🎸 Emoção em Alta Voz: Stephen Graham Chorou ao Receber Mensagem de Bruce Springsteen

Stephen Graham é, neste momento, o rosto de um dos maiores fenómenos televisivos do ano com Adolescência, a minissérie da Netflix que tem dominado as conversas culturais e batido recordes de audiência. Mas longe das câmaras, o ator britânico viveu recentemente um momento de grande emoção — proporcionado por um dos seus maiores ídolos: Bruce Springsteen.

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Numa entrevista recente ao podcast Soundtracking, Graham contou que chorou ao receber uma mensagem do próprio “Boss”, que o contactou pessoalmente depois de assistir à série. “Estava a correr para o aeroporto e recebi um texto maravilhoso, melhor que qualquer prémio que possa vir a receber”, revelou o ator, com a voz embargada pela memória.

Segundo Graham, a mensagem de Springsteen não foi apenas um gesto de cortesia. Foi uma demonstração sincera de reconhecimento, marcada por uma nota pessoal comovente. O músico agradeceu-lhe pela sua prestação como pai de Jamie em Adolescência, confessando que o seu próprio pai já falecera e que a atuação de Graham o fez sentir que o “revivera”.

“Chorei ao ler a mensagem. Partilhar isso com alguém foi muito bonito. É um homem amabilíssimo”, disse o ator.

De Jamie para Bruce: um pai para cada história

O mais curioso nesta ligação entre os dois artistas? Stephen Graham está neste momento a preparar-se para interpretar o próprio pai de Springsteen no cinema. O filme chama-se Deliver Me From Nowhere e centra-se na criação de Nebraska, o álbum mais cru e introspectivo da carreira do cantor norte-americano — e o primeiro gravado sem a E Street Band. A longa-metragem, que será lançada ainda este ano, foca-se no processo criativo singular que resultou numa das obras mais intimistas e pessoais da discografia de Springsteen.

A escolha de Graham para o papel do pai do “Boss” ganha agora uma carga emocional acrescida, não apenas pela sua capacidade de representar figuras paternas com profundidade e humanidade, como também por este gesto de confiança e agradecimento vindo diretamente de Springsteen.

O ator do momento

Stephen Graham é um dos atores mais respeitados do Reino Unido. Conhecido por performances intensas em obras como This Is EnglandThe VirtuesBoardwalk Empire ou Boiling Point, o ator construiu uma carreira alicerçada na autenticidade e na empatia pelas figuras marginalizadas. Em Adolescência, brilha ao lado de Owen Cooper e Christine Tremarco num drama que aborda temas como o extremismo online, a cultura “incel” e o colapso do diálogo entre pais e filhos numa era saturada de desinformação.

A série, escrita por Jack Thorne e realizada por Philip Barantini, tornou-se num fenómeno instantâneo: bateu recordes de audiência no Reino Unido e acumulou mais de 24 milhões de visualizações a nível global numa só semana. Cada episódio foi filmado num plano-sequência contínuo, uma ousadia técnica que aumentou ainda mais o impacto emocional da narrativa.

Uma ponte entre mundos

A relação entre Graham e Springsteen vai muito além da colaboração cinematográfica. Une-os uma sensibilidade partilhada pelas histórias da classe operária, pela dor invisível dos homens comuns e pela procura de redenção em mundos difíceis. Adolescência e Nebraska falam, cada um à sua maneira, da solidão, da raiva e da esperança que persiste nos lugares mais sombrios.

Que Graham tenha recebido uma mensagem tão íntima e poderosa de Bruce Springsteen não surpreende — é o reconhecimento de um artista para outro. E para os espectadores, é um lembrete comovente de que, por vezes, a arte aproxima mesmo aqueles que nunca se cruzaram… até que uma história os une.

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Crítica:🎥 Branca de Neve e o Espelho Quebrado da Disney

A nova versão em imagem real de Branca de Neve chegou aos cinemas com a habitual pompa que acompanha os clássicos da Disney. No entanto, a estreia foi tudo menos mágica: com uma receção morna da crítica, divisões entre os fãs e resultados dececionantes nas bilheteiras, o filme parece mais um espelho estilhaçado do que uma revitalização corajosa de um conto imortal.

Apesar de contar com Rachel Zegler no papel da princesa e Gal Gadot como a Rainha Má, e de prometer uma abordagem mais atual à história, Branca de Neve acaba por cair numa zona cinzenta entre o conservadorismo estético e o medo de se comprometer com uma visão arrojada. E se há algo que esta história nos ensina é que fugir do espelho nunca resolveu nada.

Uma princesa (ligeiramente) diferente

Rachel Zegler prometeu uma Branca de Neve com mais agência, uma jovem capaz de enfrentar os seus desafios e conduzir a sua própria história. E em certa medida, a nova versão concede-lhe esse protagonismo: aqui, a princesa não espera passivamente pelo príncipe, nem depende de um beijo mágico. É ela quem toma as rédeas e lidera a resistência contra a tirania da sua madrasta.

No entanto, essa tentativa de modernização rapidamente se perde entre escolhas narrativas frágeis e visuais estéreis. A estética do filme parece não confiar na sua própria magia: os cenários são maioritariamente digitais e sem vida, os anões são recriados com CGI de gosto duvidoso (e expressões que roçam o inquietante), e os momentos musicais soam descontextualizados, algures entre o genérico e o forçado.

Um mundo encantado sem encanto

Se há algo que o original de 1937 oferecia — para além de um marco na história da animação — era um sentido palpável de maravilha. Esta versão, pelo contrário, parece prisioneira da indecisão. A floresta encantada transforma-se num palco artificial onde a protagonista vagueia sem verdadeiro assombro. As canções novas, compostas por Benj Pasek e Justin Paul, oscilam entre o efémero e o esquecível, contrastando com os clássicos icónicos como “Heigh-Ho” ou “Whistle While You Work”, que aqui surgem descontextualizados ou abandonados.

E o que dizer da Rainha Má? Gal Gadot entrega-se ao papel com um brilho superficial, mas falta-lhe a crueldade sublime de uma vilã que vive da sua vaidade. A sua canção a solo, supostamente grandiosa, termina num silêncio constrangedor nas salas de cinema — não por reverência, mas por falta de impacto.

Onde está a ousadia da Disney?

A verdade é que Branca de Neve poderia ter sido um ponto de viragem. Um momento em que a Disney mostrava coragem para reinventar verdadeiramente os seus clássicos, não apenas maquilhá-los com tecnologia moderna. Mas tal como a maçã envenenada, esta versão é bela por fora e inócua por dentro. O filme tenta agradar a todos — ao público nostálgico e às novas gerações — e acaba por não satisfazer plenamente nenhum.

Mesmo as intenções mais louváveis, como dar mais profundidade à personagem principal ou questionar a passividade do romance original, são anuladas por um guião pouco arriscado e uma realização que parece mais preocupada em evitar polémicas do que em contar uma história com alma.

A receção morna (43% no Rotten Tomatoes, uma das piores avaliações entre os remakes da Disney) e o fraco desempenho nas bilheteiras são reflexos não de uma guerra cultural — como alguns apressadamente querem apontar — mas da simples constatação de que o público exige mais. Quer histórias bem contadas. Quer emoção genuína. E quer magia, não apenas efeitos especiais.

Uma lição por aprender

O mais irónico? O próprio filme inclui uma cena onde a nova Branca de Neve apela ao povo do seu reino para recuperar a coragem que perdeu sob o domínio da Rainha Má. É uma mensagem que poderia (e deveria) aplicar-se à Disney. Ao insistir numa fórmula estafada de nostalgia, efeitos digitais e adaptações pouco imaginativas, a casa do rato mais famoso do mundo corre o risco de se tornar refém da sua própria vaidade.

Tal como a princesa que caiu em sono profundo, talvez esteja na altura de a Disney acordar. Não com um beijo, mas com ideias novas, coragem criativa e uma vontade genuína de reencantar o mundo.

🎬 “A Working Man”: Jason Statham entra em modo “exército de um só homem” numa ode aos clássicos de ação dos anos 80

Se cresceste ao som de balas a voar em Rambo, socos no estômago à Commando e frases icónicas em filmes como Hard Target ou Cobra, então prepara-te: Jason Statham está de volta ao seu melhor em “A Working Man”, o novo filme de David Ayer que já está a incendiar as redes sociais com primeiras reações entusiasmadas.

Com estreia esta sexta-feira, 28 de março, o filme tem sido descrito como “um delírio de ação à moda antiga”, daqueles em que o protagonista resolve tudo com os punhos e uma expressão carregada de testosterona. E pelos vistos… é mesmo isso que vamos ter. E ainda bem.

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O regresso do herói silencioso (mas letal)

A Working Man segue a história de Levon Cade, um ex-operacional das forças especiais que deixou a violência para trás para trabalhar em construção civil. Mas quando a filha do seu patrão — que considera família — desaparece, Cade volta à ação. E o que começa como uma missão pessoal de resgate rapidamente se transforma numa batalha contra uma rede de corrupção muito mais profunda do que parecia.

Com um argumento de David Ayer (realizador de End of Watch e Fury) escrito em parceria com Sylvester Stallone, e baseado no romance Levon’s Trade de Chuck Dixon, este é um filme que não pede desculpa pela sua violência exagerada nem pela sua nostalgia desavergonhada.

As primeiras reações: um banho de sangue delicioso

As reações iniciais são unânimes em apontar para um festival de murros, explosões e frases de efeito:

• Chris Bumbray (JoBlo) chamou-lhe um “campy B-movie blast”, ou seja, um filme de série B camp, explosivo, que começa com calma mas rapidamente entra em território insano.

• Courtney Howard (Variety / AV Club) elogia a “ação carregada de vingança” com uma dose inesperada de sinceridade emocional.

• Bill Bria (Slash Film) diz que não é The Beekeeper 2 (o recente sucesso de Statham), mas que entrega “porrada à estilo Reacher”, com uma pitada de Rambo e Hard Target.

Ou seja, A Working Man é exatamente aquilo que promete: puro entretenimento de ação, com um Jason Statham implacável, ao melhor estilo dos heróis de VHS dos anos 80.

Um elenco recheado de caras conhecidas

Além de Statham, o filme conta ainda com Michael PeñaDavid Harbour (Stranger Things), Jason FlemyngMerab NinidzeMaximilian Osinski e Cokey Falkow, entre outros. Um verdadeiro cocktail de talento para uma história que não precisa de grandes artifícios para cumprir o seu propósito: entreter com violência coreografada e adrenalina pura.

O renascimento da ação prática?

Num tempo em que muitos blockbusters se rendem aos efeitos especiais e à estética digital, A Working Man parece apostar na fisicalidade crua e prática, com Statham a liderar a carga como um dos últimos grandes heróis de ação física em Hollywood. E com a realização de David Ayer, conhecido pelo seu estilo mais sujo e realista, este filme poderá marcar uma nova fase nos filmes de ação “à moda antiga”, onde o suor e os hematomas são mais importantes do que o CGI.

A frase de ouro? “Começa como um drama… e acaba como uma carnificina!”

Entre vingança pessoal, redes de tráfico humano, conspirações e toneladas de pontapés, A Working Man parece ter todos os ingredientes para ser o novo favorito dos fãs hardcore de ação. E se estás à procura de algo para dar uma sacudidela ao marasmo dos lançamentos atuais, este poderá ser mesmo o filme ideal para sair do sofá e voltar à sala de cinema.


Veredito: um regresso triunfante ao ADN dos filmes de ação

Se és fã de Stallone, Schwarzenegger ou Jean-Claude Van Damme, vais sentir-te em casa com este novo título. Jason Statham continua a provar que tem carisma, presença e o físico necessários para manter viva a tradição do “herói de ação à antiga” — e com um realizador como David Ayer ao leme, há esperança para o futuro do género.

“A Working Man” estreia esta sexta-feira, 28 de março, nas salas de cinema internacionais. Ainda sem data oficial confirmada para Portugal, mas será certamente uma prioridade para os amantes do género.

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🦄 “Death of a Unicorn”: Paul Rudd e Jenna Ortega brilham numa sátira negra absolutamente insana (e surpreendentemente emocional)

O que acontece quando se atropela um unicórnio? E se esse momento surreal for o catalisador para uma comédia negra sobre ganância, sátira social e unicórnios vingativos? Death of a Unicorn, novo filme da A24 realizado por Alex Scharfman, responde a esta pergunta improvável com humor ácido, crítica social e uma criatura mítica que desafia convenções.

Estreando esta sexta-feira nos EUA e no Reino Unido, o filme junta Paul Rudd e Jenna Ortega — num inesperado par pai-e-filha — numa jornada bizarra, cómica e, ao mesmo tempo, estranhamente comovente.

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O início de um pesadelo (mitológico)

Tudo começa com um acidente de carro. Ridley (Jenna Ortega) e o seu pai Elliot (Paul Rudd) atropelam uma criatura improvável: um unicórnio bebé. O que poderia ser uma ocorrência mágica rapidamente se transforma num dilema ético e num campo minado de interesses corporativos, quando a descoberta do animal fantástico pode representar uma oportunidade de ouro para agradar ao patrão bilionário de Elliot.

A premissa já é, por si só, digna de uma curta absurda ou de um conto à Kurt Vonnegut — e não por acaso, o próprio Scharfman é fã confesso do autor. Mas Death of a Unicorn vai muito além do seu ponto de partida surreal, construindo um universo satírico sobre classes sociais, ganância e a obsessão contemporânea em controlar tudo, até a natureza mais pura e mitológica.

Sátira sem subtilezas, mas com propósito

Escrito por Scharfman em 2019, antes da pandemia, o argumento já mergulhava numa visão crítica da elite económica e das suas dinâmicas de poder. Mas, como o realizador reconhece, o mundo ficou ainda mais insano desde então — e, como tal, seria quase ingénuo escrever sátira subtil em 2025.

“Vivemos tempos descarados, em que o homem mais rico do mundo tem um escritório na Casa Branca. A realidade já é caricata o suficiente. Por isso, este filme tem de ser direto, e talvez até catártico”, explica Scharfman.

E é isso que faz de Death of a Unicorn tão refrescante: a sua recusa em filtrar ou suavizar as suas ideias. É, como diz o próprio realizador, uma comédia negra com “justiça restaurativa violenta” — onde os unicórnios, criaturas tipicamente associadas à inocência e à pureza, surgem como forças brutais da natureza contra um sistema que tenta aprisioná-las.

Jenna Ortega e Paul Rudd: química improvável, mas eficaz

No centro do caos, Jenna Ortega destaca-se como Ridley, a única personagem com um fio de consciência ética no meio da loucura. Ela é a âncora emocional do filme — e a voz do público — confrontada com um grupo de milionários excêntricos, vaidosos e, por vezes, absolutamente patéticos.

Paul Rudd, por sua vez, oferece uma das performances mais dúbias e divertidas da sua carreira recente: um pai que sabe que tudo à sua volta está errado, mas que continua a sorrir educadamente e a tentar agradar. Will Poulter é um destaque à parte, com uma interpretação hilariante de um “tech bro” mimado e narcisista, símbolo máximo da geração que acha que a fortuna equivale a sabedoria.

Um unicórnio à vista de todos

Scharfman faz questão de não esconder o seu monstro — e ainda bem. Ao contrário de tantos filmes de terror modernos que preferem manter a criatura nas sombras, Death of a Unicorn vai a fundo na construção do seu animal místico, combinando efeitos práticos com CGI e recorrendo até a marionetas realistas no set. O resultado é uma criatura crível, física e memorável.

“As pessoas querem ver. Querem uma criatura que possam estudar, admirar e até temer. Por isso, ao longo do filme vamos mostrando cada vez mais até o unicórnio estar, literalmente, a descer as escadas da mansão em plena luz do dia”, revela o realizador.

Ecos de John Carpenter e Buñuel

Cinefilamente falando, Death of a Unicorn bebe de muitas fontes: dos creature features dos anos 70 e 80, como The Thingde John Carpenter, à sátira social de Buñuel (O Anjo Exterminador) e Altman (Gosford Park). Mas o que verdadeiramente distingue este filme é a sua ousadia em misturar todos esses tons — horror, comédia, drama e absurdo — sem perder o equilíbrio narrativo.

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Com diálogos inteligentes, personagens marcantes e uma crítica mordaz ao capitalismo moderno e à exploração da natureza, o filme da A24 tem tudo para se tornar um dos títulos mais falados do ano — e, talvez, um futuro clássico de culto.

“Zona de Risco”: Liam Hemsworth e Russell Crowe juntos num thriller de guerra explosivo

🎯 Sobreviver é a única lei. É com este lema que “Zona de Risco” chega ao pequeno ecrã português, prometendo elevar a fasquia do cinema de ação militar com uma intensidade visual e emocional à flor da pele. Estreia marcada para sábado, 29 de março, às 21h30, em exclusivo no TVCine Top e no TVCine+.

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Com realização de William Eubank — responsável por títulos como Underwater e Paranormal Activity: Next of Kin — este novo filme de guerra junta Liam Hemsworth e Russell Crowe numa missão de sobrevivência implacável que se desenrola ao longo de 48 horas nas selvas perigosas do sul das Filipinas.

Um campo de batalha implacável

A trama coloca-nos no centro de uma operação secreta da Força Delta que rapidamente se transforma numa armadilha letal. A equipa é emboscada por forças inimigas e a única esperança de sobrevivência reside em Kinney (Liam Hemsworth), um jovem e inexperiente oficial que se vê sozinho, mas determinado a não abandonar os seus companheiros.

Sem alternativas no terreno, Kinney depende totalmente das instruções de Reaper (Russell Crowe), um piloto de drones da Força Aérea que, a milhares de quilómetros de distância, se torna nos seus olhos no céu. Numa corrida contra o tempo e com um ataque aéreo iminente, cada decisão pode ser a última. O suspense é constante, e o realismo tático mantém o espectador colado ao ecrã.

Ação, tensão e humanidade

Com uma fotografia cuidada e uma encenação de combate crua e imersiva, Zona de Risco recebe elogios da crítica especializada por conseguir equilibrar a ação frenética com momentos de humanidade entre soldados que enfrentam a morte a cada segundo. Russell Crowe, como já seria de esperar, oferece uma performance sólida, dando profundidade a um personagem que comanda uma guerra à distância mas vive cada segundo como se estivesse no campo de batalha.

Hemsworth, por sua vez, surpreende pela carga emocional que imprime a um papel fisicamente exigente, mostrando-se mais do que um rosto bonito no meio do caos. Ao seu lado, atores como Luke Hemsworth, Ricky Whittle e Milo Ventimiglia contribuem para reforçar o espírito de camaradagem e sacrifício.

Uma estreia imperdível

Se é fã de filmes de guerra com adrenalina ao rubro, Zona de Risco é uma proposta a não perder. Não só pelas sequências de combate bem coreografadas, mas também pela forma como a narrativa nos transporta para o lado menos glamoroso do heroísmo — aquele onde sobreviver, e manter-se fiel aos princípios, pode ser o maior dos desafios.

📺 Estreia em exclusivo a 29 de março, sábado, às 21h30, no TVCine Top e no TVCine+.

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“The Sting”: O Golpe Perfeito que Quase Ficava na Gaveta

🎩💼 Em 1973, estreava nos cinemas The Sting (A Golpada), uma das obras-primas do cinema americano. Passados mais de 50 anos, o filme continua a ser uma referência no género de comédia policial, um exemplo de argumento engenhoso e de realização precisa — e tudo isso por muito pouco não ficou enterrado no fundo de uma pilha de guiões rejeitados.

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A história do sucesso de The Sting começa antes das câmaras começarem a rodar. O argumento original de David S. Ward, inspirado pelas suas pesquisas sobre carteiristas e burlões, foi um verdadeiro golpe de mestre. O guionista explicou que nunca tinha visto um filme sobre vigaristas que operassem com esquemas tão elaborados e que decidiu preencher essa lacuna.


A Arte da Burla (e do Argumento)

O desafio de Ward foi encontrar o equilíbrio perfeito entre o que o público deveria saber e o que devia ser ocultado. Como ele próprio disse, “os espectadores não precisam de saber todos os pormenores do esquema, mas têm de sentir que estão dentro do jogo”. A chave seria criar vilões bem definidos, heróis com carisma e uma teia de enganos complexa, mas compreensível.

Foram precisos mais de doze meses a reescrever e ajustar o argumento. Ward queria que o espectador se sentisse cúmplice da vigarice, e não apenas um observador passivo. A ideia de uma espécie de “irmandade subterrânea de burlões” que se juntam para um grande golpe e depois desaparecem como sombras foi uma das grandes inovações da narrativa.


O Guião Perdido que Valia Ouro

E se o argumento é hoje considerado uma obra-prima, isso deve-se em parte a um golpe de sorte (ou de visão): Rob Cohen, futuro realizador de Fast & Furious, encontrou o guião no chamado slush pile — a pilha de textos não solicitados que, na maioria das vezes, nunca são lidos.

Na altura, Cohen era apenas um leitor de guiões para o agente Mike Medavoy. Quando leu The Sting, ficou extasiado e escreveu na sua análise: “É o grande guião americano… será um filme vencedor de prémios, com um grande elenco e um grande realizador.” Medavoy desafiou Cohen: “Se não o venderes, estás despedido.” No mesmo dia, a Universal comprou o guião. Cohen ainda hoje tem a sua análise original emoldurada no escritório.


Paul Newman, Redford e a Magia do Duplo Golpe

O guião original tinha a personagem Henry Gondorff como um burlão envelhecido, decadente e alcoólico. Mas quando Paul Newman entrou no projeto, Ward foi rápido a adaptar a personagem para lhe dar o brilho e o protagonismo que merecia. Afinal, esta era a segunda colaboração de Newman com Robert Redford, depois do sucesso de Butch Cassidy and the Sundance Kid (1969), e Hollywood sabia que esta dupla tinha ouro nas mãos.

Newman, que sempre fora aconselhado a evitar comédias por não ter o “toque leve”, agarrou a oportunidade com unhas e dentes. Queria provar que era tão bom a fazer rir como a emocionar. O resultado? Um desempenho carismático, elegante e absolutamente cativante.


Um Vilão com Dor Real e Óscar Negado

Outro ponto alto do filme é o vilão Doyle Lonnegan, interpretado pelo magnético Robert Shaw. Curiosamente, o realizador George Roy Hill queria inicialmente Richard Boone para o papel, mas foi Newman quem insistiu em enviar o guião a Shaw, que estava a filmar na Irlanda. Shaw aceitou o papel… e trouxe consigo um detalhe que viria a marcar a personagem: uma mancada genuína.

Pouco antes do início das filmagens, Shaw escorregou num campo de handebol e lesionou os ligamentos de um joelho. Em vez de atrasar a produção, decidiu incorporar o andar manco na personagem — uma nuance que só tornou Lonnegan ainda mais imponente.

Infelizmente, Shaw não foi nomeado para o Óscar de Melhor Ator Secundário, segundo consta por ter exigido que o seu nome aparecesse nos créditos logo a seguir aos de Newman e Redford, antes do título do filme. Uma exigência ousada… e penalizadora.


Um Golpe Clássico

The Sting ganhou sete Óscares, incluindo Melhor Filme, Melhor Realização e Melhor Argumento Original. É uma obra de precisão narrativa e charme irresistível, com uma banda sonora inesquecível que ressuscitou o ragtime de Scott Joplin para uma nova geração.

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É também um exemplo raro de como talento, sorte e alguma teimosia podem transformar uma ideia aparentemente esquecida numa das maiores joias do cinema clássico.


🎬 Se ainda não viste The Sting, faz parte da tua formação cinéfila obrigatória. E se já viste… volta a ver. Afinal, a arte da burla nunca sai de moda — sobretudo quando é feita com este nível de mestria.

A Verdade Por Trás de Die Hard: Quando McTiernan Quase Disse “Não” ao Maior Filme de Ação de Sempre

🎬 “Yippee-ki-yay, motherf**r.” A frase é lendária. O filme, também. Mas o que muitos não sabem é que Die Hard – Assalto ao Arranha-Céus (1988) esteve mesmo para não acontecer como o conhecemos — e que o seu realizador, John McTiernan, rejeitou o projeto várias vezes antes de ceder.

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Na verdade, McTiernan achava o argumento original demasiado negro e violento. Terrorismo, reféns, execuções a sangue-frio… tudo isso criava um tom que ele considerava “nasty”, pesado e sem espaço para o tipo de entretenimento que o público ansiava nos anos 80. Foi apenas quando lhe deram liberdade para reescrever o tom do filme, suavizando algumas passagens e introduzindo momentos de humor (muitos deles improvisados por Bruce Willis), que McTiernan aceitou a cadeira de realizador.


Um Estilo Europeu no Coração de Hollywood

Para tornar Die Hard mais do que apenas mais um filme de ação, McTiernan tomou uma decisão crucial: contratou o diretor de fotografia Jan de Bont, conhecido pelo seu trabalho com Paul Verhoeven. O objetivo? Dar ao filme uma “sensibilidade europeia” na forma como a câmara se movimenta.

Não é coincidência que tantas cenas do filme tenham aquele movimento envolvente da câmara em torno das personagens — uma técnica que McTiernan chamava de “movimento pela emoção”. Para o realizador, a câmara não devia seguir apenas o movimento físico, mas o sentimento da cena. Este cuidado com a fluidez e ritmo visual está na base do porquê de Die Hard ainda hoje parecer fresco, intenso e cinematograficamente elegante.

McTiernan ia mais longe: muitas transições no filme ocorrem entre cenas em locais diferentes, mas ligadas por movimentos de câmara idênticos, criando uma sensação de continuidade visual notável.


Explosões Reais e Decisões Que Fizeram História

Outro dado fascinante: a maioria das explosões exteriores do Nakatomi Plaza foram reais. Foram filmadas com cargas controladas no verdadeiro edifício Fox Plaza, em Los Angeles, e não criadas com miniaturas ou efeitos digitais — que, na altura, eram ainda rudimentares. Este compromisso com o realismo e a fisicalidade da ação é parte da magia do filme.

E quanto ao protagonista? Bruce Willis só entrou no projeto depois de Robert De Niro recusar o papel de John McClane — o que soa hoje a uma realidade paralela impensável. O próprio Willis tinha acabado de ser rejeitado para o papel de Charles Grodin em Midnight Run (1988), precisamente com De Niro, e, por coincidência, ambos os filmes estrearam no mesmo fim de semana.

Foi McTiernan quem viu o verdadeiro trunfo de Willis: “Bruce é mais carismático quando está a ser um sacana irreverente”, disse. “Apontam-lhe uma arma à cara e ele responde com um ‘Oops’.” Essa mistura de sarcasmo, vulnerabilidade e coragem tornou McClane uma figura icónica — e Willis numa estrela mundial.


A Oportunidade Perdida de George Takei

Um último detalhe curioso e algo trágico envolve George Takei, o eterno Sulu de Star Trek. McTiernan queria muito que ele interpretasse Takagi, o executivo japonês da Nakatomi, mas um mal-entendido com os agentes de Takei fez com que o papel passasse ao lado. Segundo o próprio Takei, ficou bastante desiludido por ter perdido a oportunidade.


Um Filme Definidor

Hoje, Die Hard é mais do que um clássico de Natal ou um modelo de ação — é uma aula de estrutura narrativa, caracterização e mise-en-scène. McTiernan transformou um argumento genérico e pesado num dos filmes mais influentes do século XX. Desde os corredores claustrofóbicos do arranha-céus, à banda sonora de Michael Kamen pontuada com temas clássicos, passando pelo memorável vilão Hans Gruber (Alan Rickman, absolutamente fenomenal), tudo contribui para o equilíbrio quase perfeito entre espetáculo e humanidade.

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E pensar que tudo isto quase não aconteceu


“Andor” está de volta: a série mais madura de “Star Wars” prepara o caminho para a tragédia de “Rogue One”

🌌 A despedida de Cassian Andor aproxima-se – e com ela, o retrato mais sombrio e político da galáxia muito, muito distante.

É o fim de um capítulo… e a origem de uma revolução. A segunda e última temporada de “Andor”, uma das séries mais aclamadas do universo Star Wars, estreia já a 23 de abril no Disney+, e promete levar os fãs por um caminho sem retorno em direção aos eventos trágicos de Rogue One: Uma História de Star Wars (2016).

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Criada por Tony Gilroy, argumentista de Michael ClaytonRogue One e da saga Jason BourneAndor destacou-se desde o início como uma abordagem mais adulta, mais política e mais emocional dentro do universo Star Wars. Longe dos sabres de luz e dos Jedi, esta é uma história sobre espionagem, sacrifício e resistência. Um “thriller” sobre como nasce uma revolução.


🔥 Um novo trailer e um último adeus à esperança

O trailer final da segunda temporada, divulgado esta semana pelo Disney+, é tenso, frenético e carregado de emoção. A rebelião está a ganhar forma, mas o preço da liberdade será pago com sangue, perdas e dilemas morais.

Cassian Andor, novamente interpretado por Diego Luna, já não é o homem relutante e desiludido que conhecemos na primeira temporada. Agora, é uma peça fundamental nos bastidores da resistência contra o Império – um espião que se move nas sombras, rodeado por mentiras, sacrifícios e traições.

Ao longo dos 12 episódios, divididos em quatro arcos de três episódios cada, vamos acompanhar os momentos decisivos que aproximam a galáxia da guerra civil – e Cassian do seu destino trágico em Rogue One.


🎭 Um elenco de luxo e personagens em conflito

O trailer confirma o regresso de várias figuras centrais, como:

• Genevieve O’Reilly como Mon Mothma, a senadora que sacrifica tudo para dar voz à rebelião.

• Stellan Skarsgård como Luthen Rael, um dos arquitetos da resistência, pronto a comprometer os próprios valores para vencer.

• Denise Gough como Dedra Meero, a cruel agente do Império, numa interpretação que se tornou das mais assustadoras da saga.

• Ben Mendelsohn, novamente como o ambicioso Orson Krennic, numa ponte direta para os eventos de Rogue One.

• E o muito aguardado regresso do andróide K-2SO, com voz de Alan Tudyk, figura central da missão de Cassian no filme de 2016.


🧠 Uma série que pensa antes de explodir

Andor não é apenas uma boa série dentro de Star Wars. É, para muitos críticos, uma das melhores séries de televisão dos últimos anos.

Com uma escrita sofisticada e realista, aborda temas raramente explorados nesta galáxia: o custo psicológico da guerra, o peso da vigilância, o dilema entre ética e eficácia, e as zonas cinzentas que permeiam os movimentos revolucionários.

A primeira temporada foi ovacionada por elevar o nível narrativo da saga, com episódios como “One Way Out” ou “The Eye”, considerados por muitos como momentos absolutamente memoráveis da televisão moderna.

A expectativa para a segunda temporada é altíssima: não apenas pelo desfecho emocional que sabemos que está por vir, mas pela promessa de uma conclusão que respeita o público adulto, exige atenção e recompensa o investimento emocional.


📅 Calendário de lançamento

A estratégia de estreia será algo distinta: a temporada está dividida em quatro capítulos, cada um com três episódios. O primeiro capítulo chega a 23 de abril, e os seguintes serão lançados semanalmente. Este modelo poderá favorecer o debate entre episódios, algo que tem faltado a outras produções recentes.


⭐ Uma série que faz história em Star Wars

Em vez de mais uma história de heróis e vilões, Andor propõe um retrato de pessoas comuns confrontadas com sistemas opressores, forçadas a escolher entre sobreviver ou lutar. Um espelho da nossa realidade, num universo de ficção científica.

Talvez por isso tenha tocado tantos fãs. Talvez por isso esteja a ser considerada, por muitos, a melhor série alguma vez feita no universo Star Wars.

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Regé-Jean Page será o novo Conde de Monte Cristo: clássico de Dumas volta ao cinema com nova roupagem

📽️ Um dos maiores romances da literatura francesa ganha nova vida em Hollywood – com uma estrela de “Bridgerton” no papel principal.

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O inesquecível romance de vingança, justiça e redenção de Alexandre Dumas vai regressar ao grande ecrã com uma nova versão de O Conde de Monte Cristo, protagonizada por Regé-Jean Page, o ator que conquistou o público como o duque de Hastings na primeira temporada de Bridgerton. A informação foi confirmada pela revista Deadline, revelando que Page será também um dos produtores do filme através da sua empresa Mighty Stranger.

A adaptação está a ser desenvolvida pelo estúdio independente Department M, numa aposta assumida em recontar um dos maiores clássicos do século XIX para um público contemporâneo, global e sedento de narrativas épicas e emocionalmente intensas.


🧭 A eterna história de Edmond Dantès

Publicado pela primeira vez em 1844, O Conde de Monte Cristo é um dos pilares incontornáveis da literatura mundial. A sua história, tão intemporal quanto poderosa, acompanha Edmond Dantès, um jovem marinheiro prestes a casar-se, que é injustamente acusado de traição e encarcerado sem julgamento na temida prisão da ilha do Castelo de If.

Durante 14 anos de prisão, Dantès é educado por um misterioso companheiro de cela, o Abade Faria, que lhe revela a existência de um fabuloso tesouro escondido na ilha de Monte Cristo. Quando consegue escapar e encontra a fortuna, Dantès regressa à sociedade com uma nova identidade — o enigmático Conde de Monte Cristo — e um único objetivo: vingar-se daqueles que o traíram e lhe roubaram a vida.


🗣️ Um projeto com ambição cultural e cinematográfica

Num comunicado oficial, Regé-Jean Page explicou a motivação por trás desta nova adaptação:

“Contar histórias ousadas e aventureiras com o coração é a razão pela qual entrei nesta indústria e é a espinha dorsal de tudo o que estamos a fazer. Trabalhando com colaboradores incríveis, a Mighty Stranger está a construir uma série de projetos que ampliarão as lentes culturais através do puro entretenimento. É por isso que estamos tão entusiasmados por trazer O Conde de Monte Cristo para o público global, desvendando as profundezas do trabalho de Dumas de formas ainda não vistas.”

A frase não deixa margem para dúvidas: esta não será apenas mais uma adaptação. O objetivo da equipa é reposicionar o clássico de Dumas num contexto contemporâneo, mantendo a sua essência literária mas explorando novas leituras e camadas da narrativa original.


🎬 O legado cinematográfico de Monte Cristo

O romance já inspirou inúmeras adaptações para cinema e televisão ao longo de mais de um século. Entre os intérpretes mais icónicos de Edmond Dantès contam-se Jean MaraisRichard ChamberlainLouis JourdanJim Caviezel, e Gérard Depardieu (numa minissérie televisiva de grande prestígio nos anos 1990). Mais recentemente, Pierre Nineyprotagonizou a versão francesa de 2024, realizada por Alexandre de La Patellière e Matthieu Delaporte, que se tornou um verdadeiro fenómeno de bilheteira em França com mais de 9,4 milhões de espectadores.

Esta versão francesa, considerada o filme nacional mais caro do ano (43 milhões de euros), recebeu 14 nomeações aos prémios César e conquistou dois troféus, consolidando a popularidade duradoura da história.


🧠 O desafio: reinventar um clássico sem perder a alma

O grande desafio de qualquer adaptação de O Conde de Monte Cristo reside em equilibrar fidelidade narrativa com inovação formal. A história original é longa, cheia de subtramas, reviravoltas e personagens secundárias fascinantes — algo que exige mestria para condensar num filme sem perder o seu impacto emocional.

Com Regé-Jean Page à frente do projeto, há uma promessa de elegância visual e intensidade dramática. O ator, que se tem vindo a afirmar também como produtor e curador de projetos de forte identidade, surge aqui a comandar um filme que pretende não apenas revisitar um clássico, mas oferecer uma nova perspetiva, mais representativa e universal, sobre temas como injustiça, privilégio, identidade e redenção.


🎥 Expectativas em alta

Com O Conde de Monte Cristo, o cinema volta a olhar para os grandes romances de aventuras com ambição épica e espírito moderno. Se conseguir conciliar a força dramática da obra original com uma nova linguagem estética, este poderá ser um dos grandes eventos cinematográficos dos próximos anos — e talvez o papel que consolidará Regé-Jean Page como um protagonista de primeira linha em Hollywood.

Para já, resta-nos esperar por mais detalhes sobre a equipa criativa envolvida, as datas de produção e, claro, a estreia nos cinemas.

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🎬 5 Filmes Imperdíveis Para Ver em Streaming em Portugal: Excelência Garantida pela Crítica

Com tantas opções disponíveis nas plataformas de streaming, escolher o próximo filme pode ser uma tarefa complicada. Para facilitar a decisão, reunimos cinco filmes que não só estão disponíveis em Portugal, como também contam com pontuações impressionantes no IMDb e no Metacritic. Esta lista abrange géneros variados e representa o melhor que o cinema tem oferecido nos últimos anos — todos com o selo de aprovação da crítica especializada.


1. Oppenheimer

📺 Disponível em Sky ShowTime e TV Cine e disponível para aluguer em Amazon Prime Video e Apple TV

⭐ IMDb: 8.4

🟢 Metacritic: 88

Christopher Nolan assina uma das suas obras mais ambiciosas com Oppenheimer, um retrato intenso e complexo de J. Robert Oppenheimer, o pai da bomba atómica. O filme não é apenas um biopic; é uma reflexão profunda sobre ciência, moralidade e responsabilidade histórica. Cillian Murphy brilha num papel que lhe valeu o Óscar de Melhor Ator, e o filme em si conquistou sete Óscares, incluindo Melhor Filme e Melhor Realização.

A crítica foi unânime: o filme é visualmente deslumbrante, narrativamente desafiante e intelectualmente estimulante. O New York Times chamou-lhe “um dos épicos históricos mais densos e impactantes dos últimos tempos”, enquanto a Variety o classificou como “um triunfo cinematográfico”.


2. Dune: Parte Dois

📺 Disponível no HBO Max

⭐ IMDb: 8.8

🟢 Metacritic: 79

A tão aguardada continuação da saga de Denis Villeneuve aprofunda o universo de Arrakis e mergulha o público num épico de escala colossal. Dune: Parte Dois mistura intriga política, guerra e profecia num enredo arrebatador com visuais de cortar a respiração. Timothée Chalamet e Zendaya lideram um elenco que foi amplamente elogiado pela entrega emocional e intensidade dramática.

A crítica reconheceu a maturidade narrativa do filme em relação à primeira parte, elogiando especialmente a forma como Villeneuve conjuga espectáculo visual com profundidade temática. Para a Empire, “é ficção científica da mais alta ordem: desafiante, visualmente deslumbrante e emocionalmente gratificante”.


3. Mad Max: Estrada da Fúria

📺 Disponível na Netflix e HBO Max

⭐ IMDb: 8.1

🟢 Metacritic: 90

George Miller regressou em força com esta reinvenção moderna da sua icónica saga. Mad Max: Estrada da Fúria é um verdadeiro turbilhão de ação, adrenalina e metáforas ambientais, com Charlize Theron a roubar a cena como a inesquecível Imperator Furiosa. O filme venceu seis Óscares e foi aclamado como uma das melhores produções de ação do século XXI.

The Guardian descreveu-o como “uma explosão de criatividade visual e narrativa rara num blockbuster”, enquanto a Rolling Stone destacou a “ousadia artística e a intensidade dramática” como traços diferenciadores.


4. Clonaram o Tyrone (They Cloned Tyrone)

📺 Disponível na Netflix

⭐ IMDb: 6.7

🟢 Metacritic: 75

Uma comédia de ficção científica com comentários sociais bem vincados, Clonaram o Tyrone apresenta um trio improvável que descobre uma conspiração governamental nas suas ruas. Com Jamie Foxx e John Boyega, o filme mistura humor, crítica racial e teorias da conspiração num tom que recorda obras como Get Out.

A crítica elogiou o equilíbrio entre sátira e entretenimento, com destaque para a originalidade do argumento e o estilo retro-futurista da realização. O IndieWire escreveu: “É raro ver um filme que consegue ser tão provocador quanto divertido – este acerta em cheio.”


5. A Grande Ambição (La Grande Ambizione)

📺 Disponível na Netflix

⭐ IMDb: 7.3

🟢 Metacritic: Ainda sem avaliação oficial

Este drama político italiano retrata a ascensão e queda de Enrico Berlinguer, uma das figuras centrais do Partido Comunista Italiano no século XX. Elio Germano lidera o elenco com uma performance poderosa, mergulhando nas contradições e dilemas ideológicos de uma época turbulenta.

Apesar de menos mediático, o filme conquistou aclamação em festivais internacionais. A Cineuropa destacou “a sensibilidade com que o realizador Andrea Segre retrata a tensão entre ideais e pragmatismo político”. Uma escolha ideal para quem procura cinema europeu com conteúdo e contexto histórico.


Conclusão

Estes cinco filmes representam o que de melhor se pode ver hoje nas plataformas de streaming disponíveis em Portugal. Seja pela profundidade emocional de Oppenheimer, o impacto visual de Dune: Parte Dois, ou a energia frenética de Mad Max, todos eles foram aclamados pela crítica e oferecem experiências cinematográficas ricas e inesquecíveis.

Adolescence faz história no Reino Unido: série da Netflix bate todos os recordes de audiências

A minissérie britânica Adolescence, da Netflix, não é apenas um fenómeno cultural — é agora também um marco histórico na televisão do Reino Unido. Num feito inédito, a série tornou-se o primeiro programa de sempre de uma plataforma de streaming a liderar o top semanal de audiências britânicas, ultrapassando até os programas tradicionais mais populares da televisão linear.

Segundo dados da agência de audiências Barb, o primeiro episódio de Adolescence foi visto por quase 6,5 milhões de espectadores na primeira semana após a estreia, enquanto o segundo episódio ficou logo atrás com 6 milhões de visualizações. Ambos superaram o programa mais visto da televisão tradicional nesse período, The Apprentice, que registou 5,8 milhões de espectadores.

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Tudo isto aconteceu entre os dias 10 e 16 de março, sendo que Adolescence só foi lançado no dia 13. Ou seja, conseguiu dominar as tabelas em apenas três dias de exibição — um feito absolutamente notável.


📺 Um novo paradigma de consumo televisivo

Estes números sublinham a transformação em curso no modo como o público britânico consome televisão. Ainda que os canais tradicionais continuem a ter audiências significativas, o poder do streaming é agora incontestável. De facto, já em 2023, a Netflix foi o serviço de televisão mais visto no Reino Unido durante três meses consecutivos, superando a BBC One pela primeira vez.

A chefe de conteúdos da Netflix UK, Anne Mensah, tem sido amplamente elogiada por apostar numa linha editorial arrojada e relevante, que resultou em sucessos como Baby Reindeer e Adolescence.


🎬 Uma série que dá que falar — e pensar

Criada por Jack Thorne e com realização de Philip BarantiniAdolescence tem ao centro Jamie Miller, um rapaz de 13 anos detido por alegado envolvimento no homicídio de uma colega de escola. A série, protagonizada por Stephen GrahamAshley Walters e o estreante Owen Cooper, explora com profundidade temas como a radicalização masculina onlinea influência nociva das redes sociais, e a desorientação emocional de uma geração em crise.

Cada um dos quatro episódios foi filmado em plano-sequência, sem cortes, intensificando a imersão e o impacto emocional da narrativa. A série é uma produção da Warp FilmsPlan B (de Brad Pitt) e Matriarch Productions.

Com mais de 24 milhões de visualizações globais e quase 100 milhões de horas assistidas na primeira semana, Adolescence bateu também a concorrência de outros grandes títulos da Netflix, como Fool Me OnceThe Gentlemen e Baby Reindeer. A expectativa agora recai sobre os dados da segunda semana, a serem revelados ainda hoje.


🌍 Um fenómeno global com impacto social

A série tem gerado debates acesos em todo o mundo sobre misoginiaviolência juvenil e o papel dos pais num mundo digital cada vez mais opaco. O próprio Stephen Graham referiu que a ideia da série nasceu do impacto de vários casos reais de crimes cometidos por adolescentes no Reino Unido e da urgência de discutir o que está a acontecer com os jovens — em especial os rapazes — na era da internet.

Em vez de apresentar uma família disfuncional como culpada fácil, Adolescence coloca o foco na influência invisível mas letal da radicalização online, mesmo em contextos familiares amorosos e estruturados. Essa abordagem tem sido largamente aplaudida por críticos e espectadores.


📊 Conclusão: a adolescência nunca foi tão desconcertante… nem tão televisivamente arrebatadora

Com números de audiência recorde, uma abordagem narrativa inovadora e um debate social urgente, Adolescence não só entrou para a história da televisão britânica, como cimentou o lugar da Netflix como líder incontestável na produção de conteúdos relevantes e disruptivos. Em 2025, o futuro da televisão é cada vez mais em streaming — e cada vez mais feito para pensar.

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🩸 “Saw XI” fora do calendário da Lionsgate — mas o Jogo (ainda) não acabou

Os fãs da saga Saw podem respirar fundo… mas talvez não por muito tempo. A Lionsgate decidiu oficialmente retirar Saw XI da sua agenda de estreias, cancelando a data previamente marcada para 26 de setembro de 2025. Contudo, apesar do que possa parecer, isso não significa o fim da linha para Jigsaw. Afinal, como o próprio Billy, o sinistro boneco ventríloquo da saga, afirmou num comunicado enigmático:

“Dizem que o jogo acabou. Vocês deviam conhecer-me melhor do que isso. O jogo nunca acaba.”


🎬 O que aconteceu com Saw XI?

Segundo o argumentista Patrick Melton, que co-escreveu Saw XI ao lado de Marcus Dunstan, o projeto não está parado por razões criativas, mas sim devido a “conflitos internos a nível de gestão” entre os produtores e a Lionsgate. A dupla entregou o primeiro rascunho do guião em maio de 2024, e desde então, tudo ficou em suspenso.

Melton referiu que o novo argumento trazia um enredo “muito atual”, comparável ao que aconteceu em Saw VI, que abordava de forma crítica o setor dos seguros de saúde — um tema que voltou a ser relevante depois do recente homicídio do CEO da UnitedHealthcare, Brian Thompson.

Saw XI pode ou não ser feito, mas o que escrevemos é muito pertinente. E eu espero sinceramente que venha a ser produzido”, afirmou Melton ao The Hollywood Reporter.


🩸 Substituição imediata: The Strangers – Chapter 2

Com a saída de Saw XI, a Lionsgate decidiu preencher a vaga com outro título do género: The Strangers: Chapter 2, que estreia agora a 26 de setembro. Trata-se da segunda parte da nova trilogia iniciada em 2024 com Chapter 1, que rendeu 48 milhões de dólares em bilheteira mundial.

Madelaine Petsch regressa como protagonista, ao lado de Gabriel Basso e Ema Horvath. A realização é de Renny Harlin (Die Hard 2Cliffhanger), com argumento de Alan R. Cohen e Alan Freedland. Segundo os produtores Mark Canton e Courtney Solomon, será um filme “de fazer o público assistir entre os dedos”.


💀 O legado sangrento de Saw

Mesmo sem data de estreia, a saga Saw continua a ser uma das jóias da coroa da Lionsgate, com mais de 1.000 milhões de dólares em receita mundial desde a estreia do primeiro filme, realizado por James Wan, em 2004. Com nove sequências e um spin-off protagonizado por Chris Rock (Spiral, de 2021), Saw tornou-se um fenómeno de culto e uma referência no terror de armadilhas mortais e dilemas morais.

O cancelamento temporário de Saw XI poderá ser apenas mais um capítulo numa saga feita de reviravoltas, tortura psicológica e surpresas macabras. E como qualquer fã sabe, em Saw, o jogo só acaba quando se ouve a última cassete.

“Oppenheimer” estreia nos TVCine: Um marco cinematográfico chega à televisão portuguesa

🎬 Preparem-se para um momento histórico na televisão: o épico biográfico Oppenheimer, realizado por Christopher Nolan, chega aos ecrãs portugueses esta sexta-feira, 28 de março, às 21h30, em estreia absoluta no TVCine Top e também no TVCine+. Depois de conquistar os principais prémios da temporada, o filme que abalou a crítica e o público chega finalmente a casa dos espectadores.

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Um filme, sete Óscares

Não é todos os dias que um filme se impõe como um dos mais premiados da história da Academia de Hollywood. Oppenheimer arrecadou sete Óscares: Melhor Filme, Melhor Realizador (Christopher Nolan), Melhor Ator Principal (Cillian Murphy), Melhor Ator Secundário (Robert Downey Jr.), Melhor Banda Sonora (Ludwig Göransson), Melhor Fotografia (Hoyte van Hoytema) e Melhor Edição. A estes juntam-se cinco Globos de Ouro e sete BAFTAs — um verdadeiro fenómeno cinematográfico.


A história por trás da bomba

Baseado no livro vencedor do Prémio Pulitzer American Prometheus: The Triumph and Tragedy of J. Robert Oppenheimer, de Kai Bird e Martin J. Sherwin, o filme mergulha na vida e dilemas de J. Robert Oppenheimer, o físico teórico responsável pelo desenvolvimento da primeira bomba atómica, no âmbito do Projeto Manhattan durante a Segunda Guerra Mundial.

O momento-chave? A primeira explosão nuclear do mundo, a 16 de julho de 1945. Um acontecimento que não só alterou o curso da guerra, como mudou para sempre o destino da humanidade.


Um elenco de luxo para um filme inesquecível

Para além da brilhante realização de Nolan, Oppenheimer conta com um elenco verdadeiramente estelar:

• Cillian Murphy como o atormentado cientista, num desempenho que já entrou para a história;

• Emily Blunt como Kitty Oppenheimer, sua esposa;

• Robert Downey Jr., aclamado como nunca;

• Matt DamonFlorence PughKenneth BranaghGary OldmanCasey Affleck e Josh Hartnett, completam o leque de estrelas.

É cinema de autor com escala de blockbuster, e uma profundidade emocional raramente vista em produções de grande orçamento.


Uma estreia obrigatória

Se ainda não viu Oppenheimer, esta é a sua oportunidade de testemunhar um dos maiores feitos do cinema contemporâneo. E se já viu, então sabe que este é um daqueles filmes que merecem ser revistos — de preferência com o volume alto e toda a atenção do mundo.

🗓️ Marque na agenda:

📺 28 de março (sexta-feira), às 21h30

📍 TVCine Top e TVCine+


📌 Ficha Técnica

Realizador: Christopher Nolan

Baseado em: American Prometheus, de Kai Bird e Martin J. Sherwin

Elenco: Cillian Murphy, Emily Blunt, Robert Downey Jr., Matt Damon, Florence Pugh, Gary Oldman, Casey Affleck, Josh Hartnett, Kenneth Branagh

Género: Drama histórico, biografia

Duração: 180 minutos

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🎸 Dig! XX – Dois Décadas Depois, o Rock Psicadélico Continua em Guerra com os Próprios Fantasmas 🎬

Vinte anos após a estreia original, Dig! regressa com uma versão revista e aumentada — agora intitulada Dig! XX — e continua a ser um dos mais fascinantes retratos do mundo da música alternativa dos anos 90. Realizado por Ondi Timoner, o documentário volta a explorar o relacionamento de amor-ódio entre duas bandas emblemáticas do rock psicadélico moderno: os Dandy Warhols e os Brian Jonestown Massacre (BJM).

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A nova versão inclui 40 minutos de material inédito e um epílogo atual que revela um detalhe tão irónico quanto simbólico: há membros de ambas as bandas que hoje… vendem imóveis. A imagem desses antigos deuses do underground a envelhecer e a adaptar-se à vida “normal” é quase mais dolorosa do que qualquer discussão ou soco trocado durante os anos em que viveram no fio da navalha do rock’n’roll.

🎤 Glamour vs. Autodestruição

Narrado alternadamente por Courtney Taylor-Taylor, vocalista dos Dandy Warhols, e Joel Gion, o eterno percussionista carismático dos BJM, o documentário mergulha na relação agridoce entre os dois grupos: uma amizade marcada pela rivalidade, imitação mútua, admiração e sabotagem emocional. Enquanto os Dandy Warhols pareciam destinados ao sucesso comercial (e à eterna suspeita de “venderem-se”), os BJM escolheram o caminho da integridade artística… e da autodestruição.

Antón Newcombe, o líder dos BJM, é sem dúvida a figura mais magnética do filme. Um génio incompreendido? Um caos ambulante? Um artista à beira do abismo? Tudo isso. A sua figura de Adónis desleixado e a sua constante guerra contra o mundo — incluindo os próprios colegas de banda — tornam-no um protagonista irresistível e trágico.

Um dos momentos mais reveladores é quando, sem pestanejar, Newcombe gasta todo o orçamento de uma digressão em… sitares. Enquanto os Dandy Warhols posam para sessões fotográficas de estética “suja”, os BJM vivem verdadeiramente na imundície e no caos que outros apenas simulam.

🎬 Mais do que um documentário musical

Dig! XX não é apenas um filme sobre música. É uma meditação sobre a ilusão do sucesso, os mecanismos da indústria, o culto da personalidade, e o preço da autenticidade. Como alguém diz no filme: “As bandas dos anos 60 entravam nas drogas… depois de ficarem famosas.” Estes, ao contrário, mergulharam no abismo antes sequer de vislumbrarem a luz.

É também impossível ignorar o simbolismo dos nomes: os Dandy Warhols, numa homenagem (ou provocação) ao ícone da superficialidade, Andy Warhol; e os Brian Jonestown Massacre, evocando a morte precoce e misteriosa de Brian Jones, dos Rolling Stones. Desde logo, uma profecia auto-infligida de sucesso envernizado e fracasso glorioso.

Mesmo duas décadas depois, o filme não perde a atualidade. A pergunta mais urgente hoje talvez seja: até que ponto continuamos a romantizar os sinais evidentes de sofrimento mental sob o manto do “artista torturado”? A figura de Joel Gion, sempre a sorrir e a fazer palhaçadas, é outro enigma que se insinua: que verdades se escondem atrás da máscara permanente?

🎞️ O legado de Dig! continua

O reencontro com Dig! em 2024, com o epíteto XX, não é apenas nostálgico — é emocionalmente devastador. Saber que os BJM, agora envelhecidos, ainda se envolveram numa briga em palco em 2023, é simultaneamente hilariante e profundamente triste. E ao ver que alguns membros agora trabalham no mercado imobiliário, percebemos que o tempo não perdoa nem mesmo os deuses do rock psicadélico.

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Para quem viu o filme na altura, esta nova versão é um murro emocional. Para os que o descobrem agora, é um documento obrigatório sobre a linha ténue entre arte e autodestruição. Dig! XX não é apenas sobre duas bandas. É sobre todos os que alguma vez tentaram viver uma vida criativa sem ceder ao conformismo. E sobre o preço que isso cobra.

🎬 Festa do Cinema Italiano regressa com ambição, desejo e estrelas de luxo 🇮🇹

Está de volta a Festa do Cinema Italiano, e a 18.ª edição promete ser uma das mais ricas e ousadas de sempre. De 9 a 17 de abril, Lisboa volta a ser a capital do cinema transalpino com dezenas de filmes, convidados ilustres e sessões especiais, antes de o festival se estender a mais de 20 cidades por todo o país — de Braga ao Funchal, passando por Évora, Leiria, Coimbra ou Setúbal.

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A abrir esta viagem cinematográfica está A Grande Ambição, filme histórico sobre Enrico Berlinguer, lendária figura do Partido Comunista Italiano, interpretado por Elio Germano, premiado no Festival de Roma. A fechar, numa nota provocadora e simbólica dos “18 anos” do festival — e da liberdade de explorar o desejo — chega Diva Futura – Cicciolina e a Revolução do Desejo, documentário de Giulia Steigerwalt sobre a figura icónica de Cicciolina e a transformação sexual que protagonizou em Itália nos anos 80.

🎞️ Estreias, autores consagrados e temas polémicos

Entre as antestreias mais aguardadas estão dois sucessos de bilheteira em Itália: Diamantes (Diamanti), o novo melodrama de Ferzan Ozpetek, e LoucaMente (Follemente), do aclamado Paolo Genovese, autor do fenómeno Amigos, Amigos, Telemóveis à Parte. Já O Último Padrinho (Iddu), com Elio Germano e Toni Servillo, mergulha no universo da máfia siciliana e na captura de Matteo Messina Denaro após quase três décadas em fuga. Os realizadores Antonio Piazza e Fabio Grassadonia estarão presentes em Lisboa.

Outros títulos a não perder incluem Marcello Mio, de Christophe Honoré; O Regresso de Ulisses (Itaca – Il Ritorno), com Ralph Fiennes e Juliette Binoche; e Jorge: Vermiglio, vencedor do Leão de Prata em Veneza e candidato italiano ao Óscar.

Num registo bem diferente, Food For Profit, documentário de Giulia Innocenzi sobre os bastidores da indústria da pecuária intensiva na Europa, promete ser um dos momentos mais polémicos. A realizadora estará presente em Lisboa e Cascais para sessões especiais.

🎬 Competição com sangue novo

A secção competitiva foca-se na descoberta de novos talentos. Estão em competição cinco obras de estreia ou segunda longa-metragem, como O Lugar do Trabalho, estreia do ator Michele Riondino, já premiado com cinco Nastri d’Argento e três David di Donatello; Diciannove, produzido por Luca Guadagnino; ou Familia, que valeu a Francesco Gheghi o prémio de Melhor Ator no Festival de Veneza.

🎥 Redescobrir o cinema italiano: Pietrangeli em destaque

Em parceria com a Cinemateca Portuguesa, o festival propõe a retrospetiva integral de Antonio Pietrangeli, figura essencial na transição entre o neorrealismo e a commedia all’italiana. Realizador ainda pouco conhecido do grande público, Pietrangeli retratou com delicadeza e profundidade a condição feminina num período de profundas mudanças sociais em Itália.

🎶 Cinema… e mais além

O evento vai além das salas de cinema. A 11 de abril, o Musicbox recebe os C’mon Tigre!, banda revelação da música independente italiana. E no dia 13, o humorista Hugo van der Ding sobe ao palco com um espetáculo sobre cinema italiano, acompanhado ao vivo pelo Duo Contrasti.

🎟️ Uma festa que se espalha pelo país

Com projeções em Lisboa, Porto, Coimbra, Braga, Évora, Leiria, Cascais, Funchal, Lagos, Almada, Beja, Odemira, entre outras, a Festa do Cinema Italiano atinge um número recorde de cidades nesta edição. Nunca o cinema italiano esteve tão próximo de todos.

A organização está a cargo da Associação Il Sorpasso, com o apoio da Embaixada de Itália, Instituto Italiano de Cultura, ICA, Cinecittà, BNP Paribas, Câmara Municipal de Lisboa e outras entidades públicas e privadas.

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Seja pelo charme provocador de Cicciolina ou pela densidade política de Berlinguer, esta festa celebra tudo o que o cinema italiano tem de melhor: história, desejo, reflexão, humor e música.

🎬 John Carpenter vai compor a banda sonora do próximo filme de terror de Bong Joon Ho

Preparem os nervos: dois gigantes do cinema vão juntar forças para nos arrepiar até à espinha. John Carpenter, o mestre do terror que nos deu HalloweenThe Fog e The Thing, vai compor a banda sonora do próximo filme de terror de Bong Joon Ho, o realizador sul-coreano vencedor do Óscar com Parasitas.

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A confirmação aconteceu num momento tão casual quanto épico: durante uma sessão especial de exibição da versão restaurada em 4K de The Thing, Bong subiu ao palco e revelou que o seu “próximo-próximo” projeto será um filme de terror — e que sonhava com Carpenter para a música. O cineasta norte-americano nem o deixou terminar a frase. “Quero fazer a tua banda sonora”, respondeu Carpenter, selando o acordo com um aperto de mão em palco. “Isso é legalmente vinculativo em vários estados”, brincaram, mas os fãs de ambos sabem que a promessa é coisa séria.

Bong Joon Ho já se tinha declarado abertamente fã de John Carpenter em várias ocasiões. No programa The Late Show, de Stephen Colbert, Bong não escondeu a excitação por saber que Carpenter se tinha sentado no mesmo sofá antes dele. A admiração é mútua, e agora resulta numa colaboração de sonho para qualquer cinéfilo com gosto por emoções fortes.

👻 O casamento entre dois mestres do suspense

Esta futura parceria representa mais do que uma mera curiosidade de bastidores. Trata-se da união entre duas visões profundamente autorais do terror. Carpenter é conhecido pelas suas composições electrónicas minimalistas, que criam ambientes tensos e memoráveis — basta lembrar a icónica música de Halloween, composta por ele próprio. Já Bong Joon Ho domina como poucos a arte de mesclar géneros, infundindo crítica social nos seus thrillers e terror, como vimos em Memories of MurderThe Host e o já mencionado Parasitas.

A expectativa em torno do “próximo-próximo” filme de Bong já era grande, mas com Carpenter a bordo, sobe imediatamente para outro nível. O realizador sul-coreano ainda não revelou detalhes sobre o enredo ou o título do filme, mas deixou claro que se trata de um regresso ao género de terror puro, algo que os fãs aguardam desde The Host (2006), a sua criativa abordagem ao cinema de monstros.

🧊 Um segredo revelado em The Thing

Durante o mesmo evento, Carpenter ainda partilhou com Bong (e o público) uma pista sobre um dos maiores mistérios do seu clássico The Thing (1982). No final do filme, as personagens de MacReady (Kurt Russell) e Childs (Keith David) permanecem vivas, mas o espectador nunca descobre se algum deles foi infetado pelo alienígena. Carpenter revelou que existe uma pista “a meio do filme” que resolve o mistério — mas, como é típico do realizador, não entregou o ouro. O segredo continua bem guardado… por agora.

🎹 Carpenter ainda tem “a música nos dedos”

Apesar de já ter reduzido a sua atividade como realizador, John Carpenter tem estado surpreendentemente ativo no mundo da música. Além de continuar a dar concertos com o seu filho Cody Carpenter e Daniel Davies, tem composto bandas sonoras para jogos e até regressou à saga Halloween nos últimos anos. O seu envolvimento num novo projeto cinematográfico de terror, especialmente um de Bong Joon Ho, é mais uma prova de que a sua criatividade continua intacta.

🕯️ Um futuro arrepiante (no melhor sentido)

A junção entre Bong e Carpenter promete ser um dos eventos cinematográficos mais empolgantes dos próximos anos. Não se trata apenas de nostalgia ou tributo entre gerações — mas sim de um potencial clássico moderno do terror, onde a mestria narrativa de Bong Joon Ho será complementada pelo génio sonoro de John Carpenter.

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Se Parasitas redefiniu o drama social com toques de suspense e horror, e The Thing se mantém como uma referência do terror atmosférico e psicológico, então este novo projeto tem tudo para ser inesquecível.

Ralph Macchio quer ressuscitar My Cousin Vinny com Joe Pesci — e Marisa Tomei também está pronta

💼 O advogado mais inusitado da história do cinema pode estar a caminho do seu tão esperado regresso… e com grande parte do elenco original a bordo.

Ralph Macchio, o eterno Daniel LaRusso de Karate Kid, confirmou recentemente que tem mantido conversas sobre uma potencial sequela da icónica comédia de tribunal My Cousin Vinny, de 1992. O ator deu vida a Bill Gambini, o jovem universitário acusado injustamente de homicídio, cuja salvação vem do seu irreverente e inexperiente tio, o advogado Vinny Gambini — interpretado com brilhantismo por Joe Pesci.

Durante o evento PaleyFest, Macchio revelou à revista People que a ideia está a ser considerada com seriedade. “Já tive conversas com outros argumentistas sobre isso”, disse o ator. “É uma obra muito querida. A questão está em encontrar o ângulo certo.” Quando questionado sobre o envolvimento de Pesci, que tem atualmente 82 anos e raramente aceita novos projetos, Macchio brincou: “Ele pode fazer uma chamada por FaceTime, se as filmagens forem demasiado exigentes.”

👩‍⚖️ Uma comédia de culto que conquistou Hollywood

My Cousin Vinny é considerada uma das melhores comédias de tribunal alguma vez feitas. Realizada por Jonathan Lynn, a história segue dois jovens nova-iorquinos, Bill Gambini (Macchio) e Stan Rothenstein, acusados de homicídio no Alabama após um mal-entendido. Desesperados, recorrem ao único advogado que conhecem: o primo de Bill, Vinny, um recém-licenciado sem qualquer experiência real em tribunal… e que nunca tinha sequer vencido um caso.

A alma do filme, no entanto, está tanto na performance hilária e inesperadamente carismática de Pesci, como na interpretação inesquecível de Marisa Tomei, que vive Mona Lisa Vito, noiva de Vinny. A sua atuação valeu-lhe o Óscar de Melhor Atriz Secundária — um dos momentos mais surpreendentes e memoráveis da cerimónia de 1993.

🔄 Porquê agora?

Com o encerramento da série Cobra Kai, onde Macchio retomou com sucesso o papel de LaRusso, o ator está agora mais disponível para explorar outros regressos nostálgicos. E My Cousin Vinny parece ser uma das apostas mais fortes. “O serviço aos fãs nunca vem antes da história,” disse Macchio numa entrevista à Entertainment Weekly em 2022. “É isso que torna estes regressos eficazes: contar histórias orgânicas com personagens ricas que continuam a evoluir.”

A vontade de voltar ao universo de Vinny Gambini não é exclusiva de Macchio. Marisa Tomei declarou em 2017 que adoraria revisitar Mona Lisa Vito: “Sempre quis fazer uma sequela. Acho que o Joe e eu ainda nos divertiríamos imenso.”

🎬 E o que esperar de uma possível sequela?

Embora ainda não haja um argumento fechado, é fácil imaginar o tipo de enredo que poderia ser explorado: talvez Vinny e Mona Lisa a tentarem orientar um novo caso explosivo com o Bill mais velho envolvido? Ou um novo cliente excêntrico a puxar pelo talento (e teimosia) legal do advogado ítalo-americano mais carismático do cinema?

O desafio será encontrar um argumento que equilibre o humor peculiar e as dinâmicas culturais que fizeram do original um clássico, sem cair em paródia ou nostalgia vazia. Um ponto curioso é que, mesmo 30 anos depois, o filme continua a ser estudado em escolas de Direito nos EUA pela precisão surpreendente com que retrata os procedimentos legais — algo que poderia ser aproveitado na nova história.

Para já, o projeto está em fase embrionária. Mas com Macchio pronto, Tomei disponível e o mundo de Vinny Gambini tão pertinente (e necessário) como sempre, só falta Joe Pesci dizer “sim” — nem que seja por FaceTime.

Leatherface está de volta: Hollywood prepara nova investida sobre o clássico Texas Chainsaw Massacre

🎬 A icónica serra elétrica de The Texas Chainsaw Massacre está novamente a aquecer, com vários estúdios e cineastas a disputar os direitos para dar nova vida ao franchise que aterroriza audiências desde 1974. A Verve, agência que representa o património da saga criada por Tobe Hooper e Kim Henkel desde 2017, confirmou estar a preparar uma nova estratégia multimédia para o futuro sangrento de Leatherface.

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Num momento em que o terror e os franchises são das poucas apostas seguras no cinema pós-pandemia e pós-greve, o massacre texano parece ter combustível suficiente para mais umas vítimas. E os interessados estão à porta.

🔪 Um clássico renascido com sangue novo?

Entre os nomes que surgem nos bastidores como potenciais herdeiros da motosserra está JT Mollner, realizador e argumentista responsável por Strange Darling, um sucesso indie recente que arrecadou 96% no Rotten Tomatoes. Mollner está em conversações com o produtor Roy Lee (responsável por The Ring e It), e há rumores de que Glen Powell (Top Gun: Maverick) poderá estar curioso com o projeto, caso o guião avance.

Embora ainda nada esteja assinado, fontes de Hollywood indicam que estúdios como Lionsgate, A24 e até a irreverente Neon — que tem apostado forte no terror com Longlegs e The Monkey — poderão estar na corrida para produzir este novo capítulo.

A Verve, por enquanto, joga à defesa. Um representante da agência revelou ao Deadline que ainda não apresentou oficialmente o projeto a realizadores, produtores ou estúdios, mas que vários pacotes criativos têm chegado de forma espontânea. A produção estará a cargo da Exurbia Films, com Pat Cassidy, Ian Henkel e Kim Henkel envolvidos.

🧟‍♂️ O massacre original e a herança sangrenta

Lançado em 1974, o original The Texas Chainsaw Massacre foi um marco do cinema de terror independente. Com um orçamento minúsculo de $140.000, filmado no calor sufocante do interior do Texas e com um elenco desconhecido, o filme chocou, provocou censura em vários países e tornou-se um sucesso global, arrecadando $31 milhões — o equivalente a cerca de $180 milhões atuais.

O filme baseou-se em parte nos crimes reais de Ed Gein, e imortalizou a figura de Leatherface, o assassino com máscara feita de pele humana. O projeto teve também uma história de bastidores repleta de polémicas legais, com os produtores a processarem a distribuidora por lucros não pagos.

Tobe Hooper acabaria por receber um convite de Steven Spielberg para realizar Poltergeist (1982), consolidando a sua carreira em Hollywood.

🎥 Uma saga que já vai longa

Ao longo de quase cinco décadas, a saga contou com nove filmes, que no total arrecadaram mais de $252 milhões. Pelo caminho, lançou as carreiras de nomes como Matthew McConaughey e Renée Zellweger em The Next Generation (1994), e ofereceu uma nova roupagem em 2003 com o remake produzido por Michael Bay e protagonizado por Jessica Biel, ainda hoje o mais rentável da franquia com $107 milhões em bilheteira.

Mais recentemente, a Netflix lançou uma sequela direta em 2022 que recebeu críticas mistas, mas demonstrou que o interesse por Leatherface continua vivo.

📺 Futuro multimédia?

A nova estratégia da Verve promete mais do que apenas filmes. Fala-se em expansão para videojogos, banda desenhada e até potencial para séries televisivas — à imagem do que aconteceu com outros franchises de terror como Chucky ou Evil Dead.

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Com um legado tão forte e um apetite renovado por filmes de terror que apostam em nostalgia com toque moderno (ScreamHalloweenThe Exorcist), Texas Chainsaw Massacre parece pronto para arrancar de novo — com barulho, sangue e carne fresca.

Elon Musk criticado por espalhar desinformação sobre minissérie de sucesso da Netflix

A minissérie britânica Adolescência, protagonizada por Stephen Graham, tornou-se num fenómeno desde que chegou à Netflix, alcançando mais de 24 milhões de visualizações na sua primeira semana. Dividida em quatro episódios filmados em plano-sequência, a série mergulha numa história intensa e perturbadora que acompanha Jamie, um rapaz de 13 anos acusado do homicídio de uma colega da escola. A produção tem sido amplamente elogiada pela forma realista como retrata a radicalização online e a influência de culturas misóginas sobre adolescentes do sexo masculino. No entanto, esta semana, foi envolvida numa controvérsia inesperada — alimentada por Elon Musk.

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O bilionário e proprietário da plataforma X (antigo Twitter) foi alvo de fortes críticas por ter reagido a uma publicação que promovia desinformação sobre Adolescência. O post, feito por Ian Miles Cheong (@stillgray), alegava que a série era inspirada num caso real ocorrido em Southport, no qual o agressor teria sido um migrante negro. O utilizador acusava a Netflix de “racismo anti-branco” por ter alegadamente trocado a etnia do atacante na ficção. A publicação foi amplamente partilhada, contando com mais de cinco milhões de visualizações.

Elon Musk, que tem mais de 220 milhões de seguidores, respondeu com um simples “Wow”, amplificando a mensagem e dando-lhe legitimidade. A resposta gerou uma onda de indignação por parte de utilizadores da plataforma, especialistas e fãs da série.

Factos desmentem a polémica

Vários utilizadores vieram esclarecer a origem da série. O jornalista @Shayan86 sublinhou que Adolescência não é baseada em nenhum caso específico, muito menos no trágico ataque de Southport, ocorrido a 29 de julho de 2023. O projeto estava já em produção e em filmagens desde março do mesmo ano, com as gravações a decorrerem entre março e setembro — ou seja, antes do ataque que muitos tentaram relacionar com a história de Jamie.

Além disso, o criador da série, Jack Thorne, e o ator e produtor Stephen Graham têm sido claros sobre as inspirações para Adolescência: uma série de casos reais que envolvem jovens rapazes britânicos responsáveis por crimes violentos com facas. Entre os exemplos citados por Graham estão os assassinatos de jovens raparigas em Londres e Liverpool, incluindo o chocante caso de Brianna Ghey, uma adolescente trans assassinada por dois colegas.

Graham explicou que a série foi pensada ao longo de dez anos e tem como principal objetivo explorar a pressão crescente que os jovens enfrentam, particularmente os rapazes, e como ambientes tóxicos online — incluindo figuras influentes como Andrew Tate — moldam comportamentos perigosos.

O perigo da desinformação viral

A publicação original e a resposta de Musk foram amplamente criticadas por contribuírem para a proliferação de narrativas falsas. Comentadores acusaram Musk de utilizar a sua influência para amplificar teorias conspirativas e fomentar ressentimento racial injustificado. @Sensanetional descreveu o caso como “preocupante” e outros utilizadores apelidaram a plataforma de “inferno digital”.

Este episódio sublinha um problema crescente nas redes sociais: a rapidez com que desinformação se torna viral, mesmo quando factualmente incorreta. No caso de Adolescência, a falsa ligação a um caso real e a acusação de “propaganda anti-branca” ignora o verdadeiro propósito da série — um alerta social e uma análise cuidada do que leva jovens aparentemente “normais” a cometer atos de violência extrema.

Uma reflexão necessária

Adolescência procura não apontar dedos fáceis, mas questionar as causas estruturais por detrás de um fenómeno preocupante: a radicalização de adolescentes através da internet. Mostrando um lar funcional e amoroso, a série desmonta o preconceito de que estes comportamentos resultam apenas de lares disfuncionais.

Stephen Graham sintetizou o espírito da obra numa entrevista: “E se a culpa não for dos pais? E se forem forças invisíveis, digitais, que entram no quarto à noite e moldam mentes sem que ninguém repare?”

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A série é mais do que um thriller — é uma poderosa chamada de atenção para um problema que afeta cada vez mais famílias, e cuja resposta não pode ser enviesada por narrativas simplistas ou preconceituosas. A polémica em torno da sua suposta “motivação real” apenas reforça a urgência de uma discussão informada, baseada em factos e não em desinformação viral.

Gérard Depardieu no banco dos réus: o declínio de um gigante do cinema francês chega aos tribunais

O outrora intocável Gérard Depardieu, símbolo máximo do cinema francês durante décadas, enfrenta agora o maior escândalo da sua carreira. Nos dias 24 e 25 de março de 2025, o ator será julgado pelo Tribunal Criminal de Paris, acusado de agressão sexual contra duas mulheres durante as filmagens de Les Volets Verts (Os Estores Verdes) em 2021. Aos 76 anos, a figura maior do grande ecrã é confrontada não apenas por estas queixas formais, mas por um total de mais de 20 mulheres que o acusam de violência sexual ou comportamentos inapropriados — um tsunami de denúncias que marca o maior caso do movimento #MeToo em França.

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Uma filmagem que se transformou em pesadelo

Les Volets Verts, realizado por Jean Becker, parecia feito à medida de Depardieu: a história de um ator consagrado em decadência, minado pelos excessos e pela idade. Mas, nos bastidores, o que se desenrolou foi um reflexo cruel dessa ficção: um ambiente de intimidação, silêncio e medo.

Amélie, assistente de cenografia de 54 anos, apresentou queixa por agressão sexual, assédio sexual e insultos sexistas, acusando Depardieu de a ter agarrado de forma violenta num corredor, envolvendo-a com as pernas e apalpando-lhe o corpo até aos seios. A agressão, segundo relata, só terminou graças à intervenção dos seguranças do ator. “Foi brutal”, disse à Mediapart. “No fim, ele gritou ‘vemos-nos em breve, querida!’”.

Outra queixosa, Sarah, terceira assistente de realização de 34 anos, afirmou ter sido apalpada nas nádegas em mais do que uma ocasião e nos seios, apesar de ter manifestado o seu desconforto. Ambas alegam ter informado a produção, mas garantem que as queixas foram ignoradas.

Um clima de silêncio e intimidação

A atriz Anouk Grinberg, também presente nas filmagens, criticou publicamente o realizador Jean Becker por, alegadamente, “ter conhecimento das agressões e nada fazer”. Acusou ainda a equipa de produção de impor um código de silêncio: “Antes das filmagens, disseram-nos: ‘Se houver qualquer problema, calem-se. Se falarem, são despedidos’”.

Depardieu nega as acusações. A sua defesa alega que tudo não passa de uma “campanha de difamação”. Inicialmente, o ator faltou ao julgamento marcado para outubro de 2024, alegando problemas de saúde relacionados com a sua diabetes e um historial de cirurgia cardíaca. Contudo, foi posteriormente considerado apto a comparecer em tribunal.

Um passado que regressa com força

As acusações de 2021 não são um caso isolado. Em 2018, a atriz francesa Charlotte Arnould denunciou Depardieu por violação, alegando que o ator a violou duas vezes na sua residência privada. O processo encontra-se ainda em fase de instrução, com o Ministério Público de Paris a pedir formalmente, em agosto de 2024, que o ator seja julgado por violação e agressão sexual.

A lista de denúncias contra o ator inclui, ao todo, seis queixas formais — duas por violação e quatro por agressão sexual — para além de múltiplos testemunhos anónimos e reportagens de investigação que revelam comportamentos abusivos recorrentes.

Cultura, poder e impunidade

O caso Depardieu tornou-se um símbolo maior da crise de consciência que assola o meio cultural francês. Um grupo de figuras públicas publicou uma carta aberta em 2023, acusando a imprensa de “linchamento”. Uma resposta não tardou a surgir, desta feita em defesa das vítimas e contra o silêncio que protege “os intocáveis da cultura”.

O próprio Presidente Emmanuel Macron causou polémica ao descrever Depardieu como um “imenso ator que fez a França orgulhosa”, ignorando o peso das acusações pendentes. O comentário foi recebido com indignação por movimentos feministas e por parte da sociedade civil, que exigem maior empatia para com as vítimas.

A fratura é clara: de um lado, a reverência pela arte e o estatuto; do outro, a exigência de responsabilidade e justiça, mesmo quando o acusado é um dos maiores nomes da história do cinema francês.

E agora?

A presença de Depardieu no tribunal de Paris poderá marcar um ponto de viragem. Mais do que um julgamento sobre factos concretos, é um julgamento sobre uma era e sobre um sistema que durante décadas protegeu os poderosos, silenciou vítimas e ignorou alertas.

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Independente do veredito, o impacto já é visível: festivais, distribuidoras e mesmo antigos colegas de profissão começam a distanciar-se do ator. A aura de intocabilidade que durante décadas envolveu Gérard Depardieu parece ter-se dissipado — e talvez seja esse o primeiro sinal de que algo, finalmente, está a mudar.