A guerra entre gigantes do streaming chegou ao auge: Disney acusa o YouTube TV de recusar um acordo justo, enquanto a plataforma denuncia as “táticas antigas” da Disney para manipular a opinião pública.
O conflito entre Disney e YouTube TV — que começou como uma disputa contratual — transformou-se agora num dos maiores embates do ano no mundo do streaming. Milhões de utilizadores norte-americanos perderam o acesso aos canais da ESPN e da ABC, afetando transmissões da NFL, do College Football e até o popular College GameDay.
Na sexta-feira, a situação escalou quando um memorando interno da Disney, enviado aos funcionários, foi divulgado publicamente, levando o YouTube TV a responder de imediato com um comunicado contundente.
📺 O que está em causa
Segundo a Disney, as negociações começaram “com uma proposta que reduziria custos em relação ao contrato anterior”, permitindo ao YouTube TV “passar essa poupança aos clientes”. O grupo também afirmou ter oferecido novos pacotes personalizados, adaptados a diferentes perfis de público — desporto, entretenimento, famílias e crianças.
O memorando, assinado pelos copresidentes da Disney Entertainment Dana Walden e Alan Bergman, e pelo presidente da ESPN Jimmy Pitaro, sublinha que a empresa tem sido “flexível e justa”, e acusa o YouTube TV de exigir “termos preferenciais abaixo do valor de mercado”.
“O YouTube TV age como se fosse o único jogador em campo”, escreveu a direção da Disney. “Não podemos permitir que ninguém subverta a nossa capacidade de investir no melhor talento e conteúdo.”
💥 A resposta do YouTube TV
A réplica não tardou. Num comunicado divulgado via o jornalista Andrew Marchand, do The Athletic, o YouTube TV acusou a Disney de recorrer às “velhas táticas”, incluindo vazamentos propositados para a imprensa e negociações em praça pública através das suas figuras mediáticas.
“Mais uma vez, a Disney recorre a métodos antiquados, deturpando factos e tentando manipular o público”, afirmou a plataforma. “A nossa equipa está pronta para chegar a um acordo justo, em linha com o que outros distribuidores já aceitaram. A Disney precisa de regressar à mesa e fazer o que é melhor para os nossos clientes comuns.”
Fontes próximas das negociações indicam que nenhum acordo está próximo, o que significa que os assinantes da plataforma continuarão sem acesso à ESPN durante os jogos decisivos da época desportiva.
🏈 Um “apagão” em plena época alta
O impacto é significativo. O Monday Night Football e os jogos de topo da NCAA deixaram de estar disponíveis no YouTube TV, gerando revolta entre os fãs. Para mitigar a situação, o comentador Pat McAfee anunciou que transmitirá o College GameDay em direto através da rede X (antigo Twitter), oferecendo um alívio temporário para os adeptos.
Entretanto, os clientes da plataforma expressam frustração nas redes, muitos ameaçando mudar para serviços concorrentes como Hulu Live TV ou FuboTV, que mantêm os canais da ESPN.
🔮 O que pode acontecer a seguir
Analistas do setor consideram que este conflito reflete a nova tensão entre criadores de conteúdo e distribuidores digitais, com ambos os lados a tentar impor modelos de negócio mais lucrativos.
Nos bastidores, há quem diga que a Disney pretende usar este impasse para reforçar o seu próprio serviço, o ESPN+, enquanto o YouTube TV insiste em controlar custos para manter o preço do pacote base competitivo.
Por agora, o resultado é um clássico jogo de poder à americana — e o público, como sempre, é quem mais perde.

