No Festival de San Sebastián, Harris Dickinson não foi apenas o ator conhecido de Babygirl, Triangle of Sadness e The Iron Claw: foi também o jovem realizador que apresentou o seu primeiro filme, Urchin. Ao lado do produtor Archie Pearch, parceiro na recém-criada Devisio Pictures, Dickinson partilhou a experiência de se lançar atrás das câmaras e a ambição de continuar a construir histórias arriscadas e pessoais.
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Urchin, rodado com cerca de 3 milhões de dólares e apoiado pela BBC Film e pelo British Film Institute, conta a história de Mike (Frank Dillane), um sem-abrigo em Londres que tenta recompor a vida enquanto luta contra o vício. O filme já tinha estreado em Cannes, recebendo reações entusiásticas, e Dickinson espera que San Sebastián traga o mesmo impacto.
O ator britânico confessou, porém, que a experiência de realizar e atuar no mesmo projeto foi desgastante: “Houve momentos em que estava em dois mundos, a tentar confiar noutros para me dizerem o que não estava a funcionar — não apenas na minha interpretação, mas em todo o enquadramento. Admiro profundamente quem o consegue fazer, de Cassavetes a Fassbinder ou Bradley Cooper. Eu não o voltaria a fazer tão cedo.”
Apesar das dificuldades, Dickinson já tem outro guião em mãos. Mal terminou Urchin, partiu de férias, mas acabou apanhado pela companheira a escrever o próximo projeto. “Não consegui parar. Tenho de escrever. Agora vamos ver se o guião é bom”, disse com humor.
Durante a conversa, não faltaram referências a colegas de peso. Trabalhar com Nicole Kidman em Babygirl levou-o, ao fim de vinte dias de filmagens, a perguntar-lhe finalmente: “Então… como era o Stanley Kubrick?” — aludindo a Eyes Wide Shut, último filme do cineasta. “Não se pode começar por aí, tem de se chegar devagar”, brincou o ator.
Com Pearch, antigo produtor da Working Title e protegido de David Heyman (Harry Potter), Dickinson já soma mais de 20 projetos em desenvolvimento na Devisio Pictures. Ambos acreditam que o futuro do cinema independente vai passar por produções de médio orçamento. “Os financiadores até preferem arriscar em filmes de 7 ou 8 milhões com grandes nomes do que em projetos de 3 milhões sem garantias”, explicou Pearch.
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E quanto a géneros? O terror, pelo menos para já, não está no radar. “Não somos grandes fãs de horror. Claro que se fosse algo extraordinário, pensaríamos nisso, mas não é o que procuramos”, disse Dickinson, antes de sorrir e admitir que abriria exceção se Guillermo del Toro batesse à porta.



