MDOC 2024: Festival Internacional de Documentário de Melgaço Regressa com 33 Filmes em Competição e um Olhar Atento sobre o Mundo

🎥 Melgaço volta a afirmar-se como epicentro do cinema documental em Portugal com a 11.ª edição do MDOC – Festival Internacional de Documentário, que decorre entre 28 de julho e 3 de agosto. Com 33 filmes em competição, provenientes de 23 países, o festival mantém a sua vocação como espaço de reflexão crítica, onde as imagens não servem apenas para entreter, mas para entender melhor o mundo que habitamos.

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Este ano, a selecção — feita a partir de mais de 800 submissões — é marcada por um tema transversal: Identidade, Memória e Fronteira. Uma tríade que percorre todas as obras em exibição e que ganha especial pertinência num momento em que as questões identitárias, os legados históricos e as fronteiras físicas e simbólicas estão no centro dos debates sociais e políticos contemporâneos.

Um festival cada vez mais internacional

A edição de 2024 assinala também a crescente visibilidade do MDOC no panorama internacional. Para além dos habituais prémios Jean-Loup Passek e D. Quixote (atribuído pela Federação Internacional de Cineclubes), será, pela primeira vez, entregue o prestigiado FIPRESCI Prize, da Federação Internacional de Críticos de Cinema — um reconhecimento da qualidade e da curadoria rigorosa que caracteriza o festival.

A competição divide-se entre 16 curtas e médias-metragens e 17 longas-metragens, com todos os títulos internacionais a serem exibidos pela primeira vez em Portugal. A diversidade temática e geográfica é assinalável, confirmando a vocação global do MDOC — mas com os pés bem assentes na realidade local e na memória do território de Melgaço.

Filmes que mergulham no coração do nosso tempo

Entre os destaques da programação está Bedrock (29 de julho), de Kinga Michalska, que recupera os ecos do Holocausto e a sua persistente marca na história contemporânea. Flowers of Ukraine (1 de agosto), de Adelina Borets, retrata a resistência silenciosa de uma mulher em contexto de guerra, enquanto My Memory is Full of Ghosts (31 de julho), de Anas Zawahri, oferece uma visão poética e devastadora da cidade síria de Homs.

O cinema português também marca presença com obras como O Diabo do Entrudo (30 de julho), de Diogo Varela Silva, que regista as tradições do Entrudo de Lazarim, ou Kora (3 de agosto), de Cláudia Varejão, que acompanha mulheres refugiadas em Portugal na reconstrução das suas vidas. Há ainda espaço para abordagens mais íntimas, como Ancestral Visions of the Future (2 de agosto), de Lemohang Jeremiah Mosese, ou Cutting Through Rocks (2 de agosto), de Sara Khaki, sobre a primeira vereadora eleita numa aldeia iraniana, num gesto de ruptura com séculos de patriarcado.

E há também cinema de longo fôlego, como Afterwar (1 de agosto), de Birgitte Stærmose, filmado ao longo de 15 anos, acompanhando crianças que crescem sob o peso dos traumas da guerra. Um exemplo de perseverança artística e de compromisso ético com os protagonistas e com o espectador.

Homenagens, formação e novos olhares

Fora da competição, o MDOC reserva espaço para a homenagem e a pedagogia. A estreia nacional de O Homem do Cinema, de José Vieira, presta tributo ao crítico e programador Jean-Loup Passek, figura incontornável do pensamento cinematográfico europeu e cuja memória continua a inspirar o festival.

O programa Plano Frontal dará a conhecer filmes produzidos no âmbito da residência cinematográfica de 2024, incentivando novos olhares e abordagens autorais. E, como já é tradição, não faltará espaço para a formação: a oficina de cinema com Margarida Cardoso, a masterclass com Sandra Ruesga e o X-RAY DOC com Jorge Campos, centrado em obras de Chris Marker e Joris Ivens, são oportunidades únicas para aprofundar o conhecimento e a reflexão sobre o cinema documental.

Um festival que olha o mundo a partir de Melgaço

Num país onde o circuito documental continua a lutar por visibilidade, o MDOC destaca-se pela coerência curatorial, pela aposta em filmes com densidade temática e estética e pela ligação profunda ao território. Melgaço não é apenas um cenário: é parte integrante da identidade do festival, cuja missão passa também por preservar e interrogar a memória local, nacional e global.

Mais do que um festival de cinema, o MDOC é um gesto político, poético e humano. Um espaço onde se cruzam linguagens, geografias e histórias — e onde o cinema se afirma, mais uma vez, como instrumento essencial para pensar o mundo.

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Mais informações e programação completa em: https://mdocfestival.pt/

Festival de Documentário de Melgaço regressa com mais de 30 filmes a concurso e residência criativa para jovens realizadores

Entre 28 de Julho e 3 de Agosto, o MDOC 2025 volta a ser ponto de encontro entre cinema, identidade e território

MDOC – Festival Internacional de Documentário de Melgaço está de volta, e a 11.ª edição, marcada para 28 de Julho a 3 de Agosto de 2025, promete transformar a vila minhota num verdadeiro centro de criação, exibição e reflexão cinematográfica. Organizado pela associação AO NORTE e pela Câmara Municipal de Melgaço, o festival apresentará mais de 30 filmes em competição, e reforça este ano o seu compromisso com a formação de novos talentos através de residências, oficinas e masterclasses.

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Residência Plano Frontal: jovens realizadores em acção

Uma das pedras basilares do festival é a Residência Cinematográfica Plano Frontal, orientada por Pedro Sena Nunes, que reúne quatro equipas de jovens cineastas — finalistas ou recém-licenciados em Cinema, Audiovisual e Comunicação. Entre 25 de Julho e 3 de Agosto, os participantes vão criar documentários sobre temas locais, em estreita ligação com o território de Melgaço, contribuindo assim para o arquivo audiovisual da região e para a valorização do seu património imaterial.

Fotografia com bolsa: registar a alma do Minho

Em paralelo, decorre também a Residência Fotográfica, que desafia três jovens fotógrafos a mergulharem num contexto imersivo de dez dias em Melgaço. Cada selecionado receberá uma bolsa de dois mil euros e terá apoio técnico e artístico para desenvolver um projecto fotográfico com enfoque nas gentes, paisagens e histórias da região. As inscrições para esta residência decorrem até 30 de Junho.

Margarida Cardoso lidera Oficina de Cinema

Entre 28 e 31 de Julho, a realizadora Margarida Cardoso — nome maior do cinema português, com uma obra entre o documental e a ficção — orienta a Oficina de Cinema. Este espaço de experimentação convida os participantes a desenvolverem ideias de filmes a partir de exercícios criativosreferências visuais e leituras sugeridas, proporcionando uma verdadeira incubadora de narrativas.

As inscrições estão abertas até 15 de Julho.

Curso de Verão Fora de Campo: cinema e pensamento crítico

Este ano, o curso de Verão Fora de Campo volta a juntar realizadores, artistas, investigadores e agentes culturais, promovendo debates sobre o cinema e o seu papel no mundo contemporâneo. A edição de 2025 contará com a colaboração da DOCMA – Asociación Española de Cine Documental, e a participação de nomes como Sandra RuesgaRaúl Alaejos e Alfonso Palazón, que também assume a coordenação do curso ao lado de José da Silva Ribeiro. As inscrições estão abertas até 11 de Julho.

Masterclass e sessão X-Raydoc com clássicos do cinema documental

No dia 1 de Agosto, a cineasta Sandra Ruesga dará a masterclass “Explorar o Eu: Cinema Auto-referencial e Identidade”, onde abordará o cruzamento entre o íntimo e o político na criação documental. Já a sessão X-Raydoc, no dia 3 de Agosto, propõe uma viagem aos alicerces do documentário com a exibição e análise de dois clássicos: Lettre de Sibérie (1957), de Chris Marker, e À Valparaíso (1963), de Joris Ivens.

MDOC promove encontro internacional de festivais

Pela primeira vez, o MDOC acolhe um encontro de representantes de festivais de documentário de toda a Europa, com o objectivo de discutir “caminhos futuros” para o género. Estão confirmados representantes de festivais como o Majordocs (Espanha), Escales Documentaires (França), Frontdoc (Itália) e One World Romania (Roménia), entre outros.

Projecto “Quem somos os que aqui estamos?” dá voz à freguesia de Alvaredo

Como parte da programação expandida, a AO NORTE apresenta o projecto “Quem somos os que aqui estamos?”, focado na freguesia de Alvaredo. O objectivo é escutar e registar as memórias e identidades locais, através de entrevistas audiovisuaisdigitalização de álbuns de família, uma exposição fotográfica e até a edição de uma publicação com o resultado final.

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Documentar o presente, preservar a memória

O MDOC 2025 reafirma-se como um festival que ultrapassa a mera exibição de filmes: é um lugar de encontro entre autor e território, entre documentário e identidade, entre reflexão e criação. Um festival com raízes no Minho e ramos a crescer por toda a Europa.