Um retrato cru, mas sem verdadeira expiação
O documentário em dois episódios AKA Charlie Sheen, agora disponível na Netflix, é descrito como uma experiência emocionalmente extenuante — e não exclusivamente pela duração de mais de três horas. Segundo a crítica da The Guardian, a série oferece “deixa pouco espaço para arrependimento genuíno”, com Sheen muitas vezes se vangloriando dos seus dias de festa em vez de assumir todas as suas ações, particularmente no que toca às consequências sobre as pessoas à sua volta .
Apesar de entrevistas com ex-mulheres, amigos e colegas — como Heidi Fleiss, que não escondeu a sua raiva, e Jon Cryer, visivelmente exausto pelo ciclo de destruição — o filme acaba por dar demasiado controlo à narrativa do próprio Sheen, suavizando partes mais sombrias e dolorosas da sua trajetória .
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Revelações chocantes, mas a superfície permanece
Aka Charlie Sheen traz à tona factos sensacionais — ele pilotou um avião embriagado na sua lua-de-mel, cresceu numa casa de nudistas, teve encontros sexuais com homens durante fases de dependência, teve overdoses, e sofreu do HIV — mas muitos críticos apontam que a sua honestidade é calculada, contemplando destempero e glamour como parte do mesmo pacote de sofrimento e redenção .
Tratando-se de um relato belamente cronometrado, há momentos poderosos, como o telefonema de Clint Eastwood a convencê-lo a ir para a reabilitação, e a intervenção familiar que quase não aconteceu. “Foi realmente poderoso”, admite Sheen sobre essa viragem decisiva .
O homem por trás da lenda — ainda escapando à autocrítica
A narrativa atravessa as fases “Festas”, “Festas com problemas” até aos “Puros problemas”, com um arco que culmina na sobriedade desde 2017. Mas, como nota o The Guardian, a série enfatiza recordações nostálgicas em vez de responsabilização, com pouca contrição palpável .
A omissão de Martin Sheen e Emilio Estevez, que recusaram participar, foi tratada de forma respeitosa — Sheen insiste que mantêm um vínculo firme — e descreve o filme como uma espécie de “carta de amor” ao pai .
Um sobrevivente que ainda não se perdoa
Apesar dos deslizes grotescos que entraram para a história — como relatar que já “voou um avião enquanto estava bêbado” — ou usar cubos de gelo em locais inusitados para se manter acordado em cena , Sheen parece ambivalente: aliviado por expor tudo, mas ainda relutante em encarar integralmente quem feriu. Como ele próprio descreve sobre a vergonha, “a vergonha sufoca… mas pode tornar-se uma Estrela do Norte, ou da Morte” — uma frase que oscila entre reflexão e confusão .
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Em síntese:
AKA Charlie Sheen é uma viagem brutal e barulhenta pela queda e ressurgimento de uma estrela danoosa, exibindo-se mais como um espetáculo do que como uma rendição emocional. Existem momentos genuínos de remissão e humor negro revelador, mas a falta de verdadeira autocrítica aprofunda o desconforto em vez de oferecer reconciliação — tanto para Charlie como para quem o rodeia.













