Veneza: Documentário Revela os Bastidores Tempestuosos de Megalopolis  e o Conflito de Coppola com Shia LaBeouf

Francis Ford Coppola voltou a fazer história em Veneza — mas desta vez não com um épico de ficção, e sim através de um documentário que expõe, em toda a sua intensidade, o processo criativo (e caótico) por detrás de Megalopolis.

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Realizado por Mike Figgis, Megadoc surge como um registo raro e intimista de um cineasta lendário a trabalhar no seu projeto de vida, um retrofuturista drama-parábola sobre a Roma Antiga que Coppola auto-financiou, investindo 120 milhões de dólares após vender parte do seu império vinícola. Mais do que números, o filme de Figgis mostra o realizador a viver e a respirar cinema — seja nos ensaios com os atores, através de jogos experimentais dignos de uma companhia de teatro de vanguarda, ou nos discursos inflamados em que celebra a glória de arriscar tudo pela arte.

Mas nem tudo foi glamour e inspiração. Megadoc não ignora os momentos mais tensos, incluindo a demissão em massa da equipa de efeitos visuais a meio da rodagem e as discussões acesas com Shia LaBeouf, cujo temperamento difícil se tornou quase um personagem secundário da narrativa. Ao lado disso, surgem entrevistas mais serenas com Jon Voight, Aubrey Plaza e Dustin Hoffman, bem como imagens de leituras de guião de 2001, quando Megalopolis quase saiu do papel com Robert De Niro e Uma Thurman.

Há ainda espaço para momentos de ternura, com a presença de Eleanor Coppola — a falecida esposa do realizador, que já tinha sido a cronista oficial do caos em Apocalypse Now através do mítico Hearts of Darkness. A sua aparição no set de Megalopolis dá ao documentário um toque de despedida e memória, lembrando que esta saga pessoal atravessa décadas de vida e carreira.

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O resultado? Mesmo que muitos críticos continuem a considerar Megalopolis um fracasso honroso, Megadoc é já visto como um triunfo. Não apenas pela oportunidade de observar Coppola em pleno ato criativo, mas também pelo retrato humano — vulnerável, conflituoso e obstinado — de um homem que nunca deixou de acreditar que o cinema merece todos os riscos.