Amanda Seyfried Brilha em Veneza como Ann Lee: A Feminista Shaker Esquecida pela História ✨🎬

Uma figura quase apagada da memória

O Festival de Veneza abriu espaço para uma das personagens mais improváveis a surgir no grande ecrã em 2025: Ann Lee, fundadora do movimento religioso Shaker no século XVIII e considerada por muitos como uma das primeiras feministas americanas. Em The Testament of Ann Lee, realizado por Mona Fastvold, Amanda Seyfried encarna esta figura que, segundo a cineasta, estava “à beira de ser apagada da memória”.

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Nascida em 1736 em Manchester, Inglaterra, Ann Lee — conhecida entre os seguidores como Mãe Ann — liderou uma comunidade que defendia a igualdade entre sexos, a paz, a empatia e o trabalho manual como forma de oração. Uma proposta radical para o seu tempo, que ainda hoje ressoa com surpreendente atualidade.

Um biopic entre o transe e a espiritualidade

Descrito pela IndieWire como um “biopic especulativo, febril e totalmente arrebatador”, o filme aproxima-se de um musical, dando especial destaque à música e à dança, elementos centrais do culto Shaker. Para os membros deste movimento, o canto e o movimento em transe eram uma forma de ligação espiritual, uma oração física e coletiva.

O compositor Daniel Blumberg, vencedor de um Óscar este ano pela banda sonora de O Brutalista, volta a colaborar com Fastvold, revisitando os hinos Shaker e dando-lhes uma nova vida.

Da investigação histórica ao cinema de autor

Mona Fastvold, que coescreveu o guião com Brady Corbet (seu parceiro e realizador de O Brutalista), descobriu Ann Lee durante uma pesquisa sobre movimentos religiosos nos Estados Unidos do final do século XVIII. Em 1774, Ann emigrou com alguns discípulos para Nova Iorque, fugindo à perseguição religiosa em Inglaterra, e fundou uma comunidade que, no seu auge, chegou a contar com seis mil seguidores espalhados por 19 comunidades.

Hoje restam apenas três membros Shaker, mas o legado sobrevive, sobretudo através da arquitetura e do mobiliário, conhecido pela sua estética minimalista e funcionalidade — peças que ainda hoje fascinam designers e colecionadores.

Um olhar feminino sobre um ícone espiritual

Para Fastvold, a inspiração foi clara:

“Todos os grandes ícones masculinos receberam este tratamento, como Jesus Cristo ou Joana d’Arc. Porque não dar o mesmo a uma mulher desconhecida?”

A realizadora não quis criar propaganda, mas antes tratar Ann Lee com amor e respeito, reconhecendo a sua visão de comunidade, bondade e empatia. Seyfried, pela sua vez, entrega uma interpretação intensa, transformando Ann Lee num ícone cinematográfico tão humano quanto espiritual.

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Com The Testament of Ann Lee, Mona Fastvold reafirma-se como uma das vozes mais interessantes do cinema de autor contemporâneo, recuperando uma figura feminina que, até agora, permanecia quase esquecida pela História.

Brady Corbet Revela Que The Brutalist Não Lhe Rendeu Um Único Dólar – Mas Portugal Ajudou a Salvar as Suas Finanças

Apesar de ser um dos filmes mais nomeados nesta temporada de prémios, The Brutalist, de Brady Corbet, não trouxe qualquer retorno financeiro para o realizador. No entanto, Portugal teve um papel inesperado na sua sobrevivência profissional.

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Um Filme Premiado, Mas Sem Pagamento 💸🎬

Corbet, conhecido por Vox Lux, participou recentemente no podcast WTF de Marc Maron, onde discutiu o seu épico sobre a imigração nos EUA, nomeado para 10 Óscares. Durante a entrevista, revelou que, após anos sem rendimento, só recentemente conseguiu ganhar dinheiro através de campanhas publicitárias em Portugal.

“Fazer publicidade em Portugal foi a primeira vez em anos que consegui ganhar algum dinheiro,” admitiu o realizador, sublinhando a dificuldade em manter uma carreira independente no cinema.

Corbet, que escreveu The Brutalist em parceria com a sua esposa e colaboradora Mona Fastvold, confirmou que “não ganhámos um único dólar com os últimos dois filmes que fizemos”. Quando Maron demonstrou surpresa, Corbet reforçou: “Sim. Literalmente zero. Tivemos de sobreviver com um salário de há três anos.”

Diretores Nomeados para Óscar em Dificuldades Financeiras 🏆🏚️

Corbet destacou que muitos realizadores na mesma posição passam por dificuldades financeiras, mesmo tendo filmes em destaque na temporada de prémios:

“Já falei com muitos cineastas nomeados este ano que não conseguem pagar a renda.”

A razão? Os diretores passam meses em campanhas promocionais sem qualquer remuneração. Corbet sublinha que, desde a estreia do filme em setembro, tem viajado constantemente e não conseguiu aceitar nenhum outro trabalho, nem sequer um projeto de escrita.

“É um interrogatório de seis meses. Estás em viagem constante, mas também trabalhas aos sábados e domingos. Não tenho um dia de descanso desde o Natal. Fiz umas 90 entrevistas só na semana passada.”

O Reconhecimento de Natalie Portman 🎭✨

A atriz Natalie Portman, que trabalhou com Corbet em Vox Lux (2018), publicou um artigo no Deadline em que elogiou a sua abordagem cinematográfica:

“Os épicos de pequena escala de Brady — com The Brutalist à cabeça — estão a transformar a forma como os filmes são feitos na nossa era de conteúdo algorítmico e fadiga de franquias.”

The Brutalist: Um Filme de Peso na Temporada de Prémios 🎥🏛️

Com nomeações para Melhor Filme, Melhor Ator, Melhor Realização e Melhor Argumento, The Brutalist igualou Wicked como o segundo filme mais nomeado, apenas atrás de Emilia Pérez da Netflix.

A longa-metragem de 215 minutos, com um intervalo de 15 minutos, acompanha a história do arquiteto judeu húngaro László Tóth (Adrien Brody), que emigra para os EUA após sobreviver ao Holocausto. Instalado na Pensilvânia e à espera da chegada da sua esposa Erzsébet (Felicity Jones), Tóth é descoberto por um industrial rico (Guy Pearce). O filme percorre três décadas da América pós-guerra e aborda as relações entre criatividade, exploração e alienação.

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Com um impacto tão profundo no cinema contemporâneo, The Brutalist não só está a redefinir o género épico, como também está a expor a dura realidade da sobrevivência no mundo da realização independente. E, como prova, Portugal acabou por ser um aliado improvável na trajetória de Corbet, garantindo-lhe um pouco de estabilidade financeira enquanto promovia o seu filme.