O Mar em Grande Ecrã: International Ocean Film Tour Regressa a Portugal com Sessões em Lisboa e no Porto 🌊🎬

Um festival que celebra o oceano

O International Ocean Film Tour (IOFT) está de volta a Portugal em 2025 e promete mergulhar o público numa experiência única, onde o cinema se cruza com as histórias mais inspiradoras ligadas ao mar. Depois de edições anteriores com salas cheias, Lisboa e Porto voltam a receber este evento internacional que faz da sétima arte uma janela aberta para a vida marinha, o desporto e a sustentabilidade.

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As datas estão já definidas: em Lisboa, o encontro está marcado para 29 de Setembro, no Cinema São Jorge, enquanto no Porto a sessão decorre a 7 de Outubro, nos cinemas UCI Arrábida. Ambas arrancam às 19 horas e os bilhetes encontram-se disponíveis a partir de 16 euros.

Cinco filmes, cinco olhares sobre o oceano

A edição de 2025 apresenta cinco obras muito distintas, mas com um denominador comum: a ligação íntima e poderosa ao mar.

  • Row of Life acompanha a extraordinária jornada de uma atleta paralímpica que desafia limites em alto mar.
  • Kelp! revela o potencial das algas marinhas como recurso agrícola e ambiental.
  • Nika explora a ligação profunda entre humanos e animais em ambiente marinho.
  • Trilogy, um dos grandes destaques, reúne três dos melhores surfistas do mundo – Ethan Ewing, Griffin Colapinto e Seth Moniz – num retrato vibrante da adrenalina sobre as ondas.
  • 7 Beats per Minute leva-nos ao universo fascinante da apneia, onde cada mergulho é uma dança com o silêncio e com a própria respiração.

Portugal no mapa do cinema ligado ao mar

O International Ocean Film Tour é mais do que uma mostra de cinema: é também um manifesto em defesa do oceano. Cada sessão procura sensibilizar para os desafios ambientais que enfrentamos e inspirar novas formas de viver em harmonia com o mar. Não é por acaso que Portugal, com a sua forte identidade atlântica e tradição ligada ao surf, volta a ser palco destas exibições.

Além do IOFT, Setembro traz outro evento cinematográfico ligado ao mar: o Save the Waves Film Festival, que estará na Ericeira a 13 de Setembro e nos Açores a 20 do mesmo mês. Duas oportunidades imperdíveis para os cinéfilos e amantes do oceano.

Para quem é este festival?

Se gosta de cinema documental, se vibra com o surf ou se simplesmente sente que o mar é uma parte essencial da sua vida, este festival foi feito a pensar em si. É também uma excelente porta de entrada para descobrir novas narrativas visuais, onde o oceano deixa de ser apenas cenário e passa a ser protagonista.

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Mulheres, Mar e Memórias: O Documentário que Dá Voz ao Oceano Açoriano

“Mulheres do Mar – Açores” estreia-se no Faial e emociona com retratos íntimos de 49 mulheres ligadas ao Atlântico

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🌊 Há documentários que nos mostram paisagens. Outros, mergulham nelas. E depois há “Mulheres do Mar – Açores”, que faz ambas as coisas… enquanto nos dá a ouvir vozes que tantas vezes ficaram por contar. A obra, com estreia marcada para segunda-feira na ilha do Faial, reúne 49 mulheres de todas as ilhas do arquipélago, com um único ponto em comum: uma ligação profunda, visceral e comovente ao mar.

Cientistas, pescadoras, professoras, artistas, desportistas, advogadas, arquitetas — o leque é tão diverso quanto o próprio oceano. E é essa pluralidade de experiências e emoções que dá alma a um documentário de 77 minutos, filmado ao longo de dois anos em todas as nove ilhas dos Açores. Realizado no âmbito da Década da Ciência dos Oceanos da ONU (2021–2030), o filme é uma produção da ONGD portuguesa Help Images, reconhecida pela UNESCO, e faz parte da iniciativa internacional Women of the Sea.

Quem ama, cuida. E quem cuida, transforma.

A realizadora Raquel Clemente Martins, que conduziu as entrevistas e esteve presente nas filmagens, não esconde a emoção:

“Estávamos todas unidas pelo mote central do projeto – quem ama cuida, quem cuida ama – e as entrevistas e filmagens transformaram-se em momentos íntimos de partilha de memórias, emoções e preocupações”.

E de facto, há algo de profundamente transformador no gesto de ouvir. Cada mulher entrevistada abre o seu mundo: histórias de infância junto às rochas, rotinas marcadas pela ondulação, lutas profissionais num universo onde o mar, historicamente, era “coisa de homens”. Este documentário oferece uma perspetiva única de ser mulher num mundo oceânico, quebrando silêncios, barreiras e estereótipos.

Um retrato colectivo da força feminina insular

A produção destaca que, de uma lista global de mais de 900 mulheres de 29 países, nos Açores foram filmadas 71 mulheres, tendo sido 49 as vozes escolhidas para o retrato final. Para além das profissões e do ativismo ambiental, “Mulheres do Mar – Açores” revela também os afectos, as perdas, os medos e a esperança destas mulheres que vivem e respiram o Atlântico.

A iniciativa pretende precisamente isso: dar visibilidade ao papel das mulheres na preservação dos oceanos, reconhecendo vozes, memórias e contributos que, durante décadas, ficaram à margem do discurso dominante.

Um momento simbólico para os Açores e para o planeta

A estreia do documentário coincide com uma nova fase da política ambiental portuguesa, marcada pela ratificação do Tratado do Alto Mar, um acordo internacional sobre a conservação da biodiversidade marinha em áreas fora da jurisdição nacional. A ligação entre esta conquista política e o lançamento de um filme que celebra quem vive o mar todos os dias não podia ser mais simbólica.

O filme contou com apoio financeiro do Governo Regional dos Açores e a colaboração de diversas entidades locais, regionais e autarquias. A iniciativa não se fica por aqui: já em maio decorreram filmagens na Irlanda para o próximo capítulo, “Mulheres do Mar – WinBig”, com estreia prevista para o início de 2026.

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🎥 Se ainda acha que o mar é apenas cenário de postal, está na hora de conhecer as mulheres que o tornaram casa, sustento, paixão e resistência.

We Are Guardians: O Documentário que a Indústria Quase Ignorou — Mas Que o Mundo Precisa de Ver

Fisher Stevens, Leonardo DiCaprio e uma luta urgente pela floresta amazónica… que quase ficou por contar

Há histórias que simplesmente precisam de ser contadas, mesmo quando o mercado diz que “já vimos uma igual”. We Are Guardians é uma dessas histórias. Um documentário nascido na linha da frente da destruição da Amazónia brasileira, realizado por Edivan Guajajara, Chelsea Greene e Rob Grobman — e que contou com a produção de Fisher Stevens e o apoio mais recente de Leonardo DiCaprio.

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Estreado no Hot Docs 2023, e agora com exibição nos EUA graças à distribuidora Area23a, este é um documentário que levanta uma questão desconfortável: por que razão só há espaço para “um filme sobre a Amazónia de cada vez”?


🌳 A semente da resistência nasceu no coração da floresta

Tudo começou em 2019, quando os três realizadores decidiram pegar na câmara e seguir os “guardiões da floresta”, indígenas em luta pela preservação das suas terras. Fartos de ver as suas histórias distorcidas pelos media nacionais e internacionais, quiseram mostrar a realidade vista por quem vive o fogo e a destruição na pele.

“Queríamos ouvir quem está mais próximo da floresta. Saber o que se passa do ponto de vista deles,” afirmam Greene e Grobman.

Um ano depois, mostraram as primeiras imagens a Fisher Stevens, Maura Anderson e Zak Kilberg — produtores que, na altura, estavam a fundar a produtora Highly Flammable. Ficaram rendidos. O projeto tornou-se o primeiro da empresa.


🛑 Mas o mercado disse: “Já temos um filme desses”

Apesar da força visual e da urgência do tema, o caminho de We Are Guardians foi tudo menos fácil. Fisher Stevens tentou a Netflix, a National Geographic (com quem já trabalhara em Before the Flood) e a Discovery. O problema? Já havia um outro documentário sobre a Amazónia a circular: The Territory, de Alex Pritz, focado no povo Uru-eu-wau-wau.

“Infelizmente, existe esta ideia de que só pode haver um filme sobre o Brasil de cinco em cinco anos”, lamenta a produtora Maura Anderson.

“O nosso filme é mais abrangente. Fala da interligação global com a floresta.”

Com a The Territory a ser comprada pela National Geographic em Sundance, We Are Guardians viu portas a fecharem-se.


💪 Mas os guardiões (e os cineastas) não desistiram

Apesar da falta de apoio institucional, a equipa continuou a filmar, a angariar fundos e a lutar. E acabou por ser recompensada: o filme estreou no Hot Docs (Canadá), passou por vários festivais e construiu uma sólida campanha de impacto.

Agora, com a produtora Appian Way de Leonardo DiCaprio como produtora executiva, o documentário está finalmente a chegar a salas de cinema, com estreia em Los Angeles e chegada a Nova Iorque marcada para 11 de Julho.


🌎 Mais do que um documentário — um chamamento global

“O foco é localizar o interesse. Mostrar que em qualquer parte do mundo há ‘guardiões’ que precisam de ser ativados,” diz Zak Kilberg.

A mensagem de We Are Guardians é clara: a luta ambiental não é exclusiva da Amazónia. Cada cidade, cada país, cada comunidade enfrenta as suas próprias formas de destruição ambiental. E só com mobilização local e global é que será possível inverter o curso.


🎬 O preço de contar estas histórias

Fisher Stevens, vencedor de um Óscar por The Cove, admite que só conseguiu envolver-se neste projeto porque tinha estabilidade financeira vinda de trabalhos mais comerciais como Beckham ou Tiger King para a Netflix:

“Não vamos ser pagos para fazer estes documentários de impacto social. Mas temos de continuar a fazê-los.”

E é aqui que We Are Guardians se torna mais do que um filme. É um acto de resistência, activismo e coragem, feito contra a lógica das distribuidoras e o cansaço mediático. Porque a floresta continua a arder — e alguém tem de continuar a gritar.

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