O actor volta a alimentar a esperança dos fãs e deixa a porta escancarada para mais aventuras com as garras de adamantio.
Hugh Jackman está novamente a incendiar as expectativas dos fãs do universo Marvel. Depois do regresso triunfal em Deadpool & Wolverine (2024), o actor voltou a pronunciar-se sobre a possibilidade de retomar o papel que interpretou ao longo de 17 anos — e as suas palavras foram suficientemente ambíguas para reabrir todas as teorias da comunidade MCU.
Questionado no The Graham Norton Show sobre a possibilidade de voltar a vestir o fato de Wolverine, Jackman começou com um simples “Talvez”, mas rapidamente reforçou a ideia com algo ainda mais sugestivo: “Nunca mais digo ‘nunca’.” Para quem o viu despedir-se definitivamente em Logan (2017), onde a personagem morreu num dos finais mais aclamados da história dos filmes de super-heróis, estas palavras são tudo menos neutras.
O actor explicou que a promessa de abandono foi real, durante vários anos, mas admitiu que o seu estado de espírito mudou quando surgiu a oportunidade de se juntar a Ryan Reynolds num crossover há muito desejado pelos fãs. “Eu disse que estava acabado, e acreditava nisso. Mas um dia, enquanto conduzia, tive aquela sensação súbita de que queria mesmo fazer este filme com o Ryan”, recordou, reafirmando o impulso quase instintivo que o fez regressar da “reforma”.
Sempre bem-humorado, Jackman brincou também com o facto de a tecnologia actual permitir que os estúdios recriem actores sem que estes estejam fisicamente presentes: “Já têm material suficiente… Podia estar no camarim neste momento, e eles faziam o resto.” A referência à inteligência artificial reflete uma preocupação crescente na indústria — mas, no caso de Jackman, foi também uma forma de esclarecer que não está fechado a novas interpretações.
A parceria entre Deadpool e Wolverine, agora celebrada no MCU, foi um sonho antigo tanto para Jackman como para Reynolds. Durante anos, os dois discutiram informalmente a possibilidade de juntar as personagens, mas só a fusão entre a Disney e a Fox permitiu que a união se tornasse realidade dentro do universo oficial da Marvel. “Sonhei com isto desde que me lembro”, disse Reynolds à Entertainment Weekly.
Naturalmente, as especulações sobre o futuro começam a multiplicar-se. Parte do fandom acredita que Wolverine poderá surgir em Avengers: Doomsday ou noutras fases de transição do MCU, agora mais aberto a universos paralelos e reinterpretações icónicas. A Marvel, porém, mantém silêncio absoluto sobre qualquer plano envolvendo Jackman.
Por enquanto, o actor apenas confirma o essencial: não garante que volte, mas também já não promete que saia. E, no mundo de Wolverine, esse espaço intermédio é mais do que suficiente para reacender a esperança dos fãs — afinal, a lenda das garras nunca fica adormecida por muito tempo.
Um novo livro expõe, pela primeira vez de forma detalhada, as tensões criativas, o caos de produção e o conflito com Vin Diesel que levaram Justin Lin a deixar o comando de um dos filmes mais caros da história.
O universo Fast & Furious sempre viveu de velocidade, adrenalina e automatismos de blockbuster. Mas nos bastidores, a história nem sempre é tão harmoniosa quanto a “família” gosta de proclamar. Um novo livro não autorizado, Welcome to the Family, escrito por Barry Hertz, mergulha nas origens, glórias e turbulências desta mega-franchise da Universal — e dedica um capítulo explosivo aos acontecimentos que levaram Justin Lin a abandonar Fast X apenas alguns dias depois do início das filmagens.
O que até agora era apenas rumor ganha finalmente contornos concretos: Fast X estava afundado em tensões, um argumento em constante mutação, um elenco a crescer de forma descontrolada e um confronto directo entre o realizador e Vin Diesel, que terá sido o factor decisivo para a ruptura.
Segundo o livro, Lin não foi afastado pelo estúdio — foi ele próprio quem decidiu sair, cansado de pressões, reescritas diárias e batalhas criativas que pareciam impossíveis de ganhar.
A visão de Justin Lin: consequências, passado e o regresso a Fast Five
Lin vinha a preparar o filme muito antes de a rodagem começar. Marcado pela pandemia e com demasiado tempo para pensar, começou a construir, com a sua equipa habitual, uma ideia clara para o capítulo final da saga. O tema central seria o peso das consequências: depois de anos a destruir cidades inteiras e a desafiar as leis da física, Dom Toretto e a sua equipa teriam finalmente de enfrentar o impacto das suas acções.
A narrativa retomava acontecimentos de Fast Five, um dos filmes mais celebrados da série. A ideia era revisitar o assalto ao cofre no Rio de Janeiro e introduzir Dante Reyes, filho do narcotraficante assassinado por Dom e Brian. O plano parecia sólido — emocionalmente forte, narrativamente coerente e um retorno às raízes mais eficazes da saga.
Mas esse plano nunca sobreviveria intacto ao turbilhão de interesses que começou a invadir a produção.
Um argumento que mudava todos os dias — e que cresceu até à implosão
O livro descreve um processo criativo caótico. Sequências inteiras surgiam e desapareciam semanalmente. Em algumas versões, Hobbs surgia no clímax a destruir o Rio; noutras, havia um “battle royale” gigantesco que colocaria Hobbs e Shaw frente a frente com Dom e Jakob. Houve versões que incluíam o regresso do trio de Tokyo Drift; outras deslocavam a acção para o Vietname; e ainda uma versão quase caricata em que Dante reunia uma “Legião do Mal” com inimigos históricos de Dom.
Em todas as direcções surgiam sugestões, alterações e imposições. O argumento tornara-se um animal indomável — e Lin a pessoa encarregada de o domar.
O elenco crescia sem controlo — e com ele o orçamento
Ao mesmo tempo, a Universal insistia numa data de estreia ambiciosa, exigindo que o filme avançasse a todo o custo. E o elenco continuava a crescer: além da equipa habitual, estavam a ser integrados Jason Momoa, Brie Larson, Alan Ritchson, Daniela Melchior, entre outros. Cada actor trazia contratos, condições, deslocações, trailers, equipas e egos.
O livro afirma que, antes de se filmar um único plano, mais de 100 milhões de dólares já tinham sido gastos só em honorários do elenco principal. A produção caminhava para se tornar um dos filmes mais caros da história — e Lin sentia que o controlo artístico se diluía a cada nova adição.
A gota de água: Vin Diesel, um vídeo desastroso e uma ruptura inevitável
A 22 de Abril de 2022, Vin Diesel publicou um vídeo no Instagram ao lado de Lin. No vídeo, Diesel parece exuberante; Lin, visivelmente desconfortável, responde com frases curtas, quase mecânicas. Os fãs notaram imediatamente o ar de “pedido de socorro” do realizador, que soou preso entre entusiasmo forçado e exaustão evidente.
Mas segundo pessoas no set, até essa sexta-feira Lin parecia feliz. Foi depois desse fim-de-semana que tudo mudou. Lin teria atingido o limite após uma reunião à porta fechada com Diesel e elementos da sua equipa de produção, incluindo a irmã e produtora Samantha Vincent. As divergências criativas — sobretudo em torno do final e de um possível twist envolvendo a paternidade do pequeno Brian — tornaram-se irreconciliáveis.
No sábado, Lin decidiu que já não podia continuar.
O anúncio que abalou Hollywood
A 26 de Abril, Lin emitiu um comunicado diplomático onde anunciava a sua saída, mantendo-se apenas como produtor. Nos bastidores, reinava o choque. Muitos membros da equipa trabalhavam com Lin desde Tokyo Drift e sentiram a saída como uma perda pessoal profunda.
Alguns ponderaram abandonar o projecto, mas o realizador pediu-lhes que ficassem, explicando que a decisão era sua e que queria o melhor para a franchise. Era um gesto raro num ambiente marcado por egos e interesses.
“A minha saúde é mais importante do que o filme”
É esta frase — mencionada por membros da equipa no livro — que resume o estado emocional de Lin no momento da ruptura. Há uma sensação clara de que a produção se tornara insustentável, esmagada por expectativas absurdas, interferências e prazos impossíveis.
A substituição por Louis Leterrier ocorreu quase imediatamente, mesmo perante o risco de desorganização total. A Universal não podia parar uma máquina tão cara. O filme seguiu em frente — com um cenário que, segundo vários elementos da produção, se tornou totalmente dominado pelo CGI e longe da intenção original de Lin.
O livro promete reescrever a história pública da saga
Welcome to the Family é descrito como “explosivo” não por acaso. A obra promete revelar conflitos internos, rivalidades e decisões de bastidores nunca tornadas públicas. E, pelo que mostra este excerto, Justin Lin terá saído não por fraqueza, mas por resistência: porque preferiu abandonar a máquina a deixar que ela o destruísse — ironicamente, num franchise que insiste que “a família” é tudo.
A Netflix divulgou finalmente o trailer derradeiro da quinta e última temporada de Stranger Things, um vídeo carregado de acção, tensão e aquele clima apocalíptico que a série tem vindo a construir ao longo de quase uma década. A estreia do primeiro volume está marcada para 26 de Novembro e, se o trailer for um indicador fiável, esta despedida será de proporções épicas.
As novas imagens mostram Hawkins profundamente transformada pelos acontecimentos recentes. A cidade parece definitivamente marcada pelas Fendas que rasgaram o tecido da realidade, enquanto o grupo de protagonistas se reúne uma vez mais para enfrentar Vecna, desaparecido desde o final da temporada anterior mas, como a sinopse deixa claro, longe de ter sido derrotado. O governo norte-americano intensificou a busca por Eleven e colocou a cidade sob quarentena militar, forçando a jovem a regressar ao anonimato e deixando o grupo dividido entre a urgência da missão e a ameaça constante de vigilância oficial.
Os criadores, Ross e Matt Duffer, têm insistido que esta é a temporada mais ambiciosa da série. Em Janeiro revelaram que passaram um ano inteiro no set e que terminaram com mais de 650 horas de material filmado, algo que descrevem como equivalente a “oito filmes de grande orçamento”. Ao mesmo tempo, sublinham que esta é também a temporada mais pessoal que alguma vez fizeram, marcada por um ambiente emocional intenso dentro e fora das câmaras. “Houve muito choro”, assumiram, explicando que uma década a trabalhar ao lado do mesmo elenco tornou este final particularmente difícil para todos.
A estrutura de lançamento da temporada também reforça o estatuto de evento: os episódios chegam em três partes concebidas para marcar os feriados internacionais. O primeiro volume chega no final de Novembro, o segundo no dia de Natal e o episódio final será lançado na noite de Ano Novo. A narrativa acompanha o outono de 1987 e o regresso do sentimento de ameaça que marcou o desaparecimento de Will na primeira temporada, agora ampliado pela certeza de que a batalha final está à porta.
Embora este seja oficialmente o fim da série principal, os Duffer confirmaram que o universo de Stranger Thingscontinuará. Sublinham, no entanto, que qualquer projecto futuro — seja spin-off, série derivada ou algo totalmente novo — só avançará se tiver uma razão criativa forte para existir e se levar o nome da série “com a maior responsabilidade possível”.
O elenco volta em peso, com Millie Bobby Brown, Noah Schnapp, Finn Wolfhard, Gaten Matarazzo, Caleb McLaughlin, Priah Ferguson, Natalia Dyer, Charlie Heaton, Maya Hawke, Joe Keery, David Harbour, Winona Ryder e Brett Gelman. Será provavelmente a última vez que veremos este grupo unido — e a série parece determinada a garantir que se despeçam em grande.
Com este trailer final, uma coisa é certa: Stranger Things está prestes a fechar um capítulo que marcou profundamente o público e a televisão da última década. E, se a ambição declarada pelos criadores corresponder ao resultado, Hawkins vai despedir-se com estrondo.
O antigo actor/ figura televisiva e actual presidente dos EUA está a aproveitar a sua ligação a um dos homens mais ricos do mundo para tentar ressuscitar uma das suas sagas de acção favoritas.
Aos 79 anos, Donald Trump continua a manter uma relação curiosa — e muitas vezes inesperada — com o mundo do entretenimento. Agora, segundo o site Semafor, o presidente terá pedido directamente ao bilionário Larry Ellison que a sua companhia cinematográfica avance com o ressurgimento da saga Rush Hour, protagonizada por Jackie Chan e Chris Tucker.
A amizade entre Trump e Ellison, fundador da Oracle e actualmente o terceiro homem mais rico do mundo, é conhecida. Ellison tem sido um dos maiores financiadores das campanhas de Trump e, através do filho David, gere o novo grupo responsável pelos grandes activos da Paramount — que está prestes a assumir o catálogo e a produção da Warner Bros.
É precisamente nessa nova conjuntura que, de acordo com fontes citadas pelo Semafor, Trump terá “pressionado pessoalmente” Ellison para trazer de volta Rush Hour, a trilogia de acção policial que marcou o final dos anos 90 e início dos 2000.
Porquê Rush Hour? E porquê agora?
O primeiro filme da saga estreou em 1998 e arrecadou mais de 245 milhões de dólares a nível global, seguido por duas sequelas em 2001 e 2007. Desde então, várias tentativas de reboot foram consideradas — mas todas emperraram devido a um nome: Brett Ratner, realizador original, afastado pela Warner em 2017 após várias acusações de má conduta sexual, incluindo por parte do actor Elliot Page.
Ratner nega todas as acusações, mas o seu nome tornou-se tóxico em Hollywood. Vários estúdios recusaram avançar com um novo Rush Hour enquanto ele estivesse ligado ao projecto.
Mas, segundo a reportagem, a Paramount pode não ter essa preocupação. Ratner tem demonstrado proximidade ideológica com Trump e está a preparar um documentário de 40 milhões de dólares sobre Melania Trump, com estreia marcada para Janeiro na Amazon.
Ou seja: há um alinhamento político que pode tornar viável um projecto que outros estúdios preferiram evitar.
O elenco voltaria? Jackie Chan foi diplomático; Chris Tucker é outra história
Jackie Chan, hoje com 71 anos, falou sobre Trump em 2016 de forma cautelosa, dizendo que se devia “dar-lhe uma oportunidade para tentar mudar a América”. Nada indica, porém, que esteja confirmado para qualquer reboot.
Mais complicado é o regresso de Chris Tucker, que tem ligações públicas a figuras do Partido Democrata, incluindo Barack Obama e Bill Clinton. Em 2024 chegou mesmo a ser fotografado num comício de Kamala Harris, segurando um cartaz de apoio à então candidata presidencial. É possível que isso complique as coisas num eventual projecto patrocinado ou incentivado por Trump.
Trump tem um historial peculiar de filmes favoritos
O interesse presidencial por Rush Hour não é totalmente inesperado. Trump já citou vários clássicos — e alguns filmes mais duvidosos — como favoritos pessoais. Entre eles:
Bloodsport (1988), com Jean-Claude Van Damme — a que chamou “um filme fantástico e incrível”
Goodfellas
Gone With the Wind
Citizen Kane
The Godfather
The Good, The Bad and the Ugly
Curiosamente, Trump também tem uma ligação directa ao cinema: recebeu a sua estrela no Hollywood Walk of Fame em 2007 pelo trabalho em The Apprentice, muito antes de imaginar que ocuparia a Sala Oval.
A Paramount e a Casa Branca foram questionadas — mas permanecem em silêncio
Nem a Paramount, nem a Casa Branca comentaram ainda estas notícias. Mas, com a reorganização dos grandes estúdios de Hollywood e o crescente peso dos investidores privados (como Ellison), não seria surpreendente ver um reboot avançar — nem que fosse pelo valor simbólico e mediático.
Direção invoca referências a demónios e “incompatibilidade com a ética cristã” para impedir que crianças cantem canções do sucesso de animação.
O fenómeno Guerreiras do K-Pop continua imparável nas plataformas de streaming e já tem continuação confirmada. O filme, lançado em 2025, mistura acção, comédia musical e fantasia, acompanhando um grupo de cantoras de K-pop que alternam entre palcos iluminados e batalhas contra demónios. Mas, enquanto conquista audiências em todo o mundo, também começa a gerar polémica — sobretudo em ambientes conservadores.
O caso mais recente ocorreu numa escola religiosa em Dorset, no sul de Inglaterra. A Lilliput Church of England Infant School, instituição ligada à Igreja Anglicana e com alunos entre os quatro e os sete anos, enviou uma carta aos pais a informar que as músicas do filme estão proibidas no interior da escola.
Referências a demónios motivam desconforto da comunidade
Screenshot
Segundo a BBC, a decisão partiu de queixas de membros da comunidade local que se sentiram “profundamente desconfortáveis” com as letras das canções do filme, onde as protagonistas enfrentam demónios e entidades sobrenaturais. A direcção escolar decidiu, por isso, pedir aos pais que desmotivem as crianças de cantar temas do filme no recreio ou dentro das salas.
A carta explica a posição oficial da instituição:
“Demónios são associados a forças espirituais opostas a Deus e à bondade, o que contraria a ética cristã da escola.”
Para alguns cristãos, argumenta a direcção, até o uso fictício ou lúdico desse tipo de linguagem pode colidir com a fé que os orienta.
O director, Lloyd Allington, desenvolve esta ideia na comunicação enviada às famílias:
“Para alguns cristãos, até o uso ficcional desta linguagem pode criar conflito com uma fé que enfatiza rejeitar o maléfico, em vez de o integrar no entretenimento.”
Escola esclarece que não está a censurar o gosto das crianças
Apesar da proibição, a direcção fez questão de acalmar receios e sublinhar que não está a demonizar — ironicamente — o filme ou a experiência das crianças que o apreciam.
Allington clarifica:
“Não estamos a pedir que digam aos filhos que é errado gostar do filme ou das suas músicas, se tal estiver alinhado com as vossas próprias crenças. Não será essa a mensagem que transmitiremos na escola.”
O objectivo, explica, não é excluir ou punir gostos individuais, mas promover respeito entre alunos cujas famílias mantêm crenças diferentes:
“O nosso papel será ajudar as crianças a perceber que alguns colegas podem ter opiniões distintas e a explorar formas de respeitar e apoiar esses colegas na preservação da sua fé.”
O sucesso global que está no centro da polémica
Guerreiras do K-Pop tornou-se rapidamente um dos maiores êxitos de animação do ano: uma fusão energética de música pop coreana, estética colorida e acção sobrenatural. A mistura irreverente cativou um público jovem — mas, como acontece frequentemente com obras que lidam com fantasia demoníaca, levantou alertas em comunidades religiosas mais conservadoras.
A adaptação cinematográfica do romance de Valter Hugo Mãe — realizada por Daniel Rezende — estreia esta quarta-feira e já emociona até o próprio autor.
Adaptar Valter Hugo Mãe ao cinema não é apenas um desafio: é, nas palavras do realizador Daniel Rezende, “uma tarefa praticamente impossível”. E é fácil perceber porquê. A escrita do autor português está carregada de poesia, emoção e humanidade — e traduzir esse universo para imagens exige mais do que técnica: exige sensibilidade, coragem e uma compreensão profunda do que faz da sua obra algo tão transformador.
Depois de ter construído uma carreira sólida como montador — foi nomeado ao Óscar e venceu o BAFTA por Cidade de Deus — e de ter assinado sucessos populares como Bingo e Turma da Mónica: Laços, Rezende sentiu que era altura de mergulhar num projecto mais íntimo, mais denso, mais desafiante. A escolha surgiu na pandemia, quando leu O Filho de Mil Homens e percebeu imediatamente:
“Ao terminar o primeiro capítulo, soube que este seria o meu próximo filme.”
A adaptação chega agora à Netflix e, segundo Valter Hugo Mãe, pode até superar o livro — elogio raríssimo vindo de quem tantas vezes é considerado inadaptável.
Da infância ao cinema: um ciclo que se fecha
Rezende conta que cresceu numa família distante da arte, enquanto ele preferia o escuro das salas de cinema às tardes de praia. Ao ver Os Goonies, teve uma epifania: queria provocar nas pessoas o mesmo deslumbramento que sentiu naquele dia. Décadas depois, recebeu mensagens de jovens que, após verem Turma da Mónica, decidiram estudar cinema — “foi como fechar um ciclo”, confessa.
O inesperado caminho da montagem
Apesar da ambição cinematográfica, formou-se em publicidade. Foi esse desvio que o levou a trabalhar com Fernando Meirelles e, mais tarde, a montar Cidade de Deus — o seu primeiro filme. A montagem acabou por definir o seu olhar artístico:
“No cinema, a montagem é onde se descobre quem é realmente um bom contador de histórias.”
Aprender a ouvir — e a liderar pelo exemplo
Trabalhar com nomes como Meirelles, Walter Salles ou Laís Bodanzky ensinou-lhe a subtileza da escuta. Para Rezende, um realizador precisa de saber exactamente para onde está a conduzir o filme, mas também de ser capaz de acender uma faísca que contagie toda a equipa. Esse espírito colaborativo molda agora a sua abordagem.
A adaptação de Valter Hugo Mãe: “trair por amor”
O Filho de Mil Homens apresenta uma escrita profundamente sensorial: não descreve apenas cenas, mas pensamentos, emoções, cadências internas. Rezende sabia que teria de reinventar.
“Às vezes, para ser fiel, é preciso trair por amor.”
O filme acrescenta cenas que não estão no livro e elimina outras — mas, paradoxalmente, quanto mais ressignificava, mais fiel se tornava ao espírito da obra.
Quando Valter Hugo Mãe viu o filme pela primeira vez, permaneceu em silêncio. Depois começou a chorar — e agradeceu.
“Disse-nos que estava feliz. Que era talvez um dos raros casos em que o filme podia ser melhor do que o livro.”
Família intencional: o centro emocional do filme
O romance aborda a ideia de “família” como ligação afectiva, e não apenas biológica. Crisóstomo — interpretado por Rodrigo Santoro — parte em busca de um filho e acaba por descobrir, pelo caminho, uma família construída pela escuta, pelo acolhimento e pelo amor.
“Uma família pode ser feita de muitas coisas”, diz Crisóstomo.
Rezende acredita profundamente neste conceito de “família intencional”: relações escolhidas, sustentadas por responsabilidade afectiva e pertença genuína.
Masculinidade reimaginada — e o olhar curativo de Santoro
Rezende conta que, em jovem, as suas referências de masculinidade eram Rambo e Rocky Balboa. Hoje, acredita que a arte tem o dever de propor novas formas de ser homem — mais abertas, sensíveis e empáticas.
A construção do personagem com Santoro exigiu subtileza:
“Às vezes, no livro, Crisóstomo parece demasiado discursivo. No filme, apostámos nos silêncios. E Santoro comunica tudo pelo olhar.”
Segundo o realizador, o actor tornou-se um “património afectivo”: alguém capaz de transformar uma cena apenas pela presença.
A cena do grito — e a solidão masculina
Uma das cenas mais marcantes mostra Crisóstomo a libertar um grito contido, entregue à natureza. É o retrato de um homem educado para reprimir tudo o que sente:
“O masculino aprende a não sentir, e quando sente, a não expressar. Quis representar isso sem palavras — só acção.”
O que o cinema português pode aprender — e ensinar
Rezende afirma sentir orgulho no cinema brasileiro (a entrevista original é brasileira), mas as reflexões sobre pluralidade, criatividade e resistência aplicam-se também ao cinema português. A arte é, afinal, um espaço de reimaginação colectiva.
Ser pai, ser homem, ser artista
Com um filho de 21 anos, o realizador confessa que a paternidade moldou a sua visão:
“Procuro construir uma relação baseada no diálogo. Questiono-o, mas também me deixo transformar por ele.”
Entre vinhos, amigos e uma pista de dança
Fora do cinema, Rezende gosta de noites de vinho e jogos cooperativos, de ir ao cinema como espectador — e continua apaixonado pelas pistas de dança, herança dos seus tempos de DJ.
A actriz interpreta a lendária pugilista Christy Martin e reflecte sobre a dificuldade de pedir ajuda, o machismo na indústria e a história brutal mas inspiradora da atleta.
Sydney Sweeney está de volta ao grande ecrã com “Christy”, o novo filme biográfico realizado por David Michôd, que se centra na vida complexa e muitas vezes trágica de Christy Martin, uma das primeiras mulheres a conquistar fama mundial no boxe profissional. Mas, para Sweeney, a experiência trouxe mais do que um papel desafiante: trouxe também um espelho das próprias pressões que sente enquanto mulher na indústria.
Em entrevista à Sky News, a actriz admite que tem enorme dificuldade em pedir ajuda — algo que reconheceu imediatamente na personagem.
“Tenho muita dificuldade em pedir ajuda. As minhas amigas dizem-me constantemente: ‘Sydney, podes pedir. Não há mal nenhum.’ Mas custa-me mesmo.”
Sweeney explica que esta resistência é alimentada por expectativas profundamente enraizadas:
“Especialmente sendo mulher, há tantas expectativas para termos tudo sob controlo. Se pedimos ajuda, é visto como fraqueza. Quando um homem pede ajuda, ninguém questiona. Mas se uma realizadora pedir ajuda, dizem logo que não está preparada.”
Uma luta real dentro e fora do ringue
O realizador David Michôd, que escreveu o argumento juntamente com a esposa Mirrah Foulkes, confirma que essa pressão é algo que a própria Foulkes sentiu repetidamente na indústria:
“Para muitas mulheres, assim que admitem que não sabem algo, surge imediatamente o julgamento: ‘não está preparada’, ‘não consegue’, ‘está fora de profundidade’. Eu digo que não sei o que estou a fazer vinte vezes por dia.”
É neste contexto que nasce “Christy”, filme que retrata não só a carreira lendária de Christy Martin, mas também a violência doméstica, o controlo coercivo e o sofrimento silencioso que marcaram a sua vida privada.
A ascensão de uma pioneira — e o inferno que viveu em segredo
Christy Martin tornou-se, em 1993, a primeira mulher contratada por Don King, um dos mais poderosos promotores de boxe do mundo. Conhecida como “The Coal Miner’s Daughter”, conquistou o título mundial WBC de super-meio-médio em 2009 e foi mais tarde incluída no International Boxing Hall of Fame.
Mas a sua vida pessoal era dominada por James “Jim” Martin, marido e treinador, 25 anos mais velho. Conheceram-se no final dos anos 80, casaram um ano depois e, durante décadas, Christy sofreu abuso físico e psicológico, enquanto tentava manter a carreira e ocultar a sua orientação sexual.
Em 2010, o caso tornou-se público da forma mais violenta possível: Jim esfaqueou-a e baleou-a no quarto da própria casa. Pensando que ela morreria, foi tomar banho, dando-lhe tempo para escapar e pedir ajuda. Sobreviveu. Ele foi condenado a 25 anos de prisão e morreu sob custódia em 2024.
“Incrível, inspiradora” — a verdadeira Christy Martin
Michôd encontrou-se com a atleta semanas antes do início das filmagens e ficou marcado pela sua humanidade:
“É incrivelmente doce, apesar de tudo o que viveu. E no mundo do boxe, é uma autêntica estrela.”
Um filme de impacto, não de números
Nos EUA, Christy estreou com 1,3 milhões de dólares, uma das piores aberturas para um filme lançado em mais de 2.000 salas. Mas Sydney Sweeney defende que o valor artístico e emocional do projecto não deve ser medido apenas pela bilheteira:
“Nem sempre fazemos arte para números. Fazemo-la pelo impacto.”
E impacto é precisamente o que Christy procura — ao expor a violência escondida por trás de uma atleta lendária e ao questionar as expectativas sufocantes que continuam a recair sobre as mulheres, tanto no desporto como no quotidiano.
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Christy: A Força de Uma Campeã estreou nas salas portuguesas a 13 de Novembro de 2025.
“Billie Eilish – Hit Me Hard and Soft: The Tour (Live in 3D)” estreia em Portugal a 19 de Março de 2026 e promete uma experiência imersiva inédita para os fãs.
Billie Eilish está prestes a regressar aos holofotes cinematográficos — desta vez com um filme-concerto captado ao longo da sua digressão mundial esgotada. O projecto, intitulado “Billie Eilish – Hit Me Hard and Soft: The Tour (Live in 3D)”, chega às salas portuguesas a 19 de Março de 2026, numa estreia que junta dois nomes inesperados: Billie Eilish… e James Cameron.
O anúncio foi revelado em São Francisco, durante o último espectáculo da tour Hit Me Hard and Soft, igualmente esgotado, onde a artista confirmou aquilo que muitos fãs suspeitavam: a digressão seria transformada numa experiência cinematográfica em 3D, pensada para recriar a intensidade, a energia e a estética da tour.
James Cameron na realização — sim, leu bem
O filme-concerto é co-realizado pela própria Billie Eilish e por James Cameron, autor de Avatar, Titanic e muitos dos maiores fenómenos de bilheteira da história. Ambos contam com Óscares da Academia, e a presença de Cameron sugere uma ambição técnica muito acima do habitual neste género de produções.
Filmado em formato 3D ao longo da digressão internacional, o projecto promete colocar o público “dentro” do concerto, com a escala épica e a profundidade visual que Cameron tornou marca da casa. Para quem nunca teve oportunidade de assistir à tour — ou para quem quer voltar a vivê-la — é a forma mais imersiva possível de entrar naquele universo.
Billie Eilish: nove Grammys, dois Óscares — e agora um filme-concerto global
Com nove Grammy Awards e duas estatuetas da Academia, Billie Eilish é hoje uma das artistas mais influentes da música pop contemporânea. A digressão Hit Me Hard and Soft esgotou arenas em vários continentes e consolidou a artista como uma força criativa incontornável.
O novo filme-concerto pretende captar não apenas a performance musical, mas também o ambiente emocional e visual da tour, oferecendo aos fãs uma experiência expandida, com o peso cinematográfico que o seu trabalho merece.
Distribuição em Portugal confirmada pela NOS Audiovisuais
“Billie Eilish – Hit Me Hard and Soft: The Tour (Live in 3D)” chega aos cinemas nacionais através da NOS Audiovisuaise conta com produção da Paramount Pictures, em parceria com a Darkroom Records, a Interscope Films e a Lightstorm Entertainment.
Com estreia marcada para 19 de Março de 2026, o filme promete ser um dos grandes eventos musicais do próximo ano — e um encontro inevitável entre a música e o cinema, numa fusão que só poderia acontecer entre Billie Eilish e James Cameron.