Russell Brand Acusado de Violação e Agressão Sexual: Comediante Enfrenta a Justiça em Londres


🎭 O comediante britânico Russell Brand, de 50 anos, foi formalmente acusado esta sexta-feira de múltiplos crimes de natureza sexual, incluindo violação, num processo que marca um novo e grave capítulo na vida do polémico artista. As acusações surgem na sequência de uma investigação de 18 meses conduzida pela Polícia Metropolitana de Londres, após quatro mulheres terem denunciado alegados abusos entre 1999 e 2005.

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Brand, conhecido pelas suas performances irreverentes em palco, pelo seu passado de excessos e por papéis em filmes como Get Him To The Greek (2010), enfrenta agora cinco acusações formais: uma de violação, uma de agressão indecente, uma de violação oral e duas de agressão sexual. Os incidentes terão ocorrido em duas localizações distintas: Bournemouth, uma cidade costeira no sul de Inglaterra, e a zona de Westminster, em Londres.

O passado reaparece — e as consequências também

As acusações remontam ao período entre 1999 e 2005, mas só vieram a público em setembro de 2023, quando uma investigação conjunta do canal britânico Channel 4 e do jornal Sunday Times revelou os testemunhos de quatro mulheres. O documentário, que gerou enorme polémica, levou a uma avalanche de críticas e à suspensão imediata da digressão de Brand, então em curso.

O artista foi interrogado pela polícia e, num vídeo divulgado na rede social X (antigo Twitter), voltou a negar as acusações:

“Nunca estive envolvido em qualquer atividade não consensual. Acredito que terei agora a oportunidade de me defender em tribunal, e estou extremamente grato por isso.”

Apesar da sua defesa pública, a acusação formal foi avançada pelo Serviço de Prosecção da Coroa britânico (CPS), com a procuradora Jaswant Narwal a afirmar que as provas recolhidas foram cuidadosamente analisadas e que havia base legal para apresentar os cinco crimes em tribunal.

Brand deverá comparecer em tribunal em Londres no próximo dia 2 de maio.

De estrela pop a paria mediático

Russell Brand tornou-se uma figura proeminente no início dos anos 2000 graças ao seu humor provocador e estilo anárquico. Apresentou programas de rádio e televisão, participou em várias produções de Hollywood e publicou livros autobiográficos sobre a sua luta contra o vício em drogas e álcool. Em 2010, casou-se com a cantora Katy Perry — um casamento mediático que durou dois anos.

Contudo, nos últimos anos afastou-se dos media convencionais, passando a alimentar um canal digital de vídeos e podcasts onde mistura temas de bem-estar, política, autoajuda e, frequentemente, teorias da conspiração. Transferiu-se para os Estados Unidos, onde reside atualmente.

A sombra do silêncio institucional

As consequências não se limitam ao foro judicial. A BBC — onde Brand apresentou programas entre 2006 e 2008 — já veio pedir desculpa aos antigos colaboradores que terão sentido queixarem-se do comportamento do artista.

“É claro que houve situações em que apresentadores abusaram da sua posição”, reconheceu a estação pública britânica num comunicado em janeiro deste ano.

Com o processo a avançar e o debate sobre os limites da impunidade mediática a intensificar-se, resta saber qual será o desfecho em tribunal — e que impacto terá este caso no futuro da indústria do entretenimento britânica, ainda a braços com escândalos semelhantes nos últimos anos.

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Gérard Depardieu Vai a Tribunal: As Acusações de Violência Sexual e a Queda de um Ícone do Cinema Francês

O ator francês Gérard Depardieu, conhecido por papéis icónicos em filmes como “Cyrano de Bergerac” e “Asterix & Obelix”, enfrentará o tribunal em Paris na próxima segunda-feira, num julgamento que promete abalar o cinema francês. Depardieu, de 75 anos, será julgado por alegações de violação e agressão sexual feitas por duas mulheres, relacionadas com factos ocorridos durante a rodagem do filme “Les Volets Verts”, em 2021. As acusações, no entanto, não se limitam a estes casos, com várias outras mulheres a acusarem o ator de comportamentos inapropriados e abusivos, numa série de incidentes que remonta a várias décadas.

O Caso e as Alegações das Vítimas

Uma das acusações contra Depardieu parte de uma decoradora de cinema, que em fevereiro de 2024 apresentou uma queixa por assédio e agressão sexual, além de comentários sexistas que alega terem ocorrido durante as filmagens de “Les Volets Verts”, do realizador Jean Becker. A mulher descreve um ambiente de trabalho tenso e inapropriado, onde Depardieu teria feito observações degradantes e avançado fisicamente sobre ela numa mansão no 16.º bairro de Paris. Ela recorda, por exemplo, um episódio em que o ator, aparentemente em estado alterado, terá exigido um “ventilador” enquanto gritava que o calor não o deixava “ficar duro”.

Noutra alegação, uma assistente de realização acusa Depardieu de assédio físico e psicológico. As descrições são perturbadoras, com a assistente a relatar um incidente em que o ator a terá forçado numa posição constrangedora e feito avanços físicos contra a sua vontade. Estes relatos revelam um padrão de comportamento que, segundo a advogada de uma das queixosas, Carine Durrieu-Diebolt, evidencia “uma história de abuso continuado e impune”. A advogada espera que a justiça “não conceda tratamento preferencial” ao ator, sublinhando a necessidade de igualdade perante a lei.

Outras Acusações e o Movimento #MeToo no Cinema Francês

Depardieu tem sido alvo de acusações de violência sexual de várias outras mulheres ao longo dos anos, incluindo a atriz francesa Charlotte Arnould, que foi a primeira a denunciar o ator ao Ministério Público de Paris. A sua queixa levou as autoridades a considerar um julgamento por violação e agressão sexual, uma decisão que evidenciou o impacto do movimento #MeToo em França, que tem vindo a desmascarar comportamentos abusivos de várias figuras do cinema francês.

Entre as novas acusações surgem relatos da atriz Anouk Grinberg, que descreveu os “piropos” frequentes e os comentários sexuais de Depardieu no set. Grinberg, que também participou em “Les Volets Verts”, refere que a postura do ator era já conhecida na indústria, mas que o seu comportamento se agravou ao longo dos anos, protegido pela indústria cinematográfica que “tapa os crimes e financia a sua impunidade”.

O movimento #MeToo em França tem revelado histórias de abuso e comportamento inapropriado de várias figuras públicas, desde o produtor Harvey Weinstein até realizadores franceses como Jacques Doillon e Benoît Jacquot. Estas denúncias trouxeram à tona uma cultura de silêncio e encobrimento dentro da indústria cinematográfica, que, segundo críticos, continua a oferecer oportunidades a figuras acusadas de abusos, como Depardieu.

A Defesa de Depardieu e a Sua Visão Pública

Depardieu, por sua vez, nega categoricamente todas as acusações. Em outubro de 2023, publicou uma carta aberta no jornal Le Figaro, onde afirmava: “Nunca, nunca abusei de uma mulher”. A carta, no entanto, não pareceu apaziguar as controvérsias, especialmente depois de uma reportagem transmitida pelo programa “Complément d’Enquête” no canal France 2, onde o ator fez uma série de comentários misóginos e insultuosos. Esta postura tem sido criticada não só pelas vítimas e ativistas, mas também por figuras da política e do meio artístico.

As declarações de apoio do presidente francês Emmanuel Macron a Depardieu, descrevendo-o como um “grande ator que deixa a França orgulhosa”, causaram indignação entre associações feministas, que interpretaram as palavras de Macron como uma minimização dos relatos das vítimas. Para muitos, este caso simboliza a resistência que ainda existe em certos círculos em enfrentar de frente a cultura de abuso e de proteção de figuras poderosas na indústria.

O Futuro do Caso e o Impacto na Carreira de Depardieu

O julgamento de Gérard Depardieu representa um marco na tentativa de responsabilizar figuras públicas por alegados abusos de poder. Para as vítimas, é uma oportunidade de verem as suas queixas finalmente ouvidas em tribunal, numa altura em que as discussões sobre ética e abuso em Hollywood e no cinema europeu estão mais presentes do que nunca. Se condenado, este poderá ser o fim de uma longa carreira marcada por sucessos e controvérsias. Independentemente do veredito, o julgamento será acompanhado de perto por todos os que defendem uma mudança na forma como a indústria encara o comportamento dos seus artistas.