Morreu Richard Chamberlain, o galã de milhões de lareiras e o eterno padre Ralph de “Os Pássaros Feridos”

É o fim de uma era televisiva: Richard Chamberlain, um dos rostos mais icônicos da televisão norte-americana nas décadas de 60, 70 e 80, morreu no passado sábado, no Havai, aos 90 anos, na véspera do seu 91.º aniversário. Segundo o seu agente, a causa da morte foram complicações de um AVC.

Chamberlain ficou imortalizado como o elegante Dr. Kildare, mas foi como o padre Ralph de Bricassart em “Os Pássaros Feridos” que conquistou os corações (e suspiros) de milhões de espectadores. Um verdadeiro ídolo global, foi alcunhado de “rei das minisséries”, estatuto que consolidou com “Shogun”, “Centennial” e a já mencionada adaptação do romance de Colleen McCullough, uma saga romântica que ainda hoje faz correr lágrimas nos ecrãs de televisão por todo o mundo.

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O ator, nascido George Richard Chamberlain em 1934, em Beverly Hills, tinha inicialmente ambições artísticas nas artes plásticas, mas acabou rendido ao palco depois de regressar do serviço militar na Guerra da Coreia. E ainda bem: com um charme inato, olhar penetrante e voz aveludada, não tardou a conquistar os estúdios de Hollywood.

(Original Caption) Richard Chamberlain, Actor, as he appears in the television series Dr. Kildare.

“Dr. Kildare” (1961–1966) foi o seu bilhete dourado. A personagem do jovem médico idealista tornou-se um fenómeno cultural e sexual, com multidões de fãs — sobretudo femininas — a suspirar pelos seus olhos azuis e bata branca. Entre 1963 e 1965 foi eleito três vezes consecutivas pela revista Photoplay como a estrela masculina mais popular da América.

A sua carreira não se ficou pela televisão. No cinema, brilhou em produções como “A Torre do Inferno”, “Os Três Mosqueteiros”, “A Louca de Chaillot” e “Os Amantes da Música”, onde interpretou o compositor Tchaikovsky.

Mas foi com as minisséries — um gênero quase extinto — que se tornou figura de culto. “Shogun” (1980), passada no Japão feudal, foi uma superprodução que lhe valeu um Globo de Ouro e consagrou a sua versatilidade. Três anos depois, com “Os Pássaros Feridos” (1983), entrou no imaginário coletivo como o padre católico dividido entre a fé e o desejo proibido por Meggie Cleary (Rachel Ward). O drama foi visto por mais de 100 milhões de pessoas.

Com o declínio do formato, Chamberlain regressou ao teatro, onde se destacou em “My Fair Lady” e “The Sound of Music”, revelando uma potente voz de tenor.

Nos anos 2000, voltou esporadicamente ao ecrã com participações em séries como “Will & Grace”, “The Drew Carey Show” e “Touched by an Angel”.

Discreto quanto à sua vida pessoal, Richard Chamberlain assumiu publicamente a sua homossexualidade apenas em 2003, aos 69 anos, desafiando o estigma que durante décadas toldou a sua liberdade de expressão pessoal. Um gesto de coragem que cimentou ainda mais o seu legado.

A morte de Richard Chamberlain deixa um vazio em todos os que cresceram ao som das suas músicas, dos seus romances proibidos e dos dramas intensos que protagonizou com elegância clássica. Com três Globos de Ouro e uma carreira marcada por dignidade, talento e uma beleza que atravessou gerações, foi muito mais do que um galão. Foi um ator completo.

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Descanse em paz, Padre Ralph. Nunca nos esqueceremos dos “olhos que sorriam com tristeza”.

76ª Edição dos Prémios da Academia de Televisão: Uma Noite de Triunfos e Surpresas

A 76ª edição dos Prémios Emmy ficará na história como uma das mais memoráveis dos últimos tempos, destacando produções inovadoras e consagrando novos talentos no panorama televisivo. Entre os grandes vencedores da noite, destacam-se as séries “Shogun”, “Baby Reindeer” e “Hacks”, que dominaram as principais categorias e marcaram a celebração com feitos históricos.

“Shogun”: O Encontro de Culturas e o Triunfo Internacional

“Shogun”, uma adaptação ficcional sobre o Japão do século XVI, emergiu como a grande vencedora da noite ao conquistar o prémio de Melhor Série Dramática, tornando-se a primeira produção de língua não inglesa a receber tal distinção. A série, produzida pela FX, levou para casa um total de 18 prémios, incluindo quatro das categorias mais prestigiadas: Melhor Série Dramática, Melhor Realização, Melhor Ator e Melhor Atriz. O elenco incluiu o ator português Joaquim de Almeida e o luso-canadiano Louis Ferreira, destacando a presença de talentos lusófonos num projeto que celebra o encontro entre culturas.

Hiroyuki Sanada, que brilhou como protagonista, recebeu o Emmy de Melhor Ator em Série Dramática, enquanto Anna Sawai venceu o prémio de Melhor Atriz pelo seu papel como Toda Mariko. Ambos os atores subiram ao palco com discursos emocionados, destacando o impacto cultural e humano da série. Sanada mencionou que “quando o Oriente e o Ocidente caminham juntos, podemos fazer milagres”, sublinhando a importância da colaboração global em produções de grande escala. A série, realizada por Frederick E.O. Toye, explorou a complexidade das relações entre diferentes culturas e conseguiu cativar o público e a crítica com a sua abordagem visual e narrativa.

“Baby Reindeer”: A Força de uma História Pessoal

Outra série que marcou a noite foi “Baby Reindeer”, uma produção da Netflix baseada na experiência pessoal do escritor e ator Richard Gadd. A série venceu o Emmy de Melhor Minissérie ou Série de Antologia e levou ainda mais três estatuetas, incluindo Melhor Escrita e Melhor Ator para Gadd. No seu discurso de aceitação, Gadd partilhou a sua jornada pessoal e destacou a importância de contar histórias autênticas e corajosas, encorajando os criadores a tomarem riscos e a explorarem temas desconfortáveis.

Jessica Gunning, coprotagonista de Gadd, também saiu vencedora ao receber o prémio de Melhor Atriz Secundária em Minissérie. A atriz mostrou-se emocionada e orgulhosa pela série, afirmando que a produção representa um marco na sua carreira e um tributo à dedicação de todo o elenco.

“Hacks” e “The Bear”: A Surpresa na Comédia

No campo da comédia, a vitória de “Hacks” sobre “The Bear” foi uma das grandes surpresas da noite. A série da HBO Max venceu o prémio de Melhor Série de Comédia, desbancando a produção da FX, que era a favorita à vitória. “Hacks” ainda consagrou Jean Smart como Melhor Atriz em Comédia e levou o prémio de Melhor Escrita para comédia, graças ao trabalho de Lucia Aniello, Paul W. Downs e Jen Statsky.

Por outro lado, “The Bear” não saiu de mãos vazias. A série arrebatou três prémios de representação: Jeremy Allen White foi consagrado Melhor Ator em Comédia, Ebon Moss-Bachrach venceu o Emmy de Melhor Ator Secundário, e Liza Colón-Zayas fez história ao tornar-se a primeira atriz latina a vencer o prémio de Melhor Atriz Secundária em Comédia. A realização de Christopher Storer também foi premiada, destacando a força da série em diversas categorias.

Outros Destaques e Vencedores

A noite dos Emmys também reconheceu o talento de outras produções de destaque. Elizabeth Debicki, por exemplo, conquistou o Emmy de Melhor Atriz Secundária em Série Dramática pela sua interpretação em “The Crown”, enquanto Billy Crudup foi distinguido como Melhor Ator Secundário em Série Dramática por “The Morning Show”. A minissérie “Ripley”, realizada por Steven Zaillian, também garantiu um prémio na categoria de Melhor Realização.

A escrita para série dramática ficou nas mãos de Will Smith (não o ator), que venceu pelo seu trabalho em “Slow Horses”, da Apple TV+. Já na categoria de talk shows e variedades, “Last Week Tonight With John Oliver” e “The Daily Show” mantiveram a sua hegemonia, saindo novamente vitoriosos.

Uma Noite de Consagração para a Televisão

A 76ª edição dos Prémios Emmy provou ser um marco na história da televisão, consagrando produções que desafiaram convenções e exploraram novos horizontes narrativos. “Shogun” destacou-se não apenas pelo seu valor artístico, mas também pelo simbolismo de uma vitória histórica para uma série de língua não inglesa. Já “Baby Reindeer” mostrou o poder transformador das histórias pessoais, enquanto “Hacks” e “The Bear” disputaram o título de melhor comédia numa noite repleta de surpresas e emoção.

Com a diversidade de histórias e talentos premiados, esta edição dos Emmys reafirma a capacidade da televisão em refletir as realidades complexas e a criatividade ilimitada de quem está por trás das câmaras. A televisão continua a ser uma plataforma essencial para a criação de narrativas poderosas e inclusivas, que cativam públicos em todo o mundo.

Os Emmys são entregues hoje! Saiba tudo sobre esta edição!

A 76.ª cerimónia dos Prémios Emmy será realizada hoje, e promete ser um evento marcante no mundo da televisão. Os Emmys, um dos maiores reconhecimentos da indústria televisiva, destacarão as melhores séries, performances e produções do ano passado. Marcada para a madrugada de domingo para segunda-feira, de 15 para 16 de setembro, a cerimónia será apresentada por Tony Hale, conhecido pelo seu papel em “Veep”, e Sheryl Lee Ralph, estrela de “Abbott Elementary”.

Esta edição dos Emmys reflete uma mudança significativa nas produções, com o domínio de séries provenientes de plataformas de streaming e canais de cabo norte-americanos. “Shōgun”, um épico histórico ambientado no Japão feudal, lidera com impressionantes 25 nomeações. Esta série, transmitida pela FX e disponível em Portugal através do Disney+, conseguiu ultrapassar em número de nomeações algumas das mais prestigiadas produções televisivas da atualidade. A série, uma adaptação do livro de James Clavell, já havia sido adaptada em 1980, recebendo na altura 14 nomeações. A nova versão não só duplicou este número, como também conquistou nomeações para membros do elenco, incluindo Hiroyuki Sanada e Anna Sawai.

Outras séries também se destacam nesta cerimónia, como “The Bear”, que conseguiu 23 nomeações. Esta comédia dramática sobre um jovem chef a lidar com a pressão de gerir um restaurante familiar trouxe uma abordagem inovadora à televisão, combinando tensão culinária com momentos de introspeção emocional. A segunda temporada, em particular, tem sido aclamada pela crítica, com episódios como “Fishes”, que capturou de forma brilhante o caos de um jantar familiar desastroso.

A minissérie “Baby Reindeer”, da Netflix, também causou grande impacto, com 11 nomeações. Adaptada do espetáculo do comediante escocês Richard Gadd, a produção aborda temas sombrios e controversos, incluindo perseguições e saúde mental. Apesar das críticas e até de um processo judicial relacionado com a veracidade dos factos retratados, “Baby Reindeer” foi amplamente elogiada e é uma das favoritas na sua categoria.

No campo das comédias, “Homicídios ao Domicílio” também se destaca com 21 nomeações. A série, que conta com um elenco de luxo, incluindo Steve Martin, Martin Short e Selena Gomez, mistura humor e mistério de forma cativante, sendo uma das favoritas do público e da crítica. A terceira temporada desta série já está disponível na Disney+, e espera-se que continue a receber aclamação crítica.

Outros nomes relevantes nas nomeações incluem “The Crown”, que com 18 nomeações marca o fim de uma era para a série que retrata a vida da família real britânica, e “True Detective: Night Country”, com 19 nomeações. A competição será feroz entre estas produções, mas o que torna os Emmys deste ano ainda mais fascinantes é a diversidade de histórias e géneros que estão a ser reconhecidos.

Este ano, as categorias de interpretação prometem disputas emocionantes. Na categoria de Melhor Ator numa Série de Drama, encontramos figuras de peso como Idris Elba por “Hijack” e Hiroyuki Sanada por “Shōgun”. Na vertente feminina, Jennifer Aniston (“The Morning Show”) e Imelda Staunton (“The Crown”) competem pelo prémio de Melhor Atriz numa Série de Drama.

Nas comédias, Jeremy Allen White, protagonista de “The Bear”, é um dos grandes favoritos ao prémio de Melhor Ator, enquanto Ayo Edebiri, também de “The Bear”, está nomeada para Melhor Atriz. Steve Martin e Martin Short, ambos de “Homicídios ao Domicílio”, também competem na categoria de Melhor Ator em Comédia, o que promete uma noite cheia de surpresas e celebrações.

Lista de Nomeados das Principais Categorias:

  • Melhor Série de Drama:
  • “The Crown”
  • “Fallout”
  • “The Gilded Age”
  • “The Morning Show”
  • “Mr. & Mrs. Smith”
  • “Shogun”
  • “Slow Horses”
  • “O Problema dos 3 Corpos”
  • Melhor Série de Comédia:
  • “Abbott Elementary”
  • “The Bear”
  • “Calma Larry”
  • “Hacks”
  • “Homicídios ao Domicílio”
  • “Palm Royale”
  • “Reservation Dogs”
  • “What We Do in the Shadows”
  • Melhor Minissérie ou Antologia:
  • “Baby Reindeer”
  • “Fargo”
  • “Lições de Química”
  • “Ripley”
  • “True Detective”
  • Melhor Telefilme:
  • “Mr. Monk’s Last Case: A Monk Movie”
  • “Quiz Lady”
  • “Vermelho Branco e Sangue Azul”
  • “Scoop”
  • “Unfrosted”
  • Melhor Ator numa Série de Drama:
  • Idris Elba (“Hijack”)
  • Donald Glover (“Mr. & Mrs. Smith”)
  • Walton Goggins (“Fallout”)
  • Gary Oldman (“Slow Horses”)
  • Hiroyuki Sanada (“Shōgun”)
  • Dominic West (“The Crown”)
  • Melhor Atriz numa Série de Drama:
  • Jennifer Aniston (“The Morning Show”)
  • Carrie Coon (“The Gilded Age”)
  • Maya Erskine (“Mr. & Mrs. Smith”)
  • Anna Sawai (“Shōgun”)
  • Imelda Staunton (“The Crown”)
  • Reese Witherspoon (“The Morning Show”)
  • Melhor Ator numa Série de Comédia:
  • Matt Berry (“What We Do In The Shadows”)
  • Larry David (“Calma Larry”)
  • Steve Martin (“Homicídios ao Domicílio”)
  • Martin Short (“Homicídios ao Domicílio”)
  • Jeremy Allen White (“The Bear”)
  • D’Pharaoh Woon-A-Tai (“Reservation Dogs”)
  • Melhor Atriz numa Série de Comédia:
  • Quinta Brunson (“Abbott Elementary”)
  • Ayo Edebiri (“The Bear”)
  • Selena Gomez (“Homicídios ao Domicílio”)
  • Maya Rudolph (“Loot”)
  • Jean Smart (“Hacks”)
  • Kristen Wiig (“Palm Royale”)
  • Melhor Ator Secundário numa Série de Drama:
  • Tadanobu Asano (“Shōgun”)
  • Billy Crudup (“The Morning Show”)
  • Mark Duplass (“The Morning Show”)
  • Jon Hamm (“The Morning Show”)
  • Takehiro Hira (“Shōgun”)
  • Jack Lowden (“Slow Horses”)
  • Jonathan Pryce (“The Crown”)
  • Melhor Atriz Secundária numa Série de Drama:
  • Christine Baranski (“The Gilded Age”)
  • Nicole Beharie (“The Morning Show”)
  • Elizabeth Debicki (“The Crown”)
  • Greta Lee (“The Morning Show”)
  • Lesley Manville (“The Crown”)
  • Karen Pittman (“The Morning Show”)
  • Holland Taylor (“The Morning Show”)

Conclusão:

A 76.ª cerimónia dos Emmys promete ser uma noite emocionante, com produções de grande qualidade a competirem pelos prestigiados troféus. Fique atento ao desenrolar deste evento que celebra o melhor da televisão mundial.