Butkus, o Melhor Amigo de Rocky: A Incrível História do Cão que Viveu o Sonho Americano com Stallone

Há histórias de bastidores que nos comovem mais do que os próprios filmes. E esta, protagonizada por Sylvester Stallone e o seu fiel companheiro de quatro patas, Butkus, é um desses casos raros em que a realidade supera a ficção. Antes de conquistar Hollywood com Rocky, Stallone viveu na pobreza mais absoluta — e o cão que dividia consigo um minúsculo quarto de albergue acabou por ser peça central na narrativa improvável da sua redenção.

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Nos anos 70, Stallone era um actor desconhecido, praticamente sem dinheiro e sem perspectivas. Partilhava um pequeno quarto numa pensão em Nova Iorque com Butkus, um mastim imponente mas de olhar doce. Viviam acima de uma paragem de metro e, segundo o próprio Stallone recordaria mais tarde, “ambos estávamos com fome”.

Sem dinheiro sequer para comprar comida, o jovem actor tomou uma decisão devastadora: vender Butkus. Foi em frente a uma loja 7-Eleven que Stallone entregou o seu melhor amigo por 40 dólares, numa troca que lhe rasgou o coração mas que lhe permitiu, pelo menos, sobreviver mais uns dias.

Mas o destino tinha outros planos.

O Milagre Chamado “Rocky”

Pouco tempo depois, Stallone escreveu o argumento de Rocky, inspirado em parte na sua própria luta e determinação. Quando finalmente conseguiu vendê-lo — e com a condição de interpretar ele próprio o papel principal —, a sua vida mudou da noite para o dia. Ganhou reconhecimento, abriu portas e, acima de tudo, teve uma prioridade inquestionável: encontrar Butkus.

E encontrou-o. Mas o antigo comprador sabia que Stallone, agora uma estrela em ascensão, estava desesperado por recuperar o seu cão. Exigiu 15.000 dólares para o devolver — mais de 375 vezes o preço original. Stallone pagou sem hesitar. “Valeu cada cêntimo!”, declarou anos depois.

Butkus voltou a casa — e não foi apenas para servir de mascote. O mastim tornou-se presença incontornável nos dois primeiros filmes da saga Rocky, aparecendo ao lado do seu dono dentro e fora do ecrã. De certa forma, Butkus não era apenas um cão: era símbolo da luta, da amizade e da lealdade que Rocky representa.

Um Ícone Quase Esquecido

Butkus faleceu em 1981, após ter acompanhado o meteórico crescimento de Stallone e participado na criação de um dos maiores ícones do cinema americano. Embora não receba o mesmo destaque que outros elementos da saga, os verdadeiros fãs conhecem-lhe a importância.

Para Stallone, Butkus não foi apenas um animal de estimação. Foi família, foi colega de cena e foi, acima de tudo, uma âncora emocional numa altura em que tudo parecia desmoronar.

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Esta história tem tudo o que o cinema adora: queda, redenção, sacrifício e um reencontro digno de um final feliz. E talvez por isso mesmo tenha tocado tantos corações ao longo dos anos. Butkus não ganhou um Óscar — mas esteve ao lado de quem o ganhou. E isso é, por si só, um argumento melhor do que muitos que passaram por Hollywood.

Sara Sampaio Brilha em “Superman”: Uma Nova Eve Teschmacher para a Nova Era de James Gunn

Está lançada a nova era da DC. E com ela, surge uma inesperada mas muito bem-vinda surpresa para o público português: Sara Sampaio entra oficialmente no universo de Superman. A supermodelo e atriz portuguesa dá corpo e alma a uma versão renovada da assistente e namorada do vilão Lex Luthor, num papel que, segundo a própria, foi construído com sensibilidade, inteligência emocional e… estilo.

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Em entrevista à agência Lusa, Sara revelou que a sua interpretação de Eve Teschmacher foi “um bocadinho diferente da original”, procurando oferecer uma versão mais fresca, contemporânea e emocionalmente complexa. “Ela parece que tem uma essência quase de criança, muito pura”, descreve, apontando para uma inocência desarmante por trás da imagem superficial.

Influenciadora ou aliada?

Na nova versão escrita e realizada por James Gunn, Eve Teschmacher surge inicialmente como uma influencer fútil, obcecada por visuais e outfits — e Sampaio garante que tem “os melhores do filme” — mas a personagem depressa se revela mais profunda do que parece. “As pessoas não têm de ser só uma coisa”, insiste a atriz. “Ela pode gostar de coisas bonitas e de cor-de-rosa, mas não significa que seja uma pessoa sem cérebro”.

Este jogo de expectativas — em que o que parece frívolo é, afinal, estratégico — é um dos trunfos da personagem. Eve está com Lex Luthor por segurança, por necessidade de estabilidade. Mas quando percebe que essa proteção está em risco, mostra que sabe cuidar de si mesma. “Ela tem um plano B”, reforça Sampaio.

A personagem, originalmente introduzida nos filmes de Richard Donner dos anos 70, onde foi interpretada por Valerie Perrine, tem vindo a ser redescoberta nas novas gerações. Sara Sampaio viu todas as versões anteriores e diz ter-se apaixonado pela personagem. Agora, é a sua vez de deixá-la gravada na memória do público.

James Gunn, um realizador ao serviço do elenco

O novo Superman marca também o início do novo universo cinematográfico da DC sob a liderança de James Gunn, realizador de Guardiões da Galáxia e Esquadrão Suicida. Com um orçamento astronómico de 225 milhões de dólares, o filme tem tudo para relançar o super-herói mais icónico da banda desenhada. E, segundo Sampaio, a experiência nos bastidores foi memorável.

“O James é fantástico”, diz com entusiasmo. “É um colaborador incrível, dá-nos liberdade para experimentar, está sempre com um microfone e manda piadas para dizermos no momento. Foi muito acima das expectativas”.

A atriz não esconde o nervosismo inicial, por estar entre gigantes como David Corenswet (Superman), Rachel Brosnahan (Lois Lane) e Nicholas Hoult (Lex Luthor). Mas o ambiente no set desfez qualquer insegurança. “Ajudávamo-nos muito uns aos outros, sentíamos que estávamos a fazer uma coisa muito especial. Foi melhor do que podia imaginar”.

De passarelas a Krypton: a ascensão de Sara

Com este papel, Sara Sampaio dá um salto decisivo na sua carreira em Hollywood. Após pequenas participações em CriseAt Midnight e nos trabalhos portugueses A Carga e Sombra, a ex-Victoria’s Secret Angel estreia-se agora numa superprodução mundial com uma personagem icónica. É a transição mais ambiciosa da sua carreira como atriz — e aquela que poderá consolidar a sua presença na indústria norte-americana.

É importante notar que o papel de Eve Teschmacher, apesar de secundário à primeira vista, torna-se central no desenrolar da narrativa. E a escolha de Sampaio não terá sido apenas estética: a sua entrega, dedicação e capacidade de encontrar nuances numa figura tantas vezes vista como decorativa pode fazer desta versão a mais memorável de sempre.

Um legado reimaginado

Superman de James Gunn é, nas palavras do próprio realizador, “uma carta de amor à banda desenhada”. Mas também é um exercício de reinvenção — das personagens, das suas motivações, da própria linguagem do cinema de super-heróis. E a Eve Teschmacher de Sara Sampaio é um exemplo disso: um rosto conhecido, sim, mas com alma nova.

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O filme estreia hoje em mais de 30 salas portuguesas, e marca o início de uma nova etapa para o universo DC. Para os fãs do género, é o regresso do símbolo máximo da esperança. Para o público português, é também o momento em que uma das suas maiores estrelas do mundo da moda se afirma como atriz de cinema com nome próprio.

Ewan McGregor Barrado Pela Câmara Escocesa: Pedido Para Substituir Telhado de Mansão de £2 Milhões Rejeitado

🏰 O regresso às raízes escocesas não está a ser feito sem percalços para Ewan McGregor. O actor de Trainspotting e Star Wars, hoje com 54 anos, viu recentemente ser rejeitado o pedido para substituir o telhado da sua mansão histórica no centro da Escócia. A propriedade, adquirida em 2023 por cerca de £2 milhões, é uma villa do século XVIII com dez quartos, localizada numa zona rural do concelho de Perth and Kinross, e encontra-se classificada como edifício de interesse histórico (grau C).

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Segundo o requerimento apresentado pelos arquitectos David Bell, o telhado em chumbo encontra-se “irreparável”, apresentando fissuras, fendas e falhas nas caleiras. Para além dos riscos estruturais, os arquitectos alertaram ainda para a possibilidade de roubo do valioso material — uma preocupação crescente em edifícios isolados e de grande valor patrimonial. A solução proposta? Substituir o telhado original por uma cobertura moderna em Sarnafil, uma membrana monocamada de PVC, mais segura, leve e resistente à água.

Segurança vs Património: o dilema

No entanto, a Câmara de Perth and Kinross foi clara na sua decisão: o pedido foi recusado. O motivo? A alteração iria comprometer o “carácter arquitectónico especial” do edifício e contrariar o Plano de Desenvolvimento Local, que favorece a preservação e restauração de materiais tradicionais.

Na fundamentação da decisão, pode ler-se: “A substituição por materiais não-tradicionais, como a membrana monocamada e os ripados de PVC, bem como a inclusão de lanternins de telhado reprofilados, afectaria negativamente a integridade estética e patrimonial do imóvel”.

Apesar do esforço dos representantes do actor para justificar a mudança com argumentos técnicos e de segurança, o município manteve-se firme: preservar o património exige fidelidade aos materiais originais, mesmo quando estes representam desafios logísticos e financeiros.

Uma mansão cinematográfica — mas com burocracia bem real

A propriedade em causa, construída em 1789, estende-se por três pisos e 15.000 pés quadrados (cerca de 1.400 m²). Entre os seus encantos, contam-se uma sala de bilhar, uma garrafeira e 18 acres de jardins privados. Um cenário digno de filme — e, de certa forma, é precisamente isso que a torna tão sensível a alterações.

Desde a compra do imóvel, Ewan McGregor tem procurado restaurá-lo com equilíbrio entre conforto moderno e respeito histórico. Já tinha recebido aprovação para construir uma garagem nova, alterar a suite principal e reparar os danos causados pela humidade. O telhado, no entanto, revelou-se um obstáculo mais complexo.

Um regresso sentimental — e um pouco frustrado

Em entrevista à Architectural Digest no ano passado, McGregor revelou que o regresso à Escócia foi quase instintivo: “Comecei a sentir um chamamento para casa. Nunca pensei que isso acontecesse, é estranho. Acho que quem quer que tenha feito o mundo, começou pela Escócia — e acertou.”

Após mais de duas décadas a viver entre Londres, Nova Iorque e Los Angeles, o actor decidiu voltar às origens, adquirindo uma casa perto da zona onde nasceu. A sua intenção: restaurar um pedaço do passado, para criar um novo futuro. Só não contava com os entraves administrativos.

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Enquanto tenta resolver o impasse, McGregor continua em destaque nos palcos de Londres, protagonizando My Master Builder — o seu regresso ao teatro britânico após 17 anos de ausência.

Hugh Grant Adormece em Wimbledon Atrás da Rainha Camilla – e a Internet Não Perdoa

🎾 O torneio de Wimbledon é sinónimo de tradição, elegância… e, ao que parece, também de sonos inesperados. O actor britânico Hugh Grant protagonizou um dos momentos mais virais da edição deste ano do campeonato, ao ser apanhado pelas câmaras a dormir durante o jogo dos quartos-de-final entre Novak Djokovic e Flavio Cobolli. Um detalhe não passou despercebido: Grant adormeceu na Royal Box, mesmo atrás da rainha Camilla.

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O episódio aconteceu no dia 9 de julho, durante o tie-break do primeiro set — precisamente quando a tensão em campo aumentava. As câmaras procuravam captar a reacção dos famosos na bancada nobre e, ao invés de encontrar entusiasmo… encontraram o actor de Notting Hill com a cabeça descaída e os olhos bem fechados. O momento, claro, espalhou-se rapidamente pelas redes sociais, gerando uma onda de memes, piadas e uma certa empatia universal: quem nunca lutou contra o sono em plena formalidade?

Royal Box, Sesta Real

A Royal Box de Wimbledon é um espaço reservado para membros da realeza e convidados ilustres. Estar ali é, por si só, um gesto de prestígio. Hugh Grant, de 64 anos, marcou presença no evento acompanhado pela mulher, a produtora sueca Anna Elisabet Eberstein, com quem trocou sorrisos e cumprimentos com a rainha Camilla e o ex-primeiro-ministro John Major.

O ambiente era de cerimónia, os olhares atentos… até que o sono venceu o charme britânico de Grant. O apresentador da BBC Chris Fowler não resistiu ao momento e, em directo, questionou o colega John McEnroe: “Ele está connosco?” Ao que McEnroe respondeu com humor: “Parece que seria bom uma pequena chamada de atenção. É um desempate, avisem-no!”

Humor Britânico em Estado Puro

Apesar do momento embaraçoso — ou talvez precisamente por isso — Grant mostrou-se descontraído e bem-disposto no final do jogo, como se nada se tivesse passado. Depois da breve sesta, foi visto a conversar animadamente com a esposa e a desfrutar do ambiente típico de Wimbledon, onde as fresas com natas, os chapéus elegantes e o espírito britânico continuam a imperar.

A internet, naturalmente, não perdoou. Os memes multiplicaram-se com títulos como “Notting Asleep”“Love Actually, Nap Definitely” ou “A Very British Siesta”. Alguns fãs especularam se Grant estaria simplesmente a meditar ou a descansar os olhos… mas as imagens não deixam margem para dúvidas: foi mesmo uma soneca real.

Um Clássico em Forma de Meme

Hugh Grant sempre foi mestre em encarnar o britânico bem-comportado com um toque de auto-ironia. Desta vez, a vida imitou a arte: o actor não só dormiu em pleno jogo como o fez com a compostura de um verdadeiro cavalheiro — de fato impecável, atrás da realeza e com pose de quem nem sequer ronca.

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No meio de tantas tensões políticas e sociais, este pequeno momento de humanidade arrancou sorrisos ao mundo. Afinal, se até Hugh Grant adormece num dos eventos mais formais do Reino Unido, talvez todos possamos ser um pouco mais indulgentes com as nossas próprias “pausas” sociais.

“Sonhar com Leões” Representa Portugal na Competição Oficial do Festival de Gramado com Humor Negro e Existencialismo Surreal

🎬 A segunda longa-metragem de Paolo Marinou-Blanco, Sonhar com Leões, prepara-se para atravessar o Atlântico e competir na prestigiada seleção oficial do Festival de Cinema de Gramado, no Brasil. O filme, uma coprodução entre Portugal, Brasil e Espanha, integra a mostra competitiva de longas-metragens brasileiras, graças à participação da produtora brasileira Capuri — e será exibido entre os dias 13 e 23 de agosto, naquela que é a 53.ª edição do certame sul-americano.

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Depois de ter estreado nos cinemas portugueses em maio, Sonhar com Leões continua agora o seu percurso internacional com uma proposta que mistura comédia negra, drama existencial, romance improvável e uma pitada de surrealismo. O filme é, em essência, uma meditação irreverente sobre a vida, a morte e as zonas nebulosas que as separam.

E se a morte pudesse ser agendada?

No centro da narrativa está Gilda, interpretada pela actriz brasileira Denise Fraga, uma mulher com uma doença terminal que, cansada de tentativas de suicídio falhadas, recorre a uma empresa clandestina especializada em oferecer… uma “boa morte”. É aí que conhece Amadeu, interpretado pelo actor português João Nunes Monteiro, funcionário de uma funerária que sofre de insónia crónica e vive mergulhado numa apatia existencial.

Ambos são arrastados por uma série de testes bizarros e rituais fúnebres sem lógica aparente. Mas, à medida que vão descobrindo o esquema fraudulento da empresa, nasce entre eles uma inesperada cumplicidade — e uma fuga. Juntos, decidem abandonar o programa e embarcam numa viagem rumo a Espanha em busca de uma alternativa à eutanásia… e talvez à vida.

Tragicomédia com sabor ibérico

Rodado entre Portugal e Espanha, Sonhar com Leões combina paisagens reais com um tom onírico e absurdo, que lembra por vezes o universo de filmes como O Despertar da Mente ou Amarcord. A realização de Marinou-Blanco equilibra com cuidado os extremos do trágico e do cómico, explorando os limites da condição humana com sensibilidade e humor negro.

Além dos protagonistas, o elenco conta ainda com presenças de peso como Joana Ribeiro, Sandra Faleiro, Victoria Guerra, António Durães e o veterano brasileiro Roberto Bomtempo, numa coabitação de talentos lusófonos que sublinha a natureza transnacional do projecto.

Portugal no Brasil: Uma Competição que Faz História

A presença de Sonhar com Leões em Gramado representa mais do que uma exibição internacional: é também um momento de visibilidade significativa para o cinema português num dos mais respeitados festivais da América Latina. A mostra brasileira, que acolhe anualmente obras com forte identidade autoral, será também a plataforma de lançamento da estreia comercial do filme no Brasil, já marcada para 11 de setembro.

Ao mesmo tempo, a inclusão do filme numa competição brasileira, fruto da coprodução luso-brasileira, levanta também uma reflexão interessante sobre as novas formas de colaboração internacional e a dissolução de fronteiras artísticas. O cinema português, tantas vezes marginalizado em grandes mercados, encontra aqui uma janela ampla de diálogo, reconhecimento e circulação.

Vida, Morte e Leões

Sonhar com Leões é, como o próprio título indica, uma obra que flutua entre o devaneio e o impulso de sobrevivência. Entre o cansaço de viver e o medo de morrer. Ao transformar a morte em indústria, o filme convida-nos a pensar na forma como banalizamos o fim — e, ao mesmo tempo, como podemos reinventar o significado de continuar.

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Não é um filme “fácil”, mas é um filme necessário. Comédia, sim, mas daquelas que deixa uma inquietação a pairar. Porque, por vezes, sonhar com leões é sonhar com coragem. Com transformação. Com liberdade.

“O Sorriso de Afonso”: João Pedro Rodrigues Leva Novo Projeto ao Mercado de Veneza e Aborda o 25 de Abril com Olhar Íntimo e Revolucionário

🎬 Depois de ter agitado Cannes com Fogo-Fátuo, João Pedro Rodrigues prepara-se para voltar ao centro do debate cinematográfico europeu com O Sorriso de Afonso, o seu mais recente projecto de longa-metragem. O filme estará em destaque no mercado de financiamento do Festival de Veneza, entre 29 e 31 de agosto, num espaço reservado a obras em fase final de desenvolvimento que prometem marcar o futuro do cinema internacional.

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Ao lado de mais 66 projectos oriundos de todo o mundo — entre ficções e documentários —, O Sorriso de Afonso será apresentado a potenciais financiadores, distribuidores e parceiros de coprodução. A obra, produzida pela portuguesa Terratreme Filmes, conta com coprodução italiana e luxemburguesa e já reúne apoios do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), do Fundo de Apoio ao Turismo e ao Cinema (cash rebate), e ainda do Fundo de Cinema do Luxemburgo.

Uma Revolução por Contar: 25 de Abril, Adolescência e Desejo

Segundo palavras do próprio realizador, O Sorriso de Afonso será “a história de um adolescente que descobre a sexualidade durante o período da revolução do 25 de Abril”. O filme propõe-se a revisitar um momento-charneira da história portuguesa, não a partir do discurso político ou da historiografia institucional, mas através de um prisma íntimo, afectivo e profundamente humano.

Em entrevista à Lusa em 2022, João Pedro Rodrigues sublinhou: “A mim apetece-me falar sobre o nosso passado recente. Discute-se pouco. Na ficção, temos dificuldade em voltar ao nosso passado presente.” E reforçou a urgência do olhar queer sobre a Revolução: “Logo após o 25 de Abril, surgiu um grupo de trabalho homossexual que publicou um manifesto no Diário de Lisboa… E veio o Galvão de Melo à televisão dizer que a revolução não foi feita para prostitutas e homossexuais.”

É este tipo de tensão — entre a promessa de liberdade e os limites dessa liberdade — que o filme se propõe a explorar. Porque se o 25 de Abril simbolizou, para muitos, o fim da repressão, para outros continuou a haver exclusão, silenciamento e marginalização. A homossexualidade só seria legalizada em Portugal já na década de 1980.

João Pedro Rodrigues: Um Olhar Singular sobre o Desejo e a História

O percurso de João Pedro Rodrigues é marcado por uma coerência estética e temática rara. Desde O Fantasma (2000), passando por Odete (2005), A Última Vez Que Vi Macau (2012), até ao provocador Fogo-Fátuo (2022), o realizador tem vindo a construir uma obra onde o corpo, o desejo e a identidade são explorados com irreverência, subtileza e uma vontade permanente de desconstruir convenções narrativas e sociais.

Com O Sorriso de Afonso, tudo indica que Rodrigues continuará a provocar o espectador — não no sentido gratuito da provocação, mas enquanto gesto político e estético de libertação. Regressar ao 25 de Abril é também revisitar os seus não-ditos, os seus paradoxos, as vozes que ficaram fora da narrativa oficial.

Veneza e o Cinema Português: Uma Presença em Expansão

Para além de O Sorriso de Afonso, o mercado de financiamento de Veneza contará com outros dois projectos com participação portuguesa: Torn Heart, do realizador brasileiro Helvécio Marins Jr. (coproduzido com Brasil, Alemanha e Portugal), e o documentário The Mammoths That Escaped the Kingdom of Erlik Khan, da realizadora macedónia Tamara Kotevska, com coprodução entre Portugal, Dinamarca, Reino Unido e Macedónia do Norte.

Estes projectos revelam uma presença cada vez mais activa de Portugal no tecido internacional da produção cinematográfica. O apoio institucional, aliado à criatividade e ao risco autoral, tem permitido ao cinema português marcar posição não apenas em festivais, mas também nos mercados e bastidores onde se define o futuro da sétima arte.

Um Sorriso à Espera da Liberdade

Ainda sem data de estreia anunciada, O Sorriso de Afonso promete ser mais do que um filme sobre a juventude ou a revolução: será, provavelmente, uma revisitação do Portugal pós-25 de Abril à luz de corpos e desejos que a história oficial preferiu ignorar.

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Num tempo em que o cinema se torna cada vez mais necessário como espaço de memória, crítica e afirmação de identidades, a nova obra de João Pedro Rodrigues poderá ser um marco. Um sorriso, sim — mas também um gesto de resistência.

“Emilia Pérez” Chega à Televisão Portuguesa: Um Musical de Narcotráfico, Identidade e Revolução Emocional

🎬 A noite de domingo, 13 de julho, promete ser tudo menos banal. O TVCine Top estreia, em exclusivo, Emilia Pérez, um dos filmes mais surpreendentes, ousados e politicamente provocadores do último ano. Realizado por Jacques Audiard — o autor de obras incontornáveis como Um Profeta ou Ferrugem e Osso —, o filme junta musical, thriller de narcotráfico e drama de identidade de género numa proposta absolutamente invulgar e que conquistou os júris e a crítica internacional.

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Vencedor do Prémio do Júri no Festival de Cannes, de dois Óscares (incluindo Melhor Atriz Secundária para Zoe Saldaña), quatro Globos de Ouro e inúmeros elogios apaixonados por parte da crítica especializada, Emilia Pérez afirma-se como uma das produções mais marcantes da década, cruzando géneros, geografias e convenções com um arrojo raramente visto no cinema contemporâneo.

De “Manitas” a Emilia: Uma Transição Literal e Metafórica

A história começa com Rita, interpretada com garra por Zoe Saldaña — papel que lhe valeu o Óscar —, uma advogada ambiciosa mas subestimada, presa num escritório que defende criminosos em vez de os combater. A reviravolta chega quando é raptada por um cartel de droga, apenas para descobrir que o temível líder, conhecido por “Manitas”, não quer eliminá-la… mas contratá-la.

O plano de Manitas? Abandonar o narcotráfico e realizar o seu maior sonho: tornar-se mulher. O resultado é Emilia Pérez, uma ópera pop inesperada onde o drama identitário se entrelaça com o thriller criminal e a exuberância musical. O filme não foge a temas difíceis — violência, transição de género, perdão, maternidade e redenção — mas fá-lo com uma fluidez surpreendente, coreografando emoções com a mesma energia com que monta tiroteios ou cenas de tribunal.

Karla Sofía Gascón e a Força de uma Presença

No papel-título, Karla Sofía Gascón — actriz trans espanhola que interpreta Emilia após a transição — oferece uma das prestações mais notáveis do cinema recente. Ao lado de Saldaña, Selena Gomez e Adriana Paz, o elenco feminino venceu de forma colectiva o prémio de Melhor Atriz no Festival de Cannes, um reconhecimento da força emocional e política da performance conjunta. Esta escolha do júri cannoise foi não apenas simbólica, mas também justa: raramente se vê um elenco tão comprometido com a vulnerabilidade das suas personagens.

E como se não bastasse, Emilia Pérez inclui ainda a canção “El Mal”, vencedora do Óscar de Melhor Canção Original, interpretada por Saldaña com uma intensidade surpreendente. A música, tal como o filme, mistura géneros, ritmos e dor — mas também libertação.

Audiard Reinventa-se (Outra Vez)

Jacques Audiard é conhecido por nunca se repetir. Do drama criminal urbano (Um Profeta) ao faroeste existencial (Os Irmãos Sisters), o realizador francês continua a reinventar-se a cada projecto. Com Emilia Pérez, mergulha no território do musical latino com a ousadia de quem já não tem nada a provar — e muito a dizer.

Ao misturar formatos e códigos de forma tão fluída, o filme consegue algo raro: desafiar o espectador sem o afastar. Há melodrama, sim, mas também ironia. Há denúncia social, mas também espaço para o sonho. E no centro de tudo, uma personagem que quer apenas viver em paz consigo mesma, depois de uma vida feita de violência, medo e dissimulação.

Uma Estreia Televisiva Imperdível

Depois de passar pelos maiores palcos do mundo — de Cannes aos Óscares —, Emilia Pérez chega finalmente à televisão portuguesa, com estreia marcada para domingo, 13 de julho, às 21h15 no TVCine Top e no TVCine+. Para quem perdeu a estreia em sala (ou para quem quer rever), esta é uma oportunidade imperdível para descobrir uma das obras mais singulares e emocionalmente potentes dos últimos anos.

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Numa época em que o cinema muitas vezes se refugia em fórmulas seguras, Emilia Pérez é uma lufada de ar fresco — corajosa, musical, feroz e profundamente humana. Prepare-se para ser desafiado. E comovido.