“A Rapariga que Desapareceu”: o thriller finlandês que vai prender Portugal ao ecrã

Filmin prepara-se para trazer mais um título de peso ao catálogo português. A 19 de agosto estreia-se em exclusivo A Rapariga que Desapareceu, uma minissérie finlandesa de quatro episódios que promete agarrar o público até ao último minuto.

Do romance ao suspense televisivo

Criada pelo romancista e cineasta Simo Halinen, a série adapta o seu próprio livro Nainen joka katosi (ainda inédito em Portugal), distinguido com o prémio da Associação Finlandesa de Histórias Policiais para melhor romance de estreia. A adaptação marca também a primeira vez que Halinen leva para o ecrã uma das suas obras literárias.

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Segundo o próprio, o processo foi desafiante mas libertador:

“Foi interessante ver como a obra se foi distanciando do material original do livro e se tornou algo novo e independente.”

Uma relação perfeita… até deixar de o ser

A narrativa acompanha Aaro (Johannes Holopainen), um jovem carismático que conhece Maura (Saga Sarkola). O romance entre ambos começa como um conto de fadas moderno, mas depressa se transforma em pesadelo: Maura desaparece subitamente, sem deixar rasto.

Na tentativa de descobrir o que aconteceu, Aaro percebe que a mulher que julgava conhecer escondeu a sua verdadeira identidade. As respostas levam-no a um crime do passado, cujas repercussões se revelam muito mais vastas do que podia imaginar.

Produção com selo de qualidade nórdica

A Rapariga que Desapareceu foi filmada na região de Turku, no sudoeste da Finlândia, e é produzida pela ReelMediapara a C More e a MTV. O produtor Jani Hartikainen descreve a obra como uma “série de suspense de grande qualidade e muito estilo,que mantém o espectador em suspenso até ao seu desfecho surpreendente”.

Com apenas quatro episódios, o formato promete intensidade, ritmo e uma atmosfera carregada, características que têm feito do Nordic Noir um fenómeno global.

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A 19 de agosto, os subscritores portugueses da Filmin terão a oportunidade de mergulhar neste mistério finlandês que mistura romance, identidade e crime num cocktail de tensão.

Um Monge, Uma Espingarda e Muitas Surpresas: A Joia Nepalesa Chegou ao FilmIn 🎥

“O Monge e a Espingarda” mistura espiritualidade, acção e humor com um toque de Wes Anderson… nos Himalaias

Preparem-se para uma das experiências cinematográficas mais inesperadas e deliciosamente originais do ano: O Monge e a Espingarda (The Monk and the Gun), de Pawo Choyning Dorji, já está disponível no FilmIn Portugal. E se o nome do realizador vos soa familiar, é porque o seu anterior filme Lunana: A Yak in the Classroom foi nomeado ao Óscar de Melhor Filme Internacional em 2022. Agora, o cineasta do Butão volta a surpreender com esta obra singular que combina política, espiritualidade e… armas de fogo.

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Uma sátira budista no coração do Himalaia

Ambientado em 2006, o filme acompanha um pequeno vilarejo butanês prestes a realizar eleições democráticas pela primeira vez. Mas o centro da narrativa é um velho monge que acredita que, para restaurar o equilíbrio cósmico, precisa de obter duas armas de fogo — e depressa. O insólito pedido desencadeia uma cadeia de eventos que vai envolver candidatos ambiciosos, turistas americanos apaixonados por armamento e uma população que mal compreende o que é o voto secreto.

À semelhança de Lunana, o realizador continua a explorar as tensões entre tradição e modernidade, mas aqui fá-lo com um tom mais satírico e mordaz, sem nunca perder a ternura pelas suas personagens. O resultado é uma espécie de dramedy transcendental, onde o absurdo do mundo moderno colide com a sabedoria ancestral do Budismo.

Uma fábula moderna com cheiro a Mosteiro

Rodado com paisagens deslumbrantes do Butão e um elenco de não-profissionais que conferem autenticidade tocante à história, O Monge e a Espingarda é um daqueles filmes que dificilmente se esquece. É ao mesmo tempo uma crítica subtil à globalização, uma reflexão sobre a fé, uma comédia política e uma fábula sobre escolhas — tudo embrulhado num ritmo contemplativo, mas pontuado por momentos de inesperada acção e ironia.

Não esperem tiroteios à Tarantino (apesar do título), mas sim uma abordagem cheia de simbolismo, humor e compaixão budista — o tipo de filme que poderia sair da mente de Wes Anderson se este trocasse os cenários coloridos de Paris pelos vales de Paro.

Uma estreia discreta… mas obrigatória

Depois de ter passado por festivais como Telluride, Toronto e Berlim, O Monge e a Espingarda chegou silenciosamente ao FilmIn, onde aguarda agora por espectadores curiosos, pacientes e dispostos a mergulhar num universo que raramente vemos no grande ecrã.

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Para quem procura cinema que desafia convenções, que mistura géneros com elegância e que nos obriga a pensar com um sorriso nos lábios, esta é uma paragem obrigatória. Como o próprio filme sugere, às vezes é preciso um monge e uma espingarda para nos lembrar que o mundo pode ser absurdo, mas também cheio de sentido.

Tesouro Cinematográfico: 32 filmes de Ingmar Bergman restaurados chegam ao streaming em Portugal 🎥✨

Obras inéditas do mestre sueco estreiam-se finalmente no nosso país — e sem precisar sair do sofá

Se o cinema é uma forma de arte, então Ingmar Bergman é um dos seus pintores mais profundos, meticulosos e intensos. Agora, pela primeira vez, grande parte da sua obra vai estar disponível — legalmente e em versão restaurada — para o público português. E não é numa sala escura de cinema, mas sim no conforto do lar.

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A partir desta quinta-feira, a plataforma Filmin estreia 32 filmes de Ingmar Bergman, muitos deles inéditos no circuito comercial português, numa coleção cuidadosamente restaurada que promete fazer as delícias de cinéfilos e curiosos. A iniciativa é mais do que uma estreia: é uma reparação histórica.

Bergman em todo o seu esplendor (e angústia)

Entre os títulos mais conhecidos da coleção estão alguns dos clássicos imortais do sueco: Mónica e o Desejo (1953), O Sétimo Selo (1957), Morangos Silvestres (1957), A Hora do Lobo (1968), Lágrimas e Suspiros (1972), Cenas da Vida Conjugal (1973), A Flauta Mágica (1975) e o majestoso Fanny e Alexandre (1982).

Mas o verdadeiro trunfo está nas raridades: filmes que, apesar do prestígio internacional de Bergman, nunca chegaram a ser exibidos comercialmente em Portugal. Entre eles, destacam-se Cidade Portuária (1948), A Sede (1949), Mulheres que Esperam (1952) e Depois do Ensaio (1984). Para os mais aficionados, isto é equivalente a encontrar um manuscrito perdido de Shakespeare numa arrecadação.

Um olhar íntimo sobre o génio

Para complementar esta maratona bergmaniana, a Filmin disponibiliza ainda o documentário Ingmar Bergman – A Vida e Obra do Génio (2018), realizado por Margarethe von Trotta. Nesta homenagem íntima e informada, von Trotta percorre os lugares simbólicos da vida e carreira do realizador — da Suécia à França e Alemanha — e junta testemunhos de colaboradores, familiares e realizadores da nova geração influenciados pelo seu legado.

Com excertos emblemáticos, reflexões sobre os temas obsessivos da sua obra (a morte, a fé, o silêncio de Deus, o amor, a crise conjugal…), o documentário é a porta de entrada ideal para quem ainda não se aventurou pelos labirintos psicológicos e existenciais de Bergman.

Um mestre eterno

Ingmar Bergman (1918–2007) realizou 41 longas-metragens, 12 curtas e centenas de peças de teatro. Morreu com 89 anos na ilha báltica de Fårö, que tão frequentemente serviu de cenário para os seus filmes — um local que ele transformou num território mental, cinematográfico e espiritual.

Se nunca viu O Sétimo Selo, agora é a altura certa para conhecer a morte mais icónica da história do cinema. Se já viu, talvez esteja na hora de descobrir Mulheres que Esperam ou Cidade Portuária, títulos que agora finalmente chegam a Portugal — ainda que com décadas de atraso.

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Mas como bem nos ensinou Bergman, nunca é tarde demais para encarar os fantasmas — ou o génio.