O Filme Clássico dos Anos 80 que Jack Nicholson Desprezou

Jack Nicholson teve uma carreira cinematográfica verdadeiramente impressionante. Desde o seu papel de destaque em Easy Rider (1969) até The Bucket List (2007), parecia estar sempre no auge. No entanto, apesar de ter continuado a conseguir grandes papéis até aos anos 2000, já em 1986 começava a sentir-se deslocado na indústria de Hollywood.

Numa entrevista ao New York Times nesse mesmo ano, Nicholson revelou que viu O Rei dos Gazeteiros (Ferris Bueller’s Day Off) e odiou cada momento do filme. Embora seja considerado por muitos como a melhor obra de John Hughes, o lendário ator detestou a experiência.

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“Esse filme fez-me sentir completamente irrelevante para tudo o que qualquer audiência poderia querer, e com 119 anos de idade”, confessou Nicholson. “Acreditem, toda a gente que estava a ver gostou. Mas eu saí da sala a pensar que os meus dias estavam contados. Estas pessoas estão a tentar matar-me.”

À primeira vista, pode parecer que Nicholson se referia à glorificação da juventude no filme. Afinal, O Rei dos Gazeteirosé uma ode à rebeldia adolescente, onde Ferris e os seus amigos se divertem por Chicago enquanto os adultos chatos tentam pôr-lhes travão. Para um espectador de meia-idade, o filme pode parecer uma provocação de 103 minutos. No entanto, a antipatia de Nicholson por este clássico dos anos 80 estava ligada a algo mais profundo: uma mudança preocupante que ele via em Hollywood.

Nicholson temia que Hollywood estivesse a perder criatividade

Durante a entrevista, Nicholson criticou a crescente “conglomeração” da indústria cinematográfica, referindo-se à forma como os grandes estúdios estavam a controlar cada vez mais a criatividade dos realizadores e argumentistas. Quando mencionou O Rei dos Gazeteiros, foi em resposta à pergunta: “Sente-se uma pessoa criativa presa numa era pouco criativa da indústria?”

Olhando para trás, pode parecer difícil simpatizar com a crítica de Nicholson, especialmente porque, atualmente, a falta de criatividade em Hollywood é mais evidente do que nunca. Com a proliferação de sequelas, remakes, reboots e filmes baseados em brinquedos, há quem deseje que regressasse a era em que O Rei dos Gazeteiros fosse visto como um sinal da falta de originalidade. Afinal, o filme foi uma história completamente nova e conseguiu 14 vezes o seu orçamento nas bilheteiras – algo que, do ponto de vista de 2024, parece quase um milagre.

No entanto, Nicholson era um ator cuja carreira atingiu o auge nos anos 70, uma década muitas vezes considerada a melhor de sempre em termos de criatividade cinematográfica. Enquanto os anos 70 eram marcados por dramas introspectivos que desafiavam os limites do cinema e do público, os anos 80 assistiram à ascensão dos blockbusters de grande público. Filmes seguros, de apelo universal, começaram a dominar a indústria.

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O Rei dos Gazeteiros não era um blockbuster no sentido tradicional, mas era uma comédia juvenil leve e divertida, cujo principal objetivo não era desafiar convenções, mas sim promover a ideia de que fazer o que quiseres, sem consequências, é sempre a melhor opção. Embora o arco narrativo de Cameron – o verdadeiro protagonista do filme – seja bem desenvolvido, a maior parte dos espetadores sempre viu O Rei dos Gazeteiros como uma fantasia de escapismo e desejo. Para um ator como Jack Nicholson, que brilhou em filmes densos e perturbadores como O Iluminado (The Shining) e Chinatown, não é difícil perceber porque não gostou da experiência… mas gostos não se discutem, pois não?

Glenn Close e o Final Alterado de “Atração Fatal”: Uma Batalha Perdida que Mudou o Cinema

Passaram mais de três décadas desde a estreia de Atração Fatal (1987), mas para Glenn Close, a memória da batalha em torno do final do filme continua viva. Durante uma conversa no programa de Drew Barrymore, a atriz revisitou o impacto cultural do thriller psicológico e a revolta que sentiu ao ver o destino da sua personagem, Alex Forrest, ser radicalmente alterado por motivos comerciais.

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O Final Original: Complexidade e Tragédia

No guião original, o final apresentava Alex a atacar Dan Gallagher (Michael Douglas) com uma faca de cozinha antes de usar a mesma arma para se suicidar. Este desfecho trágico tinha como objetivo sublinhar a fragilidade psicológica de Alex e criar um dilema moral ao incriminar Dan, cujas impressões digitais ficariam na faca.

“A pesquisa que fiz mostrou-me que Alex era uma mulher profundamente perturbada, mas não uma psicopata,” explicou Glenn Close. “Ela teria escolhido o suicídio antes de cometer um homicídio.”

A Mudança Imposta e a Luta de Glenn Close

Com base em testes de audiência, o estúdio decidiu alterar o final para que Alex voltasse a atacar a família de Dan, culminando numa luta que resultava na sua morte às mãos da esposa, Beth (Anne Archer). A decisão visava satisfazer um público que “odiava Alex por se intrometer na família perfeita de Dan,” como revelou Close.

A atriz opôs-se fervorosamente à mudança, argumentando que o novo final traía a essência da personagem. Glenn recordou a reunião com o realizador Adrian Lyne, Michael Douglas e produtores: “Eu perguntei-lhes: ‘E se fosse a tua personagem? O que farias?’” Contudo, a resposta de Douglas foi pragmática: “Querida, sou uma prostituta. Quero que o filme seja um sucesso.”

Apesar das suas objeções, Close acabou por ceder após uma conversa com o colega e amigo William Hurt, que a incentivou a seguir em frente com a equipa.

Um Final Polémico e um Fenómeno Cultural

A versão alterada tornou Alex Forrest numa das vilãs mais icónicas do cinema, marcando a personagem como “a mulher mais odiada da América.” Atração Fatal transcendeu as salas de cinema, gerando debates sobre infidelidade, saúde mental e dinâmicas de género.

Embora tenha sido nomeada para o Óscar de Melhor Atriz pelo papel, Glenn Close continua a defender que Alex era uma mulher vulnerável e não a “psicopata” retratada no final do filme. Em 2018, numa conferência na Universidade de Oxford, reconheceu que o final alternativo foi crucial para o sucesso comercial do filme, ao oferecer ao público uma catarse emocional e a esperança de uma “família unida” após o pesadelo.

Legado de “Atração Fatal”

Mais do que um thriller de sucesso, Atração Fatal tornou-se um marco cultural, abordando temas complexos com interpretações memoráveis. Apesar de ter perdido a batalha pelo final, Glenn Close destacou-se como uma força criativa, dando profundidade a uma personagem que continua a ser tema de discussão décadas depois.

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