Do YouTube a Hollywood: O Longa-Metragem de “Portrait of God” Une Dois Mestres do Horror

O que começou por ser uma curta perturbadora e minimalista ganhou corpo suficiente para chegar a Hollywood. O viral Dylan Clark conquistou milhões de espectadores com a sua curta-metragem Portrait of God. Agora, esse projecto vai ser transformado numa longa-metragem pela Universal Pictures — com a produção conjunta de dois titãs do terror contemporâneo: Jordan Peele e Sam Raimi. A colaboração marca a primeira vez que ambos assinam juntos um projecto, e isso já por si coloca o filme entre os lançamentos mais aguardados.

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Segundo os anúncios oficiais, Clark regressa como realizador, com argumento seu em parceira com o roteirista Joe Russo. A premissa central mantém-se: uma jovem religiosa, ao preparar uma apresentação sobre uma pintura misteriosa intitulada “Portrait of God”, vê a sua fé posta em causa quando a imagem parece revelar algo aterrador — uma presença que uns dizem ser Deus, mas que outros descrevem como algo sombrio. A curta versou sobre medo, dúvida e revelação; o filme quer escavar essas camadas e transformá-las num horror de estúdio com dimensão, textura e ambição.

A entrada de Peele e Raimi no projecto não é gratuita: cada um traz consigo uma tradição distinta do terror moderno. Peele, com o seu horror psicológico e social, já demonstrou com êxito como medos reais — raciais, existenciais, culturais — podem ser transformados em cinema de género com impacto profundo. Raimi, por sua vez, tem uma herança que atravessa décadas, do horror visceral de Evil Dead aos sustos mais elaborados de Drag Me to Hell. A junção dessas visões sugere que a adaptação não vai apostar em sustos fáceis ou clichés de terror, mas num horror espiritual, desconfortável, que confronta crenças, fé e a própria noção de divindade.

Esse potencial para redefinir o terror não surge por acaso. A curta original provou que é possível perturbar com muito pouco: quase toda a tensão provém da sugestão, da dúvida — do que pode ou não ser visto. A adaptação longa oferece a oportunidade de expandir esse desconforto: com tempo para desenvolver personagens, explorar simbolismos religiosos, mergulhar na psicologia da dúvida e trabalhar a ambiguidade entre a fé e o horror. É, nesse sentido, uma das propostas mais interessantes de resgate do horror espiritual — género que há muito parecia deixado ao abandono pelas grandes produções.

Contudo, transformar sete minutos de tensão concentrada num filme de uma hora e meia ou duas horas implica risco. A maior parte do impacto da curta vinha da economia de meios, da sugestão, da escuridão, do que não era mostrado. Reproduzir isso numa narrativa longa exige equilíbrio delicado: prolongar o horror sem diluir a sua força, expandir a história sem recorrer a exageros visuais, manter o mistério sem dar explicações fáceis. É um desafio grande — mas é precisamente este tipo de desafio que Peele e Raimi, trabalhando com o suporte da Universal, estão habilitados a enfrentar com inteligência e sensibilidade.

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Se tudo correr como o esperado, Portrait of God não será apenas mais um título de terror. Pode tornar-se num dos marcos do género nos próximos anos — um filme que devolve ao horror aquilo que o distingue: o medo do invisível, a ambivalência da fé, a culpa e o terror existencial. Numa época saturada de monstros visíveis e sustos baratos, este projecto pode trazer de volta a sombra mais antiga e poderosa de todas: a dúvida.

Him: Quando o Sangue Corre, Mas a História Fica Pelo Caminho 🏈🩸

A Nova Aposta Produzida por Jordan Peele

Com apenas 96 minutos, Him, realizado por Justin Tipping e produzido por Jordan Peele, tenta fundir o universo do futebol americano com o horror psicológico e o body horror grotesco. O filme apresenta Cam (Tyriq Withers), um jovem quarterback prestes a assinar um contrato milionário, cuja vida sofre uma reviravolta após um ataque misterioso que o deixa com uma cicatriz na cabeça — cicatriz essa que imita as costuras de uma bola de futebol.

Poucos dias depois, Cam abdica da sua participação no combine por receio de agravar a lesão, mas recebe um convite para treinar diretamente com a lenda do desporto Isaiah White (Marlon Wayans). A partir daí, a narrativa mergulha num pesadelo de métodos de treino violentos, transfusões de sangue e uma tradição macabra que passa de geração em geração dentro da equipa fictícia, os Saviors.

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Sangue, Culto e Gore: o Clímax

Sem surpresas, descobre-se que Isaiah transfere o seu próprio sangue para Cam, perpetuando um ritual de fortalecimento transmitido a cada novo quarterback da equipa. O confronto final entre mentor e pupilo culmina num duelo mortal, do qual Cam sai vencedor.

Mas o que poderia ser um momento de catarse transforma-se em puro excesso. Ao sair da mansão, Cam encontra um verdadeiro culto — agentes, viúvas e dirigentes — que lhe oferecem um contrato ensanguentado, ameaçando a sua família caso recuse. Em vez de ceder, o protagonista massacra todos os presentes, encerrando o filme coberto de sangue, num campo de futebol convertido em altar sacrificial.

O Problema do Final: Muito Sangue, Pouca Substância

O final é graficamente poderoso, mas narrativamente vazio. O massacre deveria simbolizar libertação, resistência contra sistemas corruptos e exploração desumana no desporto, mas o argumento nunca constrói essa base.

As perguntas ficam sem resposta:

  • Quem atacou Cam no início?
  • O que o leva a explodir em violência total no final — loucura, revolta ou simples sobrevivência?
  • Até que ponto o culto controla as vidas destes jogadores?

Justin Tipping concentra-se tanto na brutalidade do clímax que esquece de dar peso emocional às motivações. O resultado: sangue sem alma.

Entre o Potencial e a Frustração

É certo que Him tem ideias intrigantes — o lado obscuro do futebol americano, o culto à performance, a exploração de jovens atletas e o paralelismo entre sangue e sacrifício. No entanto, a pressa em chegar ao choque final deixa a narrativa incompleta, minando o impacto.

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O filme termina com Cam triunfante e coberto de sangue, mas o público fica com a sensação de vazio. Afinal, não basta mostrar violência: é preciso que ela signifique algo.


Um Filme de Terror Com Apenas 8 Anos Está a Ser Chamado o Melhor do Século

Mais de 500 atores e realizadores votaram… e a escolha pode surpreender

No mundo do cinema, listas e rankings há muitos. Mas quando são 500 atores, realizadores e profissionais da indústria a escolherem os 100 melhores filmes do século XXI, talvez valha a pena prestar atenção. Foi isso que aconteceu numa iniciativa especial do The New York Times, que revelou uma lista recheada de nomes de peso — e onde o filme de terror mais bem colocado é uma obra com apenas oito anos.

E não, não estamos a falar de um clássico dos anos 2000 nem de um remake cheio de efeitos especiais. Estamos a falar de um pequeno fenómeno que nasceu do cérebro de um comediante, venceu um Óscar de Melhor Argumento Original e transformou o seu criador num dos novos mestres do terror: Get Out – Foge, de Jordan Peele.

Este thriller psicológico lançado em 2017 ficou em 8.º lugar no ranking global, à frente de qualquer outro título do género. Superou obras como Under the Skin (69.º), Let the Right One In (70.º) e Black Swan (81.º), estabelecendo-se assim como o grande campeão do terror do século XXI, segundo a lista.

Terror com mensagem

Get Out conta a história de Chris (Daniel Kaluuya), um jovem afro-americano que vai conhecer a família da sua namorada branca (Allison Williams). O que parecia ser um fim-de-semana desconfortável transforma-se num pesadelo, com revelações cada vez mais inquietantes. O filme mistura crítica social, sátira, suspense e momentos verdadeiramente assustadores. Tudo isso com um orçamento de apenas 4,5 milhões de dólares e uma receita mundial de mais de 255 milhões.

“Usando a escuridão da minha imaginação, havia tantas formas deste filme correr mal”, explicou Jordan Peele, na altura. “E se os brancos não quisessem ver o filme porque tinham medo de serem vilanizados com negros na sala? E se os negros não quisessem vê-lo porque não queriam estar sentados ao lado de brancos enquanto um negro era vitimado no ecrã?”

A verdade é que Get Out superou todos esses medos — e tornou-se um marco. Para muitos, incluindo estes 500 votantes, é o exemplo máximo de como o cinema de terror pode ser inteligente, político, socialmente relevante… e aterrador.

Onde ver 

Get Out

 em Portugal e no Brasil?

Em Portugal, o filme está disponível para aluguer ou compra nas plataformas Apple TV, YouTube e Google Play. Também pode surgir ocasionalmente nos canais TVCine ou em catálogo da HBO Max, embora não esteja fixamente presente.

No BrasilGet Out (intitulado Corra!) está disponível no catálogo da GloboPlay, e pode também ser alugado na Apple TV e Amazon Prime Video.

O topo da lista?

Apesar do destaque de Get Out, o filme número 1 da lista é Parasitas, de Bong Joon-ho — vencedor da Palma de Ouro em Cannes e do Óscar de Melhor Filme. Outros títulos no top incluem There Will Be BloodMoonlightEternal Sunshine of the Spotless MindNo Country for Old MenMulholland Drive e The Social Network.

Mas a posição de Get Out tem outro impacto: é o único filme de terror no top 10. Uma afirmação poderosa de que o género pode — e deve — ser levado a sério.

🏈 Him: Jordan Peele Transforma o Futebol Americano num Culto de Horror

O desporto mais popular dos Estados Unidos ganha contornos satânicos em Him, o novo filme de terror psicológico produzido por Jordan Peele (Get OutUsNope). Com estreia marcada para 19 de setembro de 2025, esta obra promete explorar os limites da ambição desportiva e o culto à figura do atleta.

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🎬 Sinopse: Quando a Glória se Torna Obsessão

Cameron Cade (Tyriq Withers), uma jovem promessa do futebol americano, vê a sua carreira ameaçada após uma lesão cerebral grave. Desesperado por recuperar o seu lugar, aceita treinar com Isaiah White (Marlon Wayans), um lendário quarterback reformado que o convida para o seu complexo isolado. À medida que o treino se intensifica, Cameron mergulha num mundo onde a busca pela excelência se confunde com rituais obscuros e sacrifícios pessoais. 

👥 Elenco de Peso

  • Tyriq Withers como Cameron Cade
  • Marlon Wayans como Isaiah White
  • Julia Fox como Elsie White
  • Tim HeideckerJim JefferiesAkeem Hayes e Tierra Whack completam o elenco.

O filme é realizado por Justin Tipping e baseado num argumento de Zack Akers e Skip Bronkie, originalmente intitulado GOAT, que figurou na Black List de 2022 dos melhores argumentos não produzidos. A produção está a cargo de Monkeypaw Productions, de Jordan Peele, em parceria com a Universal Pictures. 

🎥 Trailer: Uma Visão Perturbadora do Desporto

O teaser trailer revela imagens inquietantes: Cameron a treinar até à exaustão, visões demoníacas e uma cena em que, coberto de sangue, se posiciona em forma de crucificação num campo de futebol. A pergunta de Isaiah ressoa: “O que estás disposto a sacrificar?” 

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🗓️ Estreia

Him chega aos cinemas a 19 de setembro de 2025. 

Tony Todd: O Ícone do Horror Que Marcou Gerações com “Candyman” e “Final Destination”

O mundo do cinema de terror despede-se de Tony Todd, o ator que se tornou um ícone do horror ao interpretar a personagem-título na série de filmes Candyman. Todd, que faleceu aos 69 anos, deixou um legado profundo na cultura cinematográfica, sendo conhecido pelo seu carisma e presença imponente em papéis que desafiaram os limites do terror psicológico.

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Com uma estatura de 1,96 metros e uma voz que se destacava pela intensidade, Todd trouxe vida ao personagem de Candyman, o homem que surge após ser invocado cinco vezes diante de um espelho, aterrorizando gerações de fãs. A sua atuação em Candyman foi uma das primeiras a introduzir uma figura central negra como protagonista num género que, até então, era dominado por figuras como Freddy Krueger e Jason Voorhees. Esta representação trouxe uma nova camada de diversidade e representatividade ao horror, algo que influenciou até realizadores contemporâneos como Jordan Peele, que mais tarde coescreveu a sequela do filme original.

Além de Candyman, Todd participou em outras produções icónicas do género, como Final DestinationNight of the Living Dead e The Crow, cimentando o seu estatuto como uma lenda do horror. Fora do cinema, o ator também foi uma presença notável em videojogos e séries, incluindo Star Trek, onde interpretou personagens memoráveis nas séries The Next GenerationDeep Space Nine e Voyager.

Vários colegas e amigos prestaram tributo a Todd, destacando a sua paixão pela arte e a generosidade com os fãs. A atriz Virginia Madsen, que contracenou com ele em Candyman, recordou-o como “um homem verdadeiramente poético, com uma voz que fazia qualquer pessoa suspirar.” Já Troy Baker, conhecido pelo trabalho em videojogos, elogiou o conhecimento de Todd sobre jazz e a sua dedicação ao ofício, lembrando-o como um “gigante” em todos os sentidos.

Tony Todd será lembrado não só pelo seu talento inegável, mas também pelo impacto duradouro que teve no cinema de terror e na vida de todos os que o viram atuar.

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