“I Play Rocky”: Encontrado o Ator Que Vai Dar Vida a Sylvester Stallone no Filme Sobre os Bastidores de Rocky

A história de bastidores de um dos maiores clássicos do cinema já tem protagonista. Anthony Ippolito, que recentemente interpretou um jovem Al Pacino na minissérie The Offer, vai agora assumir o papel de Sylvester Stallone em I Play Rocky, o novo filme da Amazon MGM sobre a criação do lendário Rocky.

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Realizado por Peter Farrelly — vencedor do Óscar por Green Book — o projeto promete estrear-se em salas de cinema e revisitar a trajetória improvável de Stallone: um ator praticamente desconhecido, que acreditava com todas as forças que tinha nascido não apenas para escrever Rocky, mas para ser o próprio Rocky Balboa.

O Verdadeiro “Underdog Story” de Hollywood

I Play Rocky será tanto um drama biográfico como uma história inspiradora. O argumento, escrito por Peter Gamble, centra-se na forma como Stallone enfrentou inúmeras rejeições em Hollywood ao insistir que ninguém mais poderia interpretar Balboa. Contra todas as probabilidades, arriscou tudo, recusando vender o guião sem o direito de ser também protagonista. O resultado? Um filme que não só arrecadou o Óscar de Melhor Filme em 1977, como deu início a uma das sagas mais icónicas do cinema, que viria a render mais de 1,7 mil milhões de dólares em bilheteira ao longo de várias décadas, incluindo os recentes spin-offs Creed.

Curiosamente, o próprio Anthony Ippolito parece ter encarnado o espírito de Stallone na hora de conquistar o papel. O ator gravou por iniciativa própria uma audição caseira, enviou-a diretamente aos produtores e, graças a essa ousadia, garantiu a oportunidade de interpretar o jovem Stallone.

De The Godfather a Rocky

A escolha de Ippolito para este papel ganha ainda mais simbolismo ao lembrarmos o seu percurso: depois de encarnar Al Pacino em The Offer (a série sobre a rodagem de O Padrinho), passa agora para outra história de bastidores de um clássico dos anos 70. A sua carreira inclui ainda Purple Hearts (Netflix), Pixels — onde interpretou a versão jovem de Adam Sandler — e Not Fade Away, de David Chase.

O Que Esperar do Filme

Produzido por Toby Emmerich, antigo presidente do Warner Bros. Pictures Group, e Christian Baha, I Play Rockypromete ser não apenas um retrato da luta de Stallone pelo papel da sua vida, mas também uma reflexão sobre Hollywood, os seus mecanismos e as histórias de persistência que se tornam lenda.

Ao dar vida ao jovem Stallone, Anthony Ippolito terá de captar não apenas a fisicalidade e o sotaque inconfundível, mas sobretudo a determinação feroz que transformou um aspirante a ator no criador de um dos maiores símbolos do cinema mundial.

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Se Rocky foi “a derradeira história de underdog”, I Play Rocky promete ser o seu espelho fora do ringue: a luta de um homem para ser ouvido e reconhecido na meca do cinema.

Quando Carl Weathers Deu Um Murro em Stallone (e Ganhou o Papel)

🎬 Existem audições que ficam na história de Hollywood não só pelo talento demonstrado, mas também pelo KOinesperado. A de Carl Weathers para o papel de Apollo Creed em Rocky (1976) é uma dessas lendas – e começa, literalmente, com um murro no queixo.

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Durante o casting para o filme que viria a redefinir o cinema desportivo, Weathers, antigo jogador profissional de futebol americano e então ator pouco conhecido, entrou na sala determinado a mostrar a sua fibra. Num exercício de improviso, foi convidado a simular uns golpes com um certo Sylvester Stallone — que, na altura, ainda não era uma estrela. Ao desferir um soco que acertou em cheio no queixo de Stallone, o ambiente aqueceu.

“Calma, é só uma audição”, avisou Stallone. Mas Weathers, sem reconhecer o ator (e muito menos o guionista da história que tinha em mãos), soltou uma pérola:

“Se eu pudesse fazer isto com um ator verdadeiro, fazia melhor.”

O realizador John G. Avildsen sorriu. E então revelou:

“Este é o ator. E o escritor.”

Depois de um momento de silêncio, Weathers respondeu com franqueza e um toque de ironia:

“Bem, talvez ele melhore.”

A resposta directa, cheia de insolência, conquistou Stallone. E foi assim que Carl Weathers se tornou Apollo Creed — o rival, depois aliado, de Rocky Balboa.


Uma coreografia com 32 páginas… e muitos hematomas

Com o elenco escolhido, havia um desafio técnico por resolver: como filmar combates de boxe que fossem mais intensos, autênticos e emocionantes do que os que o cinema já conhecia?

As primeiras tentativas falharam. Avildsen, Stallone e Weathers tentaram coreografar os golpes num ringue, mas o resultado parecia falso, ensaiado, sem ritmo. Os coordenadores de duplos Paul Stader e George P. Wilbur acabaram por abandonar a produção devido a divergências criativas.

Foi então que Avildsen desafiou Stallone:

“Vai para casa e escreve o combate. Golpe por golpe.”

No dia seguinte, Stallone apareceu com um guião inusitado: 32 páginas só sobre o combate final. Um verdadeiro ballet de socos, esquivas e movimentos perfeitamente cronometrados. Weathers e Stallone ensaiaram durante semanas, num total de mais de 35 horas, para que cada momento do duelo parecesse espontâneo — mas fosse, na verdade, meticulosamente planeado.

E não saíram ilesos: Stallone acabou com costelas negras e Weathers com o nariz danificado. Curiosamente, os ferimentos foram os opostos dos sofridos pelos personagens durante o combate no ecrã.


Muito mais do que um filme de boxe

O sucesso de Rocky é hoje indiscutível. Lançado em 1976 com um orçamento reduzido, tornou-se um fenómeno cultural, venceu o Óscar de Melhor Filme e catapultou Stallone para a ribalta. Mas o que o distingue de tantos outros filmes do género é precisamente o que aconteceu nos bastidores: a paixão, a dedicação, e, claro, o murro involuntário que deu início a tudo.

Apollo Creed não seria Apollo sem a garra de Carl Weathers. E Rocky não seria o mesmo sem aquela química inicial — feita de tensão, choque de egos e uma dose generosa de suor e sangue — entre os dois protagonistas. Ao olhar para trás, percebemos que a história do filme começa, de facto, antes das câmaras rolarem. E que às vezes, um soco no queixo é tudo o que é preciso para se entrar na história do cinema.

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