🎬 Michael Madsen tem uma daquelas carreiras que, segundo ele próprio, mais parece um monitor cardíaco: cheia de altos e baixos, com picos de glória cinematográfica seguidos de projetos mais discretos (para não dizer duvidosos). E essa imagem não podia ser mais acertada para descrever um percurso que tanto o levou a cortar uma orelha ao som de Stealers Wheel, como a salvar uma orca numa aventura familiar da Warner Bros.

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“Não dá para fazer grandes filmes todos os dias, nem mesmo o Marlon Brando conseguiu isso”, afirmou o ator com a franqueza que sempre o caracterizou. E com a honestidade de quem assume que, por vezes, é preciso aceitar um papel só para “pôr comida na mesa e manter o teto sobre a cabeça dos pequenos monstros lá de casa.”

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Madsen é um daqueles atores cuja presença impõe respeito — até quando o reconhecem no Taco Bell. E por falar nisso, uma das histórias mais deliciosas do seu percurso vem precisamente dos bastidores do clássico de culto Reservoir Dogs, de Quentin Tarantino. Durante a rodagem, Kirk Baltz — o infeliz Marvin Nash, polícia amordaçado e torturado — pediu para ser mesmo colocado dentro da bagageira de um carro, para melhor entrar na pele da sua personagem. Madsen, com o sentido prático que o caracteriza, não só acedeu ao pedido como aproveitou para… desenvolver o seu próprio personagem.

Decidiu dar uma volta prolongada por ruelas com buracos e terminou a excursão com uma visita ao drive-thru de um Taco Bell. Tudo em nome da autenticidade. E, sejamos honestos, há poucas formas mais eficazes de entrar na mente de Mr. Blonde do que enfiar alguém no porta-bagagens e pedir um burrito.

Mas nem tudo são risos nos bastidores. As icónicas cenas de tortura foram particularmente difíceis para Madsen, que admitiu ter uma forte aversão à violência. A coisa tornou-se ainda mais complicada quando Baltz improvisou uma linha em que dizia que tinha um filho pequeno em casa. Madsen, recém-pai na altura, ficou tão abalado com a ideia de deixar uma criança órfã — mesmo em ficção — que quase não conseguiu terminar a cena. Essa tomada foi a escolhida para o corte final do filme. E em algumas versões é possível ouvir alguém fora do campo — possivelmente o próprio Tarantino — murmurar “Oh, no no!”, como se estivesse a reagir à intensidade inesperada do momento.

É curioso que, apesar desta carga dramática, Madsen seja frequentemente reconhecido nas ruas pelas crianças como “Glen”, o cuidador do jovem Jesse no Free Willy (1993). Só que, ao lado dos miúdos em êxtase, estão os pais, que o identificam de imediato como o sádico Mr. Blonde. “As crianças dizem ‘É o Glen!’ e os pais dizem ‘Não te aproximes desse homem!’”, brinca Madsen. É um contraste que resume a sua carreira: o carinho de quem salva uma orca e o pavor de quem dança com uma navalha.

Com uma filmografia extensa, que vai de Kill Bill a Donnie Brasco, e de The Hateful Eight (numa participação cortada à última hora) a projetos mais obscuros lançados diretamente em vídeo, Madsen continua a ser um enigma fascinante no panorama de Hollywood. Um homem com cara de vilão, coração de poeta e, por vezes, feitio de monstro… mas daqueles que só aparecem quando as contas têm de ser pagas.

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