🎸 Coastal: Neil Young Revelado pela Lente de Daryl Hannah

Estreado a 17 de abril de 2025, Coastal é o mais recente documentário sobre Neil Young, realizado por Daryl Hannah, sua esposa e colaboradora criativa. O filme acompanha a digressão a solo de Young pela costa oeste dos EUA, oferecendo uma visão íntima do músico canadiano em palco e nos bastidores. 

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🎥 Uma Janela para a Alma de Neil Young

Descrito por Hannah como “uma janela para a alma de Neil”, Coastal destaca-se pela sua abordagem pessoal e contemplativa. O documentário apresenta performances de temas raramente tocados ao vivo, intercaladas com momentos de introspeção durante as viagens de autocarro entre concertos. A escolha estética do preto e branco confere-lhe um tom nostálgico, embora tenha gerado opiniões divergentes entre os críticos. 

🚌 Entre a Estrada e o Palco

Grande parte do filme é dedicada às viagens de autocarro, onde Young partilha conversas descontraídas com o motorista Jerry Don Borden. Estas interações oferecem uma perspetiva única sobre o quotidiano do artista, embora alguns espectadores possam sentir falta de uma exploração mais aprofundada da relação entre Young e Hannah, que permanece atrás da câmara. 

🎶 Música e Reflexão

As atuações ao vivo são o ponto alto de Coastal, com Young a demonstrar a sua autenticidade e paixão pela música. Momentos como a interpretação de “Mr. Soul” num órgão de tubos e uma versão instrumental de “Don’t Think Twice, It’s All Right” de Bob Dylan destacam-se pela sua intensidade emocional. 

🗣️ Receção Crítica

A crítica tem sido mista. Enquanto alguns elogiam a sinceridade e o retrato íntimo de Young, outros consideram o ritmo do documentário demasiado lento e a ausência de uma narrativa mais estruturada como pontos fracos. Ainda assim, para os fãs de longa data, Coastal oferece uma experiência envolvente e pessoal.

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🎸 Dig! XX – Dois Décadas Depois, o Rock Psicadélico Continua em Guerra com os Próprios Fantasmas 🎬

Vinte anos após a estreia original, Dig! regressa com uma versão revista e aumentada — agora intitulada Dig! XX — e continua a ser um dos mais fascinantes retratos do mundo da música alternativa dos anos 90. Realizado por Ondi Timoner, o documentário volta a explorar o relacionamento de amor-ódio entre duas bandas emblemáticas do rock psicadélico moderno: os Dandy Warhols e os Brian Jonestown Massacre (BJM).

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A nova versão inclui 40 minutos de material inédito e um epílogo atual que revela um detalhe tão irónico quanto simbólico: há membros de ambas as bandas que hoje… vendem imóveis. A imagem desses antigos deuses do underground a envelhecer e a adaptar-se à vida “normal” é quase mais dolorosa do que qualquer discussão ou soco trocado durante os anos em que viveram no fio da navalha do rock’n’roll.

🎤 Glamour vs. Autodestruição

Narrado alternadamente por Courtney Taylor-Taylor, vocalista dos Dandy Warhols, e Joel Gion, o eterno percussionista carismático dos BJM, o documentário mergulha na relação agridoce entre os dois grupos: uma amizade marcada pela rivalidade, imitação mútua, admiração e sabotagem emocional. Enquanto os Dandy Warhols pareciam destinados ao sucesso comercial (e à eterna suspeita de “venderem-se”), os BJM escolheram o caminho da integridade artística… e da autodestruição.

Antón Newcombe, o líder dos BJM, é sem dúvida a figura mais magnética do filme. Um génio incompreendido? Um caos ambulante? Um artista à beira do abismo? Tudo isso. A sua figura de Adónis desleixado e a sua constante guerra contra o mundo — incluindo os próprios colegas de banda — tornam-no um protagonista irresistível e trágico.

Um dos momentos mais reveladores é quando, sem pestanejar, Newcombe gasta todo o orçamento de uma digressão em… sitares. Enquanto os Dandy Warhols posam para sessões fotográficas de estética “suja”, os BJM vivem verdadeiramente na imundície e no caos que outros apenas simulam.

🎬 Mais do que um documentário musical

Dig! XX não é apenas um filme sobre música. É uma meditação sobre a ilusão do sucesso, os mecanismos da indústria, o culto da personalidade, e o preço da autenticidade. Como alguém diz no filme: “As bandas dos anos 60 entravam nas drogas… depois de ficarem famosas.” Estes, ao contrário, mergulharam no abismo antes sequer de vislumbrarem a luz.

É também impossível ignorar o simbolismo dos nomes: os Dandy Warhols, numa homenagem (ou provocação) ao ícone da superficialidade, Andy Warhol; e os Brian Jonestown Massacre, evocando a morte precoce e misteriosa de Brian Jones, dos Rolling Stones. Desde logo, uma profecia auto-infligida de sucesso envernizado e fracasso glorioso.

Mesmo duas décadas depois, o filme não perde a atualidade. A pergunta mais urgente hoje talvez seja: até que ponto continuamos a romantizar os sinais evidentes de sofrimento mental sob o manto do “artista torturado”? A figura de Joel Gion, sempre a sorrir e a fazer palhaçadas, é outro enigma que se insinua: que verdades se escondem atrás da máscara permanente?

🎞️ O legado de Dig! continua

O reencontro com Dig! em 2024, com o epíteto XX, não é apenas nostálgico — é emocionalmente devastador. Saber que os BJM, agora envelhecidos, ainda se envolveram numa briga em palco em 2023, é simultaneamente hilariante e profundamente triste. E ao ver que alguns membros agora trabalham no mercado imobiliário, percebemos que o tempo não perdoa nem mesmo os deuses do rock psicadélico.

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Para quem viu o filme na altura, esta nova versão é um murro emocional. Para os que o descobrem agora, é um documento obrigatório sobre a linha ténue entre arte e autodestruição. Dig! XX não é apenas sobre duas bandas. É sobre todos os que alguma vez tentaram viver uma vida criativa sem ceder ao conformismo. E sobre o preço que isso cobra.

“Elton John: Never Too Late” – O Documentário que Revela a Jornada Íntima do Ícone da Música

O documentário “Elton John: Never Too Late”, agora disponível no Disney+ Portugal, oferece uma visão inédita sobre os primeiros anos da carreira de Elton John e momentos íntimos que marcaram a vida do artista. Dirigido por R.J. Cutler, com colaboração de David Furnish, marido de Elton John, o filme combina memórias pessoais, gravações raras e reflexões profundas, capturando a transformação de uma das maiores figuras da música.

Explorando o Começo de uma Lenda

Focado principalmente nos anos 70, o documentário mergulha na época em que Elton John lançou 13 álbuns em apenas cinco anos, sete dos quais alcançaram o primeiro lugar nas tabelas. Este período é considerado o mais prolífico e criativo da sua carreira, com canções como Candle in the Wind e Goodbye Yellow Brick Road a definirem uma geração.

Entre as relíquias descobertas estão gravações inéditas do álbum Goodbye Yellow Brick Road, onde Elton é visto a criar Candle in the Wind. “Esses momentos nunca tinham sido processados e estavam guardados numa lata,” revelou Cutler, destacando a autenticidade e o impacto emocional dessas imagens.

A Última Atuação de John Lennon

Outro destaque do documentário é a última apresentação de John Lennon, durante um concerto de Elton John no Madison Square Garden, em 1974. Este evento não apenas marcou a história da música, mas também desempenhou um papel significativo na reconciliação de Lennon com Yoko Ono, um momento capturado através de imagens e áudios raros. Elton relembra o nervosismo de Lennon antes do espetáculo, proporcionando um olhar íntimo sobre a relação entre os dois ícones.

Um Retrato de Transformação Pessoal

Para além da música, “Elton John: Never Too Late” explora as batalhas internas do artista. Segundo R.J. Cutler, Elton era “uma figura colossal no palco mundial, mas profundamente infeliz na sua vida pessoal”. Dependência de drogas, solidão e a pressão de esconder a sua sexualidade marcaram esse período.

O documentário revisita momentos marcantes, como a entrevista de 1976 à Rolling Stone, em que Elton assumiu ser bissexual. Esta decisão, juntamente com a pausa nas digressões e a escolha de viver a sua verdade, simboliza o início de uma jornada de autodescoberta e felicidade.

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A Mensagem por Trás do Título

O título “Never Too Late” encapsula a mensagem central do documentário: nunca é tarde para transformar a nossa vida e perseguir a felicidade. “O nosso tempo é finito, e cabe-nos decidir como queremos vivê-lo,” refletiu Cutler. Para Elton John, a resposta foi clara: conexão, amor e família.

O documentário alterna entre os anos 70 e os preparativos para o concerto no Estádio dos Dodgers, em Los Angeles, em 2022. Essa justaposição destaca como a vida de Elton evoluiu desde os primeiros anos de fama até encontrar a paz pessoal.

Uma Experiência Emocional

R.J. Cutler descreve o filme como uma viagem que fará o público “bater o pé, rir e chorar”. Mais do que uma celebração da música, é um tributo à resiliência humana, mostrando como Elton John encontrou significado e propósito numa vida marcada por desafios.

“Elton John: Never Too Late” é um retrato sincero e inspirador de uma lenda viva, revelando que, independentemente das circunstâncias, nunca é tarde para viver a vida que desejamos.

Por motivos alheios à nossa vontade os filmes que colocamos nos artigos não estão a ser carregados. Se desejar ver o trailer veja aqui no artigo original.