As tarifas propostas por Donald Trump sobre filmes produzidos fora dos EUA estão a causar alarme na indústria canadiana. E não é só o Canadá que está preocupado.
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As tarifas alfandegárias de 100% sobre filmes estrangeiros, recentemente anunciadas por Donald Trump, continuam a fazer ondas — e esta semana, o alerta soou alto e claro a norte da fronteira. Produtores canadenses vieram a público alertar que estas medidas podem ter um impacto devastador para a indústria audiovisual do país, especialmente tendo em conta o histórico de cooperação intensa com estúdios norte-americanos.
A proposta de Trump, anunciada no contexto da sua campanha presidencial, visa taxar qualquer filme “produzido em terras estrangeiras” que entre no mercado dos EUA — uma medida descrita como protecionista e unilateral, e que apanhou o sector global do entretenimento de surpresa.
O Canadá como “Hollywood do Norte” — em risco?
Durante décadas, o Canadá tem sido um dos destinos preferidos para filmagens de produções norte-americanas, graças aos incentivos fiscais, à qualidade técnica das equipas locais e à proximidade geográfica com os EUA. Cidades como Vancouver, Toronto e Montreal acolhem regularmente filmagens de grandes séries e blockbusters.
Com a imposição destas tarifas, muitos projectos filmados em solo canadiano — mesmo que com financiamento americano — podem ser classificados como “estrangeiros” e sofrer penalizações pesadas para serem exibidos no mercado dos EUA.
Um golpe para a colaboração cultural
A associação Canadian Media Producers Association (CMPA) já se pronunciou oficialmente, sublinhando que esta política ameaça romper décadas de cooperação frutífera entre os dois países. Além de afectar directamente a economia canadiana, estas tarifas colocam em causa coproduções internacionais e a circulação normal de conteúdos entre vizinhos que, até agora, funcionavam quase como um só mercado.
“Estas tarifas vão prejudicar os trabalhadores do sector, limitar a criatividade transfronteiriça e tornar os conteúdos mais caros para os consumidores,” afirmou um porta-voz da CMPA.
Mais um episódio na batalha cultural de Trump
Este é apenas o mais recente capítulo da campanha cultural de Donald Trump, que já provocou polémica com a proposta de tarifas generalizadas sobre cinema estrangeiro e com declarações contra determinadas produções que considera “antiamericanas”. A proposta surgiu apenas um dia depois de se reunir com o actor Jon Voight, que tinha sugerido um plano bem mais moderado e específico.
A reacção da Casa Branca tem sido ambígua: apesar do anúncio bombástico, foi entretanto dito que “nenhuma decisão final foi tomada”.
Um cenário com impacto global
Embora o foco esteja no Canadá, esta medida poderá afectar gravemente toda a indústria cinematográfica internacional — incluindo Portugal, que participa em várias coproduções com parceiros americanos e europeus.
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Num mundo onde a produção audiovisual é cada vez mais descentralizada e colaborativa, fechar fronteiras criativas pode ser um erro tão político quanto económico.