
A longa trança de Tangled acaba de ser enrolada de novo — e desta vez, talvez por tempo indeterminado. A tão aguardada versão live-action de um dos maiores êxitos da animação da Disney foi oficialmente colocada em pausa, segundo fontes internas do estúdio.
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Esta decisão surge numa altura particularmente sensível para a casa do rato Mickey: o recente fracasso de Snow White, que continua a tropeçar nas bilheteiras, parece ter levado a um momento de reflexão profunda sobre a estratégia que durante mais de uma década foi uma das mais lucrativas da Disney.
Uma paragem estratégica… ou um sinal de alerta?
Com The Greatest Showman Michael Gracey como realizador e um argumento de Jennifer Kaytin Robinson (Thor: Love and Thunder, Do Revenge), Tangled estava numa fase de desenvolvimento ativa. O filme prometia ser mais uma aposta musical grandiosa, com o selo de qualidade Disney, assente numa base segura: a adaptação da história de Rapunzel com base no filme de 2010, que continua a ser adorado por milhões.
No entanto, o timing não podia ser pior.
Com Snow White a apresentar um desempenho desastroso — apenas 145 milhões de dólares a nível global para um orçamento de 270 milhões — o estúdio está claramente a repensar a viabilidade dos seus remakes em imagem real. Tangled foi, assim, apanhado no epicentro desta crise de identidade da Disney, e o seu futuro imediato é tudo menos garantido.
A estratégia do espelho retrovisor
Desde os anos 2010, a Disney apostou forte numa estratégia de reaproveitamento do seu vasto catálogo animado. E, durante algum tempo, resultou: O Rei Leão, A Bela e o Monstro, Aladdin — todos bateram recordes nas bilheteiras. Mas os sinais de desgaste começaram a surgir com títulos como Dumbo ou Pete’s Dragon, e ganharam contornos de alarme com os números mornos de A Pequena Sereia (570 milhões de dólares) e o arranque lento de Mufasa: The Lion King.
Com Snow White a transformar-se num autêntico pesadelo — envolvido em polémicas desde a escolha do elenco até ao discurso nas redes sociais da protagonista Rachel Zegler — a Disney parece ter chegado a um ponto de viragem.
E agora, princesa?
O cancelamento temporário de Tangled poderá significar duas coisas: ou o projeto regressa com uma nova abordagem criativa, ou poderá mesmo desaparecer do radar, substituído por outras prioridades. A mudança na liderança do estúdio reforça essa ideia: em fevereiro, Daria Cercek assumiu o cargo de responsável pelos filmes live-action da Disney, substituindo uma equipa executiva que era considerada a força motriz desta estratégia de adaptações nostálgicas.
O novo rumo parece mais cauteloso. Os próximos 15 meses serão decisivos: Lilo & Stitch, com estreia marcada para maio, e Moana, agendada para julho de 2026, são os dois remakes em que a Disney deposita esperança renovada. E os indicadores são animadores: o teaser de Lilo & Stitch bateu recordes de visualizações digitais, e Moana conta com uma popularidade esmagadora nas plataformas de streaming, reforçada pelo sucesso estrondoso da sequela animada Moana 2, que superou 1 milhar de milhões de dólares nas bilheteiras em 2024.
Conclusão: fim da corda ou apenas um nó?
A pausa de Tangled poderá ser apenas um nó temporário numa trança que voltará a crescer. Mas poderá também marcar o início do fim de uma era em que a Disney apostou quase exclusivamente na reciclagem dos seus clássicos.
Num mercado cada vez mais saturado, com audiências divididas entre nostalgia e inovação, a Disney parece estar a perguntar-se se ainda vale a pena contar as mesmas histórias da mesma forma. A resposta virá em breve. Mas por agora, Rapunzel terá de esperar… outra vez.
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