“Fast & Furious”: Novo Livro Revela Porque Justin Lin Abandonou Fast X Dias Após o Início das Filmagens

Um novo livro expõe, pela primeira vez de forma detalhada, as tensões criativas, o caos de produção e o conflito com Vin Diesel que levaram Justin Lin a deixar o comando de um dos filmes mais caros da história.

O universo Fast & Furious sempre viveu de velocidade, adrenalina e automatismos de blockbuster. Mas nos bastidores, a história nem sempre é tão harmoniosa quanto a “família” gosta de proclamar. Um novo livro não autorizado, Welcome to the Family, escrito por Barry Hertz, mergulha nas origens, glórias e turbulências desta mega-franchise da Universal — e dedica um capítulo explosivo aos acontecimentos que levaram Justin Lin a abandonar Fast X apenas alguns dias depois do início das filmagens.

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O que até agora era apenas rumor ganha finalmente contornos concretos: Fast X estava afundado em tensões, um argumento em constante mutação, um elenco a crescer de forma descontrolada e um confronto directo entre o realizador e Vin Diesel, que terá sido o factor decisivo para a ruptura.

Segundo o livro, Lin não foi afastado pelo estúdio — foi ele próprio quem decidiu sair, cansado de pressões, reescritas diárias e batalhas criativas que pareciam impossíveis de ganhar.

A visão de Justin Lin: consequências, passado e o regresso a Fast Five

Lin vinha a preparar o filme muito antes de a rodagem começar. Marcado pela pandemia e com demasiado tempo para pensar, começou a construir, com a sua equipa habitual, uma ideia clara para o capítulo final da saga. O tema central seria o peso das consequências: depois de anos a destruir cidades inteiras e a desafiar as leis da física, Dom Toretto e a sua equipa teriam finalmente de enfrentar o impacto das suas acções.

A narrativa retomava acontecimentos de Fast Five, um dos filmes mais celebrados da série. A ideia era revisitar o assalto ao cofre no Rio de Janeiro e introduzir Dante Reyes, filho do narcotraficante assassinado por Dom e Brian. O plano parecia sólido — emocionalmente forte, narrativamente coerente e um retorno às raízes mais eficazes da saga.

Mas esse plano nunca sobreviveria intacto ao turbilhão de interesses que começou a invadir a produção.

Um argumento que mudava todos os dias — e que cresceu até à implosão

O livro descreve um processo criativo caótico. Sequências inteiras surgiam e desapareciam semanalmente. Em algumas versões, Hobbs surgia no clímax a destruir o Rio; noutras, havia um “battle royale” gigantesco que colocaria Hobbs e Shaw frente a frente com Dom e Jakob. Houve versões que incluíam o regresso do trio de Tokyo Drift; outras deslocavam a acção para o Vietname; e ainda uma versão quase caricata em que Dante reunia uma “Legião do Mal” com inimigos históricos de Dom.

Em todas as direcções surgiam sugestões, alterações e imposições. O argumento tornara-se um animal indomável — e Lin a pessoa encarregada de o domar.

O elenco crescia sem controlo — e com ele o orçamento

Ao mesmo tempo, a Universal insistia numa data de estreia ambiciosa, exigindo que o filme avançasse a todo o custo. E o elenco continuava a crescer: além da equipa habitual, estavam a ser integrados Jason Momoa, Brie Larson, Alan Ritchson, Daniela Melchior, entre outros. Cada actor trazia contratos, condições, deslocações, trailers, equipas e egos.

O livro afirma que, antes de se filmar um único plano, mais de 100 milhões de dólares já tinham sido gastos só em honorários do elenco principal. A produção caminhava para se tornar um dos filmes mais caros da história — e Lin sentia que o controlo artístico se diluía a cada nova adição.

A gota de água: Vin Diesel, um vídeo desastroso e uma ruptura inevitável

A 22 de Abril de 2022, Vin Diesel publicou um vídeo no Instagram ao lado de Lin. No vídeo, Diesel parece exuberante; Lin, visivelmente desconfortável, responde com frases curtas, quase mecânicas. Os fãs notaram imediatamente o ar de “pedido de socorro” do realizador, que soou preso entre entusiasmo forçado e exaustão evidente.

Mas segundo pessoas no set, até essa sexta-feira Lin parecia feliz. Foi depois desse fim-de-semana que tudo mudou. Lin teria atingido o limite após uma reunião à porta fechada com Diesel e elementos da sua equipa de produção, incluindo a irmã e produtora Samantha Vincent. As divergências criativas — sobretudo em torno do final e de um possível twist envolvendo a paternidade do pequeno Brian — tornaram-se irreconciliáveis.

No sábado, Lin decidiu que já não podia continuar.

O anúncio que abalou Hollywood

A 26 de Abril, Lin emitiu um comunicado diplomático onde anunciava a sua saída, mantendo-se apenas como produtor. Nos bastidores, reinava o choque. Muitos membros da equipa trabalhavam com Lin desde Tokyo Drift e sentiram a saída como uma perda pessoal profunda.

Alguns ponderaram abandonar o projecto, mas o realizador pediu-lhes que ficassem, explicando que a decisão era sua e que queria o melhor para a franchise. Era um gesto raro num ambiente marcado por egos e interesses.

“A minha saúde é mais importante do que o filme”

É esta frase — mencionada por membros da equipa no livro — que resume o estado emocional de Lin no momento da ruptura. Há uma sensação clara de que a produção se tornara insustentável, esmagada por expectativas absurdas, interferências e prazos impossíveis.

A substituição por Louis Leterrier ocorreu quase imediatamente, mesmo perante o risco de desorganização total. A Universal não podia parar uma máquina tão cara. O filme seguiu em frente — com um cenário que, segundo vários elementos da produção, se tornou totalmente dominado pelo CGI e longe da intenção original de Lin.

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O livro promete reescrever a história pública da saga

Welcome to the Family é descrito como “explosivo” não por acaso. A obra promete revelar conflitos internos, rivalidades e decisões de bastidores nunca tornadas públicas. E, pelo que mostra este excerto, Justin Lin terá saído não por fraqueza, mas por resistência: porque preferiu abandonar a máquina a deixar que ela o destruísse — ironicamente, num franchise que insiste que “a família” é tudo.