“Pequenos Clarões”: Pilar Palomero estreia em Portugal o seu novo drama sobre luto, memória e perdão

A realizadora espanhola Pilar Palomero, uma das vozes mais marcantes da nova geração de cineastas do país vizinho, traz a Portugal a sua nova longa-metragem, “Pequenos Clarões”, um drama intimista que mergulha nas dores invisíveis do luto e nos caminhos difíceis do perdão. Inspirado no conto “Un corazón demasiado grande”, da escritora Eider Rodríguez, o filme chega carregado de emoção e história pessoal.

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Embora não seja uma obra autobiográfica, Palomero confessa que o impulso criativo nasceu num momento profundamente íntimo: a morte do pai. O luto atravessou-a de forma silenciosa mas determinante, e isso sente-se na sensibilidade com que as personagens procuram reconstruir-se entre memórias, fragilidades e pequenas revelações — os “clarões” que iluminam a dor. Uma das cenas mais significativas inclui a leitura de um excerto de “Platero e Eu”, de Juan Ramón Jiménez, uma homenagem directa ao pai da realizadora e um dos pilares emocionais do filme.

As filmagens decorreram na Horta de Sant Joan, perto de Tarragona, terra ligada às raízes familiares de Palomero. O cenário rural, marcado por uma luminosidade austera e uma atmosfera de introspecção, torna-se parte essencial da narrativa, como se a paisagem dialogasse com o estado emocional das personagens.

Pilar Palomero não é desconhecida do grande público: conquistou reconhecimento imediato com a sua primeira longa-metragem, “Las Niñas”, que venceu quatro Prémios Goya, incluindo Melhor Filme, Melhor Realizadora Revelação e Melhor Argumento Original. A sua assinatura cinematográfica é marcada por uma atenção muito particular às emoções contidas, às relações familiares e à forma como crescemos — e mudamos — perante aquilo que perdemos.

“Pequenos Clarões” foi apresentado no LEFFEST, reforçando o prestígio do festival enquanto plataforma de exibição para novos autores do cinema europeu. A obra estabelece-se como uma carta aberta à família, à memória e à vida, numa combinação de delicadeza e verdade que tem definido o percurso da realizadora.

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O filme chega agora a Portugal com a promessa de tocar quem já viveu os silêncios do luto, quem procura reconciliação com o passado ou simplesmente quem aprecia cinema que ilumina a condição humana com autenticidade e profundidade.

“The Chronology of Water”: Kristen Stewart Surpreende Cannes e Prepara-se Para Estrear em Portugal em Janeiro

Depois da forte recepção em Cannes, a primeira longa de Stewart passou pelo LEFFEST e aproxima-se agora da estreia nacional — prevista para 22 de Janeiro de 2026.

Kristen Stewart já tinha mostrado, em curtas-metragens e experiências anteriores, que a realização era um território que queria explorar. Mas foi com “The Chronology of Water”, apresentado este ano em Cannes, que a actriz se afirmou definitivamente como cineasta. A estreia recebeu uma ovação de seis minutos e meio, ganhou estatuto de obra arrojada e rapidamente se tornou um dos títulos mais comentados da secção Un Certain Regard.

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Baseado no memoir de Lidia Yuknavitch, o filme é uma viagem confessional, fragmentada e emocionalmente intensa. Stewart adapta o texto com a mesma energia interior que marcou várias das suas interpretações, mas agora colocada ao serviço de uma linguagem visual própria: filmado em 16mm, cru, táctil, inquieto, cheio de nervo e vontade de experimentar.

Imogen Poots no papel mais exigente da carreira

A protagonista é interpretada por Imogen Poots, que encarna Lidia desde a adolescência marcada por um pai abusivo até ao mergulho literal e metafórico numa vida feita de amores falhados, vícios, perdas e reinvenções.

A personagem encontra na natação de competição um escape, mas o corpo cede, o sonho colapsa e o filme segue a protagonista numa procura urgente por voz, identidade e perdão.

O elenco inclui ainda Thora BirchJim BelushiEarl CaveTom SturridgeCharlie Carrick e Kim Gordon — nomes que ajudam a compor um retrato íntimo, por vezes abrasivo, sempre profundamente humano.

Uma passagem discreta mas significativa pelo LEFFEST

Após o impacto em Cannes, The Chronology of Water foi exibido em Portugal durante o LEFFEST 2025, onde integrou a programação oficial — uma apresentação que reforçou o interesse do público cinéfilo e chamou a atenção pela ousadia formal do filme.

Foi uma das sessões mais comentadas do festival, sobretudo pela forma como Stewart descreveu o projecto:

“Não é sobre o que aconteceu a Yuknavitch. É sobre aquilo que acontece a todas nós — porque é violento ser mulher.”

Um filme que bate de frente — não com grandiloquência, mas com verdade.

Estreia nacional a aproximar-se

Com a exibição no festival já concluída, a expectativa vira-se agora para a estreia comercial.

Segundo a informação disponibilizada pela distribuidora Medeia Filmes, The Chronology of Water tem estreia prevista em Portugal a 22 de Janeiro de 2026.

Não é uma data oficial-final, mas é a indicação mais consistente até ao momento — e a mais plausível no alinhamento de lançamentos independentes do início do ano.

Um novo capítulo para Kristen Stewart

Se esta é, como muitos críticos disseram, a “primeira grande obra” de Stewart enquanto realizadora, então 2026 poderá marcá-la como uma das vozes autorais mais interessantes da nova geração.

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The Chronology of Water é cinema confessional, por vezes selvagem, mas sempre emocionalmente íntegro. Um filme que não se limita a adaptar uma vida; tenta, com todos os riscos envolvidos, compreender o que significa sobreviver.

E agora, finalmente, aproxima-se do público português.