Charlie Sheen Revela Como Soube Que Tom Cruise “lhe Roubou” o Papel em Nascido a 4 de Julho

O actor conta que o irmão Emilio Estevez o avisou para se sentar antes de dar a notícia — e explica por que ainda considera o trabalho de Cruise “brilhante”.

Há feridas que o tempo cura, e há outras que ficam guardadas como boas histórias para contar num talk show. Charlie Sheen reviveu recentemente uma dessas memórias ao recordar o momento em que descobriu que não seria ele, mas sim Tom Cruise, o protagonista de Nascido a 4 de Julho (Born on the Fourth of July, 1989), o filme de Oliver Stone que acabou por render a Cruise uma nomeação ao Óscar.

Na altura, Sheen vinha de dois sucessos consecutivos com Stone — Platoon e Wall Street — e acreditava que o próximo passo seria natural. “Pensei que já tínhamos acordado que eu faria o filme”, recordou o actor no programa In Depth with Graham Bensinger. O choque veio através do irmão, Emilio Estevez. “Ele liga-me e diz: ‘Estás sentado?’ Pensei que alguém tivesse morrido”, contou Sheen. “Depois ele diz: ‘Cruise vai fazer Born on the Fourth.’”

“O factor traição”

Sheen descreve o episódio com ironia, mas admite que sentiu uma pontada de desilusão. “Era o factor da traição. O Oliver tinha sido claro comigo — tivemos reuniões, jantámos com o próprio Ron Kovic. Depois deixei de ter notícias. E quando tento falar com ele, dizem-me que está em Cuba”, explicou.

Apesar da surpresa, Sheen não guardou rancor. “Não podes perder algo que nunca tiveste. Nunca assinei contrato, foi só um aperto de mão”, reconheceu. Ainda assim, houve um momento em que confrontou o realizador num bar — ambos, segundo o actor, “com uns copos a mais”. “Ele disse-me que achava que eu tinha perdido o entusiasmo pelo projecto. E eu respondi: ‘Como sabes isso, se nunca mais falámos sobre o assunto?’”

“Cruise transformou o papel”

O episódio podia ter terminado em azedume, mas Sheen optou por elogiar o trabalho de Cruise. “Quando vês o filme, percebes. Ele transformou aquilo. Não dá para dizer ‘eu teria feito melhor’. Vai à fava. Ele devia ter ganho o Óscar”, admitiu com franqueza.

O actor ainda brincou com o destino: “Se tivesse feito Nascido a 4 de Julho, talvez Major League nunca tivesse acontecido. E se não for verdade, é essa a versão em que eu acredito.”

Mais do que uma história de bastidores de Hollywood, o relato mostra um Sheen bem-humorado, ciente de que, às vezes, perder um papel pode abrir a porta para outro sucesso. Afinal, em Hollywood, o timing é tudo — e a lealdade, nem sempre.

🎬 “Greed is Good”… mas os bastidores de Wall Street foram tudo menos tranquilos

Quando Oliver Stone realizou Wall Street em 1987, o mundo ainda não sabia que estava prestes a assistir a um dos retratos mais icónicos da ganância americana — mas também não fazia ideia do caos que se passou atrás das câmaras. Sim, o filme foi um sucesso. Sim, Michael Douglas brilhou como Gordon Gekko e até levou um Óscar para casa. Mas o caminho até ao “Greed is good” foi tudo menos dourado.

ver também: 🎬 Jenna Ortega Parte o Silêncio: Porque Abandonou Realmente o Universo Scream

Um maestro despedido, uma actriz mal escalada e um realizador impiedoso

Comecemos pela música. A ideia original era contar com Jerry Goldsmith, um dos compositores mais respeitados de Hollywood. Mas Oliver Stone não ficou nada impressionado com o que ouviu. Resultado? Goldsmith foi despedido, mesmo depois de já ter recebido um pagamento chorudo. “Ele ficou mesmo insultado”, admitiu Stone mais tarde, reconhecendo que tal atitude lhe valeu uns quantos inimigos no sindicato dos músicos. Na época, substituir um compositor já contratado era algo praticamente impensável.

A solução apareceu de forma pouco ortodoxa: Stewart Copeland, o baterista dos The Police, entrou em cena e entregou uma banda sonora eficaz — e rápida. “Lembro-me de ter uma ligação qualquer com ele, mas já não sei bem qual”, confessou Stone. A urgência falou mais alto, e Copeland salvou o dia.

Charlie Sheen teve de escolher… entre Jack Lemmon e o próprio pai

Um dos momentos mais curiosos da produção foi quando Oliver Stone ofereceu a Charlie Sheen a oportunidade de escolher o seu “pai cinematográfico”. A escolha era entre Jack Lemmon, uma lenda de Hollywood, ou… Martin Sheen, o seu pai na vida real. Charlie escolheu o sangue — e a química entre pai e filho no ecrã ficou para a história.

Daryl Hannah e o papel que nunca devia ter sido seu

Nem todas as escolhas do realizador correram tão bem. Stone admitiu mais tarde que foi demasiado orgulhoso para substituir Daryl Hannah, mesmo quando toda a equipa achava que ela estava mal escalada para o papel de Darien. Pior ainda: Sean Young, que queria desesperadamente o papel, fez questão de causar tensão no set, chegando atrasada e mal preparada — e não se coibiu de dizer a Stone que Hannah devia ser despedida. A má energia resultou numa participação reduzida de Young no filme. Karma imediato.

Michael Douglas: de produtor a vilão lendário

Na altura, Michael Douglas era mais conhecido como produtor do que como ator, o que causou alguma hesitação por parte dos estúdios. “Ele vai querer mandar no filme”, diziam a Stone. Mas o realizador confiou nele — e ainda bem. Douglas entregou uma das melhores interpretações da sua carreira, muito por culpa de… Oliver Stone.

Num momento de provocação calculada, o realizador entrou no camarim do ator e perguntou-lhe: “Estás a drogar-te? Pareces alguém que nunca representou na vida.” Douglas ficou chocado… e motivado. Voltou a trabalhar as falas, estudou obsessivamente a personagem e levou Gekko a um novo nível — culminando naquele momento icónico em que diz: “Greed, for lack of a better word, is good.

Um filme mal compreendido… ou demasiado bem compreendido?

Apesar de todo o subtexto crítico, Stone confessou mais tarde algo revelador:

“Quando fiz o filme, achava que a ganância não era boa. Mas aprendi que as pessoas gostam mesmo de dinheiro. Gostam de quem faz dinheiro. Até admiram o vilão com dinheiro — mesmo quando quebra a lei.”

Quase 40 anos depois, Wall Street continua a ser citado, estudado, e até mal interpretado por alguns dos mesmos executivos que o filme satiriza. É, talvez, o exemplo perfeito de uma obra que pretendia criticar… mas que acabou por inspirar.

ver também : 🐺 Lobo-terrível de “A Guerra dos Tronos” renasce 13 mil anos depois… e chama-se Khalee

📺 Onde verWall Street está disponível para aluguer na Apple TV, e passa regularmente no canal FOX Movies.