Do choque na Croisette às salas portuguesas
Corrigindo o que escrevemos antes: Sirât, do franco-espanhol Oliver Laxe, já estreou em Portugal a 31 de Julho de 2025. Depois de ter conquistado o Prémio do Júri (ex-aequo) em Cannes e de ter sido descrito como “experiência espectacular”, “vertigem” e até “dinguerie” pela crítica francesa, o filme chegou às salas portuguesas no pico do Verão — e não em Setembro. 🎬
Uma viagem alucinada pelo deserto
Rodado em 16 mm, que acentua a textura da imagem e dá uma profundidade cromática rara, Sirât acompanha um pai e o filho mais novo na busca da filha desaparecida pelas montanhas do sul de Marrocos. O caminho cruza-se com um grupo de ravers rumo a uma festa perdida no deserto, e a narrativa transforma-se num road movie alucinatório, onde a paisagem opera como miragem, ameaça e promessa. 🌵
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O cinema do gesto, da luz e do som
Laxe assume um minimalismo radical: os diálogos são escassos; o sentido constrói-se no gesto, na luz e na composição sonora. A banda sonora electrónica/techno funciona como pulso narrativo, convocando uma experiência sensório-imersiva que pede ao espectador atenção ao detalhe e entrega ao ritmo. Não é um filme “sobre” o que se explica; é um filme que se sente. 🎧
Temas: espiritualidade, pertença, fim do mundo (ou começo?)
Entre travessias, ritmos e ruídos, Sirât devolve questões espirituais e existenciais: o que é pertença? que fronteira separa êxtase de vazio? há redenção no fim de linha? A atmosfera por vezes quase apocalíptica sustém o filme na corda bamba entre o transe e a contemplação.
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Para quem é — e por que importa vê-lo em sala
É provável que parte do grande público o ache “radical” ou “contemplativo”. Precisamente por isso, ganha em ecrã grande: pela escala dos planos, pela granulação do 16 mm, pela fisicalidade do som. Para quem procura um cinema que desafia o hábito e reconfigura a percepção, Sirât é obrigatório.
