“Parasitas” é eleito o melhor filme do século XXI por centenas de profissionais de cinema

Inquérito conduzido pelo New York Times reúne mais de 500 realizadores, actores e produtores para eleger os 100 filmes mais marcantes deste século

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Parasitas, de Bong Joon Ho, foi eleito o melhor filme do século XXI por um extenso painel de mais de 500 profissionais da indústria cinematográfica, entre os quais se encontram realizadores, actores, argumentistas, críticos e produtores. A iniciativa foi promovida pelo The New York Times, que publicou ao longo da última semana os resultados do inquérito, culminando com a revelação do Top 20 esta sexta-feira.

O galardoado filme sul-coreano, vencedor dos Óscares de Melhor Filme e Melhor Filme Internacional, superou obras de mestres como David Lynch (Mulholland Drive, 2.º lugar), Paul Thomas Anderson (Haverá Sangue, 3.º lugar) e Wong Kar Wai (Disponível para Amar, 4.º lugar).

O Top 10 apresenta uma diversidade notável de estilos, géneros e origens geográficas, destacando também o impacto contínuo de obras como MoonlightEste País Não É Para VelhosA Viagem de Chihiro e A Rede Social.

Uma lista eclética, com surpresas e confirmações

Ao todo, o Top 100 inclui 25 filmes “internacionais” — cuja língua principal não é o inglês — e 12 realizados ou correalizados por mulheres, revelando uma crescente abertura da indústria a novas vozes e linguagens cinematográficas.

O cinema lusófono marca presença com Cidade de Deus, dos brasileiros Fernando Meirelles e Kátia Lund, colocado em 15.º lugar. Na animação, apenas quatro títulos marcaram presença: A Viagem de Chihiro (9.º), WALL-E (34.º), Up! – Altamente (50.º) e Ratatui (73.º).

Os grandes nomes de Hollywood também marcaram território: Paul Thomas Anderson é o realizador mais representado com seis filmes, seguido por Christopher Nolan com cinco. Os irmãos Coen e Alfonso Cuarón surgem com quatro títulos cada, enquanto Quentin Tarantino e David Fincher marcam presença com três.

Representações notáveis e ausências curiosas

Entre os veteranos, Martin Scorsese garantiu dois títulos (The Departed e O Lobo de Wall Street), enquanto Steven Spielberg surge apenas com Relatório Minoritário. Clint Eastwood não teve qualquer filme mencionado no Top 100.

Curiosamente, só um filme da trilogia O Senhor dos Anéis — A Irmandade do Anel — entrou para a lista, e a única entrada do universo Marvel foi Black Panther, na 96.ª posição. Da parte das plataformas de streaming, apenas ROMA, de Alfonso Cuarón, lançado pela Netflix, foi considerado (46.º lugar).

Os favoritos dos favoritos

As listas individuais, algumas também divulgadas, incluíram nomes tão diversos como Pedro Almodóvar, Bong Joon Ho, Sofia Coppola, Ava DuVernay, Barry Jenkins, Mel Brooks, Celine Song, Edgar Wright e até o escritor Stephen King.

Estas contribuições revelaram um amplo leque de sensibilidades artísticas e confirmaram o poder da cinefilia como elemento agregador numa indústria cada vez mais fragmentada.

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Top 10 dos melhores filmes do século XXI segundo os profissionais de Hollywood:

  1. Parasitas (Bong Joon Ho)
  2. Mulholland Drive (David Lynch)
  3. Haverá Sangue (Paul Thomas Anderson)
  4. Disponível para Amar (Wong Kar Wai)
  5. Moonlight (Barry Jenkins)
  6. Este País Não é Para Velhos (Joel & Ethan Coen)
  7. O Despertar da Mente (Michel Gondry)
  8. Foge (Jordan Peele)
  9. A Viagem de Chihiro (Hayao Miyazaki)
  10. A Rede Social (David Fincher)

Michelle Williams Relembra Brokeback Mountain e a Derrota que Ainda Hoje nos Deixa de Coração Partido 💔🎬

Quase duas décadas depois da estreia de Brokeback Mountain, o filme continua a marcar quem o viu. E não somos só nós a sentirmo-nos assim: Michelle Williams, uma das protagonistas, também não esquece a emoção — nem a polémica — que acompanhou a estreia deste verdadeiro marco do cinema.

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Num episódio recente do programa Watch What Happens Live With Andy Cohen, a actriz esteve a promover a série Dying for Sex, mas acabou por revisitar aquele que é, para muitos, o filme mais importante da sua carreira. E bastou um elogio sincero do apresentador para abrir as comportas da memória.

Brokeback Mountain foi e continua a ser um dos meus dois filmes preferidos de sempre”, disse Andy Cohen. “Teve um impacto profundo em mim.” E Michelle Williams respondeu com uma afirmação certeira: “Sim, sabíamos que ia ser especial. Porque as pessoas foram muito abertas sobre o que significava para elas.”

“Nunca tinha visto homens adultos chorarem assim”

Williams recorda um momento marcante durante a promoção do filme: “Lembro-me de fazer o junket e pensar — não temos muitas oportunidades de ver homens adultos a chorar. Foi nesse momento que percebemos que o filme ia tocar as pessoas de forma muito especial.”

E tocou mesmo. Realizado por Ang Lee e baseado num conto de Annie Proulx, Brokeback Mountain conta a história de amor entre dois cowboys, Jack Twist (Jake Gyllenhaal) e Ennis Del Mar (Heath Ledger), num percurso íntimo, belo e devastador, ao longo de 20 anos. Michelle Williams e Anne Hathaway interpretaram as esposas das personagens principais — e ambos os casais viveram vidas assombradas por segredos e frustrações.

O filme estreou em 2005 e conquistou o mundo. Ganhou três Óscares (Melhor Realizador, Argumento Adaptado e Banda Sonora Original) e foi nomeado para outros cinco. Mas perdeu aquele que todos davam como certo: Melhor Filme. A vitória de Crash continua a ser uma das decisões mais controversas da história da Academia.

“Quem é que fala de Crash hoje em dia?”

Durante a entrevista, Andy Cohen não escondeu a sua indignação: “Estava tão irritado com aquela derrota. Crash?! Isso é que ganhou?” — ao que Michelle respondeu com ironia: “O que era mesmo Crash?”

O momento gerou gargalhadas, mas o tom de fundo era de frustração. Brokeback Mountain foi (e continua a ser) um dos filmes mais aclamados da sua geração. O impacto cultural, emocional e simbólico da obra é inegável. Já Crash… bem, poucos se lembram da história — e menos ainda se referem a ela com entusiasmo.

Uma derrota anunciada… nos bastidores

Anos mais tarde, o realizador Ang Lee revelou que estava, literalmente, a um passo de vencer o Óscar de Melhor Filme. Depois de receber o prémio de Melhor Realizador, foi instruído por um assistente de palco a permanecer nos bastidores. “Disseram-me: ‘Fica aqui. Toda a gente assume que vais ganhar.’ Fiquei ali, mesmo ao lado do palco. Vi o Jack Nicholson abrir o envelope. E depois ele disse: Crash.”

Lee foi também confrontado com a possibilidade de o filme ter perdido por causa de preconceito contra a história de amor gay. A resposta foi clara: “Sim, acho que sim.”

Uma ferida que ainda não sarou

Apesar de todas as conquistas, a derrota de Brokeback Mountain nos Óscares de 2006 continua a ser uma espinha cravada na história da Academia. Foi um momento de viragem, que revelou tanto sobre os limites da indústria quanto sobre os seus preconceitos.

Hoje, o filme permanece como símbolo de progresso — um dos primeiros a apresentar com sensibilidade e profundidade uma história de amor entre dois homens, numa altura em que isso era tudo menos comum em Hollywood. E o seu legado só cresce com o tempo.

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Como bem disse Michelle Williams, o impacto do filme foi visível nos olhos de quem chorava nos junkets. E continua a sê-lo nos nossos corações, cada vez que ouvimos “I wish I knew how to quit you.