Taylor Sheridan quer pôr as mãos em Leatherface: o criador de Yellowstone poderá assumir a saga Texas Chainsaw Massacre

A icónica franquia de terror está à venda e os tubarões de Hollywood estão prontos para o banquete

Parece cena saída de um thriller texano: Taylor Sheridan, criador de Yellowstone e mestre em westerns modernos, está a considerar assumir o controlo de uma das mais lendárias sagas de terror de sempre — The Texas Chainsaw Massacre. Segundo o site Deadline, o nome do argumentista e realizador texano “tem ganho força” entre os potenciais compradores da franquia, que já rendeu 247 milhões de dólares em bilheteira com um investimento total inferior a 50 milhões.

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Sim, Leatherface poderá estar prestes a receber um upgrade cinematográfico com assinatura Sheridan — um homem habituado a terrenos poeirentos, violência crua e personagens com cicatrizes interiores.

Terror texano? Sheridan conhece bem o terreno

Embora Taylor Sheridan não assumisse a realização (ficaria como produtor), a ligação simbólica ao Texas — território que moldou grande parte da sua obra — faz dele uma escolha natural. E com o sucesso financeiro que tem acumulado com séries como Yellowstone ou Landman, não seria difícil imaginar uma nova versão de The Texas Chainsaw Massacrecom um orçamento mais musculado… e talvez uma dose extra de realismo brutal.

Uma corrida sangrenta: quem mais quer ficar com Leatherface?

Mas Sheridan não é o único com olhos postos na serra elétrica. Há mais nomes — e pesos pesados — na lista de potenciais compradores:

  • NEON, distribuidora de filmes como Anora, quer o franchise e já teria planos para colocar Oz Perkins (LonglegsThe Monkey) como argumentista e Bryan Bertino como realizador.
  • Jordan Peele, mestre do novo terror psicológico (Get OutUs), também está interessado através da sua produtora Monkeypaw, que tem acordo com a Universal.
  • Roy Lee, produtor de A Minecraft Movie, tem planos duplos: uma série de televisão via A24, com Glen Powellcomo produtor, e um filme para a Netflix.

Segundo o Deadlineainda não há favoritos na corrida.

A última vez que vimos Leatherface…

A saga começou em 1974 com o original The Texas Chainsaw Massacre, um filme independente de terror puro e cru, que fez história ao arrecadar 26 milhões de dólares com apenas 140 mil investidos. Já o mais recente capítulo, lançado diretamente na Netflix em 2022, foi um desastre: 30% de aprovação crítica e 25% do público no Rotten Tomatoes. O filme, realizado por David Blue Garcia e escrito por Fede Alvarez e Rodo Sayagues (Alien: Romulus), caiu no esquecimento quase tão rápido quanto as cabeças decapitadas pelo protagonista.

E agora, que futuro para a saga?

Com o legado de Leatherface em jogo, e a promessa de novos talentos a querer dar-lhe nova vida (ou nova morte), tudo está em aberto. Será que Sheridan trará um tom mais sombrio e realista ao massacre? Veremos um Texas Chainsaw Massacre com o olhar clínico e frio que transformou Sicario e Wind River em filmes memoráveis? Ou será Jordan Peele a reimaginar a saga com camadas sociais e desconstruções modernas?

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Uma coisa é certa: o massacre está longe de acabar — e pode estar prestes a recomeçar com muito estilo e um novo grito.

“Alien: Planeta Terra” traz a saga de volta… e os Xenomorfos com ela

A icónica franquia de ficção científica invade o Disney+ com cyborgs, corporações distópicas e… híbridos com consciência humana

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Preparem-se: os Xenomorfos estão de volta. Mas desta vez, o terror espacial desce à Terra numa versão completamente nova da saga Alien, agora em formato de série. Intitulada “Alien: Planeta Terra”, a produção chega ao Disney+ a 13 de Agosto, prometendo um regresso explosivo a um universo que marcou a ficção científica desde 1979 — desta vez com cyborgs, megacorporações e novos horrores biotecnológicos.

O primeiro trailer oficial já está disponível e, para os fãs da franquia, a expectativa está em ponto de ebulição. Com Timothy Olyphant (conhecido de Justified) no elenco principal e uma estética que mistura distopia digital com pavor orgânico, esta poderá ser a expansão que muitos esperavam — ou o reinício que ninguém viu chegar.

Terra, ano 2120: um futuro dominado por empresas… e terrores escondidos

Segundo a sinopse oficial, a série situa-se no ano 2120, numa Terra controlada por cinco megacorporações: Prodigy, Weyland-Yutani (sim, a mítica da saga), Lynch, Dynamic e Threshold. Nesta nova “Era Corporativa”, humanos, cyborgs e sintéticos coexistem num equilíbrio instável, até que surge uma nova ameaça: os híbridos — robôs com consciência humana, desenvolvidos pela Prodigy Corporation.

O protótipo, Wendy, representa o auge da tecnologia e da ambição — o passo seguinte na corrida pela imortalidade artificial. Mas tudo muda quando uma nave da Weyland-Yutani colide com Prodigy City, libertando formas de vida tão antigas quanto mortais. Spoiler? Não precisamos de dizer o nome, pois os fãs já adivinharam: os Xenomorfos estão cá.

O ADN da saga está lá… mas com roupagem nova

A série não pretende ser apenas um prolongamento nostálgico. Alien: Planeta Terra mergulha em temas actuais como a identidade artificiala ética da tecnologiaa privatização da vida humana e, claro, o eterno embate entre ciência e sobrevivência. A ameaça biológica é o fio condutor, mas o subtexto distópico marca presença desde o primeiro frame.

Se os filmes anteriores exploraram o terror do desconhecido no espaço profundo, a série traz o pesadelo para o nosso quintal. E, ao que tudo indica, com uma narrativa dividida em oito episódios, sendo os dois primeiros lançados a 13 de Agosto e os restantes semanalmente às quartas-feiras.

Timothy Olyphant e um elenco internacional

Ainda sem grandes detalhes sobre as personagens, sabemos que Timothy Olyphant será um dos pilares da narrativa, acompanhado por um elenco global que promete dar profundidade às várias camadas sociais e tecnológicas do mundo de 2120. Os efeitos visuais, pelo que o trailer mostra, estão a par das melhores produções da plataforma, e os ambientes — entre cidades ultratecnológicas e zonas devastadas — mantêm o estilo visual característico da franquia.

Xenomorfos com filosofia?

Pode parecer impossível, mas a série parece caminhar entre terror corporal e existencialismo tecnológico. A introdução dos híbridos — robôs com consciência humana — pode bem ser o elemento de reflexão que distingue esta adaptação das anteriores. Até onde estamos dispostos a ir para não morrer? E o que significa estar vivo quando o corpo já não é nosso?

Se a execução corresponder à ambição, Alien: Planeta Terra pode vir a ser a reinvenção mais ousada da saga desde o original de Ridley Scott.

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“Alien: Planeta Terra” estreia a 13 de Agosto no Disney+ com dois episódios. Os restantes serão lançados semanalmente às quartas-feiras.

Arquiteturas Film Festival 2025: Fronteiras, memórias urbanas e o regresso ao Bairro do Aleixo

A 12.ª edição do festival dedica quatro dias à reflexão sobre os limites físicos, simbólicos e sociais das cidades

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Arquiteturas Film Festival está de volta para a sua 12.ª edição e, este ano, promete ser mais do que um festival de cinema: será um espaço de confronto, escuta e memória. Entre 25 e 28 de Junho, o Porto acolhe uma programação que coloca no centro do debate o tema das fronteiras — sejam elas geográficas, sociais, arquitectónicas ou invisíveis — com 18 filmes de 14 paísesinstalações artísticasoficinascaminhadas urbanas e um olhar atento e crítico sobre o Bairro do Aleixo, símbolo das transformações urbanas da cidade.

Organizado actualmente pelo Instituto, centro cultural com sede no Porto, o festival mantém o seu foco na intersecção entre cinema, arquitectura e práticas espaciais, promovendo um diálogo entre disciplinas e sensibilidades. Ao todo, serão três secções cinematográficas, distribuídas principalmente pelo Batalha – Centro de Cinema e pela Casa Comum da Universidade do Porto, onde o acesso será gratuito nas sessões dedicadas ao Aleixo.

Sessão de abertura: da Cidade do Cabo para o Porto

O arranque oficial acontece no dia 25 de Junho às 19h15, no Batalha, com “Mother City” (2024), de Miki Redelinghuys e Pearlie Joubert, um filme que examina a luta por habitação na Cidade do Cabo, atravessada por décadas de apartheid. Uma escolha certeira para um festival que este ano se debruça sobre o impacto das fronteiras no quotidiano urbano.

Fronteiras em movimento e comunidades em transição

programa oficial conta com 14 filmes, todos alinhados com o tema central. Entre eles destaca-se “The Strong Man of Bureng” (2023), de Mauro Bucci, e “Twin Fences”, da realizadora Yana Osman, cuja vida — ucraniana de nascimento, russa de criação e com raízes afegãs — é, por si só, um mapa de fronteiras pessoais e culturais.

Na secção Especial Portugal, o destaque vai para duas curtas que exploram comunidades periféricas e invisibilizadas:

  • “Maio”, de Claudio Carbone, retrata uma das últimas moradoras do bairro autoconstruído 6 de Maio, na Amadora.
  • “Outra Ilha”, de Eduardo Saraiva Pereira, é um mosaico íntimo da comunidade cabo-verdiana no Bairro Amílcar Cabral, em Sines.

O regresso ao Bairro do Aleixo: memória e resistência

Bairro do Aleixo, outrora dominado por cinco torres que hoje já não existem, está no centro da secção Especial Portugal, onde o festival presta homenagem à memória do lugar e das pessoas que o habitavam. A programação cruza-se com a exposição “Aleixo: 5 Torres, 5 Décadas”, patente até ao fim do ano, e apresenta a estreia da primeira versão de “Memória Futura”, um documentário rodado no bairro que reflete sobre o seu passado e projeta interrogações sobre o seu futuro.

Nesta mesma secção regressam ainda dois filmes fundamentais sobre o Aleixo:

  • “Russa” (2018), de João Salaviza e Ricardo Alves Jr., rodado antes das últimas demolições.
  • “Bicicleta” (2013), de Luís Vieira Campos, que oferece um retrato singular dessa “cidade vertical” suspensa entre abandono e resistência.

No dia 28, às 10h15, o festival convida o público para uma caminhada pelos terrenos onde existiu o Bairro do Aleixo, numa acção simbólica que mistura arqueologia urbana e escuta colectiva.

Instalações, oficinas e masterclasses

arc en rêve centre d’architecture, de Bordéus, é a instituição convidada deste ano. Traz ao Porto duas instalações vídeo e dinamiza um debate sobre práticas arquitectónicas em contextos de transformação urbana.

O programa inclui ainda uma oficina artística, debates e outras actividades paralelas que reforçam o carácter multidisciplinar e interventivo do festival, criado em 2013 por Sofia Mourato, originalmente em Lisboa, e hoje dirigido por Paulo Moreira.

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Um festival para pensar o cinema e o espaço

Arquiteturas Film Festival 2025 é, acima de tudo, uma proposta de reflexão urgente sobre como habitamos — e desabitamos — os nossos espaços. Entre ruínas, torres derrubadas, comunidades desalojadas e fronteiras que mudam de forma e lugar, o festival convida-nos a olhar, escutar e — talvez — compreender um pouco melhor o mundo contemporâneo.

Luis Miguel Cintra revisita uma vida inteira no cinema num livro de memórias a apresentar no Porto

“Comentários a uma Filmografia” junta quase 100 filmes e um olhar íntimo sobre décadas de representação

Há actores que atravessam o cinema como personagens. Luis Miguel Cintra atravessou-o como presença. Com voz, corpo e uma inteligência discreta mas marcante, tornou-se figura incontornável tanto no teatro como no grande ecrã. Agora, aos 76 anos, o actor e encenador olha para trás e organiza essa travessia num livro que é, ao mesmo tempo, inventário e confissão.

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“Luis Miguel Cintra: Comentários a uma Filmografia” é lançado este mês pelas Edições Caminhos do Cinema Português e será apresentado no dia 12 de Junho, no Cinema Trindade, no Porto, com a exibição especial de Uma Pedra no Bolso (1988), de Joaquim Pinto — escolha pessoal do actor para assinalar o momento.

Uma filmografia, muitas memórias

O livro nasceu de um desafio lançado pelo festival Caminhos do Cinema Português, que em 2024 homenageou o actor com o Prémio Ethos. A proposta era simples: revisitar os muitos filmes em que participou. A resposta de Cintra foi tudo menos banal — comentou um por um, com lucidez, ironia e emoção.

São quase 100 filmes, entre 1970 e 2022, percorrendo colaborações com nomes como Manoel de Oliveira, Pedro Costa, Solveig Nordlund, Maria de Medeiros, Joaquim Pinto, Paulo Rocha, João César Monteiro, entre muitos outros.

Foi precisamente com João César Monteiro que Cintra se estreou no cinema, em Quem Espera por Sapatos de Defunto Morre Descalço (1970). Na introdução ao texto sobre esse filme, escreve:

“Quando comecei foi quase por acaso. Mas nada é por acaso a não ser os desastres e o primeiro amor.”

Um livro entre o íntimo e o político

Muito mais do que um exercício de memória, o livro revela-se uma viagem interior ao ofício da representação no cinema, feita por quem sempre assumiu que o seu lugar natural era o teatro.

Luis Miguel Cintra escreve com gratidão, mas também com ironia e alguma mágoa. Sobre o seu percurso no cinema, observa:

“Serei talvez o actor que em Portugal não ganhou quase nada com os filmes, porque nunca recusei um papel por ganhar pouco ou nada, e recusei sempre qualquer papel na televisão.”

Reflexões como esta pontuam o livro, que oscila entre o comentário técnico, o registo afectivo e a análise artística. Em Peixe Lua (2000), de José Álvaro Morais, por exemplo, lê-se:

“Marca a vida de uma pessoa fazer um filme assim (…) quase um filme de família com tantas histórias secretas.”

E quando escreve sobre O Gebo e a Sombra (2012), com Manoel de Oliveira, emociona:

“É um filme que surge na minha vida como uma incrível recompensa pela admiração e pela amizade incondicionais que para sempre associam o meu ofício de actor de cinema à sua obra.”

Uma vida contada em planos, falas e silêncios

O livro percorre não apenas as obras maiores, mas também momentos mais discretos — todos tratados com a mesma atenção. O tom, por vezes confessional, nunca cede ao sentimentalismo fácil. Em vez disso, temos um homem a pensar sobre o tempo, o trabalho e a memória, com a serenidade de quem sabe que o seu legado está construído não em prémios, mas em presenças.

No caso de Capitães de Abril (2000), de Maria de Medeiros, por exemplo, a memória do filme convoca a memória do próprio 25 de Abril. Cintra recorda-se de estar no Quartel do Carmo com o actor Luís Lucas, e escreve:

“Posso jurar que a atmosfera que se viveu não foi a de um doce e amável festejo com bandeirinhas. Nós estávamos cheios de medo de que aquilo não resultasse.”

Uma sessão para celebrar o cinema português… e um actor maior

A sessão de apresentação no Cinema Trindade, no dia 12 de Junho, é um momento para celebrar não só o livro, mas também a própria ideia de memória no cinema. Com a exibição de Uma Pedra no Bolso, de Joaquim Pinto, o evento recupera uma das muitas colaborações que marcaram o percurso de Cintra — um actor que, nas palavras de muitos, nunca fez um papel menor, mesmo quando o papel era pequeno.

O livro, segundo o próprio, “ficou uma espécie de livro de memórias, uma coisa meio sentimental da minha vida no cinema.”

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Felizmente para nós, ficou também um testemunho precioso de um dos maiores actores portugueses e do modo como viveu o cinema: com entrega, curiosidade e — acima de tudo — dignidade.

Festival de Documentário de Melgaço regressa com mais de 30 filmes a concurso e residência criativa para jovens realizadores

Entre 28 de Julho e 3 de Agosto, o MDOC 2025 volta a ser ponto de encontro entre cinema, identidade e território

MDOC – Festival Internacional de Documentário de Melgaço está de volta, e a 11.ª edição, marcada para 28 de Julho a 3 de Agosto de 2025, promete transformar a vila minhota num verdadeiro centro de criação, exibição e reflexão cinematográfica. Organizado pela associação AO NORTE e pela Câmara Municipal de Melgaço, o festival apresentará mais de 30 filmes em competição, e reforça este ano o seu compromisso com a formação de novos talentos através de residências, oficinas e masterclasses.

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Residência Plano Frontal: jovens realizadores em acção

Uma das pedras basilares do festival é a Residência Cinematográfica Plano Frontal, orientada por Pedro Sena Nunes, que reúne quatro equipas de jovens cineastas — finalistas ou recém-licenciados em Cinema, Audiovisual e Comunicação. Entre 25 de Julho e 3 de Agosto, os participantes vão criar documentários sobre temas locais, em estreita ligação com o território de Melgaço, contribuindo assim para o arquivo audiovisual da região e para a valorização do seu património imaterial.

Fotografia com bolsa: registar a alma do Minho

Em paralelo, decorre também a Residência Fotográfica, que desafia três jovens fotógrafos a mergulharem num contexto imersivo de dez dias em Melgaço. Cada selecionado receberá uma bolsa de dois mil euros e terá apoio técnico e artístico para desenvolver um projecto fotográfico com enfoque nas gentes, paisagens e histórias da região. As inscrições para esta residência decorrem até 30 de Junho.

Margarida Cardoso lidera Oficina de Cinema

Entre 28 e 31 de Julho, a realizadora Margarida Cardoso — nome maior do cinema português, com uma obra entre o documental e a ficção — orienta a Oficina de Cinema. Este espaço de experimentação convida os participantes a desenvolverem ideias de filmes a partir de exercícios criativosreferências visuais e leituras sugeridas, proporcionando uma verdadeira incubadora de narrativas.

As inscrições estão abertas até 15 de Julho.

Curso de Verão Fora de Campo: cinema e pensamento crítico

Este ano, o curso de Verão Fora de Campo volta a juntar realizadores, artistas, investigadores e agentes culturais, promovendo debates sobre o cinema e o seu papel no mundo contemporâneo. A edição de 2025 contará com a colaboração da DOCMA – Asociación Española de Cine Documental, e a participação de nomes como Sandra RuesgaRaúl Alaejos e Alfonso Palazón, que também assume a coordenação do curso ao lado de José da Silva Ribeiro. As inscrições estão abertas até 11 de Julho.

Masterclass e sessão X-Raydoc com clássicos do cinema documental

No dia 1 de Agosto, a cineasta Sandra Ruesga dará a masterclass “Explorar o Eu: Cinema Auto-referencial e Identidade”, onde abordará o cruzamento entre o íntimo e o político na criação documental. Já a sessão X-Raydoc, no dia 3 de Agosto, propõe uma viagem aos alicerces do documentário com a exibição e análise de dois clássicos: Lettre de Sibérie (1957), de Chris Marker, e À Valparaíso (1963), de Joris Ivens.

MDOC promove encontro internacional de festivais

Pela primeira vez, o MDOC acolhe um encontro de representantes de festivais de documentário de toda a Europa, com o objectivo de discutir “caminhos futuros” para o género. Estão confirmados representantes de festivais como o Majordocs (Espanha), Escales Documentaires (França), Frontdoc (Itália) e One World Romania (Roménia), entre outros.

Projecto “Quem somos os que aqui estamos?” dá voz à freguesia de Alvaredo

Como parte da programação expandida, a AO NORTE apresenta o projecto “Quem somos os que aqui estamos?”, focado na freguesia de Alvaredo. O objectivo é escutar e registar as memórias e identidades locais, através de entrevistas audiovisuaisdigitalização de álbuns de família, uma exposição fotográfica e até a edição de uma publicação com o resultado final.

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Documentar o presente, preservar a memória

O MDOC 2025 reafirma-se como um festival que ultrapassa a mera exibição de filmes: é um lugar de encontro entre autor e território, entre documentário e identidade, entre reflexão e criação. Um festival com raízes no Minho e ramos a crescer por toda a Europa.

Cinema português em queda nas bilheteiras: apenas 1% dos espectadores viu filmes nacionais em 2025

“On Falling”, de Laura Carreira, lidera entre as produções nacionais, mas o domínio de Hollywood mantém-se esmagador

O cinema português continua a lutar por atenção nas salas nacionais. De acordo com os dados divulgados pelo Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), os filmes portugueses ou com coprodução nacional conseguiram apenas 1,1% dos 4,5 milhões de espectadores que foram ao cinema entre Janeiro e Maio de 2025. Em termos de receita de bilheteira, a quota ainda é mais baixa: 0,8%, equivalente a 228 mil euros.

Num período em que as salas de cinema registaram um crescimento global de 13% em espectadores e 16,5% em receitas, com um total de 28,5 milhões de euros, o cinema nacional ficou, mais uma vez, à margem deste entusiasmo crescente. Mesmo com o incentivo da campanha “Cinema em Festa”, que vendeu bilhetes a 3,5 euros em mais de 420 salas durante três dias de Maio, a repercussão sobre os filmes portugueses foi praticamente residual.

Hollywood domina, Portugal resiste

Entre os 172 filmes estreados até Maio, apenas 44 foram de produção ou coprodução norte-americana. No entanto, esses mesmos filmes foram responsáveis por mais de 67% do total da exibição, tanto em receita de bilheteira como em número de espectadores. Ou seja, os blockbusters continuam a dominar por completo a preferência do público português.

O filme mais visto do ano nos cinemas foi, até agora, “Um Filme Minecraft”, de Jared Hess, que somou 498.120 espectadores e três milhões de euros em receitas. Em segundo lugar, surge “Ainda estou aqui”, de Walter Salles, com 383.829 bilhetes vendidos.

O melhor português do ano? “On Falling”

Na frente do cinema nacional está “On Falling”, da realizadora Laura Carreira, que reuniu 12.531 espectadores e cerca de 75 mil euros de receita. Um número modesto face ao panorama geral, mas ainda assim representativo da dificuldade crónica do cinema português em conquistar o público nacional, mesmo quando há reconhecimento internacional.

Apesar do talento e da diversidade de abordagens do cinema nacional, a verdade é que continua a existir uma dificuldade estrutural em atrair público para as salas. O mercado continua polarizado e dominado por grandes estúdios internacionais, com uma capacidade de promoção e distribuição incomparável face à realidade portuguesa.

Reflexões para o futuro

Os dados agora divulgados colocam mais uma vez a questão: como reconquistar o público para o cinema português?Será necessária uma maior aposta na promoção e acessibilidade? Uma revisão das estratégias de exibição? Ou até um questionamento do modelo de financiamento e distribuição?

Uma coisa é certa: há filmes portugueses a estrear e a circular — muitos deles aplaudidos em festivais internacionais —, mas continuam a ser invisíveis para a maioria dos espectadores nacionais. Talvez esteja na hora de pensar não apenas no que se faz, mas também em como se faz chegar o cinema português ao seu próprio público.

Martin Scorsese revela por que deixou de ir ao cinema: “As pessoas estragam a experiência”

O realizador de Taxi Driver e O Lobo de Wall Street já não suporta telemóveis, pipocas e conversas durante o filme

Martin Scorsese, 82 anos, nome maior da história do cinema e defensor incansável da experiência cinematográfica como um ritual sagrado, acaba de admitir uma espécie de rendição pessoal: já não vai ao cinema ver filmes. E não é por falta de títulos interessantes, mas sim porque, segundo o próprio, as salas estão a tornar-se espaços de distracção constante— e o mestre perdeu a paciência.

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Numa conversa com o crítico Peter Travers no blogue The Travers Take, citada pelo The Guardian, o realizador de Shutter IslandAssassinos da Lua das Flores e O Irlandês confessou que deixou de frequentar as salas de cinema porque já não consegue concentrar-se nos filmes devido ao comportamento do público. O mais irritante? Telemóveis acesos durante a exibição.

“Fiquei chocado com o comportamento das pessoas durante os filmes.”

Scorsese vai mais longe e enumera os restantes culpados por esta debandada pessoal: entradas e saídas constantes, barulho, e claro, a tradicional ida ao bar das pipocas — mas em modo rotativo. Em vez da tão propalada “magia do grande ecrã”, o que o realizador encontrou foi um circo caótico.

“Sim, eu também falava durante os filmes… mas sobre o filme!”

O cineasta reconhece que, no passado, também falava durante os filmes. Mas — e aqui entra o purismo cinéfilo — havia contexto e respeito:

“Sim, talvez, mas quando falávamos era sempre sobre o filme e o quanto nos divertíamos ao analisar os pormenores.”

Não se trata apenas de saudosismo. Scorsese está a verbalizar um sentimento partilhado por muitos: a crescente perda de etiqueta nas salas de cinema. As queixas sobre espectadores que comentam o filme em voz alta, atendem chamadas ou usam redes sociais durante a sessão são cada vez mais comuns. E se até Martin Scorsese desiste, é sinal de que o problema atingiu proporções épicas.

Ainda activo, mas em modo privado

Apesar de já não ir ao cinema como espectador, o realizador está longe de se reformar. Aos 82 anos, Scorsese prepara um drama policial passado no Havai, com Dwayne Johnson como protagonista — um emparelhamento inesperado e que promete dar que falar.

Além disso, está também envolvido na produção de um documentário sobre o Papa Francisco, revelando que o seu apetite narrativo continua bem vivo — mesmo que agora consuma os filmes em casa, num ambiente silencioso e controlado.

Uma voz que importa

Não é qualquer pessoa que pode fazer estas críticas com autoridade. Mas quando é Martin Scorsese — o homem que filmou Taxi DriverTouro EnraivecidoA Última Tentação de Cristo e O Lobo de Wall Street — talvez valha a pena ouvir.

A questão que fica é: estaremos mesmo a perder o ritual de ir ao cinema? E conseguiremos recuperá-lo? Ou a experiência colectiva está condenada a ser engolida por luzes de ecrãs, ruídos de snacks e desatenções sonoras?

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Talvez seja tempo de voltarmos a olhar para as salas de cinema como templos da atenção — e não como extensões do sofá da sala. Scorsese já se afastou. Quem será o próximo?