A Última Resistência: The Handmaid’s Tale

 Chega ao Fim com Estreia em Simultâneo com os EUA

 

A contagem decrescente chegou ao fim. A sexta e última temporada de The Handmaid’s Tale, uma das séries mais marcantes da última década, estreia já no dia 8 de abril em Portugal, em exclusivo no TVCine+. E a estreia não vem sozinha: os fãs terão direito a uma tripla dose com os três primeiros episódios lançados em simultâneo com os Estados Unidos. A partir daí, todas as terças-feiras há um novo episódio – sempre a par da estreia internacional. Para quem prefere ver no canal linear, a exibição no TVCine Edition arranca a 16 de abril, com um episódio por semana, às 22h10.

Baseada no icónico romance distópico de Margaret Atwood, The Handmaid’s Tale desenha um retrato sombrio de uma sociedade totalitária onde os EUA colapsaram e deram lugar à República de Gilead – um regime teocrático e opressor onde as mulheres férteis são escravizadas para procriação. Um cenário que continua, tragicamente, a ressoar com a actualidade.

June, Sempre em Frente

A nova temporada retoma a luta de June Osborne (Elisabeth Moss), figura central de resistência, agora mais determinada do que nunca a derrubar Gilead. O seu espírito indomável continua a inspirar todos à sua volta – incluindo Luke (O-T Fagbenle) e Moira (Samira Wiley), que se juntam à resistência num momento em que cada decisão pode ditar o rumo do futuro.

Entretanto, Serena Joy (Yvonne Strahovski) tenta remodelar a nação que ajudou a construir, ao mesmo tempo que o Comandante Lawrence (Bradley Whitford) e a temida Tia Lydia (Ann Dowd) se confrontam com o peso das suas escolhas. Já Nick (Max Minghella) enfrenta provas morais que o forçarão a decidir de que lado está verdadeiramente.

Esta temporada final promete fechar a saga com momentos de tensão, confronto e esperança, enquanto os personagens mais amados (e odiados) enfrentam o desfecho das suas histórias. A luta pela liberdade, a coragem frente ao totalitarismo e o poder da solidariedade são os grandes pilares deste derradeiro capítulo.

Um Elenco à Altura da História

Elisabeth Moss continua a brilhar no papel de June – e também como produtora executiva – liderando um elenco que inclui ainda Amanda Brugel, Sam Jaeger, Madeline Brewer, Ever Carradine, Josh Charles, entre outros. A série, que já arrecadou 15 Emmys, 2 Globos de Ouro e mais de 250 nomeações, continua a ser uma referência incontornável da televisão contemporânea.

Criada por Bruce Miller, The Handmaid’s Tale é produzida pela MGM Television, com produção executiva de nomes como Warren Littlefield, Eric Tuchman, Yahlin Chang e a própria Moss.

Uma Despedida à Altura

Com estreia marcada para 8 de abril, The Handmaid’s Tale – Temporada 6 chega ao TVCine+ em exclusivo para os subscritores dos canais TVCine. Disponível na box e na App TV de todos os operadores nacionais, sem custos adicionais, a série pode ser vista de forma simples, organizada e, agora, em sintonia com o resto do mundo.

Para os fãs de séries poderosas, dramas políticos intensos e protagonistas femininas inesquecíveis, esta última temporada promete ser um final digno de uma das maiores obras televisivas do século XXI.


📺 Estreia: 8 de abril

📍 Onde ver: TVCine+ (streaming) e TVCine Edition (a partir de 16 de abril)

📣 Destaque: Tripla estreia no primeiro dia e episódios semanais em simultâneo com os EUA

Woody Harrelson diz “não” à terceira temporada de “The White Lotus”

The White Lotus… por causa de umas férias em família! 🌴

🎭 Era uma vez em… Phuket. Woody Harrelson esteve prestes a integrar o elenco da terceira temporada de The White Lotus, a aclamada série de sátira social de Mike White. Mas, ao contrário das teorias que circularam, a razão da sua ausência não teve nada a ver com salários ou desavenças — apenas com algo tão simples (e raro em Hollywood) quanto manter um compromisso familiar.

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“Estava preparado para fazer The White Lotus e muito entusiasmado,” revelou Harrelson ao The Daily Beast. “Infelizmente, o calendário de produção mudou e coincidiu com umas férias familiares que já estavam marcadas. Foi uma decisão extremamente difícil.”

Segundo o actor, a produção estava inicialmente alinhada com a sua disponibilidade, mas o adiamento das gravações obrigou-o a escolher entre a carreira e a família. E, pelo visto, as praias tailandesas ficaram reservadas… mas apenas para os Harrelson.

Não foi por dinheiro (desta vez)

Logo após a revelação do elenco da temporada 3, surgiram rumores de que Harrelson teria recusado um dos papéis principais — Rick (agora interpretado por Walton Goggins) ou Frank (interpretado por Sam Rockwell) — devido à política da produção de pagar o mesmo a todos os actores. Uma prática pouco comum em séries de grande visibilidade e ainda mais rara entre nomes de peso.

Mas Woody desmentiu com classe e generosidade. “As coisas acontecem por uma razão”, acrescentou. “Não conseguiria ter feito um trabalho tão fantástico como o Sam, que está a arrasar.”

O fim está próximo… e promete

A terceira temporada de The White Lotus chega ao fim este domingo com um episódio especial de 90 minutos, o mais longo da história da série. Gravada na Tailândia, esta nova temporada mergulha em novas dinâmicas de privilégio, hipocrisia, karma e, claro, morte anunciada.

O elenco desta temporada inclui nomes como Parker Posey, Jason Isaacs, Michelle Monaghan, Natasha Rothwell (de volta como Belinda), Carrie Coon, Francesca Corney, Patrick Schwarzenegger, Aimee Lou Wood e a estrela do K-pop Lisa (BLACKPINK), entre muitos outros.

A série, vencedora de 15 Emmys nas suas duas primeiras temporadas, continua a ser escrita, realizada e produzida por Mike White, com produção executiva de David Bernad e Mark Kamine.

🎬 The White Lotus é um fenómeno global que não só domina as conversas nas redes sociais, como também influencia a moda, a crítica social e o gosto televisivo contemporâneo — e agora sabemos que quase teve Woody Harrelson a bordo.

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Quem sabe se na próxima temporada… não será em Cabo Verde? 🌊

Filme de Minecraft parte tudo nas bilheteiras: estreia arranca com 157 milhões de dólares

🎬 O fenómeno dos videojogos chega ao topo do cinema. A Minecraft Movie, a tão aguardada adaptação cinematográfica do icónico videojogo de 2011, superou todas as expectativas e arrecadou uns impressionantes 157 milhões de dólares no primeiro fim de semana nos cinemas norte-americanos — um novo recorde de 2025.

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As previsões iniciais apontavam para uma estreia na casa dos 60 milhões de dólares, valor depois revisto para cerca de 100 milhões. Mas nem mesmo os analistas mais optimistas conseguiram antecipar o fenómeno em que o filme se tornou.

“Esta foi a primeira grande surpresa do ano,” afirmou Paul Dergarabedian, analista sénior da Comscore, ao canal CNN. “A Minecraft Movie ultrapassou o recorde anterior, estabelecido por Captain America: Brave New World, que tinha estreado com 88,5 milhões.”

Um sucesso gerado pela comunidade

A explicação para esta performance explosiva nas bilheteiras passa, em parte, por uma combinação de factores estratégicos. A estreia coincidiu com as férias da primavera de muitos estudantes universitários e adolescentes, o que ajudou a impulsionar as vendas de bilhetes. Além disso, o entusiasmo da comunidade Minecraft ajudou a criar uma verdadeira onda de boca-a-boca.

“Quando um lançamento gera este tipo de entusiasmo, as previsões deixam de contar,” referiu David A. Gross, da FranchiseRe.

Apesar das reações iniciais algo divididas aos trailers, o filme conquistou um público alargado — mesmo sem impressionar particularmente os críticos. A verdade é que os fãs compareceram em massa, muitos deles com ligação emocional ao jogo que marcou gerações.

Minecraft lidera o “ranking” das adaptações de videojogos

Com estes números, A Minecraft Movie torna-se oficialmente a melhor estreia doméstica de sempre para um filme baseado num videojogo, ultrapassando pesos-pesados como:

  • The Super Mario Bros. Movie (146 milhões, abril 2023)
  • Five Nights at Freddy’s (80 milhões, outubro 2023)
  • Sonic the Hedgehog 2 (72 milhões, abril 2022)

Para os analistas, o segredo do sucesso pode também estar na classificação etária: os filmes baseados em videojogos com classificação PG (para todos os públicos) têm consistentemente superado os PG-13 (para maiores de 13 anos), o que os torna mais acessíveis para famílias e audiências mais jovens.

Alívio para a indústria do cinema

Este sucesso chega num momento crucial para Hollywood. Segundo a Comscore, as receitas de bilheteira em 2025 estavam 13% abaixo do valor do ano anterior, antes da estreia de Minecraft. Com este impulso, a diferença caiu para apenas 5%, dando um sinal claro de recuperação à indústria.

“Foi um primeiro trimestre historicamente fraco,” diz Shawn Robbins, analista do Box Office Theory. “Mas Minecraft trouxe finalmente luz ao fundo do túnel.”
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E há mais boas notícias no horizonte: a segunda metade do ano promete trazer mais blockbusters, com Thunderbolts (Marvel) já agendado para 2 de maio, seguido de Mission: Impossible – The Final Reckoning (23 de maio) e F1 da Warner Bros. (27 de junho).

🎮 A Minecraft Movie é mais do que uma adaptação de sucesso. É uma prova viva de que os videojogos continuam a conquistar o grande ecrã — e que quando o público se sente parte da história, os resultados nas bilheteiras falam por si.

Hugh Grant indigna-se com controlo de passaportes em Heathrow: “Foi insultuoso e creepy”

✈️ Hugh Grant, o eterno galã de Notting Hill e O Diário de Bridget Jones, não é homem de escândalos. Mas desta vez, o ator britânico perdeu a paciência — e foi no aeroporto de Heathrow, onde nem o charme londrino o salvou de um momento embaraçoso com os serviços de imigração.

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Segundo o próprio Hugh, que recorreu ao Twitter (agora X) para desabafar, tudo aconteceu na passada sexta-feira, 4 de abril, quando atravessava o aeroporto com a mulher, Anna Elisabet Eberstein, e os três filhos em comum, de 12, 9 e 7 anos.

“Acabei de passar pelo Heathrow com a minha mulher e os nossos filhos. Todos temos o mesmo apelido (Grant) nos passaportes. O agente da imigração mete conversa com as crianças e depois sussurra-lhes: ‘São mesmo estes os teus pais?’”

Hugh não achou graça. Chamou a situação de “intrusiva, insultuosa e creepy” — e nós imaginamos perfeitamente a sua cara de Mr. Darcy desconfortável no momento.

O ator, que foi recentemente nomeado para um BAFTA pelo seu papel aterrador no filme Heretic (sim, Hugh Grant num filme de terror — 2024 é mesmo surpreendente), tem, no total, cinco filhos. Para além dos três que estavam com ele no aeroporto, tem outros dois filhos com a ex-companheira Tinglan Hong.

Grant, conhecido por ser reservado quanto à sua vida familiar, não revelou para onde estava a viajar. Mas uma coisa é certa: não foi de bom humor.

🕵️‍♂️ Segundo as orientações oficiais do governo britânico, os agentes da imigração (conhecidos como Border Force officers) têm autorização para fazer algumas perguntas adicionais quando um adulto viaja com crianças que não tenham o mesmo apelido — o que, neste caso, nem se aplicava.

A própria legislação recomenda que essa abordagem seja “sensível aos interesses da criança e do adulto envolvido”. Ao que parece, o agente em questão preferiu o estilo “filme de conspiração com Nicholas Cage”.

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💬 Nas redes sociais, os seguidores dividiram-se entre os que defenderam o cuidado com potenciais casos de tráfico de menores e os que concordaram com Hugh Grant, apontando o absurdo da situação, já que todos os passaportes tinham o mesmo apelido. Um utilizador comentou: “Se até o Hugh Grant é interrogado… imagine o comum dos mortais!”

Olivier Awards 2025: Celine Dion, super-heróis e troféus a servir de… batentes de porta?

✨ Os Olivier Awards 2025 celebraram o melhor do teatro britânico e, como já é tradição, a noite não foi só feita de prémios. Houve emoção, humor, momentos improváveis e até homenagens… inesperadas a brinquedos e a Celine Dion. Aqui ficam cinco coisas que aprendemos na noite mais prestigiada do teatro do Reino Unido.

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🎭 John Lithgow precisa urgentemente de mais uma porta

O veterano John Lithgow levou para casa o prémio de Melhor Actor pela sua interpretação de Roald Dahl em Giant. Com um currículo impressionante — de The Crown a 3rd Rock from the Sun — o ator parecia genuinamente surpreendido com o prémio.

“Tenho exatamente seis portas no segundo andar da minha casa em Los Angeles… e já ganhei seis Emmys”, contou com humor. “Agora vou precisar de outra porta para este Olivier!” O troféu pode ir parar ao chão, mas o talento de Lithgow está bem lá no alto.

🎤 Billy Porter adora o público britânico (mas tem umas dicas para a nossa culinária)

O sempre exuberante Billy Porter, atualmente a brilhar como Emcee em Cabaret, partilhou o palco da apresentação com Beverley Knight. E se há coisa que Billy sabe fazer, é animar uma sala.

Adora o público britânico — “mais reservado, mas a soltar-se cada vez mais” — e até se mostra fã da gastronomia local. Só tem uma sugestão: “falta sal e pimenta… antes de cozinhar, não depois”. Fica a dica para os chefs de serviço do West End.

🏆 Romola Garai vence… contra si própria

Romola Garai fez história ao ser nomeada duas vezes na mesma categoria (Melhor Actriz Secundária) — por The Years e Giant — e acabou por levar o prémio para casa.

Mas o verdadeiro herói da história é o filho de Garai: “Ele pediu para guardar o prémio no quarto dele, com os bonecos de super-heróis. E eu disse: ‘Pronto, está bem.’” Se o Olivier se der bem com o Homem-Aranha, parece-nos um ótimo plano.

🚢 Celine Dion ainda não viu o musical sobre… Celine Dion

Titanique, um musical que reimagina Titanic ao som dos maiores êxitos de Celine Dion, foi um dos fenómenos da noite. A história? Celine invade um museu e assume o papel de narradora da tragédia do navio.

O musical venceu dois Oliviers — incluindo o de Melhor Comédia — mas Celine ainda não viu a produção. Já o seu cenógrafo, uma das irmãs e até uma backing vocal marcaram presença.

Marla Mindelle, que interpreta a própria Celine no palco, já imagina o que aconteceria se a diva aparecesse: “Desmaiava… e depois a verdadeira Celine subiria ao palco, tomava o meu lugar e continuava o espetáculo. E tudo corria na perfeição.”

🕺 Meera Syal descobriu a nomeação depois de… uma aula de Zumba

Nomeada para Melhor Atriz pelo seu papel comovente em A Tupperware of Ashes, onde interpreta uma mãe diagnosticada com Alzheimer precoce, Meera Syal recebeu a boa notícia de forma inesperada.

“Saí da aula de Zumba, tinha 10 chamadas perdidas do meu agente e outras tantas da minha filha. Liguei, ainda suada e de leggings, e fiquei em choque. Uma bela surpresa para uma manhã de terça-feira!”


📺 Onde ver os premiados?

Algumas das produções vencedoras, como Cabaret, continuam em exibição no West End — e há gravações disponíveis em serviços como National Theatre at Home, BBC iPlayer (UK) ou Sky Arts, embora o acesso possa variar conforme o território. Em Portugal, canais como a RTP2 ou plataformas como o Filmin Portugal são os mais atentos à programação teatral internacional.

Nanni Moretti Sobrevive a Enfarte e Recebe Alta: O Cinema Europeu Respira de Alívio

A Cena Mais Infame da História do Cinema: O Calvário de Maria Schneider em Último Tango em Paris

🎬 É uma das imagens mais perturbadoras e controversas da história do cinema: uma jovem de 19 anos, vulnerável e em lágrimas reais, numa cena de violação simulada que não constava do guião original. Falamos, claro, da infame “cena da manteiga” de Último Tango em Paris (1972), de Bernardo Bertolucci, protagonizado por Marlon Brando e Maria Schneider. A verdade por detrás da rodagem daquela sequência — e o seu impacto profundo e devastador na vida da atriz — é agora contada no filme Maria, de Jessica Palud, com Anamaria Vartolomei no papel principal.

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Mais de cinquenta anos depois, o episódio continua a provocar choque, raiva e desconforto. Não apenas pelo que se vê no ecrã, mas porque a dor era real. Maria Schneider, em múltiplas entrevistas ao longo da sua vida, explicou como foi traída pela equipa do filme, em especial por Bertolucci e Brando. A cena foi decidida entre os dois homens e filmada sem o seu consentimento total. O resultado? Uma atuação extraordinária, mas à custa de um trauma profundo.

“Senti-me violada, tanto pelo Marlon como pelo Bertolucci”

Maria Schneider, que morreu em 2011 vítima de cancro, falou abertamente da sua experiência: “Aquela cena não estava no guião. Foi ideia do Marlon. Só me disseram no dia, e eu senti-me humilhada, violada, emocionalmente devastada.” Ela acrescentou que chorava lágrimas verdadeiras durante a filmagem e que Brando não se desculpou nem a confortou após a cena. Bertolucci, por sua vez, afirmou mais tarde que queria uma reacção “real” da jovem — não como atriz, mas como rapariga, o que agrava ainda mais o escândalo.

Em 2016, quando uma entrevista antiga do realizador veio a público, onde ele admitia com frieza que queria provocar humilhação real, a indignação reacendeu-se. Hollywood, à luz do movimento #MeToo, olhou para trás com horror. Último Tango em Paris, uma obra que durante décadas figurou entre os “clássicos arrojados”, tornou-se símbolo de abuso de poder em nome da arte.

Uma carreira marcada pelo trauma

Apesar do sucesso do filme — que arrecadou 36 milhões de dólares nos EUA e foi um fenómeno de bilheteira na Europa — Maria Schneider recebeu apenas 4 mil dólares. Foi ela quem apareceu nua. Foi ela quem chorou em cena. E foi também ela quem ficou marcada para sempre pela forma como foi tratada.

Durante anos, a atriz lutou contra o vício, depressão e ansiedade. Tentou suicidar-se. Foi internada. A sua carreira nunca recuperou. Embora tenha participado em filmes importantes como The Passenger (1975), ao lado de Jack Nicholson, Maria nunca deixou de ser conhecida como “a rapariga do Último Tango”.

A fama súbita também teve efeitos colaterais: “Fiquei famosa da noite para o dia. As pessoas pensavam que eu era como a personagem. Inventava histórias para os jornalistas, mas isso não era eu… Isso deixou-me louca”, confessou Schneider. A pressão mediática e os julgamentos morais arrastaram-na para uma espiral de autodestruição.

Um novo olhar sobre um velho escândalo

O novo filme Maria, realizado por Jessica Palud e protagonizado por Anamaria Vartolomei e Matt Dillon (como Marlon Brando), pretende dar voz à mulher por trás da personagem. Com base no livro de Vanessa Schneider, prima da atriz, a longa-metragem apresenta um retrato comovente da jovem Maria — filha ilegítima de um ator francês, abandonada pelos pais e, mais tarde, abandonada também pela indústria que a explorou.

Vartolomei, que recria a cena da manteiga no filme, disse em entrevista à BBC que chorou durante a filmagem. “Senti a violência daquilo. A violência física e emocional. A Maria estava sozinha. Não tinha ninguém do seu lado. Só pessoas a observarem, a filmarem… e a não fazerem nada.”

Segundo a realizadora, Maria não pretende condenar com raiva, mas sim expor a estrutura que permitiu este tipo de abusos. “Não quis julgar, mas mostrar o sistema. Há ainda muito trabalho a fazer, mas uma cena como aquela já não aconteceria hoje. E isso é um sinal de mudança.”

Uma herança a reavaliar

O debate em torno de Último Tango em Paris levanta questões mais profundas sobre o cânone cinematográfico e a forma como idolatramos certos filmes — e realizadores — ignorando as consequências para os intérpretes. Como disse a crítica Anna Smith: “Há muito tempo que acredito que o cânone dos grandes filmes precisa de ser reexaminado, porque vem de um lugar profundamente patriarcal.”

Hoje, muitos espectadores — e instituições culturais — olham para Último Tango com outra lente. Não é uma questão de apagar o passado, mas de o compreender com consciência. E de dar finalmente voz àquelas — como Maria Schneider — que, durante demasiado tempo, foram silenciadas.

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Onde ver o filme e o documentário sobre Maria Schneider:

  • Último Tango em Paris encontra-se disponível em edições físicas (DVD/Blu-ray) e pontualmente em serviços como MUBI ou Filmin.
  • O filme Maria ainda não tem data de estreia em Portugal, mas deverá integrar festivais europeus nos próximos meses.
  • O livro de Vanessa Schneider encontra-se traduzido em francês e pode ser encomendado online.

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Nanni Moretti Sobrevive a Enfarte e Recebe Alta: O Cinema Europeu Respira de Alívio


🎬 O mundo do cinema europeu suspirou de alívio esta semana com a notícia de que o aclamado realizador italiano Nanni Moretti, de 71 anos, recebeu alta hospitalar após ter sofrido um enfarte. Moretti, uma das vozes mais singulares e introspectivas do cinema de autor, esteve internado na Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital San Camillo, em Roma, desde quarta-feira passada, mas já se encontra em casa e em recuperação.

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A notícia foi confirmada durante o festival Custodi di sogni – I tesori della Cineteca Nazionale, que decorre em Roma, onde Moretti chegou mesmo a participar por telefone, num gesto simbólico que demonstrou não apenas a sua recuperação, mas também o seu eterno compromisso com o cinema e a cultura italiana. Os organizadores do evento divulgaram um vídeo em que o realizador fala com clareza, embora com voz contida, revelando o seu desejo de regressar ao trabalho “em breve”.

Na quinta-feira, o chefe do serviço de cardiologia do hospital confirmava que o estado clínico de Moretti era estável. Um dia depois, a boa notícia da alta hospitalar foi recebida com entusiasmo por fãs e colegas de profissão.

Um autor com assinatura própria

Nanni Moretti é conhecido tanto pelo seu olhar profundamente pessoal como pelo seu humor subtil e crítica social afiada. Os seus filmes, muitas vezes autobiográficos, são um reflexo das suas inquietações políticas, filosóficas e familiares. Em obras como Caro Diário (1994), onde passeia por Roma numa Vespa enquanto comenta o mundo ao seu redor, ou O Quarto do Filho (2001), vencedor da Palma de Ouro em Cannes, Moretti revelou-se um mestre da introspecção cinematográfica.

O seu estilo foi frequentemente comparado ao de Woody Allen, mas com um cunho profundamente italiano — mais político, mais católico, mais contido no absurdo, e sempre emocionalmente ressonante. Em Habemus Papam (2011), por exemplo, apresentou-nos um Papa em crise existencial, humanizando uma figura tradicionalmente inatingível. Mais recentemente, Tre Piani (2021) voltou a colocá-lo em Cannes, desta vez como autor de um drama coral sobre a vida urbana e os laços familiares.

A importância de Moretti no cinema europeu

O cinema de Moretti nunca foi feito para agradar massas — e é precisamente por isso que o seu impacto é tão profundo. Ao longo de décadas, construiu uma obra coerente, poética e combativa, abordando temas como o comunismo, a fé, a perda e a condição humana. Em Itália, a sua figura é quase reverenciada, não apenas como artista, mas como um intelectual activo, que participou do debate público de forma constante.

Além disso, Moretti é o proprietário e programador da mítica sala Nuovo Sacher em Roma, onde exibe cinema de autor e promove novos realizadores. É também um dos fundadores da produtora Sacher Film, que tem sido responsável por apoiar muitos talentos emergentes.

Uma pausa forçada, mas temporária

Embora o ataque cardíaco seja um alerta claro para abrandar o ritmo, os admiradores do realizador esperam que esta pausa forçada sirva apenas para fortalecer o seu regresso. O próprio Moretti já demonstrou interesse em retomar os seus projectos assim que for possível. O seu último filme, Il Sol dell’Avvenire (2023), foi recebido com entusiasmo e reforçou a ideia de que o realizador ainda tem muito para oferecer.

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Para já, o mais importante é que está de volta a casa, em recuperação, e com vontade de continuar a sonhar — e a fazer sonhar — através da sétima arte.


Onde ver os filmes de Nanni Moretti em Portugal:

  • Caro Diário, Habemus Papam e O Quarto do Filho têm passado regularmente na RTP2 e estão disponíveis ocasionalmente na Filmin e na MUBI.
  • Também podem ser encontrados em DVD nas bibliotecas municipais e videotecas especializadas.