Sydney Sweeney Fala Sobre “Ter de Aguentar Tudo” — e o Que a Nova Biopic Christy Revela Sobre as Pressões Sobre as Mulheres

A actriz interpreta a lendária pugilista Christy Martin e reflecte sobre a dificuldade de pedir ajuda, o machismo na indústria e a história brutal mas inspiradora da atleta.

Sydney Sweeney está de volta ao grande ecrã com “Christy”, o novo filme biográfico realizado por David Michôd, que se centra na vida complexa e muitas vezes trágica de Christy Martin, uma das primeiras mulheres a conquistar fama mundial no boxe profissional. Mas, para Sweeney, a experiência trouxe mais do que um papel desafiante: trouxe também um espelho das próprias pressões que sente enquanto mulher na indústria.

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Em entrevista à Sky News, a actriz admite que tem enorme dificuldade em pedir ajuda — algo que reconheceu imediatamente na personagem.

“Tenho muita dificuldade em pedir ajuda. As minhas amigas dizem-me constantemente: ‘Sydney, podes pedir. Não há mal nenhum.’ Mas custa-me mesmo.”

Sweeney explica que esta resistência é alimentada por expectativas profundamente enraizadas:

“Especialmente sendo mulher, há tantas expectativas para termos tudo sob controlo. Se pedimos ajuda, é visto como fraqueza. Quando um homem pede ajuda, ninguém questiona. Mas se uma realizadora pedir ajuda, dizem logo que não está preparada.”

Uma luta real dentro e fora do ringue

O realizador David Michôd, que escreveu o argumento juntamente com a esposa Mirrah Foulkes, confirma que essa pressão é algo que a própria Foulkes sentiu repetidamente na indústria:

“Para muitas mulheres, assim que admitem que não sabem algo, surge imediatamente o julgamento: ‘não está preparada’, ‘não consegue’, ‘está fora de profundidade’. Eu digo que não sei o que estou a fazer vinte vezes por dia.”

É neste contexto que nasce “Christy”, filme que retrata não só a carreira lendária de Christy Martin, mas também a violência doméstica, o controlo coercivo e o sofrimento silencioso que marcaram a sua vida privada.

A ascensão de uma pioneira — e o inferno que viveu em segredo

Christy Martin tornou-se, em 1993, a primeira mulher contratada por Don King, um dos mais poderosos promotores de boxe do mundo. Conhecida como “The Coal Miner’s Daughter”, conquistou o título mundial WBC de super-meio-médio em 2009 e foi mais tarde incluída no International Boxing Hall of Fame.

Mas a sua vida pessoal era dominada por James “Jim” Martin, marido e treinador, 25 anos mais velho. Conheceram-se no final dos anos 80, casaram um ano depois e, durante décadas, Christy sofreu abuso físico e psicológico, enquanto tentava manter a carreira e ocultar a sua orientação sexual.

Em 2010, o caso tornou-se público da forma mais violenta possível: Jim esfaqueou-a e baleou-a no quarto da própria casa. Pensando que ela morreria, foi tomar banho, dando-lhe tempo para escapar e pedir ajuda. Sobreviveu. Ele foi condenado a 25 anos de prisão e morreu sob custódia em 2024.

“Incrível, inspiradora” — a verdadeira Christy Martin

Michôd encontrou-se com a atleta semanas antes do início das filmagens e ficou marcado pela sua humanidade:

“É incrivelmente doce, apesar de tudo o que viveu. E no mundo do boxe, é uma autêntica estrela.”

Um filme de impacto, não de números

Nos EUA, Christy estreou com 1,3 milhões de dólares, uma das piores aberturas para um filme lançado em mais de 2.000 salas. Mas Sydney Sweeney defende que o valor artístico e emocional do projecto não deve ser medido apenas pela bilheteira:

“Nem sempre fazemos arte para números. Fazemo-la pelo impacto.”

E impacto é precisamente o que Christy procura — ao expor a violência escondida por trás de uma atleta lendária e ao questionar as expectativas sufocantes que continuam a recair sobre as mulheres, tanto no desporto como no quotidiano.

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Christy: A Força de Uma Campeã estreou nas salas portuguesas a 13 de Novembro de 2025.

Sydney Sweeney ignora polémica da American Eagle e centra atenções em Christy no TIFF

“Estou lá para falar do meu filme, não de jeans”

Às vésperas da estreia do seu novo filme no Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF)Sydney Sweeneyfez questão de separar águas. Questionada sobre a polémica em torno da sua campanha publicitária para a marca American Eagle, a atriz respondeu de forma categórica à Vanity Fair:

“Estou lá para apoiar o meu filme e as pessoas envolvidas na sua realização, não estou lá para falar de jeans. O filme é sobre a Christy, e é disso que estarei lá para falar.”

A declaração chega depois da sua campanha de ganga — considerada por muitos uma homenagem (ou provocação) ao célebre anúncio da Calvin Klein com Brooke Shields em 1980 — ter gerado críticas, elogios e até um inesperado comentário de Donald Trump, que elogiou a atriz.

Christy: a luta dentro e fora do ringue

Dirigido por David Michôd, o filme conta a história real da pugilista Christy Martin, que passou de uma vida modesta na Virgínia Ocidental para se tornar um fenómeno do boxe.

Com Ben Foster no papel do treinador e marido, Christy acompanha não apenas a ascensão da atleta, movida por determinação inabalável, mas também os dramas fora do ringue: as tensões familiares, a identidade e um casamento que se transforma num campo de batalha perigoso.

Baseado em factos verídicos, o filme é descrito como uma celebração da resiliência e coragem de uma mulher que lutou por muito mais do que títulos.

Sweeney em ascensão

Este é o segundo projeto de Sweeney com a Black Bear, após o sucesso de terror Immaculate (lançado pela NEON). Christy estreia sexta-feira no TIFF e surge como mais uma aposta na versatilidade da atriz, duas vezes nomeada aos Emmy, que continua a cimentar-se como uma das figuras mais requisitadas de Hollywood.

Da polémica à consagração?

Enquanto a campanha da American Eagle continua a gerar debate — com a marca a responder que o anúncio “sempre foi apenas sobre os jeans” — Sweeney procura recentrar a narrativa no cinema.

Seja pela polémica ou pela performance em Christy, uma coisa é certa: todos os olhos estarão postos nela em Toronto.