🎬 Adeus, Utah: Festival de Sundance muda-se para o Colorado após 46 anos

O Festival de Sundance, um dos mais prestigiados palcos do cinema independente mundial, prepara-se para uma mudança histórica em 2027: após 46 anos em Park City, no estado do Utah, a nova casa do evento passará a ser Boulder, no Colorado. A decisão marca o fim de uma era que ajudou a definir gerações de cineastas e mudou para sempre a paisagem do cinema alternativo norte-americano.


Uma mudança inevitável nas palavras de Redford

Cofundador do festival e figura lendária de Hollywood, Robert Redford não escondeu o simbolismo da decisão:

“A mudança é inevitável. Estou grato à comunidade de Boulder”, afirmou.

A declaração acompanha o anúncio feito pela diretora executiva do Instituto Sundance, Amanda Kelso, que sublinhou a identidade artística, tecnológica, montanhosa e universitária da nova cidade anfitriã como sendo ideal para o crescimento e renovação do festival.


Porquê Boulder?

Com cerca de 100 mil habitantes, Boulder fica próxima da cidade de Denver e a apenas duas horas e meia de avião de Los Angeles, um fator logístico importante para os profissionais da indústria. O campus universitário da cidade alberga 38 mil estudantes, oferecendo um novo público ávido por experiências cinematográficas inovadoras.

Além disso, a proposta vencedora do Colorado inclui 34 milhões de dólares em incentivos fiscais, um argumento que pesou na decisão da organização, que rejeitou as candidaturas de Salt Lake City (também no Utah) e de Cincinnati (Ohio).

Mas os fatores políticos também foram relevantes: o ambiente mais liberal do Colorado contrasta com as recentes polémicas no Utah, onde legisladores republicanos preparam leis para proibir a exibição de bandeiras LGBTQ+ em edifícios públicos. Um dos congressistas mais vocais chegou mesmo a acusar Sundance de “fazer pornografia” e de já não representar o estado.


Um legado que moldou o cinema moderno

Desde a sua fundação, o Sundance tem sido uma rampa de lançamento para alguns dos nomes mais aclamados da sétima arte. Estreias como:

• Cães Danados, de Quentin Tarantino

• Sexo, Mentiras e Vídeo, de Steven Soderbergh

• Boyhood e Before Sunrise, de Richard Linklater

• Whiplash, de Damien Chazelle

• Foge, de Jordan Peele

são apenas alguns exemplos da profunda influência que o festival exerceu nas últimas décadas.

Estima-se que mais de 4000 filmes tenham passado pelas salas de Park City, onde o frio cortante e a altitude (mais de 2100 metros) tornaram-se tão icónicos quanto os próprios filmes.


O fim de uma era… e o início de outra?

última edição de Sundance em Park City acontecerá de 22 de janeiro a 1 de fevereiro de 2026. A partir de 2027, o Colorado assume o protagonismo e promete rejuvenescer o festival sem apagar o legado construído.

No entanto, nem todos estão satisfeitos. O governador do Utah, Spencer Cox, lamentou a saída, chamando-a de “erro” e prometendo lançar um novo festival para ocupar o vazio deixado por Sundance.

Com a mudança para Boulder, o Sundance assume-se como um evento atento às transformações sociais, políticas e culturais, procurando renovar a sua missão de apoiar o cinema independente e desafiar narrativas convencionais.

E quem sabe? Talvez este novo capítulo traga ainda mais Cães DanadosFuges ou Boyhoods ao mundo. Afinal, o espírito do cinema independente vive da mudança, da ousadia e da capacidade de se reinventar

The Thing with Feathers – O Horror do Luto Que Nunca Atinge o Alvo 🎭🪶

The Thing with Feathers, a aguardada adaptação da novela Grief is the Thing with Feathers, de Max Porter, estreou no Festival de Sundance com grande expectativa. Contudo, o filme, realizado por Dylan Southern e protagonizado por Benedict Cumberbatch, não conseguiu captar a magia sombria e emocional do material original, resultando num drama convencional que fracassa como metáfora de horror e como retrato autêntico do luto.

Uma Promessa Não Cumprida 🎥

Dylan Southern apresentou o filme como algo fora do comum, distante dos típicos dramas de luto. No entanto, o resultado é surpreendentemente familiar e, em muitos momentos, aborrecido. Enquanto filmes como The Babadook exploraram com eficácia o equilíbrio entre o horror literal e o emocional, The Thing with Feathers falha em ambos os aspetos.

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A história segue um pai (Cumberbatch), devastado pela morte da esposa, enquanto tenta cuidar dos seus dois filhos e trabalhar num novo romance gráfico. A chegada de um corvo falante, dublado por David Thewlis, promete ser um catalisador de transformação, mas a execução torna-se um ciclo repetitivo de sustos ineficazes e diálogos sarcásticos que pouco acrescentam à narrativa.

Personagens Mal Desenvolvidos e Falta de Emoção 💔

Um dos maiores problemas do filme é a falta de profundidade emocional e de construção dos personagens. O protagonista é apresentado através de clichês: esquecer o leite, queimar torradas, gritar ao telefone e recusar ajuda. A sua esposa, descrita apenas como gentil e cheirosa, nunca ganha uma presença significativa, tornando a sua perda pouco tangível para o público.

Enquanto o corvo deveria ser uma figura central que desafia e transforma o pai, a relação entre eles carece de substância ou progresso. Apesar do compromisso de Cumberbatch com o papel, o roteiro limita o seu desempenho a uma repetição de cenas de desespero – gritar, chorar, rabiscar. O resultado é um protagonista emocionalmente exausto que reflete a própria experiência do público.

Um Horror Que Não Assusta 👻

Embora Southern tenha prometido elementos absurdos e ridículos, como Cumberbatch dançando e imitando o corvo, essas cenas parecem datadas e não atingem o impacto esperado. O filme falha em encontrar um equilíbrio entre o grotesco e o emocional, e nunca esclarece completamente o papel do corvo ou as suas intenções, deixando o público mais confuso do que envolvido.

Mesmo com momentos de potencial, como a breve aparição de Vinette Robinson, o filme não consegue sustentar a sua narrativa, tornando-se cada vez mais monótono e desinteressante.

Um Retrato de Luto Que Não Emociona 😞

O maior fracasso de The Thing with Feathers é a sua incapacidade de transmitir a verdadeira dor do luto. Um filme sobre perda deveria envolver-nos emocionalmente, criando um vínculo entre os personagens e o público. No entanto, este filme falha em capturar a tristeza esmagadora ou a complexidade emocional que o material original prometia.

Conclusão: Uma Oportunidade Perdida 🎭❌

The Thing with Feathers tinha todos os elementos para ser uma adaptação poderosa, mas acaba por ser uma experiência frustrante. A falta de detalhes na narrativa, a execução desequilibrada e a ausência de emoção autêntica tornam este filme uma história sobre luto que, ironicamente, não consegue reter o público.

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Enquanto Grief is the Thing with Feathers permanece como uma obra marcante na literatura, a sua adaptação cinematográfica deixa muito a desejar, falhando em encontrar a mesma magia no grande ecrã.