Dave Chappelle provoca polémica em Riade: “É mais fácil falar aqui do que na América” 🎤🌍

Um festival rodeado de controvérsia

O comediante Dave Chappelle voltou a estar no centro da polémica após a sua atuação no Riyadh Comedy Festival, na Arábia Saudita. Durante o espetáculo, Chappelle comparou a liberdade de expressão no Médio Oriente e nos Estados Unidos, afirmando que era “mais fácil falar ali do que na América”.

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“Neste momento, na América, dizem que se falares sobre o Charlie Kirk, és cancelado. Não sei se é verdade, mas vou descobrir”, atirou o humorista.

“É mais fácil falar aqui do que na América.”

A declaração arrancou gargalhadas do público presente, mas gerou fortes críticas no regresso ao Ocidente.

“Vão fazer algo para me calar”

Ainda durante o espetáculo, Chappelle confessou algum receio sobre o regresso aos Estados Unidos:

“Quando voltar, eles vão fazer algo para que eu não possa dizer o que quero dizer.”

A reação da comunidade de comediantes

O festival de Riade reuniu nomes como Bill Burr e Louis C.K., mas foi alvo de duras críticas de vários artistas norte-americanos. O comediante David Cross não poupou palavras, acusando os colegas de legitimarem um “feudo totalitário”:

“Como é que algum de nós pode levar-vos a sério outra vez? Todo o vosso choradinho sobre ‘cancel culture’ e ‘liberdade de expressão’? Acabou. Nunca mais podem falar disso.”

Cross acrescentou ainda que todos já tinham visto os contratos assinados para atuar no festival, insinuando limitações impostas aos humoristas.

Perspetiva diferente de Bill Burr

Se Chappelle gerou polémica, Bill Burr mostrou-se entusiasmado com a experiência. No seu Monday Morning Podcast, de 29 de setembro, o comediante descreveu o festival como uma das três melhores experiências da sua carreira:

“Foi incrível estar naquela parte do mundo e participar no primeiro festival de comédia na Arábia Saudita. Os reais adoraram o espetáculo, todos ficaram felizes. Foi uma experiência incrível.”

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Entre o riso e a política

Riyadh Comedy Festival está a tornar-se num dos eventos mais falados do ano — não apenas pelas atuações, mas sobretudo pelo debate em torno de liberdade de expressão, política e ética artística. Chappelle voltou a ser a figura central da controvérsia, reforçando a sua reputação de comediante capaz de fazer rir… e de incendiar discussões globais.

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“Uma das três melhores experiências da minha vida”

O comediante norte-americano Bill Burr partilhou no seu podcast detalhes da sua participação no Riyadh Comedy Festival, na Arábia Saudita, evento que foi promovido como o maior festival de comédia do mundo. Burr, que dividiu palco com nomes como Dave Chappelle, Louis C.K. e Kevin Hart, descreveu a experiência como “inesquecível”, afirmando que o público local “queria comédia verdadeira” e que o ambiente foi surpreendentemente acolhedor.

“Definitivamente, está no top 3 das melhores experiências que já tive. Acho que vai trazer coisas muito positivas”, disse Burr.

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Do nervosismo à descoberta

Antes de subir ao palco em Riade, Burr testou o material com uma atuação em Bahrain, país vizinho mais liberal, onde confessou ter chegado ansioso. A experiência, contudo, foi tranquila, e o humorista notou que as pessoas “são como nós: querem rir, querem divertir-se”.

Ao chegar à Arábia Saudita, admitiu ter carregado estereótipos sobre a região, mas acabou surpreendido pela forte presença de marcas ocidentais e pelo entusiasmo do público. Durante a atuação, foi avançando no seu repertório habitual, incluindo piadas arriscadas, e percebeu que o público estava recetivo.

Regras suavizadas para os artistas

Segundo Burr, as restrições iniciais sobre o que os comediantes poderiam dizer foram renegociadas antes do festival. No fim, apenas dois temas ficaram proibidos: não fazer piadas sobre a família real nem sobre religião.

“O público sabia da reputação que têm e por isso foram ainda mais calorosos. Senti uma troca de energia incrível”, contou Burr.

Críticas e acusações de “comedy-washing”

Apesar do entusiasmo de Burr, a presença de comediantes no festival não passou despercebida às críticas. O humorista David Cross foi particularmente duro, acusando colegas como Burr de legitimar um “feudo totalitário” em troca de dinheiro:

“Estou profundamente desiludido. Pessoas talentosas que admiro cederam por um barco, por mais ténis? É nojento.”

Na mesma linha, um artigo de opinião da MSNBC classificou o evento como “comedy-washing”, defendendo que serviu para projetar uma falsa imagem de abertura cultural num país onde continuam a existir fortes restrições às liberdades civis.

O eterno debate cultural

A discussão insere-se num debate antigo: boicotar regimes autoritários ou usar a cultura como ferramenta de abertura?. O conceito de soft power, popularizado pelo cientista político Joseph Nye, defende que a arte e a cultura podem influenciar positivamente sociedades fechadas.

O músico Sting, por exemplo, já se posicionou neste sentido quando atuou no Uzbequistão em 2009:

“Acredito que boicotes culturais são contraproducentes. Ao isolar, só se torna uma sociedade ainda mais fechada e paranoica.”

Entre política e gargalhadas

No caso de Burr, a escolha está feita: o comediante defende que a experiência foi não só memorável como também uma oportunidade de mostrar o valor da stand-up comedy num país onde, até há pouco tempo, isso seria impensável.

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