Spinal Tap II: The End Continues — A Paródia do Rock Está de Volta, Entre Gargalhadas e Melancolia

O regresso da banda mais desastrada do rock

Quarenta anos depois de This Is Spinal Tap (1984) ter redefinido o conceito de “mockumentary”, os lendários falsos rockers regressam em Spinal Tap II: The End Continues, realizado novamente por Rob Reiner. O filme, que estreia esta semana em Portugal, junta de novo Christopher Guest (Nigel Tufnel), Michael McKean (David St Hubbins) e Harry Shearer (Derek Smalls), para uma última reunião tão absurda quanto inevitável.

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A premissa é deliciosa: os músicos, separados desde 2009 após uma misteriosa zanga entre David e Nigel, são obrigados a regressar aos palcos por imposição legal da filha do seu falecido manager. O resultado? Uma digressão de um só concerto em Nova Orleães, cheia de tropeções, egos frágeis e piadas à altura da lenda.

Uma piada que ainda funciona — mas com outro sabor

Segundo a crítica internacional, a comédia mantém o espírito original: há reboots inteligentes de velhas piadas, reaparições de personagens esquecidas e até algumas surpresas que piscam o olho aos fãs de longa data. O riso é garantido, incluindo uma piada final com Bruce Springsteen que muitos destacam como o momento mais hilariante do filme.

Mas, desta vez, há também uma inesperada nota agridoce. Em 1984, os Spinal Tap eram já “rockeiros envelhecidos”. Hoje, não há como fugir: o envelhecimento é real e palpável — tanto nos personagens como no público. Essa melancolia atravessa o filme, trazendo uma dimensão emocional que o primeiro nunca teve.

De volta às origens (quase)

O filme reitera o talento musical dos seus criadores: as canções continuam a ser pastiches rock eficazes, tão ridículas quanto surpreendentemente competentes. No entanto, nem tudo corre de feição: algumas personagens secundárias soam forçadas, e a tentativa de humor romântico com a nova baterista é apontada como um dos pontos mais fracos.

Ainda assim, a narrativa conduz a um final épico centrado em Stonehenge, que fecha a história com a ironia cataclísmica que os fãs esperavam — o chamado Tapocalypse.

A Tapaissance em curso

Entre lojas de queijos e guitarras, podcasts de true crime e negócios bizarros (um antiquário de colas, alguém?), os membros da banda vivem agora vidas pateticamente banais. Mas basta um empurrão do destino para que tudo descambe outra vez. E, como sempre, Marty DiBergi (Rob Reiner) está lá para registar o desastre.

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Com direito a cameos de lendas reais do rock e piadas que se atualizam sem perder a essência, Spinal Tap II: The End Continues prova que a chama da sátira musical ainda não se apagou. Continua a ser uma das comédias mais queridas e autoreflexivas sobre a música e o envelhecimento, mesmo quando as notas finais têm mais melancolia do que outrora.