A Música que Salvou Winona Ryder Durante as Filmagens em Portugal

Winona Ryder tem muitas histórias para contar da sua carreira, mas poucas serão tão curiosas e pessoais como a que partilhou recentemente à edição britânica da Elle: a de como a música a ajudou a atravessar um período difícil… em Portugal.

A atriz norte-americana recordou os dias de 1993 em que esteve no nosso país a rodar A Casa dos Espíritos, adaptação do romance de Isabel Allende realizada por Bille August, com Jeremy Irons e Meryl Streep nos papéis principais. O filme filmou-se em vários locais emblemáticos, entre eles a Igreja de São Roque em Lisboa, o Palácio de Queluz e o Cabo Espichel.

“Havia uma banda incrível, que eu adorava: os Saint Etienne. Um álbum deles salvou-me quando estava a passar por um mau bocado, quando rodava um filme em Portugal, aos 20 anos”, revelou Winona.

Lisboa, discos na rua e a salvação no indie-pop

Numa memória que quase soa a postal nostálgico dos anos 90, Ryder recorda como costumava passear pelas ruas de Lisboa e encontrar bancas onde se vendiam discos. Foi aí que comprou o álbum que descreve como “salvação”. Muito provavelmente tratava-se de Foxbase Alpha (1991), o disco de estreia dos Saint Etienne, já que o sucessor, So Tough, só sairia meses antes da estreia comercial do filme.

“Comprei-o e ajudou-me a ultrapassar esse período. Pergunto-me se eles ainda existem”, disse a atriz.

A resposta dos Saint Etienne

A resposta não tardou. A banda londrina formada por Bob Stanley, Pete Wiggs e Sarah Cracknell não só ainda existe, como prepara o lançamento do seu 12.º e último álbum, International. Nas redes sociais, reagiram com humor e carinho às palavras de Winona:

“Coisas estranhas acontecem. Ainda bem que estivemos lá para ti.”

Portugal no grande ecrã

A Casa dos Espíritos continua a ser um exemplo de como Portugal serviu (e continua a servir) como cenário internacional para grandes produções. Para Winona Ryder, a passagem pelo país deixou não só memórias profissionais, mas também um capítulo íntimo em que a música britânica se tornou o seu refúgio.

Quase três décadas depois, é curioso pensar que entre os claustros do Palácio de Queluz e as arribas do Cabo Espichel, uma jovem Winona encontrava nos Saint Etienne a força para continuar.

Reality Bites: O Manifesto Romântico e Irónico da Geração X

Winona Ryder e Ethan Hawke encarnam os dilemas de crescer nos anos 90 — entre autenticidade, ambição e um coração partido ao som de Lisa Loeb

Em 1994, Reality Bites chegava às salas de cinema como uma espécie de diário íntimo da geração que cresceu a ouvir Nirvana, a gravar VHS com mensagens existenciais e a sentir-se perdida entre um idealismo teimoso e a tentação do sucesso fácil. Realizado por Ben Stiller, na sua estreia como cineasta, o filme é um retrato agridoce e inesperadamente atual sobre os (des)encantos da juventude pós-universitária.

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🎬 O retrato sem filtros de uma geração em suspenso

A ação decorre em plena era Clinton, e acompanha um grupo de recém-licenciados que tenta dar sentido à vida adulta. No centro está Lelaina (Winona Ryder), aspirante a documentarista, cheia de ideias mas sem mapa. Com a sua câmara sempre em punho, ela grava os dias e desilusões dos amigos, numa espécie de reality show muito antes dos reality shows.

Troy (Ethan Hawke), o eterno descomprometido existencialista, surge como o anti-herói romântico: culto, frustrado, charmoso e emocionalmente inacessível. O terceiro vértice do triângulo amoroso é Michael (o próprio Stiller), um produtor televisivo bem-intencionado mas já contaminado pelo sistema. A escolha entre eles — entre a segurança e a autenticidade — é também a grande escolha da vida adulta.


💔 Amor, cinismo e a câmara a tremer

A química entre Ryder e Hawke é a alma do filme. A tensão emocional entre Lelaina e Troy não é daquelas de conto de fadas, mas daquelas que nos dizem: “estás a crescer e isso vai doer”. O argumento joga com dilemas reais — vender-se ou resistir? Romper com o sistema ou encontrar um lugar dentro dele?

Não há moral da história, mas há um retrato honesto da insegurança crónica de uma geração ensinada a sonhar alto e empurrada para a realidade de estágios mal pagos, empregos precários e relações desconcertantes.


🎶 Pop, vintage e um hino que ficou

Ao som de “Stay (I Missed You)”, de Lisa Loeb — canção que ficou gravada para sempre nos créditos finais da juventude dos anos 90 — Reality Bites constrói-se como uma cápsula do tempo. O guarda-roupa, as referências a The Real World, os cigarros omnipresentes, os cafés boémios, tudo respira uma década em que o “cool” era parecer que não se estava a tentar.

Mas apesar da roupagem nostálgica, os temas continuam a bater certo: medo do fracasso, desejo de autenticidade, a procura de um espaço onde ser adulto não signifique trair o que se é.


🎞️ De fracasso crítico a clássico de culto

À época, a crítica dividiu-se — muitos não sabiam bem o que fazer com um filme que recusava as fórmulas românticas e não oferecia finais felizes. Mas com o tempo, Reality Bites tornou-se um clássico de culto. Hoje, é celebrado não só pela sua estética, mas pela sua coragem em não romantizar o caos que é tornar-se adulto.

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Deixamos aqui o single de Lisa Loeb que na altura inundou os nossos ouvidos :

Como “Jackie Brown” Salvou o Romance de Elmore Leonard (e Porque Tarantino Quase Não o Realizou)

🎞️ Em 1994, com Pulp Fiction a incendiar os ecrãs de Cannes e os circuitos independentes de todo o mundo, Quentin Tarantino encontrava-se no auge da sua fama. Ao lado do seu parceiro criativo Roger Avary, comprou os direitos de três romances de Elmore Leonard: Rum PunchFreaky Deaky e Killshot. Mas o caminho até ao ecrã para Jackie Brown — o filme que viria a nascer dessa decisão — foi tudo menos linear.

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Inicialmente, Tarantino não planeava realizar Rum Punch. A sua intenção era entregar o romance a outro realizador e escolher entre Freaky Deaky ou Killshot para adaptar ele próprio. Mas um detalhe mudou tudo: uma segunda leitura.

“Voltei a pegar em Rum Punch e apaixonei-me outra vez pelo livro. Percebi que tinha de ser eu a contá-lo”, confessou mais tarde o realizador.


De Burke a Brown: quando a mudança de etnia criou um ícone

Ao adaptar o romance, Tarantino fez uma alteração significativa — e arriscada. A protagonista, originalmente uma mulher branca chamada Jackie Burke, tornou-se Jackie Brown, uma mulher negra, dando origem a um dos papéis mais marcantes da carreira de Pam Grier.

A decisão, inspirada pelos filmes blaxploitation dos anos 70 (embora Tarantino rejeite que Jackie Brown pertença a esse género), trouxe uma nova dimensão à história. Durante algum tempo, Tarantino hesitou em contar a Elmore Leonard sobre esta mudança. Fê-lo apenas pouco antes do início das filmagens.

A resposta do autor? Entusiástica. Leonard não só aprovou a adaptação como afirmou que o guião de Tarantino era o melhor entre todas as 26 adaptações já feitas das suas obras. “Talvez o melhor argumento que alguma vez li”, disse, com a franqueza de quem raramente se impressionava.


Um cameo improvável… e a generosidade de Tarantino

Outro elemento curioso desta história envolve a personagem Ray Nicolette, interpretada por Michael Keaton. Nicolette, agente federal em Rum Punch, também aparece em Out of Sight, outro romance de Elmore Leonard adaptado por Steven Soderbergh em 1998.

Universal Pictures, estúdio responsável por Out of Sight, aguardou para ver quem Tarantino escolheria para interpretar Nicolette antes de avançar com o seu casting. Keaton, inicialmente reticente, aceitou o papel. E, num gesto raro em Hollywood, Tarantino permitiu que Keaton voltasse a interpretar a mesma personagem em Out of Sight, sem exigir compensação financeira por parte da Miramax, que detinha os direitos sobre a personagem — apenas para garantir a continuidade narrativa entre os dois filmes.


Entre a homenagem e a fidelidade

Apesar de incorporar o humor negro, os diálogos afiados e o ritmo típico de Tarantino, Jackie Brown é, em muitos aspectos, a sua adaptação mais fiel a uma obra literária. Diferente do estilo caótico e fragmentado de Pulp Fiction, aqui o realizador opta por uma narrativa mais linear e introspectiva — e por isso mesmo, é frequentemente considerada a sua obra mais “madura”.

Jackie Brown é mais do que uma adaptação: é uma carta de amor a Elmore Leonard e ao cinema americano dos anos 70, mas também uma peça singular na filmografia de Tarantino — onde o pastiche dá lugar à contenção e a violência estilizada é substituída por tensão emocional e despedidas silenciosas.

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Ed Harris Não Foi a Primeira Escolha Para “The Truman Show” – E a História é Selvagem! 🎬🤯

Quando pensamos em The Truman Show (1998), é impossível não imaginar Ed Harris no papel de Christof, o “deus” manipulador que controla a vida de Truman Burbank (Jim Carrey) desde o nascimento. Mas e se te disséssemos que Harris não foi a primeira escolha para o papel? E que o ator originalmente escalado foi despedido após dois dias de filmagens? Pois é…

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O lendário Dennis Hopper foi inicialmente escolhido para interpretar Christof, mas acabou por ser despedido misteriosamente pelo realizador Peter Weir. O motivo? Nem o próprio Hopper soube ao certo… 😳

🎥 Um Filme à Frente do Seu Tempo

The Truman Show não era apenas mais um filme – era uma crítica feroz à sociedade do espetáculo e ao poder dos media. Truman, o protagonista, vive sem saber que está dentro de um reality show gigantesco, onde a sua vida é inteiramente encenada. Christof, o visionário por trás do programa, acredita que está a dar a Truman a vida perfeita… mas a verdade é que está apenas a manipulá-lo.

E é aqui que entra a substituição de última hora. O icónico Dennis Hopper, que já tinha brilhado em clássicos como Easy Rider e Apocalypse Now, foi despedido sem grandes explicações e substituído por Ed Harris. O que terá acontecido nos bastidores?

🚪 Hopper: Um Papel Que Nunca Foi Seu

Segundo Hopper, ele nunca recebeu uma explicação clara para o despedimento. O ator revelou ao Sabotage Times que o produtor Scott Rudin nunca o quis no filme e fez um acordo com Peter Weir: se a sua performance não fosse convincente logo nos primeiros dias, seria substituído sem hesitação. E foi exatamente isso que aconteceu.

“Scott Rudin fez um acordo com o realizador. Ele não queria que eu fizesse o papel e, se ele não gostasse do que eu fizesse após o primeiro dia de filmagens, ele iria despedir-me. E foi o que aconteceu.”

Hopper ficou arrasado com a decisão, ainda mais porque tinha pesquisado intensamente o papel e acreditava estar a entregar um grande desempenho. Nunca soube ao certo o que Weir e Rudin não gostaram.

Para piorar a situação, não havia nenhum substituto definido, o que significa que os produtores tiveram de começar imediatamente a procurar um novo ator. Foi aí que Ed Harris entrou na jogada, trazendo um tom mais frio, meticuloso e calculista ao personagem – algo que acabou por tornar Christof ainda mais perturbador.

🎭 Redenção em “EDtv”

Se pensas que Dennis Hopper ficou afastado das sátiras sobre reality shows, estás enganado! Em 1999, ele acabou por interpretar o pai afastado de Matthew McConaughey em EDtv, um filme de Ron Howard com um conceito muito semelhante ao de The Truman Show. Embora não tenha sido o “deus” manipulador, pelo menos teve a oportunidade de fazer parte de uma história sobre os perigos da exposição mediática.

EDtv, no entanto, não teve nem de perto o mesmo impacto de The Truman Show, que continua a ser uma das maiores obras-primas do cinema moderno e um filme que previu o futuro da televisão e das redes sociais.

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Já imaginaste The Truman Show com Dennis Hopper? Achas que teria sido melhor ou pior? Felizmente, Ed Harris entregou uma performance que ficou para a história! 🎬✨

Kevin Bacon e a Redescoberta de “Tremors”: De Arrependimento a Adoração

“Tremors”, o filme de terror e comédia de 1990, passou de uma estreia modesta nas bilheteiras para se tornar um clássico cult adorado por gerações. No entanto, nem todos os envolvidos estavam inicialmente convencidos do seu mérito, incluindo Kevin Bacon, a estrela principal, que teve uma relação complexa com o filme ao longo dos anos.

Uma Relação Turbulenta com “Tremors”

Quando Kevin Bacon aceitou o papel de Valentine McKee em “Tremors”, foi por necessidade financeira. Com um casamento recente e um filho a caminho, Bacon viu no projeto uma oportunidade de estabilidade económica, apesar de nutrir dúvidas sobre o impacto da história de vermes subterrâneos gigantes na sua carreira.

Após a estreia, o filme não teve grande sucesso comercial, e Bacon, já em dúvida sobre o projeto, passou a considerá-lo um erro:

“Eu pensava que era a pior coisa que já tinha feito. Achava que ia arruinar a minha carreira,” confessou o ator numa entrevista.

A receção medíocre nos cinemas agravou a sua frustração, e Bacon chegou a desassociar-se do filme, recusando-se a reconhecê-lo nos anos que se seguiram.

A Reviravolta

Tudo mudou quando “Tremors” encontrou o seu verdadeiro público no mercado de VHS. As vendas e alugueres dispararam, triplicando o seu lucro inicial de bilheteira. Lentamente, o filme começou a conquistar uma base de fãs devota, transformando-se num fenómeno de culto.

Com o passar dos anos, Bacon começou a reconsiderar a sua visão sobre o filme. Em 2012, já com uma perspectiva diferente, o ator revelou:

“Gravar ‘Tremors’ foi a experiência mais divertida que tive a fazer um filme em toda a minha carreira.”

Em 2020, numa entrevista nostálgica, Bacon explicou que o filme havia se tornado um dos seus favoritos de todos os tempos:

“Eu nunca vejo os meus filmes mais de uma vez, mas já vi ‘Tremors’ uma dúzia de vezes. Adoro-o tanto. Passei anos a tentar recapturar a energia que tivemos no set de ‘Tremors’.”

O Legado de “Tremors”

Parte do charme duradouro de “Tremors” reside no seu equilíbrio entre humor, terror e ação, combinado com um elenco carismático e efeitos práticos inovadores. A química no set, embora inicialmente não valorizada por Bacon, acabou por ser um dos fatores que eternizou o filme como uma referência no género.

Hoje, “Tremors” é celebrado como um marco no cinema de terror e comédia, com múltiplas sequências, uma série de TV e uma legião de fãs. A jornada de Kevin Bacon com o filme reflete não apenas a evolução do público, mas também a capacidade do tempo de alterar perceções e revelar a verdadeira magia de uma obra.