
Apesar de ser um dos filmes mais nomeados nesta temporada de prémios, The Brutalist, de Brady Corbet, não trouxe qualquer retorno financeiro para o realizador. No entanto, Portugal teve um papel inesperado na sua sobrevivência profissional.
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Um Filme Premiado, Mas Sem Pagamento 

Corbet, conhecido por Vox Lux, participou recentemente no podcast WTF de Marc Maron, onde discutiu o seu épico sobre a imigração nos EUA, nomeado para 10 Óscares. Durante a entrevista, revelou que, após anos sem rendimento, só recentemente conseguiu ganhar dinheiro através de campanhas publicitárias em Portugal.
“Fazer publicidade em Portugal foi a primeira vez em anos que consegui ganhar algum dinheiro,” admitiu o realizador, sublinhando a dificuldade em manter uma carreira independente no cinema.
Corbet, que escreveu The Brutalist em parceria com a sua esposa e colaboradora Mona Fastvold, confirmou que “não ganhámos um único dólar com os últimos dois filmes que fizemos”. Quando Maron demonstrou surpresa, Corbet reforçou: “Sim. Literalmente zero. Tivemos de sobreviver com um salário de há três anos.”
Diretores Nomeados para Óscar em Dificuldades Financeiras 

Corbet destacou que muitos realizadores na mesma posição passam por dificuldades financeiras, mesmo tendo filmes em destaque na temporada de prémios:
“Já falei com muitos cineastas nomeados este ano que não conseguem pagar a renda.”
A razão? Os diretores passam meses em campanhas promocionais sem qualquer remuneração. Corbet sublinha que, desde a estreia do filme em setembro, tem viajado constantemente e não conseguiu aceitar nenhum outro trabalho, nem sequer um projeto de escrita.
“É um interrogatório de seis meses. Estás em viagem constante, mas também trabalhas aos sábados e domingos. Não tenho um dia de descanso desde o Natal. Fiz umas 90 entrevistas só na semana passada.”
O Reconhecimento de Natalie Portman 

A atriz Natalie Portman, que trabalhou com Corbet em Vox Lux (2018), publicou um artigo no Deadline em que elogiou a sua abordagem cinematográfica:
“Os épicos de pequena escala de Brady — com The Brutalist à cabeça — estão a transformar a forma como os filmes são feitos na nossa era de conteúdo algorítmico e fadiga de franquias.”
The Brutalist: Um Filme de Peso na Temporada de Prémios 

Com nomeações para Melhor Filme, Melhor Ator, Melhor Realização e Melhor Argumento, The Brutalist igualou Wicked como o segundo filme mais nomeado, apenas atrás de Emilia Pérez da Netflix.
A longa-metragem de 215 minutos, com um intervalo de 15 minutos, acompanha a história do arquiteto judeu húngaro László Tóth (Adrien Brody), que emigra para os EUA após sobreviver ao Holocausto. Instalado na Pensilvânia e à espera da chegada da sua esposa Erzsébet (Felicity Jones), Tóth é descoberto por um industrial rico (Guy Pearce). O filme percorre três décadas da América pós-guerra e aborda as relações entre criatividade, exploração e alienação.
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Com um impacto tão profundo no cinema contemporâneo, The Brutalist não só está a redefinir o género épico, como também está a expor a dura realidade da sobrevivência no mundo da realização independente. E, como prova, Portugal acabou por ser um aliado improvável na trajetória de Corbet, garantindo-lhe um pouco de estabilidade financeira enquanto promovia o seu filme.
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