Adeus a Jonathan Kaplan: Morreu o Realizador de Os Acusados e de Mais de 50 Episódios de Serviço de Urgência

Nome incontornável do cinema e da televisão dos anos 80 e 90, Jonathan Kaplan faleceu aos 77 anos. Da influência de Scorsese à consagração com Jodie Foster, deixa um legado que atravessa décadas.

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Jonathan Kaplan, realizador norte-americano com uma carreira marcada tanto por clássicos do grande ecrã como pela televisão de prestígio, morreu na passada sexta-feira, 1 de Agosto, em Los Angeles, aos 77 anos. A notícia foi confirmada pela filha, Molly, que revelou que o cineasta enfrentava uma batalha contra o cancro no fígado.

Kaplan é talvez mais recordado por ter realizado Os Acusados (The Accused, 1988), um poderoso drama judicial que valeu a Jodie Foster o seu primeiro Óscar de Melhor Atriz. Mas a sua carreira foi vasta, eclética e cheia de momentos marcantes, tanto em cinema como na televisão — sobretudo na série Serviço de Urgência (ER), onde realizou mais de 50 episódios e foi nomeado cinco vezes aos Emmys.

De Nova Iorque a Hollywood, com uma paragem na sala de aula de Scorsese

Nascido em Paris em 1947, Jonathan Kaplan era filho do compositor Sol Kaplan e da actriz Frances Heflin. Mudou-se cedo para os Estados Unidos, dividindo a infância entre Los Angeles e Nova Iorque. Desde pequeno teve contacto com o mundo do espectáculo, primeiro nos palcos e mais tarde atrás das câmaras.

Estudou Cinema na Universidade de Nova Iorque, onde foi aluno de Martin Scorsese — e foi precisamente o mestre de Taxi Driver que o recomendou ao lendário produtor Roger Corman, lançando a sua carreira no cinema independente. Com Corman, Kaplan trabalhou em Night Call Nurses (1972), iniciando uma série de projectos com carimbo de culto.

Um olhar atento às margens da sociedade

Durante os anos 70, Kaplan realizou títulos como Truck Turner (1974), com Isaac Hayes, e White Line Fever (1975), que se tornou um sucesso entre os filmes de acção com crítica social. O seu estilo era cru, directo e sem medo de abordar realidades desconfortáveis — uma abordagem que viria a maturar em Over the Edge (1979), um retrato marcante da juventude suburbana americana.

Nos anos 80, diversificou a carreira, realizando telefilmes e videoclipes para nomes como Barbra Streisand, Rod Stewart e John Mellencamp. Mas foi em 1988, com Os Acusados, que atingiu o seu ponto mais alto em Hollywood. O filme, baseado em factos verídicos, abordava a violação em grupo de uma mulher numa casa de jogos e a subsequente batalha judicial. Jodie Foster brilhou no papel principal e o filme tornou-se um marco na representação da justiça e do trauma no cinema.

Seguiram-se filmes como Immediate Family (1989), com Glenn Close e James Woods, e Love Field (1992), com Michelle Pfeiffer — este último valeu ao realizador uma nomeação para os Óscares.

Do cinema à televisão: a segunda vida de Kaplan

Apesar de ter regressado ao cinema com Brokedown Palace (1999), protagonizado por Claire Danes, Kaplan começou a concentrar-se quase exclusivamente na televisão a partir da viragem do milénio. Realizou episódios de séries como Lei & Ordem: Unidade Especial, mas foi em Serviço de Urgência que deixou a sua marca mais profunda na pequena tela.

Entre 1997 e 2005, realizou mais de 50 episódios da série médica criada por Michael Crichton e tornou-se uma figura incontornável do projecto, ajudando a definir o seu tom visual e emocional. Foi nomeado cinco vezes aos Emmys por esse trabalho.

Um legado discreto, mas poderoso

Jonathan Kaplan pode não ter sido um nome tão mediático como outros da sua geração, mas o seu impacto foi profundo e duradouro. Do cinema social e combativo dos anos 70 ao drama televisivo de qualidade dos anos 2000, soube adaptar-se, inovar e contar histórias com humanidade e intensidade.

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O mundo do cinema e da televisão despede-se agora de um realizador que nunca virou costas aos temas difíceis — e que deu voz, imagem e dignidade a histórias muitas vezes ignoradas.

1989: O Ano em que Winona Ryder, Jodie Foster e Julia Roberts Redefiniram Hollywood

No final da década de 1980, Hollywood vivia uma transformação, e três jovens atrizes emergiam como símbolos dessa mudança: Winona RyderJodie Foster e Julia Roberts. Cada uma, com o seu talento singular e escolhas de papéis ousados, estava a moldar o futuro do cinema. O ano de 1989 tornou-se um marco, consolidando-as como nomes essenciais da indústria cinematográfica.

Winona Ryder: O Ícone da Geração Rebelde

Com apenas 18 anos, Winona Ryder já havia conquistado o público com performances memoráveis em Beetlejuice (1988) e Heathers(1989). Os seus papéis eram marcados por uma intensidade única, misturando vulnerabilidade com uma rebeldia magnética. Ryder representava uma nova geração de atores dispostos a explorar personagens complexas e fora do convencional, capturando o espírito dos jovens da época.

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Ao assumir personagens que desafiavam os estereótipos femininos, Ryder tornou-se não apenas uma estrela em ascensão, mas também uma voz autêntica no cinema, refletindo temas de alienação e resistência que ressoavam com o público jovem.

Jodie Foster: A Mente Brilhante de Hollywood

Já com uma carreira estabelecida, Jodie Foster consolidou-se como uma das atrizes mais respeitadas de Hollywood ao vencer o Óscar de Melhor Atriz por The Accused (1988). Em 1989, Foster havia transcendido os papéis de criança prodígio para se afirmar como uma artista metódica e intelectualmente rigorosa.

Escolhendo papéis que desafiavam o status quo, Foster não só demonstrava talento dramático, mas também um profundo entendimento do impacto cultural das suas escolhas. Esta abordagem visionária preparava o caminho para o seu futuro em papéis icónicos, como Clarice Starling em O Silêncio dos Inocentes (1991).

Julia Roberts: A Promessa do Brilho Estelar

Enquanto Foster já acumulava prémios e Ryder representava a contracultura, Julia Roberts estava a dar os primeiros passos para se tornar uma das maiores estrelas de Hollywood. Após o seu papel cativante em Mystic Pizza (1988), Roberts cimentou a sua presença em Steel Magnolias (1989), que lhe valeu uma nomeação ao Óscar.

Com um sorriso cativante e uma energia vibrante, Roberts trazia um carisma único que prometia redefinir o arquétipo da protagonista feminina na década seguinte. Em breve, filmes como Pretty Woman (1990) fariam dela uma estrela global, mas 1989 marcou o início do seu brilhantismo cinematográfico.

Três Mulheres, Três Caminhos, Uma Nova Hollywood

Juntas, Ryder, Foster e Roberts simbolizavam a diversidade de talentos e estilos que estavam a transformar Hollywood no final dos anos 1980. Enquanto cada uma seguia a sua própria trajetória, as três mostraram que o sucesso feminino na indústria podia assumir formas variadas: a força intelectual de Foster, a ousadia e a autenticidade de Ryder, e o carisma magnético de Roberts.

Este trio não apenas marcou o cinema de 1989, mas também influenciou gerações futuras, provando que Hollywood era um palco aberto para mulheres que ousavam desafiar limites e expectativas.

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