O realizador romeno lança uma versão absurda e caótica do mito vampírico — e o trailer é uma viagem que desafia a sanidade
Há filmes que reinventam os clássicos, e há outros que os explodem com dinamite criativa. O novo Drácula de Radu Jude — sim, o realizador romeno premiado em Berlim por Do Not Expect Too Much from the End of the World — pertence claramente à segunda categoria.
Descrito pela crítica como “f-cking nuts” (RogerEbert.com), o filme é um delírio de 170 minutos que mistura sátira, pornografia folclórica, humor negro e conteúdos gerados por inteligência artificial. O trailer, divulgado esta semana pelo distribuidor independente 1-2 Special, deixou o público dividido entre o riso nervoso e o espanto absoluto.
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🧛♂️ Um Drácula que parece saído do pesadelo de uma IA
O filme parte de uma premissa aparentemente simples: um jovem realizador decide testar os limites da sua criatividade usando uma IA “falsa”. O resultado é um colapso de narrativas que cruza vários géneros e épocas — desde uma caça a vampiros e um conto de zombies, até uma história de ficção científica sobre o regresso de Vlad, o Empalador, passando por um romance trágico, uma lenda obscena e até um segmento totalmente gerado por algoritmos.
O comunicado oficial promete “uma mistura surpreendente de histórias novas e antigas sobre o mito original de Drácula — e muito mais”.
Se parece uma loucura… é porque é mesmo.
💀 Sexo, sangue e absurdos medievais
O filme, com 170 minutos de caos estético e narrativo, inclui cenas de violência explícita, humor grotesco e erotismo descontrolado. Vampiros de dentes de borracha, diálogos surreais e uma enxurrada de imagens geradas por IA compõem o que alguns já descrevem como “uma experiência psicótica de arte digital”.
O crítico Robert Daniels resumiu assim a experiência:
“É como se alguém tivesse alimentado um poema medieval obsceno ao ChatGPT e deixado o resultado correr durante três horas.”
De acordo com quem já o viu em festivais europeus, o filme alterna entre momentos de puro nonsense e lampejos de genialidade — uma crítica feroz à banalização da arte e à dependência da tecnologia, disfarçada de pesadelo vampírico.
🩸 Radu Jude: o caos como forma de arte
Radu Jude, conhecido pelo seu cinema provocador e imprevisível, volta a desafiar convenções. Depois de ridicularizar o capitalismo, a moral e a cultura pop moderna, o cineasta parece agora disposto a sacrificar o próprio Drácula no altar da inteligência artificial.
O resultado é uma obra que muitos já classificam como “impossível de descrever, mas igualmente impossível de ignorar”.
“Não é apenas um filme sobre Drácula — é um espelho deformado da nossa era digital, onde o absurdo é rei e a arte é feita por máquinas”, escreveu um crítico italiano após o visionamento em Veneza.
🎬 Um filme que vai dividir — e talvez redefinir — o cinema experimental
Drácula de Radu Jude não é um filme para todos. Nem sequer é, segundo alguns, um filme no sentido convencional. Mas é uma experiência cinematográfica rara: uma provocação que usa o mito mais imortal do cinema para zombar da imortalidade artificial que hoje tanto se idolatra.
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Prepare-se para rir, encolher-se de desconforto e questionar o que acabou de ver. Porque uma coisa é certa: nunca viu um Drácula assim.




