O épico excessivo de Damien Chazelle chega à televisão portuguesa
A Hollywood dos excessos, das ambições desmedidas e da glória efémera invade o pequeno ecrã no domingo, 28 de Dezembro, às 22h05, com a exibição de Babylon no TVCine Top e no TVCine+. Realizado por Damien Chazelle, o filme propõe uma viagem vertiginosa à era dourada do cinema americano, num retrato simultaneamente apaixonado e impiedoso de uma indústria em permanente combustão.
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Ambientado nos anos 1920, num período de profunda transformação tecnológica e cultural, Babylon acompanha a transição dos filmes mudos para o cinema sonoro, um momento que redefiniu carreiras, destruiu ídolos e deu origem a novos mitos. É nesse caos criativo que o filme constrói a sua narrativa, cruzando várias personagens que tentam sobreviver — ou dominar — um sistema que tanto glorifica como devora.
Ascensão, queda e demónios pessoais
No centro da história está Manny Torres, um jovem latino ambicioso e determinado que acredita cegamente no sonho de Hollywood. Ao seu redor orbitam figuras maiores do que a vida: Nellie LaRoy, uma estrela em ascensão cujo talento bruto e comportamento imprevisível a tornam simultaneamente irresistível e autodestrutiva; e Jack Conrad, um ícone do cinema mudo que vê o seu estatuto ameaçado pela chegada do som e pela mudança dos gostos do público.
À medida que a indústria se transforma, cada uma destas personagens enfrenta os seus próprios demónios: festas descontroladas, dependências, rivalidades ferozes e uma luta constante por relevância. Chazelle não suaviza nada. Pelo contrário, mergulha de cabeça na decadência, no excesso e na violência simbólica de um sistema que cria estrelas com a mesma rapidez com que as descarta.
Um espectáculo sem pudor nem contenção
Escrito e realizado por Damien Chazelle, vencedor do Óscar de Melhor Realizador por La La Land, Babylon assume-se como o seu projecto mais desmesurado. É um filme que recusa a moderação, apostando numa encenação frenética, num ritmo avassalador e numa mise-en-scène que transforma o excesso em linguagem cinematográfica.
O elenco acompanha essa ambição. Brad Pitt e Margot Robbie lideram um conjunto de luxo que inclui Diego Calva, Tobey Maguire, Olivia Wilde e Jean Smart, todos entregues a personagens maiores do que a vida, presas num turbilhão de vícios, desejos e ilusões.
Música, caos e memória do cinema
Um dos elementos mais celebrados do filme é a banda sonora de Justin Hurwitz, que valeu a Babylon o Globo de Ouro de Melhor Banda Sonora Original. A música funciona como motor emocional do filme, amplificando o frenesim das festas, a euforia do sucesso e a melancolia inevitável da queda.
Mais do que um retrato histórico, Babylon é também uma reflexão sobre o próprio cinema: a sua capacidade de fascinar, de destruir e de se reinventar. Chazelle filma Hollywood como um organismo vivo, belo e cruel, onde a arte nasce muitas vezes do caos e da dor.
Um domingo de cinema sem concessões
Frenético, sumptuoso e carregado de humor negro, Babylon é um filme que divide, provoca e desafia o espectador. Não procura agradar a todos, nem romantizar o passado. Prefere expor as contradições de uma indústria construída sobre sonhos — e ruínas.
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No dia 28 de Dezembro, às 22h05, o TVCine Top convida a entrar neste império da extravagância. Uma experiência cinematográfica intensa, excessiva e impossível de ignorar
