The Road Between Us: Documentário Sobre o 7 de Outubro Conquista o Público em Toronto

O filme mais polémico do TIFF 2025

O Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF) foi palco de uma das histórias mais conturbadas da edição deste ano. Depois de ter sido inicialmente convidado, desprogramado e novamente reintegrado na seleção oficial, o documentário The Road Between Us: The Ultimate Rescue acabou por se tornar um dos grandes destaques da 50.ª edição do festival ao vencer o People’s Choice Award para Melhor Documentário — um prémio atribuído pelo voto do público.

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Realizado por Barry Avrich, o filme acompanha o general reformado israelita Noam Tibon, que no dia 7 de outubro de 2023 atravessou zonas de conflito para resgatar o filho e a família, presos num kibbutz perto de Gaza durante os ataques do Hamas a Nahal Oz. Uma história pessoal e dramática, que rapidamente se transformou num retrato maior sobre coragem, família e sobrevivência em meio à violência.

Uma estreia envolta em protestos e controvérsia

A exibição mundial do filme em Toronto não esteve isenta de polémica. Para além das tensões relacionadas com o conflito israelo-palestiniano — que levaram a protestos em frente ao Roy Thomson Hall durante a estreia —, surgiram também preocupações logísticas e legais por parte do festival, nomeadamente em relação à utilização de imagens captadas por câmaras do Hamas durante os ataques.

Apesar das hesitações iniciais, e após críticas da comunidade judaica canadiana e de várias figuras públicas em Israel, o TIFF voltou atrás na decisão e autorizou a estreia do documentário. Barry Avrich agradeceu pessoalmente a Cameron Bailey, diretor do festival, pela reabertura da porta ao filme.

A força do público

Ao receber o prémio, Avrich destacou a importância do voto da audiência: “O público votou, e eu agradeço por isso. É emocionante para mim e para o Mark [Selby, produtor] vencer este prémio. Estamos ansiosos pelo resto desta jornada.”

Mark Selby reforçou a mensagem, sublinhando que se sentiram apoiados pela organização do festival: “Espero que todos os cineastas desta edição tenham sentido o mesmo apoio que nós sentimos.”

Próxima etapa: salas da América do Norte

Após o triunfo em Toronto, The Road Between Us prepara-se para ser exibido em cerca de 125 salas de cinema em mais de 20 cidades da América do Norte, a partir de 3 de outubro, numa distribuição maioritariamente independente.

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Entre aplausos, protestos e discussões acesas, uma coisa ficou clara: este documentário tornou-se um dos títulos incontornáveis do TIFF 2025, lembrando que o cinema continua a ser um palco privilegiado para confrontar histórias difíceis e debates urgentes.

TIFF 2025: Chris Evans, Sydney Sweeney, Angelina Jolie e Vince Vaughn lideram a lista quente de estreias

Um mercado cauteloso mas esperançoso

50.º Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF) abre com um ambiente de “otimismo cauteloso”, como descrevem os vendedores no arranque de mais uma temporada de aquisições. As atenções dividem-se entre a secção artística e o mercado, que volta a reunir estúdios, plataformas de streaming e novos distribuidores em busca do próximo grande título.

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Entre os filmes mais aguardados estão projetos com Chris Evans, James McAvoy, Vince Vaughn, Amanda Seyfried, Angelina Jolie e Sydney Sweeney, numa edição repleta de estrelas a tentar seduzir compradores.

Streamers, salas e novas regras do jogo

Depois de anos marcados por negócios milionários fechados a alta velocidade, o cenário mudou. Hoje, tanto streamers como distribuidores analisam cuidadosamente o retorno sobre investimento:

  • Apple prefere desenvolver conteúdos in-house.
  • Amazon foca-se em direitos internacionais.
  • Netflix ainda investe pesado em aquisições globais — pagou 20 milhões de dólares por Hit Man de Richard Linklater e 11 milhões por Woman of the Hour, de Anna Kendrick, no TIFF 2023.

Já os distribuidores independentes enfrentam dificuldades acrescidas, sobretudo aqueles sem parcerias pay-one com plataformas. Ainda assim, players como Sony Pictures Classics (Netflix)Searchlight (Hulu)Focus Features (Peacock)Neon (Hulu) e A24 (HBO Max) mantêm espaço para investir.

Novos compradores em cena

Há também espaço para novidades: Black Bear Finance e Row K, apoiados pela Media Capital Technologies e liderados por Megan Colligan (ex-Paramount), entram este ano no circuito com vontade de mexer no mercado.

Além disso, o “novo Paramount” de David Ellison já assumiu o objetivo de lançar 15 filmes em 2026 e 20 por ano no futuro — um sinal de vitalidade que pode mexer no panorama.

Casos de estudo recentes

Um bom exemplo do impacto de uma compra certeira foi The Brutalist, estreado em Veneza e comprado pela A24 por 10 a 15 milhões. O filme rendeu 16,4 milhões de dólares no mercado doméstico e conquistou 10 nomeações ao Óscar, incluindo Melhor Filme, arrecadando três estatuetas, entre elas Melhor Ator para Adrien Brody.

Em contraste, Eden (de Ron Howard, com Sydney Sweeney, Jude Law e Ana de Armas), após críticas mornas no TIFF, demorou quase um ano a chegar às salas via Vertical Entertainment.

O que esperar em 2025

O festival abre com o documentário John Candy: I Like Me (Amazon MGM), mas os olhares estão também sobre Motor City, de Potsy Ponciroli, com Ben Foster e Shailene Woodley. O gangster thriller, notável por ter pouco diálogo, estreou em Veneza e chega agora a Toronto para testar o seu poder no mercado.

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Outros títulos vão tentar atrair distribuidores com olho no Óscar ou no box office, sabendo que, no pós-pandemia, o sucesso já não se mede apenas pelo número pago no calor do festival, mas pela estratégia de lançamento a longo prazo.

Sydney Sweeney ignora polémica da American Eagle e centra atenções em Christy no TIFF

“Estou lá para falar do meu filme, não de jeans”

Às vésperas da estreia do seu novo filme no Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF)Sydney Sweeneyfez questão de separar águas. Questionada sobre a polémica em torno da sua campanha publicitária para a marca American Eagle, a atriz respondeu de forma categórica à Vanity Fair:

“Estou lá para apoiar o meu filme e as pessoas envolvidas na sua realização, não estou lá para falar de jeans. O filme é sobre a Christy, e é disso que estarei lá para falar.”

A declaração chega depois da sua campanha de ganga — considerada por muitos uma homenagem (ou provocação) ao célebre anúncio da Calvin Klein com Brooke Shields em 1980 — ter gerado críticas, elogios e até um inesperado comentário de Donald Trump, que elogiou a atriz.

Christy: a luta dentro e fora do ringue

Dirigido por David Michôd, o filme conta a história real da pugilista Christy Martin, que passou de uma vida modesta na Virgínia Ocidental para se tornar um fenómeno do boxe.

Com Ben Foster no papel do treinador e marido, Christy acompanha não apenas a ascensão da atleta, movida por determinação inabalável, mas também os dramas fora do ringue: as tensões familiares, a identidade e um casamento que se transforma num campo de batalha perigoso.

Baseado em factos verídicos, o filme é descrito como uma celebração da resiliência e coragem de uma mulher que lutou por muito mais do que títulos.

Sweeney em ascensão

Este é o segundo projeto de Sweeney com a Black Bear, após o sucesso de terror Immaculate (lançado pela NEON). Christy estreia sexta-feira no TIFF e surge como mais uma aposta na versatilidade da atriz, duas vezes nomeada aos Emmy, que continua a cimentar-se como uma das figuras mais requisitadas de Hollywood.

Da polémica à consagração?

Enquanto a campanha da American Eagle continua a gerar debate — com a marca a responder que o anúncio “sempre foi apenas sobre os jeans” — Sweeney procura recentrar a narrativa no cinema.

Seja pela polémica ou pela performance em Christy, uma coisa é certa: todos os olhos estarão postos nela em Toronto.