Jessie Cave: De Hogwarts ao OnlyFans, a Carreira Inusitada de Lilá Brown

Atriz de Harry Potter revela como o seu cabelo se tornou mais rentável do que a televisão britânica

Jessie Cave, que os fãs da saga Harry Potter recordam como a intensa Lilá Brown, está novamente no centro das atenções — mas desta vez longe do universo mágico criado por J.K. Rowling. A atriz de 38 anos revelou que, em apenas seis meses no OnlyFans, ganhou mais dinheiro do que teria recebido ao participar num famoso programa da televisão britânica.

O detalhe curioso é que Cave não partilha conteúdos de nudez, mas sim… o seu cabelo. Fotografias e vídeos da sua longa cabeleira tornaram-se um negócio improvável, capaz de atrair seguidores com fetiches capilares e de lhe render uma receita bem acima do esperado.

ver também : Star Wars: Starfighter — nova foto do set mostra Ryan Gosling em ação 🚀✨

Da rejeição televisiva ao sucesso inesperado

Há três anos, a atriz chegou a fazer testes para o reality show I’m A Celeb, que coloca celebridades em cenários extremos, mas não foi selecionada. Na altura, admite, precisava desesperadamente do dinheiro e teria aceitado a proposta. Hoje vê essa rejeição como uma bênção: “Já ganhei mais em seis meses no OnlyFans, com o meu cabelo comprido, do que teria ganho naquele programa.”

A decisão de entrar no site surgiu da necessidade de pagar dívidas e fazer obras em casa. Ao apostar num nicho insólito, Jessie Cave acabou por encontrar um caminho alternativo de subsistência — embora não isento de polémica.

Banida das convenções de Harry Potter

Apesar do sucesso financeiro, a carreira paralela trouxe consequências inesperadas. Cave lamenta ter sido afastada de convenções dedicadas a Harry Potter, um espaço que sempre valorizou pela ligação direta com os fãs. “Foi desconcertante. Muitos atores que participam nessas convenções já fizeram cenas de sexo ou nudez em filmes. Eu só estou a brincar com o meu cabelo!”, defendeu.

O afastamento acabou por simbolizar uma rutura definitiva entre a atriz e a comunidade ligada à saga.

O lado sombrio do online

Se os rendimentos do OnlyFans surpreenderam, o assédio digital trouxe um peso acrescido. Cave relatou receber mensagens grosseiras e até fotografias não solicitadas de genitais masculinos. “Não importa quantas vezes eu diga que não faço conteúdo sexual. Recebo mensagens a pedir para ver sêmen no meu cabelo ou a implorar para mostrar tudo”, escreveu num desabafo.

A experiência expôs o contraste entre a curiosidade pelo insólito e a toxicidade das interações online, deixando a atriz dividida entre o sucesso financeiro e o desgaste emocional.

ver também : Olhares do Irão: TVCine apresenta sessão dupla de cinema de resistência 🎬🇮🇷

De Hogwarts ao presente

Para além da sua participação em Harry Potter e o Enigma do Príncipe (2009), Relíquias da Morte – Parte 1 (2010) e Parte 2 (2011), Jessie Cave soma trabalhos em televisão, incluindo O Castelo Assombrado de Dani (2013-2015) e Miss Scarlet and the Duke (2022). Agora, entre críticas, banimentos e novos fãs, a sua carreira mostra que, mesmo fora da magia de Hogwarts, há histórias surpreendentes a contar.

1000 Homens e Eu: O Documentário de Bonnie Blue Que Chocou o Reino Unido… Mas Não Respondeu ao Essencial

Sexo, escândalo e vazio emocional: o retrato de uma estrela pornográfica que levanta questões sociais urgentes — mas que o documentário não teve coragem de explorar

📺 1000 Men and Me: The Bonnie Blue Story estreou esta semana no Channel 4, no Reino Unido, e tornou-se de imediato o centro de uma controvérsia nacional. O documentário segue Bonnie Blue, nome artístico de Tia Billinger, actriz pornográfica britânica de 26 anos que se tornou viral por alegadamente ter tido sexo com 1.057 homens num único dia, em 12 horas — numa tentativa de bater um recorde mundial bizarro, anteriormente detido por Lisa Sparxxx (919 homens em 2004).

Mas mais do que os números, foi a postura pública, provocadora e desafiante de Bonnie que incendiou o debate: após o feito, anunciou um “evento privado” onde permitiria que 2.000 homens tivessem relações com ela, trancada nua dentro de uma caixa de vidro. Foi banida do OnlyFans, entrevistada no podcast de Andrew Tate (figura polémica acusada de crimes graves no Reino Unido), e tornou-se, para muitos, o símbolo de tudo o que está “errado” na cultura sexual contemporânea.

Um documentário com mais escândalo do que substância

Realizado por Victoria Silver e transmitido com aviso de conteúdo gráfico, o documentário prometia “mostrar o que está por trás daqueles olhos azuis gélidos”, segundo a sinopse da Channel 4. Mas o resultado é outro: uma obra que observa, mas não interroga; que mostra, mas não explica; que regista, mas não analisa.

Sim, vemos Bonnie Blue a preparar-se para o “recorde”: lubrificante anestésico, preservativos a perder de vista, balaclavas para o anonimato. Vemos até a sua mãe, que a apoia com uma serenidade quase surreal. Mas não há, em momento algum, uma tentativa séria de entender o fenómeno social, cultural e psicológico que ela representa.

A mulher escandaliza — e os homens desaparecem da equação

A crítica mais pertinente veio num artigo de Eva Wiseman para o The Guardian, onde escreve:

“As intenções e danos de Bonnie Blue foram escrutinados. Mas os homens que se alinham para ser o 20.º ou o 60.º a penetrar uma desconhecida durante três minutos, enquanto alguém faz truques de cartas lá fora, passaram despercebidos. As intenções desses homens não interessam, porque… é normal. Normal aceitar sexo quando é oferecido. Normal objectificar o corpo de uma mulher. Normal voltar para casa como se nada fosse.”

O documentário teve a oportunidade de virar a lente para esses homens — e falhou.

Sexo, poder, feminismo ou performance?

É Bonnie Blue uma mulher empoderada, sex-positive, dona do seu corpo e da sua narrativa? Ou está apenas a alimentar os fantasmas mais tóxicos da masculinidade contemporânea, servindo como instrumento de consumo num mercado cada vez mais violento?

A resposta pode ser complexa — pode até ser “ambas” — mas o documentário não a procura. Em vez de mergulhar nos dilemas éticos, sociais ou feministas, limita-se a registar a superfície: os bastidores do evento, a polémica, os números, a fama. Faltou contexto, faltou confronto, faltou inteligência.

Um país a debater sexo… e uma televisão a alimentar o moralismo

A emissão do documentário deu-se poucos dias após a entrada em vigor do Online Safety Act, que impõe restrições rigorosas ao acesso de menores a conteúdos pornográficos. A ironia não passou despercebida nas redes sociais:

“Channel 4 exibe um filme sobre Bonnie Blue a ser penetrada por mil homens… mas os jovens precisam de mostrar o BI para ver memes com duplo sentido no X”, escreveu um utilizador.

Outros chamaram-lhe “pornografia disfarçada de documentário”, e acusaram a estação pública de “glamourizar a devassidão”.

Mas se a indignação moral é previsível, o debate profundo e informado sobre as contradições sociais em jogo ficou de fora — tanto no discurso público como no próprio filme.

Vale a pena ver?

Só se for pelo exercício crítico. 1000 Men and Me não oferece reflexão, nem contexto histórico, nem crítica cultural. É um produto que observa sem perguntar, que provoca sem pensar e que se agarra ao escândalo como forma de captar audiências — não para provocar introspecção, mas para alimentar o algoritmo.

“Se não quero ficar triste, não fico”, diz Bonnie Blue numa das frases mais frias do documentário.

É um resumo cruel — não só do seu discurso, mas do próprio filme.