  .

Destaques e Pontos de Interesse

  • O filme mistura drama familiar com elementos de mistério e thriller psicológico, mantendo o espectador em constante tensão e reflexão  .
  • A atuação de Hélène Vincent é amplamente elogiada: dominadora e cheia de nuances, imprime grande dignidade ao papel de Michelle  .
  • A direção de Ozon evita clichés sentimentais, apostando em uma abordagem elíptica e que permite ao público preencher lacunas com sua imaginação  .
  • O filme foi reconhecido no Festival de San Sebastián com o Prémio do Júri para Melhor Argumento, enquanto Pierre Lottin recebeu a Concha de Prata por Melhor Ator Secundário  .
  • A receção crítica é muito positiva, com uma aprovação de 97% no Rotten Tomatoes e score 74/100 no Metacritic  .

Vale a Pena Ver?

Se procuras um filme que combine drama íntimosuspense controlado e personagens complexas, Quando Chega o Outono é uma excelente escolha. Com a sensibilidade característica de Ozon, o filme ensaia sobre culpa, perdão e segundas chances — e mostra como o cinema pode, ainda em tempos tranquilos, guardar reviravoltas impactantes.

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Chegou o primeiro trailer de Nuremberga (Nuremberg), o drama histórico que promete ser um dos grandes títulos da temporada de prémios de 2025. Realizado por James Vanderbilt, o filme reúne um elenco de luxo e revisita um dos momentos mais marcantes do século XX: o julgamento dos líderes nazis após a Segunda Guerra Mundial.

Em Baixo divulgamos o trailer original, dado que ainda não está disponível a versão legendada.

Um elenco de peso em tribunal

Russell Crowe assume o papel de Hermann Göring, uma das figuras mais temidas do regime nazi, aqui sentado no banco dos réus. Ao seu lado, um leque de atores de primeira linha dá vida às tensões judiciais e morais deste processo histórico:

  • Rami Malek interpreta um psiquiatra encarregado de avaliar a sanidade dos acusados;
  • Michael Shannon e John Slattery surgem como advogados envolvidos nas acesas batalhas jurídicas;
  • Um conjunto de secundários de relevo completa o elenco, reforçando a densidade dramática do projeto.

O filme pretende não só retratar a dimensão histórica do julgamento, mas também explorar a psicologia e as contradições dos acusados e daqueles que os confrontaram em tribunal.

O desafio de filmar a História

O realizador James Vanderbilt, que anteriormente assinou Truth (2015), sobre o caso Dan Rather vs. George W. Bush, tem agora a tarefa de transpor para o grande ecrã um episódio que é simultaneamente documento histórico e reflexão ética. Se Truth dividiu a crítica, Nuremberga chega com o peso acrescido das expectativas e a promessa de se afirmar como um dos grandes dramas históricos contemporâneos.

Produzido pela Sony Pictures Classics, o filme chega aos cinemas em novembro — em plena corrida aos Óscares — e aposta numa narrativa de tribunal que junta o rigor histórico com a intensidade de performances de atores já consagrados.

Entre justiça e memória

Os julgamentos de Nuremberga não foram apenas um momento jurídico, mas um marco civilizacional, que lançou as bases para o direito internacional moderno e para a noção de crimes contra a humanidade. A escolha de Russell Crowe como Göring promete um retrato intenso de uma das figuras mais complexas do Terceiro Reich, enquanto Rami Malek surge como contrapeso humano e psicológico neste duelo em tribunal.

Com a estreia marcada para novembro, Nuremberga já é visto como um dos filmes-acontecimento da temporada — e, se cumprir o que o trailer promete, poderá inscrever-se na lista de obras essenciais sobre a memória da Segunda Guerra Mundial.

“O Justiceiro” Regressa: KITT e Michael Knight Rumo ao Cinema com os Criadores de Cobra Kai

A nostalgia dos anos 80 continua a ser uma mina de ouro para Hollywood — e agora chegou a vez de um dos maiores fenómenos televisivos dessa década dar o salto para o grande ecrã. O Justiceiro (Knight Rider no título original), a série que eternizou David Hasselhoff ao volante do icónico KITT, vai transformar-se em filme pela mão dos criadores de Cobra Kai.

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Segundo a revista The Hollywood Reporter, a Universal Pictures deu finalmente luz verde a um projeto que há anos era falado mas nunca passava do papel. Josh Heald, Jon Hurwitz e Hayden Schlossberg — a equipa que revitalizou Karate Kid para uma nova geração com Cobra Kai — estão em negociações para assinar o argumento. Hurwitz e Schlossberg poderão também realizar o filme, num projeto que contará ainda com a produtora dos três e a 87North de Kelly McCormick e David Leitch, responsáveis por títulos como Atomic BlondeDeadpool 2 e Bullet Train.

O regresso de uma dupla lendária: Michael Knight e KITT

Entre 1982 e 1986, O Justiceiro conquistou fãs em todo o mundo com quatro temporadas que misturavam ação, intriga e, claro, o charme futurista de um carro indestrutível e com Inteligência Artificial. A Fundação para a Lei e o Governo (FLAG) recrutava Michael Knight (David Hasselhoff) para missões perigosas, mas era o seu parceiro de quatro rodas, KITT, que roubava sempre a cena — um Pontiac Trans Am que falava, acelerava como nenhum outro e tinha resposta pronta para qualquer ameaça.

O culto gerado pela série ultrapassou a televisão: houve telefilmes, spin-offs, videojogos, livros e até convenções dedicadas, como a KnightCon. Em Portugal, O Justiceiro foi transmitido ainda nos anos 80, ao domingo às 19h00, em versão original, mas viria a ganhar nova popularidade quando regressou em versão dobrada em português do Brasil. Foi daí que nasceu a frase imortalizada por fãs: “KITT, vem me buscar!”.

Hollywood e a máquina da nostalgia

O anúncio surge numa altura em que Hollywood continua a revisitar os anos 80 com entusiasmo: de Cobra Kai a Top Gun: Maverick, passando pelos rumores de novos capítulos de Regresso ao Futuro e Caça-Fantasmas. A escolha dos criadores de Cobra Kai para revitalizar O Justiceiro parece natural: já provaram ser capazes de respeitar a memória de uma saga enquanto a tornam relevante para uma geração que não viveu o fenómeno original.

Ainda não existem detalhes sobre o enredo, nem confirmação de elenco, mas a expectativa é alta: será que veremos David Hasselhoff de regresso, nem que seja numa participação especial? E que voz dará vida ao KITT nesta nova versão?

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Uma coisa é certa: se o projeto se concretizar como anunciado, O Justiceiro tem tudo para voltar a ser um fenómeno — agora nas salas de cinema. Afinal, como dizia o genérico original: “Um homem que não existe, numa luta contra o crime, com a ajuda de um carro que não tem igual.”

Veneza Celebra Werner Herzog: O “Soldado do Cinema” Que Fez da Loucura Arte

O Festival de Veneza abriu a sua 82.ª edição com uma homenagem a um dos mais ousados, visionários e, para muitos, insanos cineastas do último século: Werner Herzog. O realizador alemão recebeu o Leão de Ouro pela carreira, entregue por ninguém menos que Francis Ford Coppola, que lhe dedicou palavras de amizade e admiração ao recordar mais de 50 anos de cumplicidade criativa.

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“Se Werner tem algum limite, não sei onde fica”, disse Coppola, recordando como chegou a apresentá-lo à sua atual companheira, Lena. Ao receber o prémio, Herzog emocionou-se: “Queria ser um bom soldado do cinema, e isso significa perseverança, lealdade, coragem e sentido de dever. Trabalhei sempre para levar algo transcendental ao ecrã.”

O cineasta que levou o cinema ao extremo

Herzog construiu uma filmografia marcada pelo risco, pela obsessão e pela procura constante de imagens inéditas. Desde os tempos em que arrastou um barco de 300 toneladas por uma montanha na Amazónia em Fitzcarraldo (1982), até filmagens em vulcões, desertos, glaciares e até na selva angolana, onde rodou recentemente Ghost Elephants (apresentado em Veneza), o realizador mostrou uma dedicação que beira a loucura.

Entre ficção e documentário, já soma mais de 70 filmes. Deu-nos obras icónicas como Aguirre, o Aventureiro (1972), Nosferatu, o Vampiro (1978), O Enigma de Kaspar Hauser (1974) e Grizzly Man (2005). Foi ainda nomeado ao Óscar com Encounters at the End of the World (2007).

A relação explosiva com Klaus Kinski

Herzog também ficou célebre pela sua tumultuosa parceria com o ator Klaus Kinski, com quem rodou cinco filmes e partilhou uma convivência marcada por génio e desvario. Entre ameaças de morte e confrontos físicos, nasceu uma das colaborações mais intensas da história do cinema, retratada pelo próprio em O Meu Melhor Inimigo (1999).

Da Baviera ao mundo

Nascido em Munique em 1942, filho da guerra e da pobreza, Herzog filmou a primeira curta aos 15 anos com uma câmara roubada. Desde então, percorreu um caminho único: foi um dos nomes centrais do Novo Cinema Alemão ao lado de Wim Wenders e Volker Schlöndorff, mas rapidamente se tornou um aventureiro global, cruzando fronteiras e géneros.

Em Veneza, Herzog é celebrado não apenas pelo radicalismo das suas filmagens, mas por ter levado o cinema para lugares onde quase ninguém ousaria. Um herdeiro do romantismo alemão que soube transformar o caos humano em arte, a obsessão em beleza e a loucura em transcendência.

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Como disse Coppola, talvez ninguém saiba onde estão os limites de Werner Herzog. Talvez porque, no seu caso, simplesmente não existem.

“I Play Rocky”: Encontrado o Ator Que Vai Dar Vida a Sylvester Stallone no Filme Sobre os Bastidores de Rocky

A história de bastidores de um dos maiores clássicos do cinema já tem protagonista. Anthony Ippolito, que recentemente interpretou um jovem Al Pacino na minissérie The Offer, vai agora assumir o papel de Sylvester Stallone em I Play Rocky, o novo filme da Amazon MGM sobre a criação do lendário Rocky.

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Realizado por Peter Farrelly — vencedor do Óscar por Green Book — o projeto promete estrear-se em salas de cinema e revisitar a trajetória improvável de Stallone: um ator praticamente desconhecido, que acreditava com todas as forças que tinha nascido não apenas para escrever Rocky, mas para ser o próprio Rocky Balboa.

O Verdadeiro “Underdog Story” de Hollywood

I Play Rocky será tanto um drama biográfico como uma história inspiradora. O argumento, escrito por Peter Gamble, centra-se na forma como Stallone enfrentou inúmeras rejeições em Hollywood ao insistir que ninguém mais poderia interpretar Balboa. Contra todas as probabilidades, arriscou tudo, recusando vender o guião sem o direito de ser também protagonista. O resultado? Um filme que não só arrecadou o Óscar de Melhor Filme em 1977, como deu início a uma das sagas mais icónicas do cinema, que viria a render mais de 1,7 mil milhões de dólares em bilheteira ao longo de várias décadas, incluindo os recentes spin-offs Creed.

Curiosamente, o próprio Anthony Ippolito parece ter encarnado o espírito de Stallone na hora de conquistar o papel. O ator gravou por iniciativa própria uma audição caseira, enviou-a diretamente aos produtores e, graças a essa ousadia, garantiu a oportunidade de interpretar o jovem Stallone.

De The Godfather a Rocky

A escolha de Ippolito para este papel ganha ainda mais simbolismo ao lembrarmos o seu percurso: depois de encarnar Al Pacino em The Offer (a série sobre a rodagem de O Padrinho), passa agora para outra história de bastidores de um clássico dos anos 70. A sua carreira inclui ainda Purple Hearts (Netflix), Pixels — onde interpretou a versão jovem de Adam Sandler — e Not Fade Away, de David Chase.

O Que Esperar do Filme

Produzido por Toby Emmerich, antigo presidente do Warner Bros. Pictures Group, e Christian Baha, I Play Rockypromete ser não apenas um retrato da luta de Stallone pelo papel da sua vida, mas também uma reflexão sobre Hollywood, os seus mecanismos e as histórias de persistência que se tornam lenda.

Ao dar vida ao jovem Stallone, Anthony Ippolito terá de captar não apenas a fisicalidade e o sotaque inconfundível, mas sobretudo a determinação feroz que transformou um aspirante a ator no criador de um dos maiores símbolos do cinema mundial.

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Se Rocky foi “a derradeira história de underdog”, I Play Rocky promete ser o seu espelho fora do ringue: a luta de um homem para ser ouvido e reconhecido na meca do cinema.

James Gunn Afasta Chris Pratt de Batman, mas Abre-lhe as Portas do Novo DCU

James Gunn voltou a falar sobre o futuro do Universo Cinematográfico da DC, e desta vez a especulação envolvia um dos seus colaboradores mais próximos: Chris Pratt. O realizador, que trabalhou com o ator nas três aventuras de Guardians of the Galaxy, foi direto ao ser questionado se poderia ver Pratt a vestir o capuz do Cavaleiro das Trevas.

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“Como Batman? Não”, respondeu de forma categórica numa entrevista recente ao EScorpionGolden. Mas a história não acaba aqui: Gunn fez questão de esclarecer que vê espaço para Pratt no novo DCU — apenas não como Bruce Wayne. “Como outra coisa? Sim. Ele adoraria fazer algo na DC. Eu adoraria que ele fizesse algo na DC…”, revelou, acrescentando que ainda precisa de refletir sobre qual seria a personagem ideal.

Chris Pratt no radar da DC

O ator, conhecido como Star-Lord no universo Marvel, tem uma longa relação criativa com Gunn, e a possibilidade de uma nova colaboração não surpreende. Afinal, o realizador tem vindo a transportar vários colegas para os seus projetos da DC: Pom Klementieff, Michael Rooker ou Bradley Cooper já apareceram em Superman (mesmo em papéis pequenos), e o próprio irmão de Gunn, Sean Gunn, surge como Max Lord na segunda temporada de Peacemaker.

Tudo indica que, mais cedo ou mais tarde, Chris Pratt acabará por se juntar ao novo universo partilhado, ainda que longe da sombra do morcego.

Quem será o próximo Batman?

Enquanto isso, a grande questão permanece: quem dará vida ao novo Batman em The Brave and The Bold? O projeto parece ter sido colocado temporariamente em pausa, com Gunn e Peter Safran a concentrarem-se noutras produções já em desenvolvimento. Mas o realizador já foi claro: Robert Pattinson continuará no universo separado de Matt Reeves, onde a sua versão sombria e mais realista de Bruce Wayne está segura.

Esta decisão abriu o caminho a novas especulações. Nomes como Alan Ritchson (Reacher) ou Jensen Ackles (a voz de Batman em várias animações da DC) têm sido apontados pelos fãs como possíveis escolhas para um Cavaleiro das Trevas mais físico e experiente.

E The Batman – Parte II?

Enquanto o futuro de The Brave and The Bold ainda é incerto, o mesmo não se pode dizer da continuação da saga de Matt Reeves. O cineasta já entregou o argumento de The Batman Part II, e as primeiras reações dentro da Warner Bros. foram muito positivas. O filme deverá começar a rodagem no início de 2026, com estreia prevista para 1 de outubro de 2027.

Colin Farrell confirmou que regressa como Pinguim (embora com uma presença limitada), ao lado de Jeffrey Wright (Comissário Gordon) e Andy Serkis (Alfred). Tudo aponta para que Reeves continue a explorar a sua versão noir e cerebral do herói, consolidando o seu próprio espaço fora do DCU de Gunn.

Entre dois universos

Com Superman já lançado e a preparar o terreno para a nova fase “Gods and Monsters”, Gunn sabe que a escolha do novo Batman será um dos momentos mais decisivos para o futuro da DC. Para já, pelo menos, uma coisa ficou clara: Chris Pratt não será o Homem-Morcego, mas tem cadeira reservada em futuras histórias.

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Paolo Sorrentino Abre Veneza com La Grazia: Toni Servillo é o Presidente que Todos Queríamos Ter

O Festival de Veneza abre este ano com o novo filme de Paolo Sorrentino, La Grazia (A Graça), que marca a 10.ª longa-metragem do realizador italiano e mais uma colaboração com o seu ator-fetiche, Toni Servillo. Depois de retratar figuras polémicas como Giulio Andreotti em Il Divo e Silvio Berlusconi em Loro, Sorrentino decide agora mostrar o oposto: um político íntegro, humano e compassivo — aquilo que, nas palavras do próprio, “um político deveria ser”.

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Um presidente com dilemas humanos

Em La Grazia, Toni Servillo interpreta Mariano De Santis, um fictício presidente da República italiana que enfrenta dilemas éticos de grande peso. Entre eles, a decisão de assinar — ou não — uma lei que legaliza a eutanásia num país profundamente católico. Mas o filme vai além da questão política: De Santis é também um viúvo que carrega as suas fragilidades, fuma um cigarro às escondidas do único pulmão e encontra afinidade inesperada na música do rapper italiano Guè.

Sorrentino inspirou-se numa notícia real sobre o atual presidente Sergio Mattarella, que perdoou um idoso que matara a esposa com Alzheimer. A partir daí, nasceu a pergunta central: o que significa, para um presidente, ter o poder de decidir sobre a vida e a morte?

Toni Servillo, o rosto da autoridade

Não é surpresa que Sorrentino tenha voltado a Servillo, ator com quem partilha sete filmes. “Quando penso em figuras de autoridade, penso imediatamente em Toni”, confessou o realizador. Ainda assim, o cineasta pediu-lhe contenção, evitando sentimentalismos excessivos, para que a humanidade emergisse apenas da presença natural do ator.

A relação entre o presidente e a sua filha (Anna Ferzetti) é outro pilar do filme. Inspirado na própria experiência de Sorrentino como pai, mostra um homem que aprende a ouvir uma nova geração em vez de se refugiar no saudosismo. É através dela que encontra a coragem para assinar a lei sobre a eutanásia — não por convicção pessoal, mas por confiança no futuro que pertence aos jovens.

Um filme moral, mas com ironia

Fiel ao estilo que lhe valeu o Óscar com A Grande Beleza, Sorrentino volta a cruzar drama e ironia. O realizador compara La Grazia a obras como O Decálogo de Krzysztof Kieslowski, em que cada dilema moral se torna motor da narrativa. Ao contrário dos retratos cáusticos de Andreotti e Berlusconi, aqui surge um político que exala integridade, mesmo com falhas pessoais — algo que o realizador considera urgente, num tempo em que demasiadas decisões políticas nascem da vaidade e da impulsividade.

Música, perdão e humanidade

A presença do rapper Guè no enredo acrescenta uma nota contemporânea ao filme. Uma das suas músicas, Le bimbe piangono, inclui a frase: “Chiedo dopo perdono, non prima per favore” (“Peço perdão depois, não antes, por favor”). Para Sorrentino, esta ideia ressoa como um mantra: o reconhecimento de que todos, mais cedo ou mais tarde, teremos de pedir perdão pelas nossas falhas.

Veneza como rampa de lançamento

Produzido pela The Apartment (do grupo Fremantle) e pela própria companhia de Sorrentino, Numero 10, em associação com a PiperFilm, La Grazia será distribuído pela MUBI nos EUA e em vários territórios internacionais. A estreia em Veneza confirma a aposta no filme como um dos grandes títulos da temporada, e, à semelhança de A Grande Beleza ou The Hand of God, promete colocar Sorrentino novamente no centro da corrida aos prémios.

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La Grazia é, no fundo, um retrato poético de como o poder político pode ser exercido com empatia e humanidade — um desejo tanto cinematográfico como político, que ecoa muito para lá do grande ecrã.

George Clooney Abandona Veneza Mais Cedo do Que o Previsto — Mas o Novo Filme Já Tem Data de Estreia

O Festival de Cinema de Veneza estava preparado para receber George Clooney em grande estilo, mas a visita do ator terminou de forma inesperada. Aos 64 anos, o protagonista de Jay Kelly foi obrigado a reduzir a sua participação no certame italiano devido a problemas de saúde que, embora descritos como não graves, levantaram preocupação entre fãs e colegas de profissão.

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Da passadeira vermelha ao recuo forçado

Clooney chegou a Veneza a 26 de agosto acompanhado pela mulher, Amal Clooney, e o casal voltou a monopolizar os flashes com a sua habitual elegância: ele num polo preto de manga curta e calças bege slim fit, ela num vestido amarelo da Balmain Resort. Porém, a agenda de promoção de Jay Kelly sofreu um corte inesperado quando o ator teve de cancelar compromissos oficiais para descansar.

Segundo o The Hollywood Reporter, Clooney faltou ao jantar privado da equipa do filme, que contou com o realizador Noah Baumbach, os co-protagonistas Adam Sandler e Laura Dern, bem como executivos de topo da Netflix, incluindo Ted Sarandos. O ator regressou ao hotel mais cedo, embarcando num barco por volta das 16h, e acabou por ausentar-se do convívio noturno.

Fontes próximas garantem que o episódio não é motivo de alarme e que Clooney deverá retomar o ritmo normal ainda durante o festival.

O que esperar de Jay Kelly

Depois do thriller Wolfs, Clooney regressa agora com uma comédia dramática descrita pela Netflix como uma “comédia com coração partido”. No filme, interpreta um ator famoso que atravessa uma crise de identidade e se apoia na amizade com o seu gestor, Ron (Adam Sandler). Juntos, os dois embarcam numa viagem pela Europa que os levará a reavaliar escolhas, arrependimentos e segredos.

Além de Clooney, Sandler e Laura Dern, o elenco é reforçado por nomes como Billy Crudup, Riley Keough, Jim Broadbent, Stacy Keach, Greta Gerwig, Isla Fisher e Patrick Wilson.

Datas de estreia

Jay Kelly terá a sua antestreia no Festival de Londres, a 10 de outubro, antes de chegar às salas de cinema a 15 de novembro. Pouco depois, a partir de 5 de dezembro, estará disponível na Netflix, consolidando-se como uma das grandes apostas da temporada para a corrida aos prémios.

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Mesmo com o contratempo de Veneza, Clooney continua a ser uma das presenças mais aguardadas no outono cinematográfico — e Jay Kelly promete ser mais uma prova de que, na sua maturidade, o ator sabe equilibrar humor, melancolia e uma presença magnética no ecrã.

Midas Man: O Filme Que Mostra Como o “Quinto Beatle” Mudou a Música Para Sempre

Quando se fala nos Beatles, é inevitável pensar em John, Paul, George e Ringo. Mas, por trás da ascensão meteórica da banda mais influente do século XX, esteve um homem cuja visão e talento mudaram para sempre a forma como a música é gerida e consumida: Brian Epstein, o empresário que ficou conhecido como o “quinto Beatle”.

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É precisamente a sua vida — brilhante, mas atormentada — que chega agora ao grande ecrã em Midas Man e os Quatro de Liverpool, com estreia exclusiva em Portugal no dia 31 de agosto, às 20h40, no TVCine Top e no TVCine+.

O génio por trás da Beatlemania

Epstein foi o homem que descobriu os Beatles e os transformou de uma jovem banda de Liverpool num fenómeno global. Mais do que um empresário, criou o modelo moderno de gestão artística que ainda hoje influencia a indústria. A sofisticação da sua abordagem à imagem e ao marketing foi decisiva para catapultar os Fab Four para o estrelato.

Entre o sucesso e os demónios pessoais

Contudo, por trás do brilho público escondia-se uma luta silenciosa. Epstein viveu marcado por inseguranças e pela repressão da sua homossexualidade numa época de preconceito e intolerância. Midas Man mostra não só a sua genialidade e visão empresarial, mas também a sua fragilidade humana, revelando um homem dividido entre o triunfo global e o peso das suas batalhas íntimas.

Um retrato íntimo e intenso

Realizado por Joe Stephenson, o filme conta com a interpretação magnética de Jacob Fortune-Lloyd (Gambito de Dama), que dá corpo a Epstein numa performance elogiada pela sua intensidade e profundidade emocional. Mais do que um simples biopic, Midas Man é um retrato íntimo de uma das figuras mais influentes da cultura pop moderna — e uma reflexão sobre as pressões invisíveis que acompanham o génio.

Um filme para fãs de música e cinema

Midas Man e os Quatro de Liverpool é, ao mesmo tempo, uma carta de amor à música e uma análise das sombras que acompanham o sucesso. Para os fãs dos Beatles, é uma oportunidade rara de olhar para a história a partir da perspetiva do homem que lhes abriu as portas do mundo. Para os cinéfilos, é uma viagem emocional que cruza espetáculo e intimidade com a marca de um verdadeiro biopic de peso.

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🎬 Estreia: 31 de agosto, domingo, às 20h40, em exclusivo no TVCine Top e no TVCine+.