South Park volta a provocar e Casa Branca não acha graça nenhuma

No arranque da 27.ª temporada, a série de animação volta a centrar-se em Donald Trump — com uma versão do presidente criada por Inteligência Artificial a viver situações tão bizarras quanto provocatórias.

A nova temporada de South Park mal estreou e já está a gerar reacções inflamadas. No primeiro episódio da 27.ª temporada, a série satírica apresenta uma versão de Donald Trump recriada digitalmente — com Inteligência Artificial — e coloca-a a vaguear pelo deserto num estado de grande fragilidade (física e… emocional).

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Num dos momentos mais ousados do episódio, essa representação alternativa do presidente tenta convencer uma conhecida personagem das profundezas a envolvê-lo numa cena embaraçosa — com resultados, claro está, hilariantes e desconcertantes para os padrões de South Park.

🤐 O problema? A Casa Branca não achou graça nenhuma.

Críticas duras por parte do porta-voz oficial

O porta-voz da presidência norte-americana, Taylor Rogers, foi rápido a reagir:

“Este programa não tem relevância há mais de 20 anos e sustenta-se por um fio, com ideias pouco inspiradas numa tentativa desesperada de chamar a atenção.”

E acrescentou, referindo-se ao desempenho do presidente:

“Trump cumpriu mais promessas em apenas seis meses que qualquer outro presidente na história do nosso país, e nenhum programa de quinta categoria pode interromper a sequência de vitórias do presidente.”

As palavras foram fortes, mas o episódio também não poupou nos exageros — como é tradição na série criada por Trey Parker e Matt Stone, que já parodiaram praticamente tudo o que se move na cultura americana, da Igreja da Cientologia aos Óscares, passando por Elon Musk e… sim, o Canadá.

Um sucesso de bilheteira, mesmo com críticas

Apesar do desconforto político, South Park continua a ser uma das séries mais valiosas da televisão. O estúdio responsável, a Paramount, assinou recentemente um contrato de 1,5 mil milhões de dólares para manter a série na sua plataforma de streaming durante os próximos cinco anos.

Coincidência ou não, este episódio particularmente ousado surge no mesmo período em que a Paramount se encontra num processo de fusão com a Skydance, num negócio avaliado em 8 mil milhões de dólares, que abrange não só os estúdios de cinema como canais como CBS, MTV, Nickelodeon e Comedy Central.

Nada que South Park já não tenha feito

Este episódio provocador segue a tradição de sátira dura da série, agora a caminho da terceira década de exibição. Os criadores parecem mais interessados em manter a irreverência do que em agradar à política do momento — e, convenhamos, o público espera precisamente isso de South Park.

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Entre a crítica afiada, o humor absurdo e as reacções viscerais que provoca, South Park mantém-se como uma das últimas grandes fortalezas da comédia que não tem medo de pisar o risco — mesmo que isso implique uma reacção furiosa… diretamente de Washington.

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🔧 O que têm em comum uma comédia animada que já dura há 28 anos e um império mediático avaliado em milhares de milhões de dólares? A resposta: uma guerra de bastidores que ameaça parar South Park no auge do seu sucesso. Com a estreia da 27.ª temporada adiada para 23 de julho e ainda envolta em incerteza, o destino da série criada por Trey Parker e Matt Stone pode depender do desfecho de um braço-de-ferro que envolve Paramount, Skydance e um contrato avaliado em 3 mil milhões de dólares.

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O conflito surgiu na sequência da iminente fusão entre a Paramount Global e a Skydance, liderada por David Ellison, filho do magnata da tecnologia Larry Ellison. Enquanto Parker e Stone — através da sua produtora Park County — acreditavam ter fechado um acordo com a Paramount para um novo contrato de 10 anos, a Skydance veio deitar água na fervura. A empresa, que deverá assumir o controlo da Paramount, recusa um compromisso tão prolongado, preferindo um modelo de cinco anos, mais alinhado com as incertezas do mercado e a sua estratégia de contenção financeira.

Este desacordo tem já consequências práticas. Os direitos de streaming da série expiraram a 30 de junho, levando à sua remoção da plataforma Paramount+ fora dos EUA. Para manter os episódios disponíveis, foi necessário renovar temporariamente o acordo com a HBO Max — um remendo que está longe de garantir estabilidade. E enquanto isso, Parker e Stone continuam a trabalhar nos novos episódios, mas sem garantia de que cheguem aos ecrãs. A frustração é tal que os criadores recorreram às redes sociais para desabafar: “Esta fusão é um desastre e está a lixar o South Park”.

💥 O cerne do problema reside numa proposta que, segundo fontes próximas, triplicaria o valor do contrato anterior dos criadores. Park County exige um novo acordo de 3 mil milhões de dólares por 10 anos, mas a Skydance, apesar de ainda não ter formalizado a aquisição, reclama o direito de vetar contratos de valor significativo. E está a fazê-lo. A resposta foi imediata: Parker e Stone contrataram Bryan Freedman, um dos advogados mais agressivos de Hollywood, para defender os seus interesses — e uma batalha legal está prestes a estalar.

Não se trata apenas de dinheiro. A estrutura da Park County, criada em 2007, dá aos criadores uma fatia de cerca de 50% da receita de streaming da série — um modelo raríssimo, e que os coloca numa posição negocial invulgarmente forte. Mas com um empréstimo de 800 milhões de dólares por pagar à Carlyle Group (com cerca de 80 milhões de dólares anuais só em juros), a pressão sobre Parker e Stone está a aumentar. A Paramount poderá estar disposta a pagar mais de 150 milhões por ano… mas não durante uma década.

🤝 Entre os vários intervenientes surgem nomes sonantes: Jeff Shell (ex-CEO da NBCUniversal), agora aliado da RedBird Capital e cotado para liderar a nova Paramount; Chris McCarthy, co-CEO da Paramount; e Kevin Morris, advogado e conselheiro de longa data de Parker e Stone (e também conhecido por ajudar financeiramente Hunter Biden).

E como se tudo isto não fosse já complexo, a própria fusão entre Skydance e Paramount tem estado envolta em polémica política, com ramificações que chegam a Donald Trump, ao programa 60 Minutes e à vice-presidente Kamala Harris. Uma tempestade perfeita.

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A única certeza? Enquanto os criadores e os executivos discutem cláusulas e prazos, milhões de fãs aguardam — impacientes e no escuro — pelo regresso de South Park. Uma série que sobreviveu a cancelamentos culturais, censura internacional e pandemias, pode agora ver-se travada por… contratos e fusões.