A Eurovisão vai mudar a forma como os votos são atribuídos já na próxima edição do festival. A decisão surge na sequência das acusações feitas por vários países europeus, que alegaram que Israel terá influenciado de forma indevida a votação do público no concurso do ano passado.
Ler também: O Maior Mistério dos Filmes Knives Out? Talvez Seja Mesmo Benoit Blanc
As novas regras, anunciadas na sexta-feira, reduzem para metade o número de votos permitidos por cada espectador — passam de 20 para 10 — e introduzem uma partilha mais equilibrada entre a votação do público e a de um júri profissional. Ao mesmo tempo, a organização quer travar campanhas externas com potencial para distorcer o resultado final. Martin Green, director da Eurovisão, foi claro: “Nenhum canal público ou artista poderá, a partir de agora, envolver-se ou apoiar campanhas de terceiras entidades — incluindo governos ou agências governamentais — que possam influenciar artificialmente a votação.”
A União Europeia de Radiodifusão (EBU), responsável pelo evento, comprometeu-se igualmente a reforçar os sistemas de segurança e a intensificar a monitorização de actividades fraudulentas.
Ainda que o comunicado oficial não refira Israel pelo nome, a decisão é uma resposta directa ao polémico resultado do ano passado. O representante israelita, Yuval Raphael, terminou em segundo lugar, impulsionado por uma vantagem expressiva na votação do público. Na altura, circularam nas redes sociais apelos a apoiantes de Israel em todo o mundo para que votassem o máximo possível, o que gerou indignação entre vários países participantes.
Após a final, os canais públicos de Espanha, Irlanda, Bélgica, Islândia e Finlândia exigiram uma auditoria ao sistema de votação, insinuando que Israel teria manipulado o processo — alegações que Martin Green rejeitou então de forma categórica.
A tensão agravou-se em Setembro, quando Países Baixos, Eslovénia, Islândia, Irlanda e Espanha anunciaram que poderiam boicotar o festival caso Israel fosse autorizado a participar. A EBU chegou a ponderar um voto interno entre os países membros sobre esta questão, mas recuou após o cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos em Gaza no mês passado. O tema será discutido formalmente na reunião da EBU em Dezembro.
O chanceler da Áustria, país anfitrião da edição deste ano, também terá pressionado o seu canal público para não acolher o evento caso Israel seja excluído, sinal de que o debate está longe de ser consensual.
Martin Green acredita que as novas medidas podem restaurar a confiança no concurso: “Espero sinceramente que este pacote robusto de alterações dê garantias a artistas, canais e fãs. Acima de tudo, espero que permita ao festival reconhecer a complexidade do mundo em que vivemos, mas resistir às tentativas de transformar o nosso palco num terreno de divisão geopolítica.”
ler também : Sadie Sink Finalmente Responde aos Rumores Sobre Spider-Man 4 — Mas o Mistério Continua
A Eurovisão prepara-se, assim, para enfrentar mais um ano delicado — tentando equilibrar o entretenimento, a música e a política num palco que, inevitavelmente, espelha as tensões do continente.
