O actor relembra como esteve perto de vestir o fato do Homem de Aço — e porque não estava pronto para carregar o peso do símbolo
Brendan Fraser continua a surpreender com histórias inesperadas da sua carreira — e a mais recente leva-nos até ao início dos anos 2000, quando esteve seriamente em consideração para interpretar Superman numa versão desenvolvida por J.J. Abrams e produzida por Brett Ratner. O projecto nunca chegou a ver a luz do dia, mas deixou uma marca profunda na memória do actor.
Em conversa com Josh Horowitz no podcast Happy Sad Confused, Fraser revelou que chegou a fazer screen-tests para o icónico papel, numa fase em que estava no auge do sucesso com The Mummy. E, segundo ele, o guião era algo de extraordinário.
“Deixaram-me lê-lo numa sala vazia — era magnífico”
Fraser conta que teve acesso ao argumento apenas sob condições quase paranóicas de segurança:
“Assinei um NDA, trancaram-me sozinho numa sala vazia num estúdio, e o guião estava impresso a preto sobre papel vermelho-escuro para não poder ser fotocopiado. Era Shakespeare no espaço. Um guião realmente muito bom.”
Apesar de estar entusiasmado com o texto, Fraser admite que sentiu o peso da responsabilidade:
“Se eu conseguisse aquele trabalho, Superman ficaria cravado na minha lápide. Passaria a ser isso para o resto dos meus dias.”
O actor sublinha que assumir o papel implica não apenas o compromisso físico e emocional, mas também a inevitabilidade de ser para sempre associado ao super-herói — algo para o qual não sabia se estava preparado.
O medo de ficar “preso” ao símbolo
Fraser fala de uma ansiedade natural antes de qualquer grande projecto, mas no caso de Superman, o receio era muito maior:
“Torna-se parte da tua marca, de quem és. E não sei se estava pronto na altura.”
Ainda assim, reconhece que teria sido uma enorme oportunidade e que se sentia motivado pela possibilidade.
Mas a decisão acabou por ser tomada sem ele: a Warner Bros. optou por seguir outro caminho e avançou com Superman Returns (2006), realizado por Bryan Singer e protagonizado por Brandon Routh.
“O que não é para ti, passa por ti”
Fraser resume a experiência com uma frase que lhe foi dita anos mais tarde pelo cineasta Terry George, no set de Whole Lotta Sole (2012):
“O que não é para ti, passa-te ao lado.”
Foi uma forma elegante de aceitar que aquele capítulo não lhe pertencia.
O projecto de Abrams… ainda não morreu
Curiosamente, apesar do enorme sucesso do novo Superman de James Gunn — com David Corenswet no papel de Kal-El — a versão de J.J. Abrams ainda está em desenvolvimento.
Em 2021, foi noticiado que Abrams produziria um reboot escrito por Ta-Nehisi Coates, com uma abordagem alternativa e situada noutra continuidade, não ligada ao universo de Gunn. Os detalhes continuam em segredo, mas o projecto permanece vivo nos bastidores da DC.
Fraser, por sua vez, segue em frente — agora mais venerado do que nunca após o seu regresso triunfal com The Whale. Mas imaginar um “Superman Fraser” continua a ser um exercício que intriga muitos fãs… e que ele próprio descreve como uma versão grandiosa, poética e espacial da lenda kryptoniana.



