Poetic License: A Estreia de Maude Apatow na Realização Divide Críticos em Toronto

Um retrato intergeracional com muito coração, mas pouca direção

Apresentado na secção Special Presentations do Festival de TorontoPoetic License marca a estreia de Maude Apatowcomo realizadora. O filme é descrito pela crítica internacional como uma comédia universitária calorosa e bem interpretada, mas também genérica e sem rumo definido.

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A história acompanha Liz (Leslie Mann), uma mulher de meia-idade que, ao mudar-se para uma nova cidade com o marido (Method Man), decide frequentar uma aula de poesia para ocupar o tempo. Enquanto o marido e a filha Dora (Nico Parker) se adaptam facilmente ao novo ambiente, Liz sente-se deslocada e acaba por se aproximar de dois estudantes: Sam (Andrew Barth Feldman) e Ari (Cooper Hoffman), que rapidamente a transformam numa figura de admiração e conselheira.

Triângulo improvável e conflitos familiares

O enredo mistura elementos de coming-of-age e comédia romântica enviesada: Ari é um jovem rico, sem grandes objetivos além de querer viver com Sam; este, por sua vez, prefere a vida de dormitório, tem ambições académicas em economia e uma namorada (Maisy Stella) que irrita o amigo. Liz, ex-terapeuta de casais, percebe logo a dependência entre os dois rapazes, mas aproxima-se deles tanto pela curiosidade como pela vontade de revisitar a própria juventude.

Enquanto Sam e Ari competem pela sua atenção, Liz lida com o vazio deixado pela independência crescente da filha e com um casamento pouco inspirador.

Críticas à falta de foco

Segundo a imprensa presente em Toronto, Poetic License sofre de uma execução dispersa. A narrativa “vagueia de cena em cena sem grande visão”, com momentos emocionais interrompidos antes de poderem ganhar profundidade. As aulas de poesia, por exemplo, raramente abordam a escrita ou o ofício, servindo mais como pano de fundo cómico para a professora excêntrica interpretada por Martha Kelly.

A crítica aponta ainda que elementos como “poesia” ou “economia” parecem escolhidos ao acaso, sem real impacto na construção das personagens. Method Man surge mal aproveitado e pouco convincente como académico, enquanto Nico Parker, embora competente, não recebe material suficiente para brilhar.

Os pontos fortes: elenco e química

Apesar das fragilidades do guião, o elenco é amplamente elogiado. Leslie Mann, com a sua habitual leveza cómica, lidera a narrativa com charme. Cooper Hoffman é destacado como o grande ladrão de cenas, trazendo dimensão a um personagem que podia facilmente ser irritante. E a relação entre Mann e Parker confere ao filme alguns dos momentos mais ternos, revelando o olhar carinhoso de Apatow sobre a mãe.

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Um começo promissor, mas irregular

Com 1h57 de duração, Poetic License mostra que Maude Apatow tem potencial como realizadora, sobretudo na forma como dirige os atores e capta intimidade em pequenos gestos. No entanto, a crítica sublinha que o filme, apesar de bem-intencionado e “de grande coração”, se dissipa rapidamente da memória quando terminam os créditos.