Alicia Silverstone e Chris O’Donnell Recordam o Caótico Batman & Robin  — o Filme Que Congelou a Franquia 🦇

Quase trinta anos depois da estreia de Batman & Robin, os protagonistas Alicia Silverstone e Chris O’Donnell olham para o desastre com uma serenidade desarmante — e até com algum carinho. O filme, lançado em 1997 e realizado pelo falecido Joel Schumacher, tornou-se um caso de estudo em Hollywood: como transformar o super-herói mais sombrio da BD numa comédia involuntária de luzes de néon e trocadilhos gelados.

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O filme que pôs o “camp” em Gotham

A produção reunia um elenco de luxo: George Clooney como Batman, Chris O’Donnell como Robin, Alicia Silverstonecomo Batgirl, Uma Thurman como Poison Ivy e Arnold Schwarzenegger como Mr. Freeze — todos mergulhados num universo de cor, exagero e… mamilos esculpidos no fato.

O resultado? Um naufrágio crítico e comercial. O humor forçado, os efeitos visuais artificiais e a estética barroca transformaram o filme num símbolo involuntário do “kitsch” cinematográfico dos anos 90. Ainda assim, com o passar do tempo, Batman & Robin acabou por ganhar um estatuto de culto — e uma legião de fãs que o vêem como uma delícia “camp” que nunca se levou demasiado a sério.

“Havia tanto ódio em relação ao filme…”

Em entrevista recente à Entertainment Weekly, Chris O’Donnell recordou os dias difíceis que se seguiram à estreia.

“De repente, começámos a perceber o feedback e tudo estava a descarrilar”, contou. “Havia tanto ódio em relação ao filme… Lembro-me de Joel Schumacher levantar a bandeira branca e dizer: ‘Acabou. Não consigo mais’. Ele ficou mesmo devastado.”

Hoje, O’Donnell encara a experiência com leveza: “Foi duro na altura, mas foi divertido. Tivemos sorte em fazer parte de algo tão grande. Uns filmes resultam, outros não — é o jogo.”

A redenção da Batgirl

Para Alicia Silverstone, que foi alvo de críticas particularmente cruéis na época — incluindo a conquista do Razzie de Pior Atriz Secundária — o tempo trouxe justiça e até algum amor retroativo.

“A Batgirl teve uma espécie de renascimento”, diz a atriz. “Na altura, as pessoas não gostaram, mas agora muitos dizem que é o seu filme preferido. Pelo menos todos os meus amigos gays — é muito camp!”

A declaração é coerente com o tom que Batman & Robin acabou por assumir na cultura pop: um espetáculo de excessos visuais, humor involuntário e estética queer avant la lettre.

Um legado congelado — mas eterno

Mesmo Uma Thurman, que deu vida à venenosa Poison Ivy, defendeu o filme: “Foi o único que realmente foi feito para crianças”, disse a atriz no ano passado. Uma afirmação curiosa, tendo em conta o infame detalhe anatómico do uniforme do Cavaleiro das Trevas — um pormenor que o próprio George Clooney comentou, entre risos, em 2014: “Não fiquei exatamente entusiasmado com os mamilos no Batsuit… Batman devia estar sempre com frio, imagino.”

O fracasso do filme levou a Warner Bros. a colocar o herói em pausa durante quase uma década. Só em 2005, com Batman Begins de Christopher Nolan, o Cavaleiro das Trevas recuperou o prestígio, inaugurando uma nova era sombria e realista com Christian Bale no papel principal.

Desde então, Ben Affleck e Robert Pattinson voltaram a reinventar o mito, e o futuro do herói já tem novos capítulos anunciados: The Batman – Part II (estreia prevista para 1 de Outubro de 2027) e The Brave and the Bold, que marcará o início do novo DCU de James Gunn.

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Entre o gótico, o pop e o absurdo, Batman & Robin sobrevive como uma relíquia extravagante — o filme que quase matou o herói, mas que hoje nos faz sorrir precisamente por isso.

🎥 8MM: Quando Nicolas Cage desceu ao inferno — e levou-nos com ele

O thriller mais sombrio de Joel Schumacher continua a perturbar, 25 anos depois

Há filmes que se recusam a oferecer conforto. 8MM (1999), realizado por Joel Schumacher, é um desses casos. Num mundo cinematográfico cheio de heróis bem-intencionados e finais redentores, esta descida aos porões da pornografia violenta e do voyeurismo doentio mantém-se como uma das propostas mais incómodas do final do século XX.

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Protagonizado por Nicolas Cage num registo contido e melancólico, o filme apresenta-nos Tom Welles, um detective privado aparentemente banal, casado, pai de família, e especialista em investigações discretas para clientes ricos. Mas tudo muda quando é contratado para verificar a autenticidade de um rolo de película 8mm onde, alegadamente, uma jovem mulher é assassinada num “snuff movie”. O que parecia um caso de rotina transforma-se rapidamente numa viagem aterradora aos meandros mais grotescos da indústria pornográfica underground.


Uma viagem sem retorno

A estrutura do filme assemelha-se a uma espiral: cada pista leva Welles mais fundo num mundo de predadores, vítimas e silêncios cúmplices. Joaquin Phoenix é a companhia perfeita nesta jornada, interpretando Max California, um empregado de videoclube sarcástico e resiliente, que guia Welles por este submundo depravado com doses equilibradas de humor negro e humanidade.

Schumacher opta por uma realização fria e claustrofóbica, onde a luz é rarefeita e o moralismo está ausente. O ambiente visual é carregado, opressivo, como se o próprio espectador estivesse a perder a inocência a par do protagonista. O ritmo lento serve a construção da tensão: quanto mais Welles investiga, mais se aproxima da sua própria ruína emocional.


Verdade ou exploração?

8MM foi fortemente criticado à época pela sua temática — não apenas por expor o tema dos “snuff films”, mas por sugerir que o horror é, muitas vezes, alimentado pela nossa própria curiosidade. A fronteira entre justiça e vingança, entre investigação e obsessão, torna-se cada vez mais ténue.

O argumento de Andrew Kevin Walker (que escreveu Seven) coloca perguntas difíceis: até onde estamos dispostos a ir para descobrir a verdade? E depois de a vermos, conseguiremos alguma vez voltar ao que éramos?

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Um thriller imperfeito, mas necessário

Se 8MM não é um filme fácil, também nunca pretende sê-lo. É um thriller sombrio, pessimista, e por vezes mesmo sensacionalista, mas levanta questões legítimas sobre o consumo de violência, o voyeurismo moderno e o custo humano da justiça. Nicolas Cage, num papel que lhe exige contenção e fúria controlada, está em sintonia com o desconforto que o filme provoca.

Passados 25 anos, continua a ser um título que desafia o espectador — a perguntar-se onde acaba o olhar e começa a cumplicidade. E isso, num mundo que ainda consome sofrimento como entretenimento, talvez faça de 8MM um filme mais actual do que nunca.