
Se achavas que já tinhas visto tudo de Ridley Scott — de romanos ensanguentados a replicantes existenciais, passando por alienígenas com muito mau feitio — prepara-te: o mestre do épico cinematográfico está agora a criar… novelas gráficas! E não, Modville não é o novo spin-off de Blade Runner, apesar das semelhanças tentadoras.
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O anúncio foi feito na WonderCon 2025, em Anaheim, onde a editora Mechanical Cake revelou que Modville será lançada com pompa e circunstância via Kickstarter, numa luxuosa edição de capa dura. E sim, Scott está envolvido até aos circuitos na criação deste universo distópico passado em 2169 — mas atenção, ele próprio garante: isto não é cinema, é banda desenhada mesmo.
Onde estamos? Nova Orleães. Quando? 2169. Quem? Andróides com cabelo e dentes humanos
O projeto, criado por Jesse Negron, leva-nos até Modville, um bairro sombrio de Nova Orleães habitado por “mods” — Humanos Artificiais com aspeto indistinguível de um humano real. Sim, têm pele, dentes, cabelo… tudo. Tudo exceto alma, talvez?
Mas não estamos a seguir o percurso cliché dos “robôs que querem sentir”. A história foca-se em Hawthorne, um humano com stress pós-traumático que trabalha a reviver memórias alheias — de assassinos e vítimas, veja-se bem — graças a uma tecnologia um tanto ou quanto invasiva. A ele junta-se Ema, uma mod adolescente com seis dias de memórias apagadas. Mistério? Check. Misticismo? Também. Paranoia futurista? Tudo a postos.
Blade Runner? Nem pensar, diz Negron.
Apesar das parecenças óbvias — andróides, identidade, futuro sombrio — Negron insiste que isto não tem nada a ver com o universo de Roy Batty e companhia. E acredita-se: aqui há uma energia mais próxima do gótico sulista, com Nova Orleães como palco e uma vibe que mistura ficção científica com uma certa melancolia noir.
Aliás, o ano escolhido, 2169, não foi ao calhas: segundo os criadores, haverá uma “moda retro dos anos 50” a começar em 2150, que depois descamba para o apocalipse moral e social. Tudo muito animador, portanto.
Oito volumes, uma mota problemática e… sem filme à vista!
Está planeada uma série de oito livros, com cerca de 200 páginas cada, e o primeiro já está pronto. Para promover Modville, Negron até construiu uma mota eletromagnética, que acabou por lhe render duas multas por estacionamento em Los Angeles… apesar de ser só um adereço! “Foi multado porque não registámos a mota — que nem funciona!”, disse, entre risos.
E se te estás a perguntar: Mas Ridley Scott vai fazer disto um filme? A resposta é clara como uma manhã em Marte: não.Pelo menos, para já. Os criadores querem que a história viva como novela gráfica — crua, direta, visualmente ousada e sem compromissos hollywoodianos.
Uma WonderCon recheada de novidades e cosplays
A revelação de Modville foi só uma das muitas cerejas em cima do bolo nerd desta WonderCon, que serviu de aquecimento para a Comic-Con de San Diego. Por lá falou-se de Star Wars, da terceira temporada de Invincible, de novos projetos de “O Senhor dos Anéis”, e ainda houve espaço para a 11.ª edição da Women Rocking Hollywood, dedicada à representação feminina na indústria.
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E nós? Já estamos a contar os dias para mergulhar neste novo universo distópico com o selo de qualidade Scott. Se há coisa que sabemos, é que quando Ridley Scott se mete numa coisa, raramente é aborrecida.
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