Guy Pearce em Nova Polémica: Actor Pede Desculpa Após Partilhar Conteúdos Antissemitas nas Redes Sociais

Entre a defesa pública da causa palestiniana e a disseminação involuntária de teorias conspirativas, o actor reconhece o erro, recua das redes sociais e enfrenta novo escrutínio da indústria.

Guy Pearce volta ao centro de uma tempestade mediática — e, mais uma vez, por algo que aconteceu fora dos ecrãs. O actor australiano, nomeado aos Óscares este ano por The Brutalist, pediu desculpa após partilhar conteúdos antissemitas e teorias conspirativas enquanto manifestava apoio à Palestina. As publicações, feitas em diferentes plataformas, incluíam material proveniente de figuras e grupos da extrema-direita, bem como afirmações comprovadamente falsas sobre a autoria de ataques terroristas e sobre a indústria pornográfica.

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Segundo o Jewish News, Pearce partilhou, entre outros exemplos, vídeos com Nick Fuentes — activista da supremacia branca — e conteúdos que atribuíam ataques como o 11 de Setembro ao governo israelita, além de alegações infundadas sobre proprietários judeus de empresas de pornografia. Noutras publicações, provenientes de contas com nomes como Corefitnessbynaz2, surgiam textos que misturavam críticas políticas a Israel com generalizações perigosas, insinuando ligações entre judeus, casinos de Las Vegas e corrupção.

Quando confrontado pelo Jewish News, Pearce reconheceu imediatamente o erro: “Foi-me chamado à atenção que, no meu apoio à Palestina, recompilei artigos e declarações que continham desinformação e falsidades. Estou profundamente arrependido. Partilhar conteúdo inexacto causa confusão e sofrimento; serei, daqui em diante, muito mais rigoroso na verificação de tudo o que divulgo.”

A resposta pública continuou no sábado, quando o actor anunciou que se afastaria temporariamente das redes sociais para evitar “mais danos, confusão ou feridas causadas inadvertidamente”. A decisão surge numa altura em que o escrutínio sobre figuras públicas é cada vez mais imediato — especialmente quando o debate sobre Israel e Palestina continua altamente polarizado.

Pearce tem sido vocal no seu apoio à causa palestiniana. No último ano, esse posicionamento tornou-se parte da sua imagem pública: no Festival de Cannes, usou um pin com a bandeira da Palestina — removido digitalmente de uma fotografia pela Vanity Fair France, acto que gerou indignação e levou o actor a acusar a publicação de tentar apagar sinais de solidariedade num momento de dor colectiva. Durante os Óscares de 2024, voltou a marcar posição com um pin representando uma pomba com a inscrição “Free Palestine”.

Apesar disso, a Campaign Against Antisemitism alerta para um padrão preocupante. Em comunicado, a organização admite que a desculpa é “um passo na direcção certa”, mas lembra que o actor tem “um histórico prolongado” de amplificar teorias antissemitas. Para o grupo, o que realmente importa agora é a mudança de comportamento — e como agentes, estúdios e parceiros comerciais interpretarão este momento. “A indústria estará atenta. É preciso avaliar se Guy Pearce demonstra, através de acções e não só de palavras, que é alguém com quem é responsável associar-se.”

Esta controvérsia não surge isolada. Em 2023, Pearce já tinha sido criticado por comentários nas redes sociais sobre a presença de actores trans em papéis trans. Na altura, também recuou, apagou as publicações e admitiu que tinha escolhido mal o espaço para discutir um tema sensível: “Não foi uma boa ideia levantar questões sobre identidade de género no casting através do Twitter. O meu objectivo era falar da definição de ‘actor’, mas vejo agora como isso soou insensível. Peço desculpa.”

Com a sucessão de episódios, a imagem pública de Pearce encontra-se numa zona delicada. Embora o actor tenha mostrado disponibilidade para admitir erros e corrigir rumo, a repetição de polémicas relacionadas com discursos sensíveis nas redes sociais levanta questões sobre responsabilidade e impacto — não só para a sua carreira, mas também para as causas que procura apoiar.

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Afastar-se temporariamente das plataformas digitais pode ser, para já, o gesto mais prudente. Resta saber se o tempo longe dos holofotes virtuais permitirá ao actor reconstruir a confiança do público e da indústria, num momento em que cada partilha, cada clique e cada frase escrita online carrega um peso que vai muito além de simples opinião pessoal.

Keira Knightley Entra a Bordo — E o Navio Muda de Rumo: The Woman in Cabin 10 🚢🕵️‍♀️

Simon Stone reescreve a bússola do ‘thriller’: de Ruth Ware a Hitchcock, porque pediu à atriz que não lesse o livro e como Lo Blacklock se torna “o que um bom jornalista deve ser”

A bordo de um iate de luxo no Mar do Norte, uma jornalista diz ter visto uma mulher ser atirada borda fora. Todos juram que ela está enganada. É neste vórtice de descrédito e paranoia que The Woman in Cabin 10 regressa — agora em longa-metragem para a Netflix — com Keira Knightley no leme e Simon Stone (o aclamado The Dig) a afinar o curso da adaptação do best-seller de Ruth Ware.

Não ler o livro? Ordem do capitão

Keira Knightley revelou que não leu o romance antes das filmagens — por pedido directo de Simon Stone. O realizador/argumentista quis libertar a actriz de “amarrações” ao texto original porque “fez alterações” na transposição para ecrã. A ideia: criar um thriller que respira cinema desde o primeiro plano, sem que a protagonista carregue a sombra de como certas cenas “deviam” soar no papel.

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De Ruth Ware a Alfred Hitchcock: a pista que redefine o mistério

Stone aponta The Lady Vanishes (Alfred Hitchcock) como farol criativo: alguém desaparece, todos negam a sua existência, e o espectador é empurrado para a dúvida. A matriz hitchcockiana é clara — tensão elegante, espaço fechado, psicologia em ebulição — mas esticada para um presente ultra-contemporâneo, com ritmo, ironia seca e uma protagonista que recusa “baixar a cabeça”.

Lo Blacklock, repórter até ao osso: “um cão com um osso”

Na visão de Knightley, Lo é “um cão com um osso”: não larga a verdade. A personagem é jornalista de viagens e é nesse ofício — curiosidade, método, teimosia ética — que o filme ancora a nossa percepção. Se a gaslighting a cerca, Lo redobra a persistência. Nada de voice-over condescendente; Stone trabalha por fora aquilo que o livro exprime por dentro, e deixa a actriz conduzir a obsessão com olhar, corpo e silêncio.

As grandes diferenças para o livro (sem panos quentes)

Ruth Ware confirmou que o filme assume mudanças musculadas, sobretudo no desfecho: aqui, Lo tem finalmente um confronto directo com o antagonista — um acerto de contas “em cena”, que o romance deixa “fora de campo”. É uma opção assumidamente cinematográfica: dá catarse, fecha arcos e transforma suspeita em choque frontal.

Um convés cheio de estrelas (e segredos)

O elenco é daqueles que fazem o iate adernar: Keira Knightley lidera, com Guy Pearce, Gugu Mbatha-Raw, Kaya Scodelario, Hannah Waddingham, Art Malik, Daniel Ings e David Ajala a povoarem corredores e camarotes onde todos têm algo a esconder. A dinâmica entre Lo e Ben (Ajala) condensa a claustrofobia moral do filme: confiança, ambição e o dilema de “ver” ou fingir que não viu.

Duração enxuta, tensão alta, género ao rubro

Com cerca de 1h32 de duração, The Woman in Cabin 10 abraça a tradição do thriller compacto: cenário limitado, tempo a encurtar, cada detalhe a contar. Em plena maré de adaptações com protagonistas femininas (de Gone Girl a Sharp Objects), Stone procura mais o suspense nervoso e menos o puro “twist de virar a mesa”. O que interessa é a pressão: quem fala verdade quando todos juram que mentimos?

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Porque este regresso importa

Ao pedir a Knightley que não lesse o livro, Stone transporta a narrativa para a sua própria gramática: imagem, montagem e encenação em vez de monólogo interior. O resultado promete ser um Hitchcock moderno com o coração no jornalismo — sobre acreditar nos seus olhos quando o mundo inteiro diz que não viu nada.

David Cronenberg está de regresso com The Shrouds

David Cronenberg regressa ao grande ecrã com The Shrouds, um thriller psicológico profundamente pessoal que explora o luto e a ligação entre os vivos e os mortos. O filme, protagonizado por Vincent CasselDiane KrugerGuy Pearce e Sandrine Holt, estreou no Festival de Cannes de 2024 e tem gerado grande expectativa entre os fãs do realizador canadiano. 

Uma narrativa sobre luto e tecnologia

Em The Shrouds, Cassel interpreta Karsh, um empresário inovador que, após a morte da esposa, desenvolve uma tecnologia controversa que permite aos enlutados observar em tempo real a decomposição dos seus entes queridos através de mortalhas funerárias. A trama intensifica-se quando várias sepulturas, incluindo a da sua esposa, são vandalizadas, levando Karsh a questionar as suas motivações e a natureza da sua invenção. 

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Reflexões pessoais de Cronenberg

Cronenberg descreve The Shrouds como um projeto profundamente pessoal, inspirado pela perda da sua própria esposa. Em entrevistas, o realizador revelou que o filme serve como uma forma de processar o seu luto, utilizando a ficção para explorar emoções reais e complexas.

Estreia e distribuição

O filme estreou no Festival de Cannes em 2024 e tem sido apresentado em diversos festivais internacionais desde então. A distribuição comercial está prevista para 2025, embora as datas específicas de lançamento em Portugal e no Brasil ainda não tenham sido confirmadas.

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Guy Pearce Recorda Experiências Perturbadoras com Kevin Spacey em L.A. Confidential

O ator Guy Pearce emocionou-se durante uma entrevista recente ao recordar as suas experiências desconfortáveis ao lado de Kevin Spacey durante as filmagens do clássico L.A. Confidential (1997). Pearce, que atualmente está nomeado para um Óscar pelo seu papel em The Brutalist, revelou que só muitos anos depois conseguiu processar o impacto desses encontros.

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Um Despertar Emocional e Doloroso 🎭💔

Em conversa com Scott Feinberg, no podcast Awards Chatter, Pearce explicou como o movimento #MeToo lhe deu uma nova perspetiva sobre o que havia experienciado ao trabalhar com Spacey.

“Estava em Londres quando comecei a ler as notícias sobre o Kevin e desatei a chorar. Não conseguia parar. Foi um verdadeiro despertar para mim, perceber o impacto daquilo e como tinha ignorado ou bloqueado essas memórias.”

Embora não tenha sido vítima de abuso sexual, Pearce deixou claro que se sentiu “visado” por Spacey nos bastidores do filme:

“Ele é extremamente carismático e brilhante, mas é também um homem agressivo. Eu era jovem e vulnerável, e ele escolheu-me como alvo, sem dúvida alguma.”

A Dinâmica no Set de L.A. Confidential 🎬

Pearce, que interpretou o agente Ed Exley, revelou que se sentia desconfortável sempre que Spacey estava presente nas gravações. O único momento em que se sentia mais seguro era quando o colega Simon Baker (O Mentalista) estava no set:

“Eu dizia à minha mulher: ‘Os únicos dias em que me sinto seguro são os dias em que o Simon está no set, porque o Kevin me ignora e foca-se nele. Ele era dez vezes mais bonito do que eu.’”

Apesar da sua relutância inicial em falar publicamente sobre o assunto, Pearce admitiu que já teve “algumas confrontações” com Spacey, que “ficaram feias”.

Entre a Indústria e a Justiça ⚖️

Desde 2017, várias acusações contra Spacey vieram a público, incluindo as do ator Anthony Rapp, que alegou que Spacey tentou aliciá-lo quando este tinha 14 anos. O caso resultou num julgamento, mas Spacey foi considerado não responsável. Em 2023, foi também absolvido de nove acusações de agressão sexual num tribunal britânico.

Ainda assim, Pearce mantém a sua posição crítica e explica que agora prefere “ser mais honesto e chamar as coisas pelos nomes”.

A Ascensão e o Reconhecimento de Pearce 🎥🏆

O ator australiano, que começou em novelas como Neighbours, consolidou-se como um talento de referência em Hollywood, com papéis icónicos em Priscilla, Rainha do Deserto, Memento e agora The Brutalist, nomeado para 10 Óscares. No filme da A24, Pearce interpreta um industrialista americano envolvido em assédio sexual, um papel que ganhou relevância face à sua própria experiência na indústria.

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Com a sua crescente franqueza e reconhecimento, Pearce continua a afirmar-se como um ator de enorme versatilidade, disposto a encarar tanto os desafios da ficção como as realidades da vida real.

Guy Pearce Revê “Memento” e Tem Epifania: “Sou uma Porcaria Nesse Filme” 🎭

25 anos depois do lançamento de Memento (2000), o filme que ajudou a lançar Christopher Nolan como um dos realizadores mais conceituados da atualidade, Guy Pearce decidiu revê-lo… e teve uma revelação existencial nada agradável. O ator australiano, atualmente nomeado pela primeira vez para um Óscar por O Brutalista, confessou que ficou “deprimido” ao rever o seu desempenho e que, na sua opinião, esteve longe de estar à altura do filme. 😬

Memento: Uma Obra-Prima… Mas e o Protagonista? 🤔

Em entrevista ao The Times, Pearce admitiu sem rodeios: “Sou uma porcaria nesse filme”. Segundo ele, a sua interpretação do investigador de seguros Leonard Shelby – um homem que sofre de uma condição rara de perda de memória de curto prazo e recorre a notas e tatuagens para se lembrar das pistas que o podem levar ao assassino da sua mulher – foi aquém do esperado.

*”Enquanto estava a ver, percebi que odiava o que fiz. E portanto, toda aquela coisa sobre um executivo da Warner ser o motivo de não ter trabalhado novamente com o Chris? Desabou. Sei por que não voltei a trabalhar com ele – é porque não sou bom em *Memento – afirmou, referindo-se à sua ausência nos filmes posteriores do realizador.

Pearce também recordou uma célebre frase do lendário ator britânico John Gielgud: “Pode-se ser bom num filme bom, bom num filme mau, mau num filme mau, mas nunca ser mau num filme bom”. O problema? *”Mesmo assim, vi o *Memento* e percebi que sou mau num filme bom.”* 😅

Numa pequena nota à parte, este vosso humilde escriba, não conconcorda minimamente com Pearce. Memento é e continua a ser um dos grandes filmes de Christopher Nolan e o contributo de Guy Pearce eleva a película ao nível de uma perfeita obra prima.

O Boicote Que Afinal Não Foi Boicote 🤯

Curiosamente, em dezembro passado, Pearce deu uma entrevista à Vanity Fair onde revelou que um executivo da Warner Bros. tinha impedido que ele voltasse a trabalhar com Nolan: “Havia um executivo na Warner Bros. que disse abertamente ao meu agente: ‘Não percebo o [interesse do] Guy Pearce. Nunca vou conseguir perceber. Nunca vou contratar o Guy Pearce'”.

Agora, depois desta sua “epifania negativa”, parece que Pearce já nem culpa a Warner pelo seu afastamento dos filmes do realizador de Oppenheimer e Dunkirk: “Estava a tentar ter uma atitude irreverente, mas funcionou tudo mal”, reconheceu.

Questionado sobre se chegou a contar a Christopher Nolan a sua opinião sobre a sua própria prestação, a resposta foi rápida: “Não, porque acho que ele concordaria comigo”.

O Óscar à Vista? 🏆

Apesar da autocrítica feroz ao seu papel em Memento, Guy Pearce pode estar prestes a redimir-se na noite mais importante de Hollywood. Com a sua nomeação como Melhor Ator Secundário por O Brutalista, a 97.ª edição dos Óscares, a decorrer a 2 de março de 2025, pode finalmente dar ao ator a validação que ele nunca recebeu pelo thriller de Nolan. Se levar a estatueta para casa, será que revê o Brutalista daqui a 25 anos e conclui que afinal também esteve “uma porcaria”? 🤣

Ficamos à espera para saber! Até lá, marca na agenda: dia 2 de março, os Óscares prometem grandes emoções! 🎥🍿


Guy Pearce Revela Por Que Não Voltou a Trabalhar com Christopher Nolan Após Memento

Guy Pearce, protagonista do aclamado thriller Memento (2000), revelou recentemente que um executivo da Warner Bros. bloqueou a sua carreira nos filmes de Christopher Nolan após o sucesso do filme. Em entrevista à Vanity Fair, o ator partilhou detalhes sobre a relação com o realizador e como foi afastado de grandes produções devido à opinião de um executivo do estúdio, que “não acreditava” no seu talento.

Uma Relação Promissora Interrompida

Depois de Memento, que catapultou Nolan para o sucesso em Hollywood, o realizador começou uma parceria de 18 anos com a Warner Bros., que resultou em obras icónicas como Insomnia (2002), a trilogia The Dark Knight, Inception (2010) e Tenet (2020). Apesar do impacto de Pearce no filme que iniciou esta trajetória, o ator nunca voltou a colaborar com Nolan.

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Segundo Pearce, o realizador chegou a considerá-lo para papéis em filmes como o primeiro Batman Begins e The Prestige. Contudo, um alto executivo da Warner Bros. rejeitou abertamente a ideia de voltar a trabalhar com o ator. “Houve um executivo que disse ao meu agente: ‘Eu não percebo o Guy Pearce. Nunca vou perceber o Guy Pearce. Nunca vou contratá-lo’,” revelou o ator. “De certa forma, é bom saber. Existem atores que eu também não entendo. Mas isso significava que nunca podia trabalhar com o Chris.”

Voos Frustrados e Oportunidades Perdidas

Pearce revelou que foi convidado a Londres para discutir o papel de Ra’s al Ghul em Batman Begins, que acabou por ser interpretado por Liam Neeson. No entanto, o destino foi decidido antes mesmo de aterrar. “Voaram-me para Londres para discutir o papel, mas acho que decidiram durante o meu voo que não ia estar no filme,” recordou Pearce. “Quando cheguei, o Chris disse: ‘Ei, queres ver o Batmobile e jantar?’.”

Apesar destas decepções, Pearce manteve uma relação amigável com Nolan e reconheceu que as decisões eram muitas vezes fora do controlo do realizador. A saída de Nolan da Warner Bros. após o lançamento de Tenet abriu possibilidades para futuras colaborações, uma vez que o cineasta agora trabalha com a Universal Pictures.

Novos Caminhos para Ambos

Enquanto Christopher Nolan continua a sua jornada com a Universal, tendo lançado o vencedor de Óscares Oppenheimer e com um novo projeto em desenvolvimento para 2026, Guy Pearce encontrou o seu próprio espaço. O ator está a ser fortemente elogiado pelo seu papel em The Brutalist, considerado por muitos como uma performance digna de uma nomeação ao Óscar de Melhor Ator Secundário.

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Por outro lado, o próximo filme de Nolan inclui um elenco estelar, com nomes como Matt Damon, Tom Holland, Zendaya, Charlize Theron e Anne Hathaway. Este projeto misterioso promete ser mais uma obra marcante na carreira do realizador.

Uma Carreira Definida por Resiliência

Embora a relação de Guy Pearce com os grandes estúdios tenha tido altos e baixos, o ator demonstrou resiliência ao longo dos anos, construindo uma carreira sólida em produções independentes e papéis aclamados pela crítica. A história da sua exclusão das obras de Nolan é um lembrete de como decisões de bastidores podem impactar a trajetória de um artista, mas também da capacidade de Pearce de prosperar apesar das adversidades.

Memento: O Filme que Redefiniu o Cinema Contemporâneo

Lançado em 2000, Memento é uma obra-prima do realizador Christopher Nolan, reconhecida pela sua narrativa inovadora e abordagem psicológica. Este thriller desafia as convenções cinematográficas ao explorar temas como memória, identidade e vingança. Protagonizado por Guy Pearce, o filme continua a ser um marco para os amantes de cinema e uma referência na arte de contar histórias.

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A originalidade da narrativa

Memento apresenta uma estrutura não linear que desenrola os eventos de forma reversa, imitando a desorientação vivida pelo protagonista, Leonard Shelby. Sofrendo de amnésia de curto prazo após um evento traumático, Leonard usa fotografias instantâneas, tatuagens e notas para seguir pistas que o ajudem a descobrir o assassino da sua mulher. Esta abordagem não só mantém os espectadores imersos, mas também oferece uma experiência única, colocando-os na mesma posição confusa do protagonista.

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A cinematografia de Wally Pfister contribui significativamente para a atmosfera do filme, capturando a sensação de desespero e dúvida de Leonard. O design visual é complementado pela trilha sonora inquietante de David Julyan, que amplifica a intensidade emocional da história.

Interpretações memoráveis e impacto cultural

Guy Pearce entrega uma performance marcante, equilibrando vulnerabilidade e determinação. O elenco de apoio, que inclui Carrie-Anne Moss e Joe Pantoliano, adiciona camadas de complexidade à narrativa, com personagens que desafiam constantemente as perceções do protagonista e do público.

Desde a sua estreia, Memento tem sido amplamente elogiado pela crítica e pelo público, consolidando o estatuto de Nolan como um dos mais talentosos realizadores da sua geração. O filme permanece como uma lição de inovação narrativa, inspirando cineastas e atraindo audiências interessadas em histórias desafiantes e intelectualmente estimulantes.

A Transformação de Russell Crowe e Guy Pearce para “L.A. Confidential”: Método, Sacrifícios e Surpresas

“L.A. Confidential” (1997), realizado por Curtis Hanson, é amplamente considerado um dos melhores thrillers de crime dos anos 90. Baseado no romance de James Ellroy, o filme retrata a corrupção e o submundo da Los Angeles dos anos 50, centrando-se em três polícias que vivem e interpretam a justiça de maneiras completamente distintas. Entre eles está o personagem Bud White, interpretado por Russell Crowe, que foi desafiado a adotar um nível de transformação pessoal que o levou a sacrifícios físicos e psicológicos.

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Para Crowe, o processo de encarnar Bud White foi um exercício rigoroso de auto-restrição e disciplina. Durante as filmagens, o ator foi informado pelo autor James Ellroy que White “não era um homem que bebia”. Crowe, relutante, questionou a decisão, argumentando que em 1953 seria natural que um polícia passasse os finais de turno com os colegas a beber uma cerveja. No entanto, Ellroy foi firme ao dizer que White não bebia em contexto social e que, caso bebesse, preferiria whisky sozinho. “Para mim, foi uma das partes mais dolorosas de interpretar o personagem,” admitiu Crowe. Para se alinhar completamente com a visão de Ellroy, Crowe absteve-se de álcool durante cinco meses e sete dias, o que ele descreveu como “um dos períodos mais difíceis” da sua vida.

Além da abstinência, Crowe também passou por uma preparação física incomum. Sabendo que Bud White era descrito como o maior e mais forte polícia de Los Angeles, e não possuindo altura para corresponder a essa imagem, Crowe mudou-se para um apartamento tão pequeno que precisava de se agachar para passar pelas portas. Este ambiente opressivo fez com que ele se sentisse “um gigante” ao chegar ao set, replicando o porte e a presença intimidadora de Bud White. Esta decisão reflete o compromisso de Crowe em tornar-se fisicamente e emocionalmente próximo do personagem, um esforço que muitos acreditam ter contribuído para a sua atuação poderosa e inesquecível no filme.

Curtis Hanson levou ainda mais longe a preparação dos atores, incluindo Guy Pearce, que interpretou o ambicioso Ed Exley, ao trazê-los para Los Angeles dois meses antes do início das filmagens. Durante este período, os atores trabalharam com coaches de dialetos para aperfeiçoar o sotaque americano e foram apresentados a polícias da vida real para captarem a realidade da profissão e os maneirismos dos anos 50. Esta imersão foi essencial para que Pearce e Crowe entendessem o ambiente de opressão, moralidade dúbia e conflito que marcavam a sociedade e o sistema policial da época.

Guy Pearce, por sua vez, teve uma experiência curiosa enquanto se preparava para o papel. Durante um show de James Ellroy em Melbourne, Austrália, Pearce estava na audiência quando um espectador perguntou se algum dos livros de Ellroy seria adaptado para o cinema. Ellroy respondeu que “L.A. Confidential” estava em pré-produção e que dois australianos estavam escalados para o elenco. A audiência riu-se, pensando que Ellroy fazia uma piada, brincando com a ideia de que dois atores locais – Pearce e Crowe – protagonizariam um filme de grande orçamento em Hollywood. Pearce, embaraçado no momento, só mais tarde veria a reação do público como um reflexo do quão improvável parecia a sua participação num projeto desta dimensão.

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No final, esta combinação de método e dedicação resultou num filme que não só se destacou pela qualidade técnica e narrativa, mas também pelas atuações profundas e autênticas de Crowe e Pearce. “L.A. Confidential” é uma prova de que, muitas vezes, os sacrifícios e a atenção aos detalhes na preparação de um papel podem elevar uma interpretação, tornando-a memorável e única.

“The Brutalist” de Brady Corbet: Uma Obra-prima de 205 Minutos no Festival de Veneza

O Festival de Cinema de Veneza deste ano tem sido um verdadeiro espetáculo de cinema inovador, e “The Brutalist”, de Brady Corbet, emergiu como uma das obras mais comentadas. Este filme de 205 minutos, apresentado no prestigioso formato de 70mm VistaVision, não só cativou o público com a sua história poderosa, mas também com a sua execução técnica. Corbet, que já trabalhou como ator com realizadores icônicos como Lars von Trier e Michael Haneke, trouxe a sua sensibilidade única para este projeto ambicioso que mistura história, arquitetura, arte e uma carga emocional intensa.

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“The Brutalist” narra a vida de László Tóth, um arquiteto húngaro sobrevivente do Holocausto que imigra para os Estados Unidos, onde se depara com novos desafios sob o controlo de um empresário despótico interpretado por Guy Pearce. Adrien Brody, que já ganhou um Óscar por interpretar um sobrevivente do Holocausto em “O Pianista”, oferece mais uma atuação marcante como Tóth, uma personagem que busca reconstruir a sua vida e a sua carreira num novo mundo, enquanto lida com os fantasmas do passado. O filme é um tributo à tenacidade do artista e uma reflexão profunda sobre os traumas persistentes do passado.

O uso do formato analógico VistaVision por Corbet foi uma escolha deliberada para dar ao filme uma sensação de autenticidade e gravidade, algo raro no cinema contemporâneo. “Este foi um filme incrivelmente difícil de fazer. Trabalhei nele durante sete anos”, explicou Corbet. A produção de “The Brutalist” não foi apenas sobre contar uma história, mas também sobre capturar a essência de uma época e o espírito de uma pessoa determinada a manter a sua integridade artística contra todas as adversidades.

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O filme foi recebido com uma ovação de 12 minutos no festival, uma clara indicação da sua ressonância com o público e os críticos. Corbet mencionou que “The Brutalist” é uma obra de ficção, mas com raízes profundamente ligadas a eventos reais e históricos, tornando-se uma poderosa ferramenta para refletir sobre o presente e o futuro da humanidade.