F. Murray Abraham é um dos atores mais respeitados da sua geração, mas a história da sua ascensão à fama tem alguns momentos surpreendentes. Em 1983, enquanto trabalhava no icónico Scarface, Abraham recebeu a notícia de que havia conseguido o papel que mudaria a sua carreira para sempre: Salieri em Amadeus (1984). O que se seguiu foi um período bastante movimentado, onde o ator viajava entre Hollywood e Praga, equilibrando duas produções completamente diferentes. Para muitos, seria uma tarefa impossível, mas para Abraham, foi uma “espécie de férias.”
ver também: Diane Keaton e Al Pacino: A Química que Definiu “O Padrinho”
De Tony Montana a Mozart: Dois Papéis, Duas Realidades F. Murray Abraham tinha que conciliar dois universos opostos. Por um lado, estava no meio da violência e da ascensão de Tony Montana em Scarface, ao lado de Al Pacino. Do outro, encontrava-se na atmosfera refinada da corte de Viena, interpretando o amargo e invejoso Salieri em Amadeus, um papel que lhe valeu o Óscar de Melhor Ator. No entanto, segundo o próprio, a transição entre os dois filmes não foi tão difícil quanto poderia parecer. “Eles são tão diferentes que era como se um fosse umas férias do outro,” comentou Abraham, referindo-se à forma como se adaptava ao material distinto.
O ator também revelou que estudava os dois guiões durante os voos. “Estudava o guião de Scarface quando ia para Hollywood, e o de Amadeus quando voltava para Praga,” afirmou, mostrando a incrível versatilidade e disciplina que o ajudaram a destacar-se em ambos os filmes. Segundo Abraham, fez a viagem entre as duas cidades quatro vezes durante as filmagens, uma prova de que a sua dedicação ao ofício não tinha limites.
Do Teatro ao Óscar: A Ascensão de F. Murray Abraham Antes de conquistar Hollywood, Abraham era sobretudo conhecido como ator de teatro, tendo feito pequenos papéis em filmes e séries de televisão durante os anos 70. Alguns poderão reconhecê-lo em filmes como Serpico (1973), ao lado de Al Pacino, ou em All the President’s Men (1976), onde desempenhou o papel de um agente da polícia. No entanto, foi só após a sua decisão de abandonar trabalhos comerciais e de voice-over em 1978 que a sua carreira deu uma reviravolta.
ver também : Os 11 Melhores Filmes de Crime de Martin Scorsese segundo o site “Collider”
Frustrado pela falta de papéis substanciais, Abraham decidiu parar de aceitar os trabalhos que o sustentavam financeiramente, uma escolha arriscada que o levou a assumir o papel de “dono de casa”. Ele recorda essa fase da sua vida com humildade: “Cozinhava, limpava e cuidava das crianças. Foi muito duro para a minha ideia de masculinidade, mas foi a melhor coisa que me aconteceu.” Essa decisão, embora difícil, acabou por abrir as portas para a sua carreira no cinema.
O Óscar e a Transformação de Abraham em Salieri O ponto de viragem definitivo na carreira de F. Murray Abraham veio com Amadeus, um filme que não só lhe trouxe aclamação crítica, como também lhe rendeu o Óscar de Melhor Ator. No seu discurso de aceitação, Abraham não escondeu a sua gratidão e admitiu que já tinha preparado aquele momento durante 25 anos. “É fácil apostar tudo quando não se tem nada a perder,” disse, referindo-se à coragem do realizador Milos Forman em dar-lhe o papel de Salieri.
No entanto, o seu discurso revelou algo mais profundo: a admiração e respeito pelo seu colega Tom Hulce, que interpretou Mozart no filme. “A única coisa que falta para mim esta noite é ter o Tom ao meu lado,” confessou, demonstrando a importância da colaboração na sua interpretação vitoriosa.
O Legado de F. Murray Abraham Hoje, F. Murray Abraham continua a ser uma presença forte no cinema e na televisão, mas a sua passagem por Scarface e Amadeus marca um capítulo crucial na sua carreira. O ator, que começou com papéis secundários e pequenos trabalhos comerciais, tornou-se uma lenda de Hollywood. E para quem estiver atento, ele ainda deixa um pequeno desafio: “Se olharem com atenção, podem ver alguns dos mesmos gestos nos dois filmes, mas têm de procurar bem.”
No comment yet, add your voice below!